Voando Alto



Capítulo 5 – Voando Alto


 


Todos os alunos do primeiro ano desceram animados em direção ao mural. Obviamente, um gemido coletivo fez-se ouvir quando percebemos que essa aula seria na agradabilíssima companhia dos Sonserinos.


E, sim, eu fui sarcástico.


- Aula de vôo? - Harry perguntou, perplexo, enquanto estávamos sentados à mesa da Grifinória, almoçando - No que vamos voar?


- No que mais poderia ser? - perguntei, erguendo as sobrancelhas - Vassouras, é claro - observei-o por alguns segundos - No que os trouxas voam?


- Não voam - ele hesitou, depois sacudiu a cabeça - Quero dizer, nós temos aviões... - ao perceber minha expressão confusa - É como se fosse um carro. Você sabe o que é um carro, certo? – aquiesci - Então, é como um. Só que bem maior. E ele tem asas. E voa. É complicado -  descartou o assunto com um gesto de mão - De qualquer forma, nunca andei em um avião. Nem em uma vassoura - estremeceu.


- Eu também não - Dino sentou-se de frente para gente, acompanhado por Simas, e parecia abatido e tão desesperado quanto Harry - Eles tinham que fazer essa aula bem com a Sonserina?


Harry soltou um muxoxo, concordando, e eu e Simas trocamos olhares significativos. Nós dois somos bruxos criados por bruxos, então, voar numa vassoura não era algo estranho para a gente.


- Não é nada difícil - Simas tentou animar os dois - Depois que você pega o jeito...


- É! Uma vez, eu quase esbarrei em um... Harry, como é o nome daquele negócio que os trouxas usam para voar? Que parece um triângulo e tem... você sabe, um treco de metal embaixo que eles seguram...?


- Uma asa delta? - uma voz fina às minhas costas sugeriu.


- Obrigado, Harry - resmunguei, amargo.


Hermione Granger sentou-se ao meu lado, com um suspiro.


- Então, animados para a aula de vôo? - perguntou, enquanto enchia um copo com suco. Harry e Dino soltaram gemidos agoniados, eu revirei os olhos e Simas deu de ombros.


- Por quê? Vai me dizer que você tentou voar e se saiu tão bem que o treinador dos Chudley Cannons foi pedir para você entrar no time? - apoiei meu queixo em uma das mãos, enquanto a observava com uma cara de poucos amigos.


- Quem? - ela perguntou, juntando as sobrancelhas.


- Você não sabe quem os Chudley Cannons são? - perguntei, surpreso; Simas voltou-se para Hermione, tão boquiaberto quanto eu.


De que adianta ficar decorando livros, quando nem mesmo sabe do que realmente é importante?


Quase podia ver o cérebro dela trabalhando, buscando pelo nome no seu gigantesco banco de dados. Por fim, com as bochechas avermelhadas, ela negou com um aceno de cabeça.


- E eu que achei que você fosse inteligente - murmurei, num tom de repreensão.


Hermione abriu a boca para retrucar, mas Neville chegou.


- Nunca voei numa vassoura antes - admitiu, sentando-se ao lado de Simas, - Minha avó nunca deixou. E se eu der vexame?


Isso prova que passar vergonha é uma coisa com a qual você nunca se acostuma.


- Eu li num livro que não é tão difícil... - Hermione começou.


- Não dê ouvidos para ela - interrompi-a, virando-me para Neville - Ela nem sabe quem os Chudley Cannons são - Neville lançou um olhar confuso, piscando os olhos, provavelmente sabendo quase tanto sobre o time formando por deuses do quadriboll quanto a esquila à minha esquerda. Perplexo, balancei a cabeça, - Esquisitos... - murmurei, baixinho.


- Eu só estou falando que, no Quadriboll Atrás Dos Séculos, eles dizem que é tudo uma questão de prática - ela continuou, lançando-me um olhar veemente - Vai dar tudo certo, Neville. Eles deram algumas dicas bem legais. Por exemplo, se você quiser aumentar a velocidade da sua vassoura, é só se inclinar sobre ela, quanto menor o ângulo...


