I promise you



As nove da noite, Ron já se encontrava vestido e encostado mais uma vez no parapeito da janela, esperando por Hermione que já devia estar trancada no banheiro há uma hora. Ficou pensando o que havia de tão atrativo lá dentro pra ela nunca sair de lá. Olhou para baixo e viu um pedaço da pista de dança coberta pela tenda, e a mesma banda de músicos que tocaria no casamento. Os pequenos Weasley já adormeciam em seus quartos, mas Victorie e Dominique ficariam para sua primeira festa entre adultos. Voltou a olhar a porta do banheiro já pensando em arromba-la e arrastar Hermione para fora dali, mas ao mesmo tempo a porta se abriu dando passagem a garota. Ela vestia um lindo vestido de renda branco e um tanto curto, mas nada que se tornasse vulgar. Deu uma volta em torno de si mesma e olhou para Ron.

– Então, como é que eu estou?
– Eu diria que você está linda, mas você já é linda o dia inteiro. Então, posso dizer que as 5 horas de espera valeram muito a pena. – disse fazendo-a rir enquanto ela colocava seu sapato de salto alto preto.
– Bobo, não demorei nem 15 minutos. Mas obrigada pelo elogio. Você também está lindo. – ela se aproximou e ajeitou o nó da gravata que ele vestia, mas logo se afastou para impedir que o perfume de Ron a deixasse desnorteada. – Vamos?
– Vamos. – estendeu seu braço para que ela o segurasse e desceram juntos para a festa.


A família Weasley já estava toda reunida e sorriram ao ver Ron e Hermione chegarem de mãos dadas. Os dois foram se sentar em uma mesa junto a Neville, Luna, Draco e Astória. Na mesa ao lado, Molly conversava com um homem de meia idade e cabelos cacheados até o ombro que Ron disse ser Sirius Black, padrinho de Harry. Junto a eles havia outro casal, o homem também de cabelos ruivos mas já bastante grisalhos era bem retraído, já a mulher a seu lado era bastante faladeira e seus cabelos cor de rosa-chiclete chamava mais atenção do que todas as cabeças ruivas no local.

Ficaram conversando por um bom tempo e Hermione se divertida ao ver o quanto Ron se constrangia todas as vezes que Gina insistia em contar um episódio de sua infância. Estava se sentindo realmente bem ali. Harry estava extremamente contente e sua felicidade se intensificava todas as vezes em que olhava Gina, coisa que acontecia com muita frequência.

– Ela é uma ótima pessoa. – disse Astória para Gina vendo Hermione conversar com Draco, que agora parecia mais amigável e animado. – Me pergunto por que Ron a escondeu por tanto tempo.

– Ele é um pouco lento, você sabe. Talvez tenha demorado para perceber o quanto gostava dela.

– Me diga Hermione, o que você faz? – perguntou Draco. Gostou de conversar com Hermione, era uma garota inteligente e culta, muito diferente de Lavender.

– Trabalho com Ron, sou advogada. – explicou. – Meus pais também eram, então posso dizer que está no sangue.

– Sem modéstia, amor. – mas uma vez o som daquela palavra lhe golpeou o estomago. Ron passou o braço pela sua cintura. A um canto próximo, a sra. Prewett sorria satisfeita para os dois. – Hermione é melhor advogada que eu já vi. Daqui algum tempo ela mandara até no próprio chefe. Os casos mais complicados sempre vão para ela, e ela nunca perdeu nenhum.


– Não eram tão complicados. – disse tímida. Colocou a mão sobre as de Ron que acariciava suavemente sua cintura. – Vamos parar de falar de mim, a noite é do Harry e...

– Ah, mas já sabemos tudo sobre Harry. – disse a mulher de cabelos rosa apresentada como Nymphadora. – Que ele não me ouça, mas você é mais interessante no momento. Nunca conhecia uma namorada de Ron.

– Dora... – repreendeu o ruivo grisalho ao seu lado. Seu nome era Remo. – Desculpe por ela. Ela nunca consegue se conter e fica pior ainda no estado em que se encontra.
– Que estado? – perguntou Harry, se aproximando do grupo junto com Gina.
– Ah é que...

Antes que Tonks concluísse, Sirius já gritava ao seu lado:

– Vou ser padrinho outra vez. – disse sorridente. Apesar de seus cabelos emaranhados, era um homem muito bonito e elegante.

– Sério? – disse Harry indo em direção a um Remo sorridente para cumprimenta-lo e logo repetindo o ato com Tonks. – Isso é ótimo, vou ter um priminho... Depois de tantos anos...

