Crucio



-Mas você não pode nos separar!


-Você realmente acredita? Quer pagar para ver Hermione?


-Eu não quero ver!


-Se não queres ver, basta ficar quietinha e não contar para ninguém principalmente para a sua mãe Hermione. Somente isso.


-Mas eu... – a garota de dez anos tenta contestar o homem com quem brigava um homem bonito de aparência jovial – Tudo bem, eu não conto. – falou a garota chorando – Só não leve Daniel embora daqui...


O garoto que estava ao seu lado, olha no fundo dos olhos de Hermione, olhos com a mesma cor, ele a olha em estado de choque.


-Você vai desistir assim? Não vai lutar? Hermione, a sua mãe...


-Entenda Daniel, é nossa amizade em jogo. Sobrevivemos 10 anos sem saber de nada, podemos esconder por mais tempo, pelo menos até a maioridade.


-Mas Herms...


-Por favor... – falou a garota chorando, bagunçando mais seu cabelo desarrumado. O rosto dela estava vermelho.


O garoto abaixou a cabeça e pareceu relutar um pouco, mas logo fala.


-Está tudo bem, eu fico em silêncio, mas a minha amizade com a Hermione prevalece. E saibam que eu faço isso por ela e não por vocês.


Hermione abraça Daniel e chora, o homem em sua frente fala:


-Desde que mantenham o segredo, vocês ficarão a salvo. Guardem segredo e serão recompensados. Contem e serão punidos severamente, a começar por essa pequena garotinha aqui.


O homem se preparava para tocá-la, mas o garoto o empurra e fala:


-Se afaste dela, você não pode tocá-la enquanto estivermos cumprindo o trato.


-Extinto protetor é? Ok vão embora daqui antes que eu mude de ideia e decida mandar os dois embora.


Os dois saem chorando e antes de dizerem adeus, olham um para o outro, pela primeira vez notando o quanto eram parecidos.


***


Os raios dourados de sol daquela quinta-feira passaram as janelas do dormitório feminino batendo direto no olho de Hermione que se obrigou a levantar. Abrindo os olhos lentamente, a garota desperta do sonho perturbador que tivera. Abre um singelo sorriso ao ver que era o primeiro dia de sol depois de muitas semanas.


Fica deitada mais uns minutos pensando no que faria, se deveria se levantar ou voltar a dormir mais um pouco, já que tinha o primeiro período livre. Acabou por optar em levantar-se e se arrumar, para tomar uma boa xícara de café preto, uma fatia de bolo com cobertura de chocolate, pegar o livro de 1002 páginas que pegara na biblioteca no dia anterior e continuar a leitura sobre bailes ao longo da história. Sábado a noite era o prazo máximo de divulgação do tema do baile, para todos irem com devidos trajes e irem arrumando seus pares.


Levantou-se lentamente e calçou suas pantufas se espreguiçando, se encaminhou ao banheiro levando um susto quando se olhou no espelho. Rosto amassado, vermelho, olhos vermelhos como se tivesse chorado cabelos emaranhados e olheiras.


-Wow... Nunca mais fico acordada até tarde pesquisando coisas sobre bailes na biblioteca.


Fez sua higiene matinal, penteou os cabelos. Ainda não sabia um feitiço para disfarçar olheiras.


Saiu do dormitório e foi para a sala comunal onde viu que estava vazia. Com toda certeza todos estariam aproveitando já que tinham o primeiro período livre.


Desceu as escadas alegremente e encontrou poucas pessoas no corredor. Cumprimentava todos com um sorriso. Alguns sonserinos retribuíram um sorriso debochado e outros nem retribuíram.


Hermione subiu as escadas até o corujal para mandar uma carta para Daniel sobre o baile. Chegando lá, ela sentou-se na plataforma e olhou para baixo. Era muito perigoso se caísse de lá. Pegou um pergaminho na mochila, uma pena e começou a escrever com Cristal, a coruja, ao seu lado.


Querido Daniel,


Como vai? Bom, eu estou péssima. Tanto emocionalmente quanto fisicamente. Não, eu não me acidentei ou coisas assim para estar ruim fisicamente, mas ultimamente tenho me esforçado muito para esse maldito baile, assunto pelo qual lhe escrevo. Estou cansada, estressada e agora não consigo descansar direito nem em meu sono já que pesadelos invadem a minha e me fazem delirar ao longo da noite. Metade da minha estadia na escola passo na biblioteca. Aulas, biblioteca, comer, “dormir”, aulas, biblioteca, comer, “dormir”. Esse é o lado ruim de ser monitora chefe, é cansativo. Mas no fim tudo compensa. A única coisa ruim é que eu e o Malfoy não conseguimos entrar em consenso! Mas fora isso...


Eu e o Malfoy brigamos há um tempinho atrás. Acho que três dias atrás e desde então eu não falo com ele. Ele até é minha dupla de poções, mas é só sobre a aula que falamos. Ele sabe o quanto estou irritada. E sabe o motivo da nossa briga? Dança no gelo. É ultimamente tudo é desculpa para brigas.