Correio coruja. A esquila calou a boca!


Graças a Merlim.


~.~


- Típico - Harry murmurou, desapontado, enquanto caminhávamos em direção ao campo de quadriboll - É o que eu sempre quis. Fazer o papel de palhaço montado numa vassoura na frente do Draco - resmungou.


Revirei os olhos.


- Você não sabe se vai fazer papel de palhaço - tentei acalmá-lo - Em todo caso, sei que Draco vive falando que é bom em quadriboll, mas aposto que é conversa fiada - acrescentei, honestamente.


Bem nesse momento, passamos pelo grupo de sonserinos.


- É mesmo uma pena que alunos do primeiro ano não sejam aceitos no time - aquela enguia loira reclamou, cruzando os braços - Eu já contei da vez que quase esbarrei num helicóptero trouxa? - perguntou, lançando um olhar arrogante para seus companheiros.


E, sim, ele já tinha contado. Eu, que nem era da casa dele, já tinha ouvido pelo menos umas treze vezes. Eu tenho é dó de quem tem que conviver com esse garoto por mais do que cinco minutos por dia.


De verdade, como é que os pais dele agüentam? Vai ver não agüentam, e estão dando uma festa agora que ele vai passar quase seis meses longe de casa.


Troquei um olhar significativo com Harry e voltamos a andar. Juntamo-nos ao grupo de grifinórios, enquanto observávamos as vinte vassouras posicionadas no chão do campo.


Então, a professora chegou.


- Vamos, o que é que estão esperando? - perguntou, rispidamente - Cada um ao lado de uma vassoura. Vamos, andem logo.


Todos nos posicionamos prontamente. Uma fileira de grifinório encarando uma fileira de sonserinos. Ela nos mandou esticar a mão e ordenar ‘em pé’. A minha vassoura, a de Harry, a de Simas e a de alguns sonserinos – sim, fuinha branca inclusa em tal grupo – subiram imediatamente, enquanto a de alguns ficavam se revirando – como a da Hermione Granger (até que enfim alguma coisa que ela não sabe fazer), – e outras sequer se mexessem – OK, a única que não se mexia era a de Neville.


O passo seguinte foi ensinar aos alunos como montar as vassouras. Montei a minha rapidamente e Harry me imitou. Madame Hooch passou analisando os alunos e corrigiu, rispidamente, Draco Malfoy, falando que ele estava segurando a vassoura de maneira incorreta.


- Mas eu seguro a vassoura assim há anos! - o loiro retrucou, com desdém.


- Bem, então o senhor segura a vassoura errado há anos, senhor Malfoy - ela retrucou, secamente.


Harry e eu abafamos risadas, trocando olhares cúmplices.


A próxima tarefa era dar um impulso, subir um pouco acima do solo, e depois descer, mas antes mesmo que a Madame Hooch pudesse chegar ao ‘três’, Neville deu um impulso e saiu voando, cada vez mais alto, apesar das ordens da professora para que descesse.


E, então, ele desceu.


Só que sem a vassoura.


Ele caiu com um baque horrível e senti minha perna tremer. A professora correu ao seu encalço, inclinou-se sobre ele e murmurou algo sobre um pulso quebrado. Levantou-o, certamente prestes a levá-lo para a Ala Hospitalar, então, voltou-se para a gente, dizendo que se um de nós tirasse o pé do chão, seríamos expulsos antes de poder dizermos ‘quadriboll’.


Assim que ela, com ele, Draco Malfoy começou a gargalhar. Tirou sarro do Neville, o que é uma coisa bem covarde de se fazer quando a pessoa não está por perto e não pode se defender – não que ele fosse se defender, mas mesmo assim. E foi então que ele se abaixou e pegou o Lembrol que Neville tinha acabado de receber da avó, via correio coruja. Draco Malfoy já tentara pegá-lo no almoço, mas Harry e eu nos levantamos, prontos para defender Neville, quando a professora McGonagall chegou, aliviando o ânimo.


- Me dá isso aqui, Draco - Harry ordenou, baixinho, e todos ficaram em silêncio, aturdidos, observando a cena que estava para se desenrolar.


