O CORDÃO FAERIE



    Harry ouviu um zumbido no ouvido e de repente sentiu que estava preso ao chão, arregalou os olhos e Willy sentiu alguma coisa, pois afastou-se dele assustada. Ela levou as mãos à boca, como a conter um grito. Harry estava preso ao chão por um grosso cordão dourado, que se enroscava por seu corpo, seus braços estavam livres, mas em seus pulsos surgiram grilhões grossos e dourados, e dois cordões idênticos que se prenderam ao chão. Quando estava totalmente preso, quatro fadas surgiram ao seu redor. Os casais que estavam namorando olhavam espantados, Rony aproximou-se, na tentativa de soltar o amigo, mas foi impedido de tocá-lo por Silvia Spring que disse:
‒ Não toque o cordão faerie ou você vai ser arremessado longe. Não se assuste com a aparência do cordão, ele é para proteger seu amigo.
‒ Mas proteger de quê? ‒ Harry disse apavorado, a sensação de estar preso era terrível, ele sentia uma ânsia de sair correndo, que o cordão aumentava ‒ Me soltem daqui!
‒ Você não está preso ‒ Silvia continuou ‒ isso é um cordão faerie, para te manter no mundo real... se elas  ‒ mostrou as fadas ‒ fizeram isso é porque tiveram um motivo... eu tenho capacidade de vê-las e sei que elas estão aqui já algum tempo, conjurando este cordão, o que só poderia ser feito sem o seu conhecimento... deixe que elas te expliquem... ‒ a fada Assobio olhou-o de frente assentindo com a cabeça. Neste momento, Alvo Dumbledore chegou ao jardim, pedindo a todos que o deixassem só com Silvia, Harry e as fadas. Atlantis apareceu na porta e chamou Willy, que não queria sair de perto de Harry. O velho bruxo então começou:
‒ Harry, há alguns meses atrás estas fadas chegaram a Hogwarts escondidas, eu não demorei muito para descobri-las, e se dei a autorização a elas para que o prendessem com este cordão faerie é porque há realmente um motivo muito sério. O mundo das fadas existe paralelamente ao nosso, mas lá o tempo passa de forma diferente.
‒ Eu sei ‒ disse Harry ‒ isso já foi explicado para mim.
‒ Você sabe que podemos passar deste mundo para o mundo das fadas, mas não é fácil, praticamente ninguém que vai ao mundo das fadas volta, você está diante de uma das poucas bruxas que voltou para contar.
‒ Eu conheço a história dela, mas gostaria de entender porque estou preso dessa forma!
‒ Para entrar no mundo das fadas é preciso abrir um portal, mas você pode imaginar que isso não é fácil.
‒ Mesmo eu ‒ Silvia interrompeu ‒ que posso abrir portais sozinha só o consigo nos momentos e lugares certos.
‒ Normalmente, as fadas não têm nenhum interesse em nosso mundo, a não ser que tenham alguma missão a cumprir. Essas quatro fadinhas assumiram uma missão para te ajudar. Elas pertencem à corte das fadas boas de Seelie, que zelam pela harmonia entre os dois mundos, mas existem outras cortes, entre elas a corte das fadasombras, Umberdeen. As fadas deste reino não vêm ao nosso mundo há mais de duzentos anos. Estão presas lá. A única forma de abrir um portal para a corte de Umberdeen é usando um artefato que estava desaparecido há mais de trinta anos. A garra da sombra.
‒ Ainda não entendo o que eu tenho a ver com isso ‒ Harry interrompeu, impaciente. Um pensamento invadiu a sua cabeça, era Assobio. Dumbledore e Silvia permaneceram calados enquanto a fadinha se explicava.
‒ Desculpe, Harry. Nós não queríamos deixá-lo zangado... mas a nossa rainha, a Grande Fada, pediu que viéssemos protegê-lo, porque alguém abriu um portal para Umberdeen... foi a mesma bruxa que sumiu há trinta anos... ela entrou no nosso mundo por Unseelie e saiu por um outro reino, na mesma noite. Ninguém soube porque na época, depois nos foi dito que ela estava fugindo... fugindo de um bruxo das trevas que fora seu mestre... Agora soubemos que ela voltou e negociou com a corte de Umberdeen... ela queria abrir um portal para tirar de Hogwarts um estudante. Nossos mensageiros não confirmaram, mas como ela tinha este artefato precioso e estava disposta a trocá-lo com as fadas de Umberdeen por um estudante... bem, sabemos quem é o estudante que mais interessa ao mestre das trevas... com este cordão faerie, ninguém poderá tirá-lo de Hogwarts. Mesmo com a garra da sombra, abrir um portal para Hogwarts é muito difícil, o que vai se abrir aqui hoje à meia noite só vai ficar aberto durante oito minutos.  Estivemos durante quinze dias preparando este cordão, para que ele ficasse bastante forte e resistente.
‒ Eu senti! Eram vocês então que estavam murmurando palavras numa língua estranha!
‒ Estávamos aqui desde antes do Natal. É que de nosso mundo é muito difícil saber em que momento do tempo vocês estão.
‒ Então como vocês sabem que o portal vai ser aberto esta noite?
‒ A bruxa voltou ao seu mundo. Ela vai atravessar Umberdeen esta noite para abrir o portal no único momento em que vai ser possível. Depois da meia noite de hoje, só em cem anos será possível abrir um portal para Hogwarts a partir de Umberdeen.
‒ E falta muito para a meia noite?
‒ Doze minutos ‒ Disse Dumbledore.
‒ Não se preocupe ‒ Completou Silvia ‒ com este cordão você estará seguro.
