O Beijo



Depois de uma conversa leve, ainda nos balanços Gina começou a parecer realmente cansada e durante todo esse tempo, não apresentou sinais de uma real contusão.

- E aquele garoto loiro... Quem é? – quis saber Draco finalmente.

- Marco Delacour... É primo da Fleur e meu ex-namorado...

- Por que você se deixa abater por ele? – perguntou tímido.

- Eu o odeio... – respondeu calma apoiando a cabeça cansada nas correntes do balanço.

- Gina, são dez e meia... Você quer voltar pra escola? – ofereceu ele gentilmente.

- Ooooaaaaa! [bocejo] Pode ser... Você me leva? – pediu ela como quem pede proteção.

- Claro, só um instantinho... – e assim ele se levantou e apontou a varinha em direção ao castelo. Fechou os olhos e se concentrou. - Accio Nimbus 2006!

Depois de alguns instantes, uma vassoura preta e brilhante veio voando para a mão de Malfoy. Ela colocou a vassoura entre as pernas e então tomou Gina nos braços. Assim eles voaram.

- 2006?! – perguntou ela do nada – É nova?

- Não comente com ninguém... Mas eu ganhei num sorteio... – completou ele constrangido e triste.

Gina sorriu e deu um beijinho em sua bochecha fazendo-o corar. Estava comprovado; Draco Malfoy era humano. Assim ela sentiu-se segura e apoiou a cabeça no peito dele sentindo-se leve... Relaxada... Literalmente nas nuvens...





Ainda na festa, Ron continuava na companhia de Emília, mas desta vez, bem mais entediado... Ele estava rodeado de bêbados e garotas bestas.

- Então, como eu ia dizendo Rony fofo, nas férias, quando eu fiz curso de modelo... – ela se achava de mais! Como alguém poderia ser tão insuportável e tão burra a ponto de notar que era incrivelmente chata!

Ela continuou narrando sua história incrivelmente chata e tediosa, mas que aos olhos daquelas garotas fúteis a sua volta parecia bem interessante. Ron não prestou antenção em nada, mas resolveu que não iria mais agüentar aquelas garotas ridículas.

- Emília, sinto muito, mas eu vou embora. – e assim Rony se retirou, sem ao menos esperar uma resposta.

Na saída do bar ele encontrou Hermione com olhar cansado. Ela cuspiu palavras venenosas e cortantes sobre o amigo.

- Se divertiu?! Anta... - completou baixinho.

- Aham, muito! - ironizou ele. Colocou dois dedos na boca e soltou um forte assovio.

Instantes depois, uma carruagem veio se aproximando. Puxada por um cavalo tordilho escuro, tinha um toque colonial, mas mantendo um estilo de rococó. Pintada de brando era muito linda.

Ron abriu a porta e subiu no primeiro degrau. Mas parou de sopro. Desceu e chegou em Mione.

- Você quer uma carona?

- Sim... – respondeu ela com a voz arrastada e rouca.

Ele se dirigiu ao lado da porta e ela o acompanhou. Ron parou estendendo a mão para que ela utilizasse como apoio para subir, mas rude, Hermione ignorou sua ajuda e subiu sozinha. Fingindo que nada acontecera, seguiu os passos da garota e rumou silencioso para o interior da carruagem.





Não demorou a Malfoy e Gina chegarem à escola. A Nimbus 2006 era muito rápida e ideal para partidas de Quadribol. Era quase a mais rápida já inventada, perdendo apenas para a Firebolt (como a de Harry).

Quando atingiram os gramados, pousaram e Draco desceu e conduziu Gina (ainda sentada na vassoura, que flutuava) até o castelo. Lá, Minerva McGonagall estava a espera dos alunos que estavam para chegar da festa.

Ela anotou seus nomes e deu uma licença de quinze minutos para se dirigirem à seus respectivos dormitórios.