Draco Malfoy soltou uma risada estridente que me fez lembrar Tia Muriel.


- Acho que vou deixá-la em algum lugar para Neville apanhar, que tal em cima de uma árvore?


Eu tinha algumas outras sugestões de onde ele podia enfiar aquele lembrol, mas antes que eu pudesse me pronunciar, Harry berrou:


- Me dá isso aqui - em resposta, Draco Malfoy montou uma vassoura e saiu voando, subindo o mais alto possível.


- Vem buscar, Potter! - desafiou.


Harry agarrou a vassoura e Hermione gritou.


- Não! Madame Hooch disse para a gente não se mexer. Vocês vão se meter numa enrascada - mas ele a ignorou e deu impulso.


Começou a voar com facilidade na direção de Malfoy.


- Ele tava mentindo quando disse que não sabia voar, não é? - Simas perguntou, espantado. Dei de ombros.


Hermione resmungou algo como ‘idiota’ e ‘regras’ e ‘pontos a menos’, mas eu não dei muita atenção. Estava ocupado demais dando ‘vivas’ junto com Parvati Patil e Lilá Brown. Harry, então, virou bruscamente a vassoura, ficando de frente para Malfoy, que parecia tão surpreso quanto todos nós.


Harry ordenou para que Draco desse o Lembrol, mas esse soltou um simples ‘Ah, é?’ zombeteiro. Harry, então, inclinou-se sobre a vassoura e disparou como uma flecha para cima de Malfoy que se desviou por um triz. Harry fez uma curva de 180º, pronto para atacar novamente.


Chocado, comecei a bater palmas, e logo fui acompanhado pela maioria dos meus companheiros. Harry berrou algo sobre Draco não ter Crabbe nem Goyle para o apoiarem, ao que o garoto simplesmente disse:


- Apanhe se puder, então! - arremessou a bolinha de cristal para longe e começou a descer em direção ao solo. Meus olhos se prenderam em Harry que começou uma rápida descida em vertical, tentado acompanhar o Lembrol e, quase no solo, ele fechou sua mão direita sobre o objeto e aterrissou, suavemente.


- Cara, ele só pode ter mentido - Simas decidiu, enquanto batia palmas, entusiasmado - Ele deve ter nascido agarrado com uma vassoura.


Rindo, concordei, e comecei a entoar “HARRY POTTER” junto com os demais grifinórios – à exceção de Hermione Granger, mas ninguém ficou exatamente surpreso com isso. E foi então que todos nós vimos a professora McGonagall vindo na nossa direção.


Ela começou um discurso sobre pescoços quebrados e outras coisas. Lancei um olhar aturdido a Harry, enquanto ela o puxava em direção ao castelo.


- Ele está encrencado - os olhos negros de Dino estavam arregalados - Vocês acham que ele vai ser expulso?


Lancei um olhar perplexo na direção da entrada do castelo, por onde Harry e McGonagall tinham sumido.


- Espero que não. Quero dizer, tudo bem, ele voou, mas foi por uma boa causa, não foi? - ergui os olhos para fitá-los - Qualquer um que se mova para tirar aquele sorrisinho presunçoso da cara daquele nojento - com um movimento de cabeça, indiquei o Malfoy - está fazendo uma boa ação para a humanidade.


Simas e Dino riram.


- Não acho que McGonagall seja muito adepta dessa regra - Simas comentou - O que é uma pena.


- Eu bem que avisei - Hermione resmungou, juntando-se a nós - Isso vai nos custar muitos pontos... – fungou - Se alguém tivesse me ouvido...


- Pelo amor de Merlim! - soltei, exasperado, - Ele já está sob risco de ser expulso, o que mais você quer?


Ela arregalou os olhos.


- Você está dizendo que eu quis que o Harry fosse expulso? - perguntou, entre a perplexidade e a histeria. Sua aparência parecia-se ainda mais com a de um esquilo, com seus olhos castanhos amendoados arregalados.


- Bom, você gorou tanto o garoto... - dei de ombros - Vai ver que todo aquele negócio pensamento negativo atrai coisas ruins é verdade...