Sem falar daquela nova garota da sonserina. Ela é insuportavelmente... Santinha demais para ser verdade. Sei lá, tem algo nela que não se encaixa e não tem nada a ver ser a melhor amiga e quase namorada do Draco agora, mas aquela garota não é normal. É como se ela não fosse... Ela. Entende? É como se ela não fosse aquela garota, como se aquele corpo não a pertencesse, como se ela estivesse lá, mas ao mesmo tempo não estivesse. É complicado. Eu sei.


Bom, o motivo de eu estar aqui é que eu quero fazer um convite para vocês. O baile aqui da escola está quase tudo pronto, decoração, Buffet, estilo, lugar... Mas falta a banda.


O Malfoy sugeriu que nós tocássemos, mas não sei se vocês aceitariam. Então, Daniel, convença a cabeça-dura da Emily ir (sem ela o Douglas e a Sam não vão sem a Samy o Bruno não vai e então ninguém vai). Por favor, preciso da resposta de imediato. Até sábado de manhã. Boa sorte.


Fiz três novas músicas, o nome de uma é Lanterna dos Afogados, da outra é If I were a boy e a outra é Always missing you.


Sempre com saudade, da sua melhor amiga que quer ir junto com a coruja:


                         Hermione Jean Granger


 


Hermione termina a carta e fecha os olhos acariciando a coruja. Ao abrir, pega um envelope e bota a carta. Prende na pata da coruja e diz:


-Cristal, não saia de lá até eles responderem, e dê um jeito de fazer com que eles apressem a resposta. É importante.


A coruja bicou seu dedo delicadamente e levantou voo. Hermione, já levantada, se escorou na plataforma e ficou olhando o horizonte. Havia uma pequena brisa que batia em seus cabelos, fazendo-a fechar os olhos. A claridade do dia a animava e quando abriu os olhos viu o pátio da escola coberto de neve, que se derretia, por causa dos raios solares. Hogwarts estava voltando a ser a mesma. Havia tempos em que não sentia essa imediata sensação de paz interior, era como se estivesse em casa. Não naquela casa em que morava com seus pais, mas sim aquela brisa que sentia em seu roso que a fazia sentir estar sendo abraçado por Sam e Daniel. Seus melhores amigos. Essa era sua casa.


Nunca entendera essa afinidade tão grande que teve com Sam e Daniel assim que os vira, adora Emily, Bruno, Alex e Douglas, mas com Sam e Daniel era diferente. Eles viam as coisas. Eles entendiam. Eram invisíveis. Assim como ela.


E a brisa soava como palavras. Palavras vindas de outras bocas, outras línguas, outras nacionalidades. Mas sempre falando a mesma coisa. Era bom saber que estava na verdadeira Hogwarts estava de volta.


Abriu os olhos e sorriu. Conseguira esquecer por um minuto o que a atormentava todos os dias. Aquele cara de olhos cinzentos. Conseguiu parar de sofrer silenciosamente por um minuto lembrando-se de amigos tão queridos. E assim uma memória estava passando na sua mente. Era uma memória de três anos antes. Quando tinham 13 anos e Hermione estava em seu terceiro ano em Hogwarts. Eram férias de Natal.


Flashback on


Luzes para todo lado, brilho, neve para todo lado. Todas as palavras pareciam ter sido substituídas por gestos, viam-se as famílias atrás dos vidros da janela. Felizes, comemorando o natal em uma casa quentinha e feliz. Era assim o clima de Londres para todos exceto para três garotos. Sendo duas garotas. O trio andava nas ruas cheias de neve agasalhados e rindo. Um natal diferente para os três que poderiam estar como todos em Londres. Comemorando felizes. Mas isso seria uma felicidade falsa. Sam, Dan e Herms andavam na rua rindo de alguma coisa muito engraçada. Somente eles andavam na rua no natal. Cada um por seu motivo, mas no fundo carregando junto uma mesma razão. Estavam sozinhos.


-É estranho, não? Nunca paramos para reparar o quanto Londres fica bonita no Natal...


-Eu me sinto infinito...


-Eu também estou, é como se o mundo todo pudesse se virar contra mim, mas eu sobrevivo... – disse Sam para Daniel.


O trio chega à praça toda iluminada e se senta num balanço.


-Estamos sozinhos no mundo. Somos três e eles são sete bilhões. Mas eles não conseguem a metade do que temos. Estamos sozinhos, mas temos o tempo em nossas mãos não temos?


Uma pausa silenciosa que foi cortada pela voz masculina.


-Sim. Acho que temos.


Os três se olharam e sorriram. Sam foi a primeira a falar:


-Então o que estamos esperando? Vamos aproveitar o tempo que temos! Temos todo o tempo do mundo!


Daniel e Hermione sorriram e se olharam. Olhos da mesma cor. E assim eles sabiam que tinham todo o tempo do mundo. E que tristeza não era opção. Nunca fora.


