Contra a parede



Estava ali, mas nós somos assim mesmo,
não damos o devido valor quando se tem em mãos;
Agora longe, muitas vezes sem nenhum tipo
de contato é que vemos é que um simples aperto de
mão pode arrepiar até o último fio de cabelo;
Ontem sentia que faltava algo,
hoje você é responsável por uma dor que não me é cruel,
mas machuca tanto.


Bob Marley


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   Gina sentiu sua pele esquentar com o toque de Harry. Estavam ambos sozinhos n’A Toca. Ela já deveria saber que o destino brincaria novamente com ela, afinal, sua sorte tinha o tamanho de um pomo de ouro.


   Por mais que tentasse fugir, Harry sempre estava em seu caminho. E, naquele momento, ela não tinha para onde correr, já que ele segurava seu braço, não muito forte, mas suficientemente seguro para que ela não tivesse a capacidade de se afastar. Os olhos verdes dele, tão seguros e brilhantes, estavam encarando os seus, e ela apenas rezava para que ele não tivesse percebido o arrepio que passava em seu corpo naquele momento. Amaldiçoava-se mentalmente por sentir-se daquela maneira perto de Harry Potter.


   Harry olhava para ela, esperando alguma reação. No momento em que segurou seu braço, a ruiva o olhou raivosa, e logo depois seu olhar pareceu ficar confuso. Sua vontade era de puxá-la para mais perto e tomar-lhe os lábios e só largá-los quando estivesse prestes a morrer, mas segurou-se, pois tinha certeza que se tentasse algo a mais, ganharia de Gina um belo tapa em um dos lados de seu rosto.


   Passou alguns minutos – o que pareceu horas para eles – até ela finalmente parecer entender as palavras de Harry.


   - O que você disse? – Perguntou ela, como se não estivesse acreditando no que ele dissera.


   -Você vai ter que me escutar, Ginevra. – Disse Harry. Os pelos da nuca de Gina se eriçaram ao ouvir ele lhe chamar pelo nome completo.


   -Não temos nada para conversar. – Ponderou ela, encarando-o. – Agora me solte.


   Ele a olhou mais uma vez, e a soltou, mas não antes de lançar um escudo no topo da escada, impedindo-a de subir para o seu quarto. Gina arregalou os olhos, furiosa.


   -Você não tem saída, vai ter que me ouvir. – Ele quase sorria vitorioso, mas não queria complicar ainda mais a situação. Gina não parecia nem um pouco disposta a ouvi-lo.


   Vendo que não tinha nenhuma escolha, ela se afastou um pouco de Harry, e só parou ao constatar que estavam a uma distância segura. Xingou-se mais uma vez ao passar a mão no bolso de sua calça jeans, vendo que tinha esquecido a varinha no próprio quarto. Droga.


   Suspirando, voltou-se para ele.


   -O que você quer? Veio pedir desculpas pelo o que aconteceu naquele dia?


   Harry riu sarcástico e passou uma das mãos pelos cabelos negros.


   -Bom, se você estiver se referindo ao beijo, a resposta é não. Já disse que não me arrependo. – Respondeu ele, olhando-a, e Gina sentiu o coração dar um solavanco.


   O fato de estarem completamente sozinhos (apesar de Almofadinhas estar tirando um cochilo de baixo de uma árvore no jardim) perturbava Harry. Imagens dele e de Gina se agarrando no sofá bem na sua frente passava por sua mente, mas sacudiu a cabeça, tentando afastar o pensamento.


   -Me evitar não vai adiantar nada, Gina.


   -Eu não estou te evitando. – Respondeu ela, rapidamente.


   -Então me explica o porquê de você não ter falado comigo direito, e muito menos ter olhado na minha cara durante toda essa semana!!!?? – Harry elevou um pouco mais a voz, e logo se repreendeu por isso.


   -Por Mérlin, Harry. Não é como se nada tivesse acontecido entre nós naquele jardim! – Exclamou a ruiva. – Você queria o que? Que depois daquele beijo tudo voltasse ao normal?


   -Então você admite que estava fugindo? – Indagou ele, com um sorrisinho nos lábios, e Gina teve vontade de azará-lo.


   -E-eu não...


   -Não podemos fingir, Gina. Não podemos nos tratar como amiguinhos como se não tivesse acontecido nada entre a gente há 6 anos atrás! – Ele estava visivelmente nervoso.