– Gravida? Isso é alguma epidemia? – sussurrou Hermione ao ouvido de Ron que não teve tempo para responder, pois ao virar-se para ela, seus olhos se fixaram nos lábios vermelhos, fazendo-o se desligar da conversa.

– Oh Nev! Deveríamos ter um filho também. Eles estão passando a nossa frente. – disse Luna arrancando um sorriso do namorado. – Só falta Ron e Hermione dizerem que também terão um filho.


A atenção de todos se voltaram repentinamente para o casal, fazendo Ron voltar a sí. Hermione desejou cavar um buraco negro no meio da pista e se afundar ali mesmo. Desviou o olhar de todos encontrando com os de Gina que lhe dava um sorriso de apoio. Ron que estava totalmente perdido no assunto, apenas negou com a cabeça.

– Queria dizer uma coisa. – disse Gina, arrancando a atenção de Ron e Hermione. A taça em sua mão dava leves tremidas e ela buscou nos olhos de Hermione o mesmo apoio que dera segundos atrás. Hermione lhe sorriu, balançando a cabeça positivamente em um claro sinal de apoio. Gina se virou para Harry e segurou suas mãos. – Eu tenho dois presentes para lhe dar nesse seu ultimo aniversário como homem solteiro. Não sou boa com discursos então tentarei ser breve. Só queria que soubesse que eu nunca poderia seguir a minha vida com outra pessoa que não fosse você. E eu te amo... Bom, só lamento dizer que um dos presentes irá demorar alguns meses pra chegar...

– Diga de uma vez Gina. – gritou Angelina do outro lado da mesa.
– O que faria se eu dissesse que será papai daqui há 7 meses? – todos na mesa ficaram em silencio e Luna resmungou algo para Neville. Harry olhava para Gina com olhos tão arregalados que mais um pouco saltariam das orbitas. – Ta me ouvindo? Estou dizendo que to gravida.


– Te amo... Te amo, te amo. – foi a única coisa que ele conseguiu dizer antes de abraçar e beijar sua futura esposa. Formar uma família com Gina era o que ele mais queria.
– Feliz aniversário, amor. – murmurou Gina, sorrindo entre os beijos que Harry lhe dava.

Um pouco mais tarde, após servirem o jantar, a hora de dar a Harry seu segundo presente, chegou. Sem disfarçar o seu nervosismo, Gina caminhou lentamente até o piano e pegou nas mãos um microfone que ali havia. Olhou para toda sua família e amigos e soube que aquilo era o certo a fazer.

– Há algum tempo. – começou, fazendo todos olharem novamente para ela. – Fiz uma promessa de renunciar a algo por uma das pessoas que eu mais amo. – olhou para a mão apoiada aos braços do sr. Weasley. – Mas eu acredito que a minha promessa foi paga, e hoje, mais uma vez por amor, eu irei rompê-la.

Sem prolongar mais o discurso, Gina se sentou ao piano, ajeitou o microfone a altura e começou a tocar.


When the visions around you.
Quando as visões ao seu redor.

Bring tears to your eyes.
Trouxerem lagrimas para seus olhos.

And all that surrounds you.
E tudo que te cercar.

Are secrets and lies.
For segredos e mentiras.

I'll be your strength.
Eu serei a sua força.

I'll give you hope.
Eu te darei esperança.

Keeping your faith when it's gone.
Mantendo sua fé quando ela tiver acabado.



Gina tocava suavemente cada nota do piano. Todos prestavam atenção com olhares encantados e espantados ao mesmo tempo. Ron olhava de esguelha para Hermione que, embora não ousasse encara-lo, percebeu muito bem os olhares do amigo.


And I will take.
E eu tomarei.

You in my arms.
Voce em meus braços.

And hold you right where you belong.
E guardarei voce exatamente no lugar que voce pertence.

'Till the day my life is through.
Até que a minha vida acabe.

This I promise you.
Eu prometo a você.



A Sra. Weasley a essa altura já tentava inundar o salão com lagrimas e Hermione já começava a seguir o exemplo. O pobre Harry mal conseguia pensar, muito menos formular alguma frase que não o fizesse parecer um retardado. Conforme a musica ia terminado, Harry se aproximava de Gina tão lento e desengonçadamente que parecia uma criança de um ano que acabara de aprender a andar, tentando se equilibrar sobre as pequeninas pernas tremulas. Ao terminar a ultima nota da musica, Harry apenas se sentou ao lado de Gina e deu-lhe um beijo tão longo e apaixonado que nem os palmas de todos e os gritos exagerados de Fred e Jorge foram capaz de faze-los voltar a terra.
A após muitos beijos e declarações entre Harry e Gina, olhares entre Ron e Hermione, e choros e soluços da sra. Weasley, a festa continuou. Hermione permanecia sentada a sua mesa, observando Ron dançar animado com Dominique e logo depois com Victorie. Estava tão distraída olhando para o amigo que mal percebeu uma presença ao seu lado. A sra. Weasley a olhou com um sorriso e segurou uma de suas mãos.