- Você está sendo ridículo - ela fuzilou-me com os olhos.


- Veja pelo lado bom: pelo menos agora você tem companhia - ergui as sobrancelhas, enquanto começava a caminhar na direção do castelo.


- Eu só estou falando... - ela prosseguiu, tentando controlar sua irritação.


- Eu sei o que você está falando - rebati, cerrando minhas mãos em dois punhos - Você está falando que se o Harry tivesse te ouvido, ele não seria expulso, nem perderia pontos para a Grifinória, nem o que quer que seja. Bom, eu tenho uma novidade para você: pode até ser que nós tenhamos perdido pontos, mas, pelo menos, alguém fez questão de tirar aquele ar presunçoso do Malfoy - rosnei.


Hermione bufou, e parou de andar, deixando que eu seguisse sozinho em direção ao Salão Principal.


~.~


Quando Harry sentou-se ao meu lado, alguns minutos mais tarde, exclamei:


- Você está aqui! - e sorri, satisfeito, então, a ficha caiu - Você está aqui? Por que você está aqui?


Harry sorriu.


- Ainda não entendi direito, mas acho que vou fazer parte do time de quadriboll - ele disse, dando de ombros. Fiquei boquiaberto por alguns segundos.


- Você está brincando - soltei, finalmente.


- Aparentemente, o time não tem um apanhador e eu me encaixo na posição - encolheu os ombros, satisfeito consigo mesmo.


- Apanhador? – exclamei - Mas os alunos do primeiro ano nunca... você vai ser o jogador da casa mais novo do último...


- Século - Harry completou - Olívio me disse.


Encarei Harry, aturdido. Eu estava feliz com ele, e admirado, é claro. Quero dizer, era óbvio que ele nunca tinha voado antes, então era claramente um dom ou algo assim, mas eu tinha uma sensação estranha dentro de mim. Como se uma parte de mim – e uma bem grande, sinto informar – achasse que era injusto que Harry fosse chamado para o time, quando mal tinha tocado em uma vassoura, enquanto eu passei a maior parte da minha infância empoleirado em uma.


- Vou começar a treinar na próxima semana – anunciou - Só não conte a ninguém. Olívio quer fazer segredo.


Mas, nesse instante, Fred e Jorge entraram no Salão Comunal e, assim que colocaram os olhos em Harry, foram falar diretamente com ele. Com ele, e nem me deram uma palavra.


Sabe, depois de onze anos de convivência, era de se esperar pelo menos um ‘oi’. Ah, que inferno. Qualquer coisa!


Eu fui adotado, só pode ser.


Não tem outra explicação para a total falta de interesse dos meus irmãos sobre a minha vida.


Bem, eles também não se interessam pelo Percy.


Eu e o Percy somos adotados. Somos filhos do leiteiro.


É a única explicação lógica para tudo isso.


Quando dei por mim, os gêmeos já tinham saído e quem tinha tomado o lugar deles era... Draco Malfoy.


Merlim amado, esse dia pode ficar pior?


 


Continua...


 


N/A: Olá, leitores!


Aqui está o novo capítulo!

Antes de mais nada: SE EU NÃO RECEBER AO MENOS UM COMENTÁRIO AQUI, PARAREI DE POSTAR A FANFIC, OKAY? Nada demais, mas sinceramente parece que ninguém está lendo, ou gostando, então não vejo necessidade para continuar postando. (: 


Prosseguindo: temos mais duas cenas novas: a briga Rony/Hermione e a conversa no almoço. A briga foi invenção minha, mas a conversa foi mencionada no primeiro livro – eu só a desenvolvi.


Espero que tenham gostado!


Por favor, se vocês acharem algum personagem descaracterizado ou algo que o valha, peço que me avisem para que eu possa trabalhar mais cuidadosamente nele. Não quero que os personagens percam suas características, então, conto com vocês como meus críticos – críticas construtivas são sempre bem vindas.


Espero que todos tenham se divertido com este capítulo tanto quanto eu!


Se gostou, passe para um amigo. :D


Um beijo e aguardo por comentários!


Gii Zwicker.

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