   -Mas não foi isso que aconteceu? – Gina não se importou se gritara. Adorava o fato de não terem vizinhos. –Foi isso que aconteceu entre nós, Harry. Nada! Depois daquela maldita Guerra, nós nos afastamos. Você foi ser Auror e eu fui jogar Quadribol. Não fizemos nada em relação um ao outro!


   Por um momento, Harry ficou parado, estupefato. Ambos se olhando nos olhos. Aquelas palavras atingiram Harry como um raio, pior do que qualquer maldição imperdoável.


   Gina estava ofegante por ter gritado. Seus olhos estavam vermelhos e tentava segurar as lágrimas que ameaçavam cair. Contudo, sentiu-se aliviada por finalmente estar falando aquilo para ele. Parecia que um peso saíra de suas costas. Mas ainda não havia terminado.


   -Que diferença faz me beijar agora, se você não fez nada há 6 anos? – Perguntou ela, e Harry notou que ela estava magoada. Hermione tinha razão, afinal.


   -Quando voltei do treinamento, você já tinha resolvido ir para Gales. Pensei que quisesse isso...- Dessa vez, ele não gritou.


   -Você me deixou ir... – Gina começou a andar pela sala, vez ou outra mexendo em seus cabelos rubros, mas não deixando de olhá-lo. – Você passou 6 meses fora, como acha que eu me sentir? Estava toda esperançosa, que você voltasse pra mim, mas... Você não fez nada para me impedir de ir para Gales, e nem foi atrás de mim.


   -Eu não sabia que você queria isso...


   Gina riu com o nariz.


   -Agora não importa mais. Você fez o seu futuro, e eu fiz o meu. Tenho David e...


   -Não!- Exclamou Harry, chegando mais perto de Gina. – Eu sei que errei por ter deixado você ir, e eu nunca vou me perdoar por isso. Mas, mesmo depois de todos esses anos, eu não esperava querer te beijar novamente tanto quanto antes.


   O coração de Gina parecia querer perfurar sua pele. Ela achava que não fosse capaz de se mover.


   -Eu sei que você sentiu algo naquele beijo, Gina. Não teria me evitado se não tivesse sentido. – Revelou ele, olhando-a profundamente.


   -Você está louco... – Disse a ruiva, com a voz trêmula.


   -Não, não estou. E eu sei também que você não gosta desse David. – Harry não tinha tanta certeza da última parte, mas não retirou o que disse. Estava a dois passou dela.


   -Como pode ter tanta certeza? Aquele beijo foi um erro. Não significou nada pra mim.  – Mentiu Gina, mas Harry não se deu ao trabalho de acreditar em uma só palavra.


   -Você continua teimosa... – Falou ele, se aproximando ainda mais. A respiração da ruiva já estava irregular. – Eu vou provar pra você que estou certo.


   -Não ous... –Não houve tempo de completar a frase, muito menos de se afastar. Harry a puxou para seus braços e selou seus lábios tão rápido e com tanta vontade que ela demorou a processar o que estava acontecendo.


   Gina tentou empurrá-lo, mas ele era muito mais forte que ela.


    Aquele beijo estava sendo diferente do último que trocaram no jardim. Dessa vez, não houve calma. Assim que encostou os lábios nos dela, Harry logo aprofundou o beijo, fazendo suas línguas se chocarem.


   Ouviu um lamurio vindo de Gina, e levou uma das mãos até sua nuca, fazendo com que ela não se afastasse e abrindo mais sua boca para se acomodar melhor na dela. Apesar de ter havido calma, o beijo não era feroz, e sim carinhoso. Uma das mãos de Harry passeava pelas costas da ruiva, enquanto a outra brincava com os cabelos de sua nuca. Um sorriso surgiu nos lábios dele quando sentiu Gina corresponder o beijo com a mesma intensidade.


   As mãos de Gina pareceram criar vontade própria. Desistiram de empurrar o peito de Harry, e foram até seu pescoço, subindo para bagunçar seus cabelos negros. Ela tinha caído em um abismo sem fim, onde não poderia sair e não tinha certeza se queria realmente isso. Tinha tido saudade dos beijos de Harry, e embora seus lábios continuassem com o mesmo sabor, era tudo diferente. Ele tinha ficado muito mais experiente nesses últimos anos.


   Só pararam quando o ar faltou, e ambos estavam tão ofegantes que se demorassem mais no beijo, desmaiariam. Incapaz de se afastar, Harry encostou sua testa na dela, sentindo suas respirações se tornarem uma só.