– Obrigado por trazê-lo de volta. – disse cravando seus olhos em Hermione. Era tão parecida com Gina. – Há anos que não o via assim, tão ligado a família.

– Eu não fiz nada, sra. Weasley, ele sempre foi assim. – disse com um olhar meio sonhador. – A senhora tem um filho incrível. 

– Eu amo a todos os meus filhos da mesma forma, mas tenho com Ron uma ligação a mais. Ele lhe disse que é graças a ele que estou aqui agora? – Hermione moveu a cabeça em negativa. – Já faz anos, já estou recuperada. Mas tive que passar por um transplante de rim. Ron me deu um dos seus... Oh, era tão jovenzinho o meu menino. Mas ainda assim, o fez.

– Eu... Não sabia. – Hermione virou para olhar Ron que conversava sorridente com Tonks e Lupin, e sentiu, se é que isso era possível, ainda mais orgulho do amigo. – A senhora é a pessoa mais importante pra ele.

– Você também é importante para ele querida. Como mãe, posso dar ao meu filho todo o amor do mundo, mas há um tipo de amor que só você pode dar a ele. E por mais irresponsavel que ele pareça as vezes, ele é um ótimo garoto. De todos, Ron é o que mais se parece com Arthur.

A sra. Weasley ficou um tempo em silencio admirando o filho e logo depois o próprio marido, como se visse alí a versão mais velha e mais jovem de uma mesma pessoa. Voltou novamente a encarar Hermione.

– Não tenha medo de arriscar, querida. O sofrimento é apenas uma parte da vida... Mas se negar ao amor por medo das coisas ruins... Estará perdendo todas as coisas boas. Ah, aí vem o meu menino. – ela sorriu e se levantou, dando um beijo na bochecha de Ron que se aproximara das duas. – Vou dançar um pouco com o meu marido.

on ocupou o lugar de sua mãe ao lado de Hermione e ficou apenas a observando por alguns instantes. Ela tinha um olhar perdido e seus dedos tamborilavam a mesa em um ritmo totalmente diferente da musica que rolava. Já estava perdendo as contas de quantas vezes lhe aconselharam a arriscar o amor, em apenas uma semana. Mas o que mais a intrigava era comprovar que seus sentimentos realmente haviam mudado. Ali, admirando toda a família, olhando a Harry e Gina prestes a se casarem, o coração de Hermione começou a acelerar, ao pensar que algum dia Ron poderia encontrar um amor duradouro e desaparecer de sua vida. Ela não podia ficar sem ele. Já havia perdido muito na vida, mas não poderia perder Ron também. Levantou o olhar se deparando com os olhos azuis do amigo.

– Por que nunca me contou sobre o que fez pela sua mãe? – perguntou deixando-o surpreso com a pergunta repentina.

– É a minha mãe, eu faria qualquer coisa por ela. Faria pelas quatro.
– Quatro?
– Vovó, mamãe, Gina e você. – disse sorrindo.

– Sou mesmo tão importante assim? – perguntou com um tom de voz doce. Ela sabia que era, mas por algum motivo ela queria ouvi-lo dizer. Queria clarear seus pensamentos antes de voltarem a New York. E se tudo que estava sentindo era apenas uma consequência de sua vulnerabilidade diante de um ambiente familiar?

– Que pergunta é essa agora? É claro que você é importante pra mim. Mas do que você imagina ser. – Ron não sabia se devia dizer aquelas coisas naquela hora, e naquele lugar... mas na verdade também não se importava mais. Sentia as mãos suarem frias.

– Porque Ron? Eu sempre implico com tudo que você faz, sempre te chamo de imaturo e irresponsável. Você sempre tenta me ajudar e eu nunca te escuto. Sou sempre tão... Chata e sem graça.

– Para. Eu não gosto quando você fala desse jeito. – disse Ron ficando um tanto sério. – Quer saber por quê? Eu... Eu não sei explicar, Mione. Por tudo... e por nada ao mesmo tempo. Eu gosto de ter você por perto e... Eu gosto quando você sorri, ou quando seus olhos falam por você. Porque você é minha melhor amiga, é a única em que eu confio tudo.

