Capítulo único





                Eu andava vagamente por ali. Parecia um deserto. Eles tinham vencido. O mundo? Um labirinto. A vida? Uma mentira. Eu temia o que vinha por aí. Nunca temi a morte, mas sim a dor que ela traria. Eu já me sentia morta havia muito tempo. Incompleta. Não sentia a mim mesma, e sim a minha alma, que vagava silenciosa pelo deserto em um sonho meu.


Fim da linha. O que viria depois? Paz? Trevas? Vingança? Será que todos viraríamos lenda? Eu chorava, incerta, mas de tão fraca eu mal percebera isso. De repente eu me toquei. Não era um sonho. E aquela estranha sensação que eu estava sentindo, era a morte. Lágrimas ainda escorriam do meu rosto e eu estava no meio da multidão, no mesmo lugar que eu pensara ser um deserto. Eu não estava sozinha. Eles ainda não tinham vencido, e nem tinham me matado. Pelo menos não por fora. Não... Por fora, eu continuava firme. Meus pés, cravados no chão. Eu não iria cair. Não iria cair...


                Um jato de luz passou raspando pela minha cabeça, e eu estremeci, desequilibrada. Fiz menção de cair, mas dois braços me seguraram, e o mundo voltou a ser um deserto.


                - Está tudo bem. – não, não estava. – Estávamos mesmo destinados á isso, certo? Mas vai ficar tudo bem, Hermione. Você vai ser forte, e vai aguentar. Mas agora, vai ter que sair daqui. Eles querem você, gente como você são o principal alvo deles. Mas vai ficar tudo bem, nós vamos conseguir. Você está fraca; Precisa ir embora. Vai ficar tudo bem... Eu te amo. – ele disse, e me beijou. Me beijou ali, no meio de todos, no meio da guerra, e por entre os jatos de luz verde fatais que passavam por nós. Eu não fora capaz de dizer uma palavra até ali. Eu estava fraca... Tão fraca. Mal pude sentir o beijo, mas sim um toque de lábios, como se dissessem as últimas palavras de um casal que sempre existira. Ele me olhou com seus olhos azuis, que realçavam o brilho de pavor e as lágrimas que o enchiam para depois escorrerem pelas bochechas. – Eu te amo, Hermione. – ele disse, me empurrando para o meio do deserto que depois se transformou em multidão novamente, e mesmo com todos aqueles na minha frente, eu pensei que aquela expressão triste e desolada de Ronald seria a última coisa que eu veria. Não sei... Eu sentia que suas palavras tinham a intenção de consolar a mim, mas que ele não tinha tanta certeza de que estava tudo bem. E temia que não estivesse. Algo dentro de mim relutava, me mandava ficar, mas os meus pés continuavam andando na direção do castelo.


                Ali estava eu. Imersa na insanidade, nos meus pensamentos, na minha morte que viria. Dentro de algum lugar que um dia eu já chamei de lar, envolta pelas paredes cinzentas feitas com pedras. Em algum canto do enorme salão, um grupo de 5 ou 6 garotas choravam encolhidas, agarradas umas nas outras, sabendo o que viria assim como eu sabia, mas, pelo menos, não estavam sozinhas. Eu criei forças para subir as escadas. Alguns quadros pregados nas paredes se despediam de mim, e eu os olhava sem esperanças, incapaz de dizer uma única palavra, os lábios colados uns nos outros. A cada passo que eu dava, uma memória. Eu já desci aquelas escadas, mas eu não estava chorando. Nem sozinha. Nem com os lábios colados. Não. Eu estava sorrindo; Era um enorme sorriso. Carregando alguns livros e com meus melhores amigos atrás de mim. Jovem, inocente. Feliz.


                De repente, eu estava em outro corredor, e via alguém chorar. Eu o conhecia? Acho que sim. Espera; Tinha certeza que sim. Só não parecia ele. Aquele rosto eu costumava ver sorrir, malicioso. Era a primeira vez que eu o via chorar. Seus cabelos estavam bagunçados, e seus olhos cinzentos estavam vermelhos. Ele olhava pela janela. De repente, abaixou a cabeça, decidido. E tudo o que eu pude ver foi ele apontando a varinha para o próprio peito, fazendo menção de abrir a boca e se suicidar, chorando. Quase que por um impulso, eu corri.