   -Me diz que não sentiu nada com esse beijo... – Falou ele, abrindo os olhos e encontrando-a ainda com as pálpebras fechadas. – Diz que não queria isso tanto quanto eu...


   -Harry...


   - Não fuja, Gina...


   Gina abriu os olhos, e mirou a camisa de Harry, sem coragem alguma de encarar seus olhos verdes.


   -Não importa se eu sinto ou não alguma coisa, Harry. Não mais. – Respondeu ela, e Harry achou que seu coração fosse parar a qualquer instante.  – Estou com David agora, não posso...


   -Eu nunca te esqueci... – Parecia que as palavras de Harry, aquelas que ele não tinha dito há anos atrás, haviam reaparecido e escapuliam de sua boca.


   -Por que...? Por que agora? Por que não há 6 anos? – Gina parecia querer cair e nunca mais voltar a se levantar. Um pedaço da dor que sentira naquela noite, quando estava indo morar em Gales, voltara a lhe incomodar no peito. Gostaria que aquilo não fosse real.


   O destino gostava mesmo de brincar com ela. Anos atrás, daria tudo para ouvir aquelas palavras vindas de Harry. Mas tudo fora diferente. Ele não tinha feito nada, e ela tinha David. Aquelas palavras não significavam mais nada naquele momento.


   -Porque eu era um idiota... – Harry respirou fundo e continuou. – Não importa mais o passado, não é? Tive uma oportunidade e a perdi. Aprendi com o meu erro, e não vou errar novamente.


   -Pare, Harry. Já chega! Tudo o que houve entre nós acabou há muito tempo. Não vale a pena tentar algo da qual nós... – Ela parou para olhá-lo.- Da qual você não fez nada.


   Tudo pareceu desmoronar. Mais uma vez naquela tarde, Gina tentou fugir, mas Harry a segurou pelo braço novamente.


   -Eu não vou deixar que isso aconteça novamente.


   -Estará perdendo o seu tempo. – Falou ela, segura.


   -Eu não ligo!


   -Droga! Pare! –Ela puxou seu braço, se afastando dele novamente. – Você me magoou demais, Harry. Não posso simplesmente esquecer isso, terminar com David e sair te beijando pelos cantos! Ainda tenho o meu orgulho!


   -V-você o ama?


   -O-o que? – Gina pareceu surpresa com a pergunta. Será que ele não sabia a hora de parar?


   -Perguntei se você o ama. – A respiração de ambos ainda estava irregular, mas Harry não deixou de olhá-la nos olhos um minuto se quer.


   Demorou alguns minutos até Gina parecer entender a pergunta.


   -David me ama, Harry. Não importa se eu o amo ou não. Ele me faz feliz e eu quero fazê-lo feliz também. – Cada palavra que ela dizia, era como se fosse uma faca no peito de Harry. – Não perca o seu tempo tentando algo que não dará em nada. Viva a sua vida como você estava fazendo antes disso tudo acontecer. Tem aquela mulher que o Rony disse e...


   -Jean? Eu não tenho nada com a Jean!


   -Isso realmente não é da minha conta.


   Ele não tentou impedi-la quando essa tentou subir as escadas novamente. Já tinha ouvido e falado tudo o que precisava saber. Ela não havia dito que amava David, afinal. Estava feliz. Feliz por saber que, mesmo em meio a uma briga, ela correspondera ao beijo. Havia uma esperança, é claro que havia! Estava claro para ele que Gina também sentia algo por ele, mais do que essa dizia sentir por David. O destino não fora tão injusto assim. Ele estava tendo outra chance, e dessa vez ele não deixaria que Gina fosse embora novamente. Seria diferente.


   -Gina! –Gritou ele, quando essa já estava no topo das escadas. – Eu não vou desistir.


   Com aquelas palavras, Harry deixou que ela sumisse de sua visão.


XXXXX


 


   Ele achou uma ótima ideia passar n’A Toca naquele fim de tarde, depois do trabalho. O sol já se punha, quando adentrou a sala dos Weasley com o mesmo sorriso encantador de sempre, que se aumentou ainda mais ao ver o motivo de sua ida sentada no sofá.


   O dia no Departamento de Aurores fora bastante exaustivo, mas John não se importou. A imagem de Viviane usando a camisola de lacinhos ainda povoava sua mente. Não podia negar que se sentia extremamente atraído por ela. A beleza da jogadora de Quadribol lhe afetava, e se sentia tentado a provocá-la toda vez que ela lhe ignorava.


