Meus Irmãos



CAPÍTULO 3


Meus irmãos


 


 


Era o primeiro dia de aula e estávamos no grande salão tomando café da manhã. Mal amanheceu o dia e todos na Sonserina e somente nela, sabiam que eu era “a garota do Malfoy”. Eu nem sei o que dizer, depois daquele beijo, me sinto no paraíso. Eu tentava escrever uma carta para meus pais, mas não sabia nem como começar, então Malfoy, que observava atentamente os rabiscos que eu estava fazendo no pergaminho, disse em meu ouvido.


 


- É só você se fazer de vítima, afinal foi o chapéu seletor quem te colocou aqui, a culpa não é sua...


 


- Vou tentar...


 


Na verdade, meus primos sabem que eu sei que podia escolher para qual casa ir, mas o chapéu seletor nem falou comigo, ele mal tocou minha cabeça e bradou “Sonserina”. Antes que eu escrevesse qualquer palavra no novo pergaminho que separei, a coruja do meu pai pousou na minha frente, trazendo um bilhete.


 
 


Querida Lily,


 


Parabéns por entrar na Sonserina!


Desconfiávamos que a sua ambição poderia lhe levar a Sonserina. Sabemos que ambição na medida certa é um traço muito valioso na personalidade de um indivíduo, só não exagera filha. Queremos que você faça amigos, se dedique aos estudos e seja responsável. Cuidado com qualquer artefato mágico duvidoso, lembre-se do que o vovô Arthur sempre diz: “Nunca confie em nada que é capaz de pensar se você não pode ver onde fica o seu cérebro”. Queremos uma carta contando tudo detalhadamente, e estamos com muita saudade. Lembre-se de ir visitar o Hagrid e quando falar com o tio Neville, diga que mandamos lembrança.


Nós veremos em breve, com amor...


Papai e Mamãe.


 


- Que fofo! - disse Malfoy em tom de deboche e percebi que ele leu minha carta e então fechei-a rapidamente.


 


- Não era para você ter lido...


 


Reclamei só para falar com ele, na verdade eu estava muito “sonhadora” naquela manhã, nem a carta de meus pais me acordou dos meus devaneios com o Malfoy. Imagina então o susto que levei quando alguém de repente chegou por trás de mim e falou carinhosamente no meu ouvido:


 


- Meu moranguinho.


 


Era meu adorável irmão Alvo, que havia me batizado de “moranguinho” desde que eu tinha cinco anos e ele sete, por motivos óbvios. No alto de seus sete anos de idade, Alvo concluiu que eu era vermelha e cheia de manchinhas como um morango. Ele também era um pouco ciumento, mais me dava mais atenção que o James.


 


- Sem cicatriz! - disse com carinho.


 


“Sem cicatriz” é o apelido do Al, porque todos vivam dizendo que ele era a cara do meu pai, só que sem a cicatriz, então pegou. Ele começou a falar comigo em língua de cobra, talvez porque não queria que os outros alunos da mesa da Sonserina, que já entronchavam o nariz por causa da presença dele ali, entendesse a nossa conversa.


 


Nós dois tínhamos herdado esse dom do papai, apesar dele sempre dizer que não tinha uma explicação para isso. A medida que começamos a falar em língua de cobra, toda a Sonserina começou a dá uma discreta atenção a nossas falas, mesmo que nada entendesse.


 


- Parabéns pela coragem de entrar na Sonserina maninha, eu confesso que implorei com vários “Sonserina Não! Por favor!”


 


- Você é um Sonserino enrustido Al.


 


- Então, papai também é...


 


- Ora, não diga bobagens...É você quem se parece com o papai e não o contrário.


 


Ele então se sentou de lado no banco, de frente para mim e dando as costas para a Kate. Malfoy estava do meu outro lado e fazia de conta que não estava dando atenção a nós.


 


- Estão te tratando bem por aqui?


 


- Sim, como uma princesa... Todos são legais...


 


- Seria prudente de sua parte não ser tão ingênua...


 


Por mais que o Al me parabeniza-se por está na Sonserina, confessa-se que tem um pé nela, ele tinha sua certa cota de preconceito com sonserinos, se não, ele não me chamaria de ingênua porque eu acredito está sendo bem tratada espontaneamente por eles... Certo, eu sei que não é espontaneamente...


 


- Se eu fosse ingênua, não estaria na Sonserina, não é?


 


- Claro que não estaria... Já fez amigas?


 


- A Kate Nott – respondi em inglês e paramos de falar em língua de cobra. - E você está dando as costas para ela. - disse em tom repreensivo e foi a deixa para que o Al levanta-se e senta-se normal na mesa da Sonserina e pelo olhar de todos, isso não era um ato comum.


 


- Desculpe-me pela falta de educação Srta. Nott. - ele disse cumprimentando a Kate que respondeu baixinho “sem problemas”. Ela parecia um pouco assustada ou desconfortável, eu não sei dizer.


 


- La vem o James... - Alvo disse em língua de cobras ao perceber a aproximação deles. – E seus servos... - disse se referindo a Fred Weasley e Lorcan Scamander.


 


- Sabe como ele adora quando conversamos em língua de cobra e deixamos ele de escanteio.


 


- Não seja tão má Srta. Potter, você sabe que seu irmão morre de ciumes porque não é ofidioglota.


 


Ele falou sorrindo e me fazendo rir, o Alvo era meu irmãozinho do coração.