                - Não! Não, Draco... – eu pedi, e ele olhou para mim, assustado, mas riu por entre as lágrimas e disse meu nome. Ele correu até mim. Ele acariciou as minhas bochechas delicadamente. Me olhou nos olhos, sofrendo. Ele não gostava de mim, mas sabia que eu era a última pessoa que ele veria. Talvez fosse por isso. Ele olhou para baixo por um breve instante, apertando os olhos. Depois ele me pegou pela cintura, e se aproximou de mim. Não sabíamos o que estávamos fazendo, mas estávamos. Eu ainda estava tonta, e de repente todos os gritos pararam. Ficou tudo silencioso, e eu estava novamente em um deserto, apenas com Draco. Eu senti meus olhos se fecharem, meu corpo enfraquecer. Eu achei que fosse cair, mas ele me segurou e me pôs no chão. Então, deitou-se do meu lado e segurou a minha mão. Ele fez com que a dor passasse. Ele me transmitia segurança. Não abrimos os olhos em momento algum. Apenas ficamos ali, deitados, um do lado do outro, as mãos dadas. Eu ouvi quando eles chegaram para nos matar. Alguns ficaram impressionados com a cena, outros até comovidos. Mas nos mataram. Eu não ouvi, e nem senti. Só aceitei. Morri com meu inimigo. E, quem sabe, por causa disso, não houve a tal da dor que eu temia.


 


 


Feet don't fail me now
Take me to the finish line
Oh, my heart it breaks every step that I take
But I'm hoping that the gates,
They'll tell me that you're mine
Walking through the city streets
Is it by mistake or desire?
I feel so alone on the fridays nights
You make me feel like home,
If I tell you you're mine
As like I told you, honey


 


(Pés, não falhem agora


Levem-me até a linha de chegada


Meu coração se parte a cada passo que eu dou


Mas eu espero que os portões,


Eles me dirão que você é meu


Andando pelas ruas da cidade


É por engano ou desejo?


Eu me sinto tão sozinha toda sexta-feira à noite


Você me faz sentir em casa


Se eu disser que você é meu?


Como eu te disse, querido)


 


 


Don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love is not enough and the road gets though
I don't know why
Keep making me laugh,
Lets go get high
The road is long, we carry on
Try to have fun in the meantime


 


(Não me deixe triste, não me faça chorar


Às vezes o amor não é o bastante e a estrada fica difícil


Eu não sei por que


Continue me fazendo sorrir


Vamos nos embriagar


A estrada é longa, nós seguimos adiante


Tentamos nos divertir no meio tempo)


 


Take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane, so
Choose your last words
This is the last time
Cause you and I
We were born to die


 


(Venha caminhar no lado selvagem


Deixe-me te beijar forte na tempestade


Você gosta das sua garotas insanas, então


Escolha suas últimas palavras


Esta é a última vez


Porque você e eu


Nascemos para morrer)


 


N/A: Tristinha, né? Eu acho bem bonita. Estive com ela na cabeça por um tempo. Tipo, Hermione e Draco são inimigos desde os 11 anos, Draco tem preconceito com Hermione, então será que tem coisa mais trágica do que os dois aceitando a morte juntos? Achei que eles não precisavam de ficar juntos se beijando e fazendo sexo e tal, romântico seria se eles aceitassem um ao outro. Pelo menos foi o que eu pensei.


A música se chama Born to die. É da Lana Del Rey.

#Desculpem pelo errinho, eu tinha escrito que o Rony tinha olhos castanhos XD. Desculpem mesmo, eu estava cansada quando escrevi e acabei confundindo olhos olhos do Rony com os da Hermione.

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Comentários (3)

  • Accio Evanna Lynch

    Adorei, realmente amo Dramione, e tenho uma tal opinião como a sua. não é preciso de sexo para mostrar que eles se gostam, apenas que aceitem o que são (: ParabensBeijos repletos de magia *-* 

    2012-09-06
  • Verônica Malfoy

    Ahh @_@ Foi mal... Eu me confundi quanto aos olhos, eu tava muito cansada quando escrevi e acabei confundindo os olhos do Rony com os da Hermione. Desculpa!

    2012-04-01
  • Trícia Guima

    Só corregindo um erro: O Rony tem olhos AZUIS e não castanhos.Bem não curto D/Hr, mas gostei do momento R/Hr 

    2012-04-01
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