   Quando ele a havia prensado contra a parede há alguns dias atrás, o loiro se surpreendeu. Ele esperava que ela lhe empurrasse ao invés de corresponder o beijo, e ainda querer mais, o que o deixou horas imaginando onde aquilo os levaria se Rony não os tivesse interrompido. Azarou mil vezes o amigo por aquilo.


   John foi recebido com um grande abraço de Victoire, que brincava junto com a irmã, Dominique, no tapete, enquanto Viviane folheava uma revista trouxa.


   - Como vão, crianças? – Saudou o loiro, bagunçando os cabelos de Dominique. 


   Viviane não tirou os olhos da revista, mas ele pode notar que ela prendeu por alguns segundos a respiração. Ele caminhou até ela, e sentou-se ao seu lado, fazendo questão de encostar seu joelho esquerdo no dela.


   - Sentiu saudades, Pintinha? – Jonh tocou levemente o queixo da morena, fazendo-a o olhar.


   - O que? Saudades de você? – Viviane sorriu com o nariz, antes de voltar sua atenção novamente para a revista.


   Ela usava calça jeans, o que o deixou um pouco magoado por não poder olhar para a pele de suas pernas e coxas, mas a blusa era um pouco decotada, e estando a uma pequena distância da morena, ele estava tendo uma visão privilegiada.


   Viviane estava um pouco cansada. Havia passado a manhã fora, junto a Rony, Hermione e Molly, ajudando-os com os preparativos do casamento. Não se importou em deixar Gina sozinha, pois sabia que era daquilo que a amiga realmente precisava. Nem mesmo havia visto ela depois que chegara. Somente Harry. Esse ela encontrou sentado no sofá com a cabeça apoiada nas mãos quando chegou. Tinha acontecido alguma coisa, Viviane tinha certeza, mas procurou não saber do ocorrido logo naquele momento. Se havia realmente acontecido o que ela imaginava, Gina precisava pensar.


   Agora tinha um loiro, com uma aparência extremamente atraente e um olhar safado para se ocupar.


   - De quem mais seria? – Perguntou ele, sínico. Ignorou a careta que ela fez e voltou a falar de modo que só ela pudesse lhe ouvir. – Precisava vir aqui. Você não saiu da minha cabeça um minuto se quer nesses últimos dias, Pintinha...


   Viviane suspirou, e fechou a revista, olhando-o raivosa.


   -Quantas vezes precisarei pedir para você não me chamar de “Pintinha”? Isso é ridículo! – Exclamou ela. A chegada de Fleur carregando Louis nos braços não deixou que ele respondesse.


   - Ele dormiu, querida? – Perguntou Molly,vindo da cozinha.


   - Não, Sra. Weasley. – Respondeu Fleur, sentando no outro sofá no outro canto da sala.


   Por um momento, Viviane esquece que John estava ali. Sua atenção estava totalmente voltada para Fleur com Louis em seus braços. O jeito como a metade veela olhava para seu filho era tão... intenso. A maneira carinhosa da qual ela o segurava, como se fosse capaz de protegê-lo de tudo e de todos. Naquele momento, diante daquela cena, Viviane sentiu inveja de Fleur.


   Era ridículo, ela sabia, mas sempre que via alguma mãe segurando seu bebê no colo, Viviane se sentia daquela forma. Era como se estivesse diante de seu mais profundo desejo de anos atrás. Às vezes ela se perguntava por que a vida tinha sido tão cruel com ela. Passara por tantas coisas, se arrependera de tantos atos e chorou por tantos motivos dos quais a marcaram. Viviane seria capaz de relatar todas as noites que passara em claro, sem fechar os olhos uma única vez, revivendo a cena em sua mente de quando ela achava ser o pior dia de sua vida.


   Nunca superou o que acontecera. Por mais que houvesse tido momentos alegres depois do ocorrido, ela não se considerava uma pessoa feliz e muito menos achava que um dia iria ser. De tantas formas a vida fora capaz de tirar-lhe a esperança de que um dia pudesse voltar a ser feliz. Ela sabia disfarçar muito bem, pensou. Guardara seu passado consigo mesma, nem mesmo Gina sabia do ocorrido. Queria esquecer tudo de ruim do qual passara, mas era impossível. Aquelas cenas, da qual ela se lembrava perfeitamente, estavam guardadas com ela, marcadas em sua mente. Não havia lembranças felizes para substituí-las.