 


- Eu já estava achando um absurdo a Lily ser Sonserina... Agora é você que vai mudar de lado Alvo? - disse James, no seu tom mais arrogante.


 


- James, eu pensei que o papel de um irmão mais velho é parabenizar a irmã caçula pelas suas conquistas?


 


- Há sim, devo parabenizá-la também quando ela vira uma bruxa das trevas?


 


- Ninguém aqui é bruxo das trevas, James! - eu me irritei, James foi longe demais e uma onda de tensão invadiu a mesa da Sonserina.


 


- Pior que ser uma Weasley Potter Sonerina é ser um grifinório traidor, “Severo”! - disse Fred.


 


- Eu prefiro que me chame de Alvo, sim!


 


Alvo é do tipo que paga para não entrar numa briga... Mas quando entra...


 


- Além do mais... - disse Alvo ainda calmo. - Eu não sou mais criança para brigar de Grifinória versus Sonserina. Vê se cresce!


 


- Traidor maldito! - disse Fred e depois cuspiu.


 


- Vergonha da Grifinória! - completou Lorcan.


 


- Levanta dessa mesa Alvo! - ordenou James.


 


- James, eu não sei o que nosso pai escreveu na carta que mandou para você hoje, mas na minha ele pediu para que eu cuidasse da minha irmã e é o que eu estou fazendo aqui!


 


- Babá de Sonserina... - desdenhou Lorcan - Eu não sei o que é pior...


 


- Vão reclamar com Harry Potter então... - Alvo ainda mantinha seu ar sereno.


 


- Você nunca deveria ter dado esse desgosto aos nossos pais Lily, pode ter certeza que eles estão tristes e preocupados com você.



- James! - Alvo repreendeu James, em fim, ele havia tirado a paciência do Al, o que fez essas palavras do James me magoarem profundamente, pois tinham um fundo de verdade, se não, meus pais não tinham pedido para o Al tomar conta de mim.


 


- Não é verdade Lily, tenho certeza que nossos pais não estão tristes e muito menos preocupados. - Alvo disse se levantando e olhando na direção dos alunos mais velhos da Sonserina. - Pois o último sonserino que fez mal a um Potter está enterrado no cemitério da escola no lado dos perdedores.


 


- Al?! - eu o repreendi.


 


Nesse momento alguns alunos sonserinos se levantaram e começaram a encarar o Alvo, porém Malfoy permaneceu no mesmo lugar olhando calmamente para Alvo.


 


- Vou deixá-la com seus colegas certo de que você está entre amigos. - Alvo disse para apaziguar a situação tensa que ele mesmo causou.


 


- Não sei quem é mais ingênuo Alvo, você ou a Lily?


 


- Eu, é claro, porque ingenuidade não é um adjetivo para sonserinas, não é maninha? - ele disse me dando um beijo no rosto e saindo a medida que tirava James e companhia dali. Eu cheguei a ouvir o Alvo dizendo ao James que eu teria que aprender a me defender sozinha.


 


Eu não sabia o que falar para acalmar os ânimos dos sonserinos, eles voltaram a se sentar me encarando e a minha fome simplesmente sumiu, e já ia me levantar quando Malfoy falou.


 


- Tudo bem, são só irmãos preocupados com a irmã caçula... - Malfoy falou para todos. - Nós também estaríamos tentando por moral na Grifinória se nossa irmã tivesse ido parar lá.


 


- Qual é a sua Malfoy? E você não tem irmã pra saber...


 


- Mas tenho uma prima, não pense que ela vale menos pra mim que se fosse minha irmã.


 


- Quero vê você admitir a eles o que nos revelou hoje.


 


- Isso não é da sua conta e não admito traições Davis!


 


- Cuidado Malfoy, não conosco, estamos do seu lado, mas não podemos fazer milagres pra te salvar deles.


 


- Não será necessário por enquanto.


 


 


Passei minhas primeiras aulas aérea, preocupada com o meu destino na Sonserina. Só a noite, quando voltei para o salão comunal, fiquei sozinha com o Malfoy. Ele estava sentada numa das janelas do salão comunal e eu estava ao lado dele, olhando pro lago.


 


- Eu entendi que seu irmão Alvo Potter só queria lhe proteger com aquelas ameaças... É tudo que ele podia fazer... Realmente, esse não deve ser um lugar que seu pai escolheria para você.


 


- Eu não me arrependo e tenho certeza que vou mudar a forma como meus pais encaram a Sonserina.


 


- Isso seria um milagre Lily.


 


- É a primeira vez que você me chama pelo meu primeiro nome. Posso te chamar...


 


- Não... Eu prefiro Malfoy, por motivos óbvios, se você não se importa.


 


- Você não tem medo que meus irmãos descubram que estamos namorando?


 


- Não é que eu tenha medo, só acho que você é nova demais para que eles aceitem isso, por enquanto eu preferiria só revelar isso ao seu irmão Alvo, mas não agora... Eu vou tentar me aproximar dele.


 


- Eu posso te apresentar a ele num lugar mais amigável...


 


- Não precisa, já nos conhecemos, fomos obrigados a fazer um trabalho de história juntos. Eu vou me aproximar dele tentando tranquilizá-lo quanto a sua segurança aqui e depois eu conto.


 


- Não conta, ele não vai concordar e vai contar pro papai e...


 


- E se seu pai proibir, então só vai nos restar namorar escondido... Mas eu não quero começar a namorar com você já de forma clandestina e espero que eles descubram o nosso romance pela minha própria boca...



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