cinco minutos sem perder a ami



- Sem problemas, cara... – o tom despreocupado de James soou como música para os ouvidos de Sirius, que desde que McGonagall batera o martelo decidindo que sua detenção seria na noite de sexta-feira botou os neurônios a trabalhar, buscando uma solução para sua agenda lotada. Seu encontro com Alecto era importante e deveria acontecer o quanto antes. A maluca estava com sua varinha e tinha que pegá-la de volta impreterivelmente naquele dia. – Mas vai ficar me devendo essa, Almofadinhas. Uma mão lava a outra.


- Isso é o menos me preocupa, honestamente. – deu de ombros, um dos soldados de seu plano fora tão fácil de convencer que começava a se espantar com sua habilidade de persuasão, não que em algum momento tivera duvidas de que conseguiria. James não era do tipo de amigo que colocava empecilho quando tinha uma ideia brilhante. Diferentemente de Remus, e este era o segundo soldado daquela batalha. Seria difícil, sabia. Mas não impossível. – Então, Aluado...


- Não vem com suas ideias, Sirius. Não vou compactuar com isso... ­– sussurrou num tom quase inaudível, tentando não atrapalhar a aula de História da Magia que acontecia naquela sala. Seu semblante era sério e quase duro. Remus sempre foi o maroto responsável, mas isso não significava que não ajudava os amigos quando solicitado. Só era necessário um pouco de amolação dos outros três para se dar por vencido. – E você, Pontas, como monitor chefe deveria se portar melhor. Chego até a ficar decepcionado com essa conversa...


- Se falar um pouco mais baixo teremos que nos comunicar com mímica, Remus! – reclamou Sirius visivelmente irritado. –E sabe com quem EU fico decepcionado? Com essa sua falta de gratidão... – falou fazendo uma expressão bastante teatral de sofrimento. – Vivemos na ilegalidade para nunca te abandonar, nem nas noites frias de lua cheia e você nos trata desse jeito...


- Chega, Sirius. Ele tem razão... – o tom e expressão séria de James chegaram a enganá-lo por um ou dois segundos. Porém o conhecia bem o bastante para saber que jamais o deixaria na mão. Além de ajudá-lo sempre, ainda o apoiava incondicionalmente. Não era a toa que os dois eram quase inseparáveis. – Eu sou o monitor chefe, tenho poderes e deveres. Por isso, Aluado, se não nos ajudar enviarei uma coruja pouco agradável ao diretor, relatando que somos animagos porque você nos obrigou!


- Já começaram a jogar baixo? – Remus jamais ajudara os três amigos a se tornarem animagos. Na verdade, durante todo o tempo que sucedeu os estudos e tentativas de animagia, nem desconfiou das ações. Que só se revelaram no seu aniversário de catorze anos, o melhor presente de sua vida, admitia. – Eu não tive nada a ver com essa história de animagia de vocês...


- Não, só foi nossa musa inspiradora... – Sirius abaixou a cabeça como se estivesse realmente triste.


- Pare com essas brincadeiras! Alguém pode nos ouvir! – desta vez não teve nada de teatral no tom de voz desesperado de Remus. –E fiquem sabendo que acho muita falta de comprometimento...


-...e responsabilidade. Vocês deviam ser mais adultos e arcar com suas atitudes. Deste jeito nunca vão crescer, por isso que não aprendem nunca, sempre arranjam um jeito de fugir das responsabilidades... blá blá blá.. – continuou a frase do rapaz com um tom enfadonho. Sirius já havia decorado aquele pequeno sermão.


- Mas é verdade! E ao invés de ficar decorando o que falo, deveria mesmo é refletir! – acabou até se esquecendo da aula e tamanha a sua indignação aumentou tanto o tom de voz, que fez com que todos se voltassem ao grupinho formado no fundo da sala.