   Jogar Quadribol lhe ajudou, mas não o bastante.


   Incapaz de desviar seus olhos de Fleur com Louis, Viviane teve uma súbita vontade de chorar. Era sempre assim. Ela achava que estava conseguindo seguir em frente, mas de repente as lembranças voltavam, e junto com ela, as lágrimas. Foi capaz de se segurar, mas sua testa estava franzida e suas mãos geladas. Sua postura mudara de tal forma que John, que ainda estava sentado ao seu lado, percebeu.


   -Hey... Você está bem? – Perguntou ele, segurando uma de suas mãos e vendo o quanto ela estava gelada.


   Somente quando ouviu a voz de John foi que Viviane pareceu sair do transe. O olhou nos olhos e depois fitou suas mãos unidas.    


   -E-estou. – A resposta veio em um sussurro, mas ele fora capaz de ouvir. John sentiu quase no mesmo momento, ela afastar sua mão da dele e levantar do sofá. Lhe lançou um meio sorriso e saiu andando em direção ao jardim d’A Toca. John não hesitou e foi atrás dela.


   -Você mente muito mal. – Disse John, enquanto andava atrás de Viviane, onde essa parecia querer conhecer os arredores d’A Toca naquele momento.


   -Quero ficar sozinha. – Disse ela, e o loiro quase esbarrou nela quando essa parou de andar e virou-se para si.


   -Sei que não quer. – Não era verdade. A conhecia não fazia nem um mês, não sabia traduzi-la tão facilmente. Mas ele resolveu arriscar. Podia ser “imaturo”, como a maioria das mulheres gostavam de o rotular, mas soube reconhecer a súbita mudança de humor de Viviane. – Você ficou estranha de repente. Aconteceu alguma coisa?


   Viviane suspirou. Ele nunca desistia! Passou os olhos pelo local onde estavam. Dava para ver somente um pedaço do telhado d’A Toca, ninguém conseguiria os ver devido as árvores que o cercavam.


   -Olha... –Ela ia mandar ele ir embora, mas mudou de ideia. John não era tão ruim assim, afinal, ele fora atrás dela. Viviane sabia que o motivo passava bem longe de ser preocupação, mas ora... ela poderia unir o útil ao agradável! Ainda estava jogando e, ela tinha que admitir, John Bennett beijava muito bem! Tão bem que a faria esquecer-se de seus problemas naquele momento.


   -Pintinha, se você estiver doe...


   -Cala a boca! –Disse ela, antes de puxá-lo pela colarinho da blusa e o beijar.


   Daquela vez, não houve torturas. Ambos foram direto ao ponto. Suas línguas se enroscaram quase no mesmo momento em que suas bocas se uniram, e nenhum dos dois reclamou.


   John a apertou em seus braços, colando mais seus corpos. Ela, por sua vez, o beijava tão ferozmente que tinha certeza que levaria minutos para recuperar o ar quando se soltassem. Mas no momento, não ligou. Tudo que Viviane queria era não pensar, e John a estava ajudando perfeitamente bem.


   Ele começou a andar com ela em seus braços, sem quebrar o contato entre seus lábios, até chegar perto de uma árvore e prensar Viviane contra esta. Seus corpos ficaram ainda mais colados, que foi impossível John se segurar e não soltar um gemido de satisfação. Ela adorava a sensação de posse que ele exercia sobre si, como se ela fosse dele e de mais ninguém. Mas Viviane sabia que não era assim. Quem ligava? Nenhum dos dois pensava nos atos ou sentimentos. Se estivessem colados o suficiente para ouvir a batida do coração um do outro, tudo estaria perfeito.


   John desceu uma de suas mãos do pescoço da jogadora de Quadribol, dessa vez sem pena em apertar um de seus seios rapidamente quando sua mão passou por ali. Chegou na curva de sua cintura e a levantou, fazendo com que Viviane abrisse suas pernas para que ele se aconchegasse melhor ali.


   Quando o ar faltou, ela sentiu John explorar seu pescoço, enquanto ela arranhava sua nuca em resposta do quanto estava gostando do “carinho”. Seus pensamentos estavam certos, afinal. Beijar John Bennett era a melhor distração do mundo.


   -Lembre-me de sempre vir atrás de você, não importa o lugar ou a hora... –Sussurrou John antes de voltar a colar seus lábios nos dela.