Mas Harry estava irremediavelmente preocupado e não conseguia se sentir nem um pouco seguro. De longe via as poucas pessoas que ainda estavam no salão, entre elas, Willy, que estava ao lado do pai, apertando as mãos contra o rosto nervosa, enquanto respirava como um bichinho, acelerada. Rony e Hermione estavam ao lado deles, Hermione procurava acalmá-la. Bem próximo à porta, Snape observava tudo calado. Ele não sentia-se seguro, mesmo preso pelo grosso cordão faerie, que às vezes apertava uma parte de seu corpo. Repentinamente ele perguntou:
‒ Porque eu não podia saber do cordão Faerie?
‒ Porque sua vontade não nos deixaria tecê-lo ‒ ele ouviu Assobio dizer ao seu pensamento ‒ Se você soubesse com antecedência o que fazíamos, seu instinto natural de liberdade não permitiria que conjurássemos o cordão. Nenhum ser humano quer ser preso.
Harry se deu por satisfeito e resolveu continuar esperando o desenrolar dos acontecimentos. Os minutos se arrastaram até que finalmente a meia noite chegou.
Ouviu-se um som de tecido sendo rasgado. Pouco além da roseira adiante, Harry pôde ver que o ar parecia cortado, como se fora um grande tecido, por algo que parecia uma garra dupla. Duas mãos enfiaram-se por entre os sulcos e uma mulher surgiu no vão, ela apontou para a frente e disse algo incompreensível para alguém fora do campo de visão. Era estranho olhar para a frente, era como ver uma gravura rasgada de um livro, e através do rasgo ver a gravura que estava por baixo. O pedaço de Umberdeen que estava visível era iluminado por uma luz avermelhada que não escapava para a realidade de Hogwarts. Parecia um lugar escuro e desolado. Então o portal se alargou sem aviso, ficando com quase quatro metros de diâmetro, e a coisa que a bruxa açulara apareceu.
Ninguém, precisou dizer a Harry que era uma Fadasombra. Ele simplesmente soube, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, e era bem evidente que ela não era uma criatura boa. Era um ser de mais de três metros de altura, quando passou pelo portal, abriu asas de morcego com quatro metros de envergardura, era transparente como um fantasma, mas em vez da translucidez prateada dos fantasmas, o espectro da fada era entre negro e cinzento como uma sombra, ela tinha o corpo exato de uma mulher de ombros largos e, braços longos, musculosos e mãos em forma de garras. Mas o que dava realmente medo era seu rosto: ela tinha a cabeça de uma pantera , sem cabelos e com orelhas arredondadas, olhos arregalados e  vermelhos. Quando saltou e levantou vôo abriu a boca em um grito agônico e enregelante.
Harry instintivamente encolheu-se. As fadinhas reuniram-se em torno dele, de modo a protegê-lo.
Mas a fadasombra simplesmente passou por sobre eles. Harry levantou-se e seguiu o monstro com os olhos, quando ela entrou no salão, as pessoas correram em pânico, as fadinhas agitaram-se e a seguiram, então, a fadasombra ergueu-se no ar para dar o bote em seu objetivo: Harry viu horrorizado quando ela arrebatou Willy do chão, Atlantis ainda tentou segurar a filha, mas a fada gigantesca o repeliu, lançando-o muitos metros à frente, Harry gritava para que as fadas o soltassem, não podia permitir que aquela fera pegasse Willy, mas foi Silvia que veio em seu socorro.
Enquanto isso, Snape tentava lutar com a fada sem ferir Willy, que esta trazia segura junto ao peito, apavorada, gritando de medo. Dumbledore juntou-se a ele, mas a fada era muito rápida, nenhum feitiço a atingia. Silvia  conseguiu soltar um braço de Harry. As fadinhas enquanto isso arremetiam sobre a fadasombra com uma bravura que seu pequeno tamanho não sugeria, Harry olhou em direção ao portal quando a bruxa que o abrira gritou para que a fada corresse. Neste momento Silvia c conseguiu soltar-lhe o outro braço. Arremessando Fogacho à uma distância assombrosa, a fada retornou, passando por Harry e entregando Willy à bruxa. Silvia conseguiu afrouxar o cordão nos pés de Harry, e este correu portal adentro, tentando alcançar Willy.
Ao entrar na dimensão de Umberdeen, Harry sentiu que seus pés saíam do chão, estava sendo sugado pelo portal oposto, por onde a Bruxa tentava sair com Willy, ele viu que o outro portal dava para uma paisagem estranha e totalmente desconhecida para ele, a paisagem desolada de um deserto. Neste momento, Willy conseguiu desvencilhar-se da bruxa e veio correndo em sua direção, ainda sentiu os dedos dela tocarem os seus antes que a bruxa lançasse um feitiço e puxasse Willy de volta, o portal oposto começava a se fechar, a mesma coisa acontecia com o de Hogwarts, Harry sentiu que o cordão faerie se esticava. Se o portal fechasse, provavelmente o cordão se arrebentaria e ele ficaria preso ali.
Quando a bruxa passou pelo portal e Willy sumiu de vista, Harry viu que ela atirou algo na direção da fadasombra. Lembrando-se da história do artefato e de como ele era perigoso, Harry reuniu suas últimas forças e saltou um pouco mais longe, conseguindo pegar no ar a garra, antes da fada. No momento em que o monstro tentou atacá-lo, o cordão faerie o puxou, arremessando-o de costas de volta ao jardim de Hogwarts. Ele caiu no chão e viu a cara feia da fadasombra desaparecer no portal que acabava de se fechar. Olhou a garra da sombra em sua mão direita e subitamente se deu conta que Willy se fora. Ele a perdera.

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