E assim toda vizinhança veio à tona, contagiados pelos gritos de três adolescentes crianças. Que se divertiam nos balanços, andando cada vez mais alto, sonhando que alcançariam as estrelas. Rindo como se amanhã fosse o infinito e que o infinito terminaria amanhã. Algo que poderia não ter o menos senso de sentido para alguém normal que via o tempo passar somente abanando e dizendo adeus. Mas eles tinham todo o tempo do mundo.


Logo várias crianças apareceram brincando de guerra de neve e os adolescentes só olhavam. À medida que meia-noite se aproximava, as crianças iam se recolhendo para a casa de suas famílias para os votos de feliz natal. Os adolescentes foram para a ponte mais movimentada de Londres. E como sempre se sentaram lá.


-10 segundos para a meia-noite – disse Daniel – 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1 e...


O céu se encheu de fogos de todas as cores pelos fogos de artifício. À medida que os minutos se passavam o céu ficava mais escuro, até ficar completamente silencioso. E com lágrimas nos olhos por poderem estar juntos naquela data, disseram baixinho:


-Feliz natal...


Um momento único que ficaria para sempre na memória.


Flashback off


Hermione abre os olhos chorando. Tudo fora diferente depois daquele dia. Sua mãe lhe proibira de se encontrar com Sam no natal e no ano novo e só não proibiu Daniel porque sabia que não conseguiria. Mas isso só os manteve mais unidos e só aumentou o ódio que Hermione sentia da hipocrisia da mãe e principalmente de seu pai. Covarde. Nunca fora um homem de verdade. Logo Hermione percebera que as lágrimas não eram mais de alegria e sim de ódio. Como se tudo em sua volta estivesse errado, escola, família, amigos...


“Crack”


Hermione se vira imediatamente e vê uma pessoa:


-Ora, ora, ora se não é a sangue-ruim aqui. – falou a pessoa com um sorriso desdenhoso e mal.


-Quero mandar uma carta é óbvio. Olha, foi bom te encontrar, mas tenho que ir.


-O que foi? Está com medo?


-Não, só não perco meu tempo com pessoas idiotas.


Então, quando Hermione estava quase saindo sentiu algo em suas costas e ouviu “Crucio”.


O mesmo procedimento ocorreu outras cinco vezes enquanto Hermione lutava contra a dor que parecia estar quebrando seus ossos em pedacinhos e parecia parti-la em dois. Lutar não era opção. Não para ela. Teria dignidade o suficiente para pedir socorro. Tudo ficaria bem, depois de tudo acabar. A dor que era esperada diminuir depois de três crucios parecia ficar cada vez pior. Por que ela estava fazendo isso? Nunca fizera nada para ela e do nada... Isso? Hermione chorava, mas não o queria. Mas chorar aliviava um pouco a dor.


-Implore que eu pare queridinha Hahahaha...


Aquela voz... De onde era? Era difícil raciocínio lógico quando se está sentindo dor.


-Isso é tão divertido! Hahahaha! Peça por socorro querida! Cadê o Draquinho agora? Oh, ele não vem. Porque ele despreza sangues-ruins Hahahaha.


Hermione chorava muito. Como não chorar? A dor era sufocante.


E foi no quinto crucio que algo veio na sua mente: “Estamos sozinhos”. E ela sabia que ninguém a ajudaria porque como na noite de natal, todos estavam felizes se divertindo enquanto ela estava sozinha com os seus outros amigos solitários. Mas dessa vez ela estava sozinha. Completamente sozinha.


Mas como um clarão que veio mais rápida que a lágrima escorregando pelo seu rosto, outra coisa veio a sua mente:


“Eu consigo ver a dor em seus olhos, tão ardente quanto o fogo que parece percorrer seu corpo deixando-a em pedaços. Seus olhos ardem num fogo imortal que ninguém pode lhe tirar. E é isso o que lhe mantém viva. Por mais que tentem lhe derrubar seus olhos nunca verão o chão se não o céu. E é nesse momento que você sabe que todo seu corpo pode estar doendo como se mil facas atravessassem o seu corpo, mas nunca doerá mais que a imensidão que você vê ao seu redor. E assim, queimando em chamas você saberá qual é o valor da imortalidade. E nada mais importará.” Sabia que isso nunca faria senso algum, essa frase nunca ajudaria em nada. Mas algo se acalmou em seu corpo e seus olhos ardentes foram se fechando devagar enquanto seu corpo finalmente relaxava em um sono profundo, ouvindo somente a voz ao longe:


“Isso é para não mexer com meu sobrinho”.


E nesse momento, algo vago passou na sua mente indo embora junto com suas energias: Bellatrix está... Em Hogwarts.


 


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N/A: Não me matem! Eu juro que estava completamente sem inspiração alguma para escrever. Ok espero que tenham gostado do capítulo e o próximo vem rápido! Eu juro! Voto perpétuo. Beijos. Comentem: Juh_Lynch.    

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