 


XXXX


 


   Ela gostava de ficar apoiada na janela, sentindo o vento trazer o delicioso cheiro do gramado vindo do jardim. Lembrava-se de que fazia sempre aquilo quando pequena, sempre olhando para o céu, esperando uma coruja trazer uma carta de um de seus irmãos que estavam em Hogwarts.


   Apesar de ter 6 irmãos, as vezes ela se sentia só. Não por todos serem homens, mas por ela ser a caçula. Fora a última a ir para Hogwarts da família, e lembrava-se o quanto ficara feliz ao receber a carta da escola de magia e bruxaria. Tudo era mais simples quando se era criança, ela pensou. Quando se tem menos de 12 anos, não tem trabalho para se preocupar, namorado e nem confusões interiores.


   Sentindo a brisa batendo em seu rosto, Gina não estava pensando. Na verdade, pensar foi o que ela menos procurou fazer nas últimas horas. Não quis nem se arriscar, pois ela sabia exatamente onde os seus pensamentos iriam parar. Então, procurou se distrair, olhando para a vista de sua janela e lembrando-se de sua época quando pequena.


   Ela não mudara tanto, afinal. Continuava ruiva, suas sardas ainda eram bem visíveis e sua teimosia ainda permanecia tão “grande” como antigamente. Ela sabia muito bem que possuía um orgulho maior do que o normal, mas não se envergonhava disso. A única coisa da qual ela esperava ter mudado era seus sentimentos.


   Gina suspirou ao ver que sua tentativa de se distrair com lembranças dera errado. Tudo chegava a Harry Potter.


   Lembrar de sua época quando criança a fez perceber o quanto era tola naquela idade. Era completamente apaixonada por um menino da qual ela conhecia somente pelas histórias que ouvia sua mãe contar. Talvez fosse porque ele salvou o mundo bruxo, um mundo da qual ela fazia parte.


   Fechou os olhos novamente, com raiva de si mesma por lembrar-se dele. Tudo o que ele lhe dissera há algumas horas atrás, ecoava em seus ouvidos, e o beijo que trocaram – que depois ela se repreendeu por ter retribuído – ainda estava vívido em sua mente.


   Gina voltou a olhar pela janela, mas nem quando viu Viviane saindo d’A Toca, sendo seguida por John a fez esquecer dos lábios de Harry contra os seus, de sua língua massageando a dela e de suas mãos percorrendo sua costa e cabelo.


   Foi pensando em Harry, olhando para um pequeno morro onde jogavam Quadribol, que ela viu alguém aparatando perto do cercado do jardim. Franziu a testa e estreitou mais os olhos para ver se tinha certeza de quem era, mas Gina nunca deixaria de o reconhecer.


   Arregalou os olhos e deu as costas à janela. Abriu a porta de seu quarto e caminhou pelo corredor para logo depois descer as escadas, nem se importando se pisava forte no degrau que rangia. Quando Gina chegou na sala, se deparou com Harry abrindo a porta para a “visita”, enquanto Victoire e Dominique brincavam no tapete e Fleur balançava Louis nos braços, sentada no sofá.


   Lançou um sorriso a cunhada e as crianças. Não tinha visto quando eles haviam chegado, já que estava trancada no quarto desde o término da conversa com Harry.


   O herói do mundo bruxo enrugou a testa quando abriu a porta e deu de cara com um completo desconhecido. Mas Gina o conhecia completamente.


   - David?


   Harry olhou para a ruiva quando a escutou dizer aquilo, e novamente para o cara parado em sua frente.


   Gina não se moveu. Apenas olhou para Harry, que lhe lançou um olhar da qual ela não soube interpretar.


   Atrás do Chefe dos Aurores, David a olhava sorrindo. 


XXXXXX


 


   John não ficou nem um pouco satisfeito em ter que se separar de sua “pintinha”. Estava tudo indo muito bem, com os lábios dela encostados nos seus e seus corpos colados, quando seu celular tocou, e ele teve a infelicidade de parar o beijo e atender. Mas, apesar da raiva, Allef não ligara por engano. Precisavam dele no Ministério, e John não podia deixá-los na mão.


   Foi querendo ficar, que o loiro aparatou, deixando Viviane sozinha novamente, mas ele prometeu voltar.


   Andando em passos largos, John chegou no Departamento dos Aurores o mais rápido possível. A voz do amigo de trabalho não era muito agradável ao telefone.


