O coração peludo do Bruxo



O coração peludo do Bruxo


Este é o mais terrorífico dos contos. Não há cenas cómicas nem viajens de aventuras, simplesmente as sombras da alma de um feitiçeiro.


Tudo começa com um jovem feitiçeiro rico, habilidoso e atractivo, que tem vergonha das tolices dos seus amigos quando se apaixonam. Está tão convencido de que ele não quer cair na mesma loucura que aplica as Artes das Trevas para evitar apaixonar-se algum dia.
Ele cresce orgulhoso, convencido da sua inteligência e impressionado do seu poder de ser completamente indiferente aos sentimentos. O tempo passa e o bruxo vê os seus amigos casar e formar as suas próprias famílias, mas ainda convence-se mais da sua recusa. Quando os seus pais morrem, não fica triste mas sente-se estranhamente "abençoado" pelas suas mortes.


O jovem muda-se para a casa que heredou e leva o seu "maior tesouro" à masmorra. O feitiçeiro sente-se enganado ao ouvir uma conversa entre dois criados, um sentindo pena dele e outro a fazer troça de que ainda não tenha esposa. Então decide casar com a mais bela, saudável e talentosa mulher, e transformar-se, assim, na "inveja de todos os outros". Justamente no dia a seguir conhece a bruxa que procura. Considera-a um tesouro e convence-a a acreditar que é um homem mudado. Ela sente-se fascinada e repelida, mas aceita assistir a um banquete no seu castelo. No jantar, ele corteja-a.


Ela responde que apenas gostaria dele se demonstrasse que tem um coração. Então leva-a até à masmorra, onde mostra-lhe um mágico caixão de cristal, onde jaz o seu próprio coração a bater. A bruxa fica horrorizada pela visão do coração, que tornou-se peludo ao sair do corpo e pede ao jovem que o volte a pôr. Sabendo que isso irá convencer a mulher, o feitiçeiro abre-se o peito com a varinha e coloca-se o coração. Pensando que ele poderá apaixonar-se agora, ela abraça-o e o horrível coração "perfura-se" pela beleza da sua pele e o cheiro do seu cabelo. O coração ficou estranho aos desligar-se do seu corpo por tanto tempo, e cego e perverso fica salvagem.


Nestes momentos, os convidados do banquete que estão no andar superior perguntam-se que aconteceu com eles. Passadas algumas horas e depois de procurar por todo o castelo, encontram-no na masmorra. No chão descansa a jovem, morta, com o seu peito aberto. Ajoelhado ao seu lado, está o "feitiçeiro enlouquecido", acariciando e lamendo o seu coração escarlata ainda brilhante e planeando trocá-lo pelo seu.


O seu coração ficou forte e nega-se a abandonar o corpo. O jovem, que jura que nunca será manipulado pelo seu coração, empunha uma daga e corta-o, fazendo-o sentir a vitória por uns momentos com um coração em cada mão antes de cair ao chão e morrer.

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