- Aluado! Fale mais baixo! Quero me concentrar na aula! – James bateu a mão com força na mesa como se estivesse irritado e Sirius revirou os olhos, fingindo falta de paciência.


- Se você não está interessado na aula, não atrapalhe quem está, Aluado! Que mania mais chata essa sua... – nenhum colega, tampouco o professor, acreditou naquela encenação de James e Sirius. Os dois já eram figurinhas mais do que marcadas, assim como Remus era conhecido por ser um aluno exemplar. Logo a sala encheu de risadinhas dos colegas, e o professor apenas se limitou a pedir silêncio. Sem provas não havia culpado, afinal.


De qualquer maneira Black ainda não conseguira o que pretendia. Ele bem poderia fazer uma poção polissuco se quisesse, suas notas em poções nunca deixou a desejar. Porém, não havia tempo hábil para aquilo. A poção demorava dias para ficar pronta e só tinha algumas horas para começar a detenção. Balançou a cabeça negativamente pela última vez ao mesmo tempo em que as risadinhas de seus colegas já começavam a cessar. Até que finalmente a sala inteira já se esquecera do ocorrido e os três voltaram a ficar seguros em privacidade. Fez uma bolinha de pergaminho e certeiramente atingiu o topo da cabeça de Remus, que instantaneamente voltou-se a Sirius, com uma expressão de impaciência.


- Pode esquecer, Almofadinhas! Depois dessa palhaçada não vou entregar o polissuco nem sob tortura!


- E quem te disse que ia falar sobre isso? – perguntou num tom sabichão e com tão pouca paciência quanto o amigo. Olhou rapidamente para o quadro negro buscando uma dúvida qualquer. O garoto era teimoso o bastante para não dar o braço a torcer. – Só queria tirar uma dúvida sobre a aula. Quando e porque aconteceu o estopim para a revolução dos duendes?


- Se você não estivesse me amolando a aula inteira saberia te responder essa pergunta. Agora terei que pegar as anotações de Lily! – respondeu aborrecido olhando para o próprio pergaminho vazio.


- Lily? Lily Evans? Vocês trocam anotações? – a pergunta de James foi ignorada pelos amigos. A pequena batalha que travavam era bem mais importante que a historinha de amor e ódio de Evans e Potter. – Vou pedir as anotações dela também. Será que ela me empresta? – perguntou novamente em vão.


- Se você tivesse aceitado me ajudar antes eu não te amolaria a aula inteira.... – respondeu prontamente as acusações de Remus.


- E se eu pedir uma aula particular? Será que ela me ajuda também? – parecia até que James estava em um universo paralelo e nem se importava com as faltas de respostas. Apenas continuava a falar, como se estivesse falando sozinho.


- Seus argumentos são tão infundados que chego a duvidar de sua inteligência, Black...


- Más condições de trabalho, sem participação nos lucros e isentos de benefícios, outubro de 1879! Motivos e data para a Revolução dos Duendes! ­–  respondeu a própria pergunta de modo até sistemático – E você duvida da minha inteligência. Lobo burro!


- Se eu a convidar para umas aulas particulares eu poderia considerar isso um encontro, certo?


- Não, Potter. Só se envolver comida. – então alguém resolveu responder uma das perguntas de James. Mesmo assim, Remus não pareceu muito interessado em manter a conversa, voltando-se novamente para Sirius, desta vez com um olhar quase matador. – É assim que você acha que vai conseguir um favor meu?


- Não, acho que vou conseguir te lançando um avada! Cinco minutos sem perder a amizade. Se eu ganhar, você me entrega o polissuco se você ganhar nunca mais te peço ajuda nenhuma...


- Mas se eu levar uns biscoitos então já será um encontro?


- Não seja infantil, Black! Quer resolver as coisas desse jeito? Apelando para violência?


- Sempre resolvi as coisas desse jeito, não vejo motivos para mudar!