   - Eu acho bom ser importante, Allef, por que se não, saiba que você vai perder a metade do seu salário. – Disse John, brincando é claro, entrando sério na sala do amigo. – O que foi dessa vez?


   - Isso. – Allef levantou uma carta nas mãos, e John soube na hora do que se tratava. – Nossos amiguinhos pegaram pesado dessa vez.


   -Quem trouxe essa carta, dessa vez?


   -Jean. Ela disse que encontrou isso na mesa dela.


   John franziu o cenho e pegou a carta das mãos do amigo, abrindo-a sem nenhum cuidado.


   - Belo batom, Bennet. – Comentou o amigo, enquanto John lia o conteúdo da misteriosa carta. O batom de Viviane manchou os arredores de seus lábios, mas o loiro pareceu não se preocupar a medida que lia cada linha do pergaminhos que tinha em mãos.


   - Onde está Jean? – Perguntou o loiro, revisando mais uma vez a carta.


   - O horário dela já terminou. Provavelmente deve estar em casa uma hora dessas. – Respondeu o Auror.


   - Pois chame-a. – Ordenou John, seguro. Não tentou conter sua raiva, porem, procurou se controlar para não rasgar o papel que ainda segurava. – Isso já passou dos limites.


   - O que vamos fazer? – Indagou Allef, escrevendo em um pequeno pedaço de pergaminho o curto bilhete para Jean.


   Era incrível como seu dia podia mudar de uma hora para a outra. A alguns minutos, John estava aos beijos com a mulher mais linda e sensual que ele jurava ter conhecido na vida. Agora, havia apenas uma carta em sua mão, a qual fora mandada por um louco que o estava tirando a paciência desde que Harry e Rony tiraram férias.


   John suspirou, limpando o suor de sua testa.


   - Interromper férias dos meus queridos amigos. – Respondeu o loiro, largando a carta junto com as outras que haviam recebido em dias anteriores. – Vamos chamar o Harry.


-xxxxx-


N/A1: Oláaa! Como vão? Cap quentinho pra vcs! Quero saber o que vcs acharam, virma?? U.U Dessa vez eu não vou falar muito, pq to com um pouquinho de dor de cabeça. A briga do Harry e da Gina... não agüentamos, tinha que ter um beijo né?? ADORO escrever sobre o John e a Viviane... espero realmente que vcs estejam gostando! Cap que vem tem o David né... vamos ver como será a reação do Harry. Beijinhos =*


N/A 2: Heeey, lindos. Como foi dito, o capítulo veio depois do dia 2. Valeu cada segundo estudando, pois nos demos muito bem na primeira prova. Agora é só estudar para a segunda, que felizmente é só no final do ano que vem!! Uhuul! Bem, eu amei escrever esse capítulo. Alguns momentos já estão prontos em nossas cabeças há um tempão, e podemos escrever um nesse capítulo. Gina muito magoada com Harry. Vocês acham que ela está sendo cabeça dura? Eu entendo o lado dela u.u, mas acho que eu não resistiria a um moreno de olhos verde haha. John e Viviane vieram para apimentar as coisas *o*. Espero que não se importem. Bem, agora vamos aos comentários!! *-*


Giks respondendo os comentários.


Larissa Weasley Potter : Nhaaw kk. Desculpa, mas nós amamos deixá-los curiosos haha u.u . Espero que você tenha gostado do John e da Viviane nesse capítulo. Os dois ainda irão aprontar muito shuashaushau. Não deixe de comentar nesse capítulo, hein!! Sua opinião é importante! Beijão!!


Edwiges Potter : KKKK Matar não, mas deixá-los curiosos siim. Shaushau. Amamos isso. Você sabe que esse vazio que você sente pelo fim da Magia nós também sentimos? As vezes ainda abrimos a fic e só depois lembramos que nós já a terminamos. Ficamos felizes em saber que ela é especial para você tanto quanto é para nós =). Muuito obrigada pelo boa sorte!! Nós arrasamos na prova! Não deixe de comentar! Beijinhos =*


Saory Uchiha Weasley : Olha, que bom que você nos perdoa, viu? Shaushaushau Muito obrigada pelos elogios! Eles realmente nos animam e nos deixam com mais vontade de continuar com a fic =). Bem, David chegou, e o Harry com certeza vai ficar enciumado. A nossa ruivinha vai encontrar a Jean em outro momento, e ela vai ficar incomodada. Você vai ver. Bem, ta sobrando quarto n’A Toca, então acho que o David não vai dividir o quarto com o Harry, mas eu curti bastante a ideia kkk. Os momentos quentes entre Harry e Gina virão, mas acho que vai demorar um pouquinho.. ou não kk. Amei o comentário, muito obrigada mesmo. Não deixe de comentar nesse cap, hein! Beijão!


