Lobos e limão



Quando o sol irradiou pelas cortinas azul marinho, ele levantou-se, esticando os braços e as pernas, estalando os ossos e tendões em harmonia. Sentiu seu corpo pesando a cada segundo, puxando-o de volta para a confortável cama, especialmente quando seus olhos encontraram o corpo esguio de costas para ele. Mesmo de longe, ele sentia o perfume acentuado e já familiar de seus cabelos, e escutava o som de sua respiração suave. Ela estava encolhida em posição fetal, e apesar de não ser muito baixa, parecia extremamente frágil a ele, como desde que a vira pela primeira vez. Frágil, era o que ela era, num bom sentido. Tão frágil, tão bela, tão inocente, que o doía ter de tomá-la como mulher quando ela deveria estar correndo em campos de margaridas, casada com um homem simples, e feliz.


Sua esposa era inteligente, muito inteligente, mas não suspeitava que ele conseguisse ler suas expressões faciais acentuadas. Cheio de culpa, ele tentava ignorar os sons dos choros baixos de Hermione no meio da madrugada. Não sabia por que chorava; se era por dor, por falta de afeto, falta de família. Não sabia, não ia negar. E o doía, sempre doía, doía possuí-la quase todas as noites, doía ver o tédio em seus olhos castanhos ao passar as tardes nos arredores de Casa do Tridente, ah, e como doía. Ele já havia chamado teatros, comediantes e damas de companhia, mas nada tirava a constante curva inferior em seus lábios rosados e doces. Ele a amava, diabos, como amava, e sabia que não deveria, pois a cada segundo do dia, ele a perdia, perdia para o sol, perdia para as flores do jardim, perdia para as criadas, perdia-a para todos. Annabeth parecia amar tudo e todos, exceto ele.


 


– É tão cedo... – Fred foi puxado de seus pensamentos ao ouvir a voz suave de Hermione vinda da cama enquanto ela espreguiçava-se confortavelmente, enterrando sua cabeça em um dos muitos travesseiros.


 


Ele sorriu, observando sua beleza serena.


 


– Sim, é cedo – respondeu, arrumando o colarinho de suas vestes azuis. – Volte a dormir. – pediu, esperando que sua voz tivesse soado ao menos gentil. Nos lábios rosados e bem moldados de Hermione, plantou-se um sorriso.


 


POV. Hermione


A tarde, igualmente como todas as outras, eu passei só, suspirando na janela.


E então, ele entrou. Eram aproximadamente seis da noite. Deve ter vindo me chamar para o jantar talvez antecipado, acho. As criadas devem estar oculpadas.


Ele suspirou. Ah não! Ele vai dizer alguma coisa, e espero que não me deixe pior ainda.


– Sei que sente falta de casa –Fred disse, por fim. – Por isso, lhe prometerei uma coisa.


Levantei a cabeça rápidamente e enxuguei as lagrimas do rosto.


-Zia disse que desde que você está aqui, na casa do tridente, não come direito nem sai do quarto. Literalmente. Então quando quiser, pode, melhor, deve voltar para a casa da coruja.


Como eu queria ouvir aquilo. Mas era melhor ficar intocada no quarto do que voltar para casa e obedecer a minha avó.


-Bom... -Saí da sacada. -Eu sinto mesmo saudades de casa... Mas isso não significa que eu queira voltar.


-Você está sofrendo. -Ele tirou uma mecha da cabelo da frente do meu rosto.


-Não estou não. -Respondi numa linha de voz.


Para que me calasse, ele me beijou, e, pela primeira vez desde o que parecia sempre, eu sorri, e retribui, não uma vez, mas dezenas delas. E talvez, apenas talvez, pela primeira vez, eu o amasse também.


Os dias que seguiram foram cheios de calmaria; Eu já saia do quarto para mais interação, e as noites entre mim e Fred mais calmas, e ainda cheias de paixão. Tomada pela sensação de liberdade, eu parecia estar mais disposta em tentar ficar mais próxima dele.


Voltando ao presente, do agora, é de tarde e eu estou ensinando Saari e Kali a ler. Achei que as duas sabiam. Bom, eu cresci junto com Zia, a mãe dela, Chury, era criada da minha mãe. Sempre que eu aprendia algo novo com meus professores, tratava de ensinar a ela. Zia é muito bela, de descendencia portuguesa, com pele clara, lábios rosados e uma facilidade enorme para aprender. Zia é uma mãe e amiga. Se não fosse por mim na casa da coruja, Zia seria analfabeta e já estaria deformada a muito tempo.


Quando, de repente, Fred e seus irmãos entram na sala me fazendo parar imediatamente.


-Hermione, nós vamos caçar, tudo bem? -Fred perguntou.


-AI QUE SUSTO VOCÊ ME DEU. -Pensei uns dois segundos. -Só não va´se machucar.


-Por que todo mundo acha que eu vou me machucar? -Ele se perguntou sorrindo para mim. -Vou tomar cuidado.


-O que??? Duvido que você vá tomar cuidado! Tô até prevendo; Vão chegar aqui sangrando e depois não diga que eu não avisei. -Fingi estar irritada.


Eles foram caçar e eu fui atrás das meninas para comunica-las.


-É, nos avisaram. -Luna disse.


-Melhor previnir do que remediar. -Anjelina concordou. Pegamos remédios, água, panos e curativos.


-E é bom que cheguem aqui feridos, por que nós não perdemos nosso tempo fazendo isso pra nada. -Audrey disse e rimos. Uma hora depois...


Quando olho pela janela, vejo as criaturas pingando sangue, vindo apoiados em guardas.


-AI MEU DEUS DO CÉU! -Gritei. -TRAGAM PARA CÁ! -Disse para os guardas que pareceram acentir.


-Ai AI AI, meu Gui. -Fleur colocou a mão na boca.


Quando chegaram, prestei um pouco mais de atenção; Gui tinha um corte enorme no rosto, que ia das temporas até a boca, do lado esquerdo. George tinha perdido uma das orelhas, Carlinhos tinha um corte gigantesco nas costas que ia de um canto a outro, Nenville estava todo cortado e Percy estava, de certa forma, melhor que eles; Muitos arranhões, mas apenas. Procurei por Fred... Ele está ferido. Algo no peito, perto do coração. Como se um monstro de unhas gigantes houvece tentado arrancar seu coração. As meninas tratavam de seus maridos de uma forma própria, que estava dando certo, mesmo que fossem estranhas ou não.


Pensei um pouco... Quando eu era poequena me aventurava com Zia e me machucava muito.... As minha tias jogavam suco de limão em cima.


Tirei a camisa dele, cortei limão e espremi em cima. Fred estava se contorcendo, mas depois parou.


-Então, eu não disse? -Perguntei fingindo estar me gabando.


-É, estava profetizando. -Ele concordou e rimos.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.