- Eu posso ser o juiz, se vocês quiserem... – propôs James, que finalmente resolvera sair de seu mundinho paralelo. Podia não parecer mais o garoto estava mais atento à conversa dos dois do que imaginavam.


- Não, gente! Somos amigos! – Peter pareceu surgiu tão repentinamente na conversa que os outros três resolveram que era melhor nem levar em consideração os pedidos do garoto.


- Você deveria trabalhar essa sua raiva! Isso é insano! – mesmo o conhecendo por tanto tempo, Remus ainda conseguia se surpreender com algumas atitudes de Sirius.


- Vou trabalhar minha raiva acabando com sua raça!


- Sério, acho que vão precisar de um juiz. Aceita logo, Aluado. Será divertido!


- Não dê corda para as ideias de Sirius, James! – não era como se já não esperasse por isso. Era sempre assim, ele tentando ser coerente enquanto os dois continuavam com as ideias idiotas. Era até difícil explicar como continuavam tão amigo dos dois. – Vamos resolver isso de modo racional! Eu não entrego o polissuco e você procura isso com outra pessoa! – resmungou um pouco chateado com a falta de maturidade de seus amigos, ao mesmo tempo em que guardava seus materiais.


- E tomar uma poção de um desconhecido? É muito arriscado! Vamos, Aluado! Só confiamos em você! – ao menos Sirius tirara da cabeça a ideia de duelar.


- Pela última vez, não! Eu não vou fazer isso, desistam...


- Um encontro com Emmeline Vance... – a proposta de James chegou tão repentina que as bochechas de Remus ficaram tão vermelhas quanto o distintivo da Grifinória. – Nós te arranjamos um encontro com a Vance e você nos entrega o polissuco...


- E o que te faz pensar que eu quero um encontro com Vance?


- As suas bochechas são um bom indicador, Aluado... – enfiou o último livro dentro de sua mochila, deu um tchau despreocupado e ignorado para Lily Evans.


- Vance? Você quer sair com a Vance? – Sirius nunca conseguia perceber as entrelinhas. Isso porque estava sempre preocupado consigo mesmo para dar atenção às outras pessoas. – É... até que ela não é ruim... – concluiu observando a garota saindo da sala.


- Parem com isso, eu não quero nada com Emmeline...


- Ótimo! Por que acabei de resolver que eu quero... – apesar de parecer o contrário, aquele não era nenhum joguinho de Black para convencer Lupin. Nunca pensara em Emmeline como algo além de amiga de sua melhor amiga. Mas até que a menina não era nada ruim.


- Você é muito volúvel, Black! Há dois minutos estava tentando me convencer a te ajudar com o encontro com Carrow e agora já está querendo um encontro com Emme! – conclui um bocado aborrecido.


- Aproveito as oportunidades, Lupin! Agora me deem licença que vou pedir a Lene que me ajude com Emmeline...


- Ok, eu te entrego o polissuco se você tirar da cabeça essa ideia de sair com Emme!


Sem a intenção acabou conseguindo o que queria. Olhou para o amigo com um semblante espantado e repensou duas vezes se valia a pena desistir de sair com Vance para conseguir o polissuco. Por fim, achou que era melhor ficar com a poção. Não que a garota não valesse um polissuco, porque valia. Porém, não valia perder a amizade com Lupin.


- Sabia que não me deixaria na mão! – sorriu vitorioso ao mesmo tempo em que Remus fazia cara de quem estava desgostando da situação.

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Comentários (1)

  • Lana Silva

    Gente eu pensei que era só SM:/Sirius é um ser tão infernizante quanto quer ser, que consegue tudo que quer, tanto que conseguiu que  Remus desse a poção polissuco a ele, mas também ele tem algo tão egoista dentro dele que acho que por alguns instantes o chapeu seletor pensou em colocar ele na sonserina, pelo menos aqui ele é mais assim....Eu amei o capitulo flr, muito bom.beijoos *-* 

    2012-09-22
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