Matthew Malfoy : Heeey, demorou viu? Haha Mas sabemos que foi por um bom motivo. Viv? Ameeei kkk. John e Viviane darão o que falar, e é ótimo saber que você curte esses momentos hots, pq ainda vem muitos por aí haha. Harry e Gina se amam, mas é aquele negócio... o amor é cego. Gina está muito magoada, e temos que procurar entender o lado dela. Hermione é muito sábia. Queria ser como ela. As cartas incomodarão os aurores, e mistérios vão surgir. Estamos ansiosas para escrever essas partes, porque não sabemos se elas ficarão boas ou não. Precisaremos da opinião dos nossos leitores =).A 1 prova do vestibular foi ótima! Agora é só tirar uma boa pontuação na segunda e na terceira prova nos próximos anos para podermos entrar na universidade =D.Muuito obrigada pelos elogios!! E projeto para outras fics? Oh, sim sim. Temos muitas ideias. Já até começamos a escrever umas três fics, fora que temos muitas outras em mente, mas não queremos postar nada até estarmos bem adiantadas na escrita. Se quiser, podemos te mandar por e-mail algumas informações sobre as nossas próximas fics =). Bem, adoramos o seu comentário, e esperamos ansiosamente por ele nesse capítulo! Curta bem as férias, hein! Os estudantes de medicina merecem uma folguinha haha. Beijão!


#BERRADOR : Tentamos mudar a censura da fic, mas não sabemos o que aconteceu que os capítulos não abriam. Então, colocamos um recadinho bem visível no menu, logo abaixo da sinopse. =)


Bem, próximo capítulo vem em poucos dias. Estamos de férias, ou seja, mais tempo para escrever!! Haha Até a próxima, Potterheads!


Beijos das Gêmeas!


P.S : Quem aí já comprou Morte Súbita?


 

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Comentários (3)

  • matthew malfoy

    Bem estou de férias, já era tempo, passei em tudo garaças ao bom Pai. E vocês também, isso significa mais capítulos,ótimo.Mais um capítulo perfeito, gostei desse foi mais misterioso  profundo, mostrando cada vez mais as facetas dos personagens, os dramas começando a aparecer, foi excelente,mais uma vez vocês me impressionaram com tamanha criatividade. Bom vamos lá,Foi litralmente contra a parede, Gina não teinha nem para onde fugir,era Harry para todos os lados, é bom saber que ele de certa forma se declarou para ela, mesmo que seis anos atrasado,mas antes tarde do que nunca, outra coisa que gostei foi que ela demostrou ainda amar Harry, isso me deixou feliz. E David chegou,sinto dramas e conspiraçãoes no ar,mas acho que esse personagem não vai ter nada de ruim, e que ele vai ser super compreensivo com Gina.John e Viv, bom já estão se rendendo uns aos outros, logo,logo já estarão namorando.Nesse capítulo já deu para ver um pouco do trauma que Viv tem, suspense. E no ministério as coisas já estão bombando,não vejo a hora de ver Harry em ação, e tratem de colocar ele como um líder nato, do jeito que ele é.Bom é isso, Parabéns pelos vestibulares e assim como eu curtam muito as férias, todos nos merecemos, e postem cada vez mais já que estamos de férias. Grande abraço. 

    2012-12-09
  • Edwiges Potter

    Como sempre mais um capitulo maravilhoso!!! Tô esperando ansiosamente o proximo!!! Quero ver como é que o Harry vai conviver com esse cara aí, o que será que ele vai aprontar, hein?ah! já pensei bantante sobre esse mistério das cartas, cada hora tenho um suspeito diferente de acordo com que vai falando na historia!!!    

    2012-12-08
  • Larissa W. Potter

    Adorei o capítulo! Esperava essa convesa do Harry e da Gina desde o início da fic... Não acho que a Gina esteja sendo cabeça dura, afinal, seis anos se passaram, ta certíssima. To ansiosa pra saber o mistério dessas cartas e a relação entre David e Harry risos risos. Adorei o momento do John e d Viviane. Que bom que vcs estão de férias! Um cap por semana que tal? ~brincadeirinha~ Beeijooos  

    2012-12-08
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