No Salão Principal, eles iam se separar, então, Malfoy se sentou numa mesa e colocou os pés no banco para apóias as pernas cansadas. Virgínia se sentou ao seu lado. Os dois permaneceram em silencio por alguns instantes até que ele fez uma pergunta inesperada.

- Sua mãe... É muito durona?

- Não... – respondeu a garota pensativa – Ela apenas quer que eu seja alguém que eu não sou...

- Quem? – disse ele surpreso.

- Percy, ou Gui, ou Carlinhos, ou até mesmo o Rony serviria... – respondeu cabisbaixa.

- Virgínia, sem ofensas, mas o seu irmão... Todo mundo “gosta” dele, e tal, mas no fundo... – enrolou tentando chegar no ponto onde queria – Ele é banal...

Gina levantou os olhos para ele que agora mirava o chão e apreciou sua beleza por alguns instantes. Por fim sorriu e falou em seu ouvido.

- Draco... – ele ficou surpreso ao ouvi-la chamar-lhe pelo nome pela primeira vez na vida – Você não é o metido-idiota que eu pensei que fosse...

Com essas palavras, ela foi se aproximando para beijá-lo. Malfoy sentiu uma tremenda impulsão de fazer o mesmo, mas algo dentro dele dizia “Draco Malfoy, nem pense nisso, sabe muito bem que você está fazendo isso por dinheiro! Se machucar a garota vai acabar se dando mal!”.

- Melhor deixar isso para depois... – disse ele o mais gentilmente o possível, mas ela não se conformou. Deu as costas, enfurecida e marchou para a Torre da Grifinória. Draco agora bagunçava os cabelos nervosamente se dando conta da bobagem que acabara de fazer. Por fim, se levantou e rumou para seu dormitório também.





Neste exato momento, Ron e Mione passavam pela Profa. McGonagall e rumavam silenciosos para sua Casa. Nenhum dos dois abrira a boca desde Hogsmeade sequer para perguntar as horas. Quando finalmente chegaram na Sala Comunal, os dois pararam um de frente para o outro, mas sem se encarar.

Hermione sentia uma vontade repentina de cuspir nele tudo aquilo o que tinha em mente... As dores, as angústias, ao carícias, os desejos... Mas ela driblou essa vontade e se contentou em dizer:

- Você nunca me notou, né? – perguntou triste.

- Bom... Sim... – ele tentava fugir da verdade, mas a franqueza e a esperteza dela eram muito melhores do que a interpretação dele.

- Não, não mesmo... – respondeu seca, contemplando os pequenos defeitos na pintura da parede.

- Na verdade... Não...

- Era tudo o que você tinha que dizer; que fazer! Falar-me isso numa boa, vamos lá, Ron! Durante esse tempo eu deixei bem claro, embora não com frases feitas, mas mesmo assim claro o que eu sentia por você; o que eu sinto por você... – completou dando ênfase a essa última frase. Ele nada disse então Mione perguntou com a voz mais carregada de tristeza que ele já ouvira – Sempre foi tão egoísta?

- Acho que sim... – respondeu o ruivo envergonhado.

- Pôxa, eu fiz um monte de coisa por você, eu fiz as suas tarefas, eu te ajudei a estudar, eu demonstrei interesse naquela estupidez de jogo que você tanto adora (Quadribol) eu até mesmo aprendi algo de adivinhação por você porque... – mas antes que Mione pudesse terminar o que ia dizer, Ron lhe roubou um beijo.

Durante aquele tempo em que o calor dos braços dele em volta de sua cintura e o toque macio dos seus lábios abria caminho para que sua língua se encontrasse com a dela, Hermione poderia jurar que saíra do chão. Quando por fim se largaram, o garoto fez um “tchauzinho” tímido num aceno da mão e subiu para seu dormitório.

Mione ficou ali, um tanto abobada, um tanto encabulada até que o garoto sumiu de vista. Ela chacoalhou a cabeça e abriu um enorme sorriso para si mesma.

- E eu estou de volta no jogo! – completou dando um pulinho de alegria.

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