A musica que tocava era lenta e os casais aproveitaram o embalo para dançar abraçados na pista. Até o Sr. e Sra. Weasley dançavam abraçadinhos como se fossem dois casais de adolescentes no inicio do namoro. Poderiam se passar anos, eles sempre seriam apaixonados um pelo outro. Ron prestava atenção a musica que parecia falar tudo que ele queria dizer.


I've loved you forever, in lifetimes before.
Eu tenho te amado o tempo todo, em todas as vidas.

And I promise you never, will you hurt anymore.
Eu eu prometo que voce nunca mais irá sofrer.

I give you my word, I give you my heart .
Eu te dou minha palavra, eu te dou meu coração.

 Hermione olhava para Ron começando a sentir um nó na garganta. Ela não sabia porque se sentia tão sensível e com vontade de chorar feito uma criança birrenta. Nem sabia porque nesse exato momento, sentia mais medo de perder Ron do que já sentira antes.



Just close your eyes, each loving day.
Apenas feche seus olhos a cada dia afetuoso.

And know this feeling won't go away.
E este sentimento nunca irá embora .

And I’ll take, you in my arms .
E eu tomarei você em meus braços.

And hold you right where you belong.
E guardarei voce exatamente no lugar que voce pertence.

'Till the day my life is through.
até que a minha vida acabe.

This I promise you .
eu prometo a voce.




Ela levou uma das mãos ao rosto de Ron e acariciou de leve a bochecha sardenta. Ron sorriu e beijo sua mão. Hermione não conseguiu pensar ou dizer mais nada antes de puxar Ron pela nuca e colar os lábios nos dele. Ela precisava daquilo. Ron demorou apenas um segundo para se recuperar do susto e perceber o que estava acontecendo. Hermione o beijava com um pouco de desespero, como se fosse cair dura dali alguns minutos. Ele então colocou uma mão no rosto da garota deixando o beijo mais lento, e laçou a outra mão na cintura de Hermione trazendo-a pra mais perto dele. O beijo agora era calmo, mais ainda com a mesma intensidade.

Ao se separarem, Ron permaneceu um tempo com os olhos ainda fechados e os lábios inchados.

– D-desculpa... – Hermione se levantou, asfastando-se de Ron, fazendo-o abrir os olhos confuso. Nem deu tempo para que ele dissesse alguma coisa, ela apenas saiu dali em passos apressados, desaparecendo entre os casais na pista e ignorando os chamados de Ron a suas costas.

– Mas que droga, Hermione. – resmungou Ron para si mesmo.

Hermione continuou andando em passos largos como se estivesse fugindo da morte, ou algo assim. Foi para fora da casa, tirando os sapatos de salto para poder afundar os pés descalços nas areias mornas da praia. O vento batia de leve no rosto e ela sugava aquele ar com tanto desespero que parecia não respirar a anos.
Se deixou cair nas areias fofas e ali mesmo ficou, sentada por vários minutos até Ron encontra-la e se sentar ao seu lado. Ao senti-lo por perto de novo, ela automaticamente tampou a respiração. Ele não a olhava, encarava o mar que agora ficava mais agitado.

– Porque você não teve mais ninguém depois do Vitor? – perguntou Ron.

– Eu não sei... Acho que eu tenho medo de sofrer de novo. – respondeu um pouco assombrada com a pergunta. Esperava que ele dissesse algo sobre o que ela havia feito minutos atrás. – Vitor me fez mal Ron... Não quero passar por tudo isso de novo.

– Você sabe que eu nunca faria mal a você, não sabe? – perguntou ele virando-se para olha-la. Colocou a mão no queixo da garota e virou seu rosto para que ela também o olhasse. – Eu não sei o que está acontecendo com a gente, Hermione. Na verdade eu não sei o que esta acontecendo com VOCÊ, porque eu sei perfeitamente o que se passa comigo. Se você quiser parar de fugir de mim como se eu fosse uma assombração, se você quiser entender o que acontece... Se você quiser tentar Hermione, só me diz...

Ela abriu a boca pra dizer algo, mas ele logo lhe interrompeu.

– Não, não agora... Pensa. Mas pelo amor de Deus, não pensa no que DEVE fazer e sim no que QUER fazer... Para de ser sempre tão racional, uma vez na vida. Quando chegar a alguma conclusão, me avise. – Ron se aproximou dando um selinho rápido e carinhoso e se levantou, limpando a areia da calça. – Boa noite, Mione.

E saiu, sem deixar ela dizer uma só palavra.

 

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Comentários (1)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI E RI MUITO AQUI :)

    2013-02-11
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