Alguns anos depois



Faziam quatro anos que ele não há via. Quase quatro anos daquele caso desastroso. Do momento mais feliz de sua vida, ao inferno em poucos segundos.


Mas de fato muito tinha mudado nesses quatro anos, pensou Severo, olhando para a marca negra em seu braço. Ele havia se tornado um comensal da morte, e ela tinha tido um filho.


Foi sua época mais feliz, aquele caso. Suspirou, ela engravidara, e por aquele maldito filho do Potter, tinham decidido parar de se ver. Talvez eles sempre soubessem que não ia durar, que eles não tinham um futuro, sendo tão diferentes. Não, pensou, afastando este pensamento de sua mente. Lily era a mulher de sua vida, ele sabia. Uma lagrima rolou por sua face, agora, ela estava destinada a morrer, e era tudo culpa dele. Abaixou a manga repudiando a marca. Confiara nos instintos errados, na pessoa errada, e por pressão, fez a escolha errada. Sempre fora tão bom em esconder seus pensamentos, reprimir seus sentimentos, mas tinha vacilado. Seria por causa dela? Seria uma escolha inconsciente de sua mente? Afinal ele nunca conseguira se controlar totalmente perto de Lilian. Severo lutou contra estes pensamentos, ele alertara Alvo, e tentava proteger Lily a qualquer custo agora, não? Pondo sua vida em risco, traindo aquele que poderia mata-lo... Não era suficientemente compensador? Ele sabia a resposta. Não, não era.


E agora ela vinha visita-lo, plantando uma duvida na mente dele. Depois de todo o mal que lhe causei... Ponderou, talvez isto seja um adeus. Afastou rapidamente este pensamento também, ele não queria um fim, sabia que, assim que pusesse os olhos nela, por mais que tentasse resistir não conseguiria deixa-la ir.


Ao som da campainha ele levantou rápido de mais. Forçou-se a respirar fundo antes de correr para a porta, e ao chegar lá, respirar de novo, e abrir a porta com calma, olhando somente para o chão, assim não se perderia nos olhos verdes de Lily logo de cara.


Ele deu um passo para trás, permitindo sua entrada, ela o fez e olhou tudo com curiosidade, a minúscula casa era abarrotada de livros, instrumentos e antiguidades.


‘’ exatamente como eu lembrava... ’’ suspirou Lily,  respirando fundo em seguida, sentido os aromas tradicionais da casa: licor,  pergaminho, madeira, e um toque de algo místico, de poções variadas sempre no ar.


Ele fechou a porta atrás de si, ainda encarando o chão, e seguiu-a para a sala, onde um enorme sofá marrom era acompanhado por duas poltronas de mesmas características, uma mesa de madeira escura no centro, um armário cheio de bebidas, e estantes que cobriam todas as paredes, cheias de livros, menos a da única janela, coberta com grossas cortinas vermelho-escuras.


Ela se sentou no sofá, e ele, na poltrona a sua frente, decidindo que poderia olhar para ela agora. Grande erro, pensou, pouco se importando. No momento que viu os grandes olhos verdes marejados de Lily, só se controlou ao lembrar-se que eles não tinham mais nada juntos.


-Sev...-começou- eu...


Ela bufou, olhando para cima com seus globos oculares já vermelhos, Severo sabia, conhecia esta expressão, ela tentava conter mais lagrimas, tentava não cair em prantos, e estava entrando em pânico, por não saber o que falar e como controlar sua voz. Ela nunca pode controla-la depois, ou antes, de crises de choro.


Ele se levantou, e sentou ao lado dela no sofá, pegando sua mão. Pouco se importava, novamente, com o fim daquilo, não poderia deixar ela daquela maneira. Ignorava agora o que o restringia antes, o temor de achar aquela mínima felicidade e cair de um precipício em poucos segundos de novo, aguentaria essa sensação e lidaria com as consequências mais tarde. Tudo que lhe importava estava a sua frente, tudo que amava. E que agora estava perdido, por sua própria culpa.


 Ela baixou o rosto e ele viu uma lagrima correr por sua bochecha rosada. Ele estendeu a mão e secou-a, carinhosamente, demorando sua mão um pouco mais do que o necessário em seu rosto, não querendo perder a sensação da pele macia de Lily.


-Lily... – sussurrou.


Ela virou o rosto e o encarou. Os lábios deles se tocaram por uma fração de segundo e, como uma explosão, milhares de pequenos fogos de artificio estavam soltos, borbulhando em seus lábios. Quando Severo caiu em si ela já estava do outro lado da sala, andando apressada para a porta. Ele correu e agarrou seu pulso delicadamente, ela hesitou, virando-se e dando um olhar de desculpas a ele.


-Sev... adeus. – uma lagrima rolou rapidamente em seu rosto, caindo no chão.



-Lily, por favor. –disse-lhe suplicante. Ela mordeu o lábio, hesitante. Sabia que deveria ir embora, mas não conseguiria, não era tão fácil olhar nos olhos negros dele e mentir quanto ela pensara. Ela não poderia continuar mentindo. Então subitamente o beijou com ousadia, deixando que todos os seus sentimentos fluíssem por sua pele. Parecia que nem um dia havia se passado, que nada havia mudado desde a ultima vez que se viram.

n/a: entãão... Esse primeiro capitulo era pra ser um só, mas como ficou comprido e eu sou (muito) má eu resolvi dividir em tres haha Deixarei-as curiosas. No proximo capitulo segredos serão revelados *tcham tcham tchaam*  Enfim, obrigada por ter lido, espero que tenha gostado. Beijoos,
Ju 


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