Terríveis descobertas



Capítulo VIII – Terríveis Descobertas


   No dia vinte e oito de Outubro, quase Halloween, o Festus chegava ao Canal da Mancha. Percy tinha feito um verdadeiro milagre com o tempo, guiando-os com muita precisão. Mas agora restava a dúvida: onde ir? Crystal se encarregou de responder.


   – Precisamos chegar ao Lago Negro.


   – Como? – perguntou Percy meio deseperado. – Existe algum braço de mar que nos leve até lá?


   – Não; respondeu Luce, que consultava um mapa; o caminho mais rápido é contornar a costa da Inglaterra e chegar à Escócia, onde fica o lago. Então ir à pé.


   – Isso deve levar um dia. – ponderou Jason – A menos que...


   – Tem algo que eu não entendo – disse Roxanne – como você pode saber aonde ir, Crystal?


   Crystal a encarou friamente.


   – Acho que eu não entendi o tom de voz, Roxy. – disse, sacando uma adaga de puro diamente, que reluzia como uma aurora boreal, e correndo os dedos por ela sutilmente. Percy gemeu, já sentindo a encrenca.


   Roxanne comprou a briga, obviamente, e sacou a espada de ferro estígio, negro como um pesadelo. Rápida como um demônio ela atacou, e com a agilidade de uma pantera Crystal a desviou com a adaga, que era capaz de canalizar magia e transformou a espada negra em gelo. Ela gritou em fúria e o chão começou a tremer. Uma fissura podia ser vista. Antes que acontecesse uma tragédia, duas espadas apareceram entre as duas, formando um x: uma de ouro imperial e outra de bronze celestial, Contracorrente.


   – Vamos parar, por Júpiter! – disse Jason.


   – Crys, será que você poderia, por favor, fazer a espada dela voltar ao normal? – pediu Percy. Ela suspirou, mas atendeu ao pedido. Roxanne embainhou a espada bufando. Fuzilou a outra com um olhar e fez um gesto obsceno quando ninguém olhava. Crystal ficou ainda mais furiosa. Ela jogou a adaga na mesa, que foi perfurada. Com ela semi enterrada na madeira, Crystal fincou as mãos aos lados da adaga e disse:


   – Filhos de Hécate têm uma conexão muito forte com esses bruxos. Somos ligados por sangue – ela fechou os olhos lilases e pressionou as têmporas com as pontas dos dedos, se concentrando – posso sentir exatamente onde temos que ir. E por favor, Percy, o mais rápido que puder.


                                            *         *         *


   Depois do acontecimento envolvendo Malfoy, ela resolveu observar mais de perto o comportamento do garoto. Os insultos não eram nenhuma novidade, nem prejudicar a Grifinória, mas a forma como Malfoy olhou para os dois, como se soubesse exatamente que eles estavam ali... alguma coisa não se encaixava. E atualmente seu comportamento era bem atípico. Ele parou de se exibir pela escola e ficar mandando (exceto, é claro, com os três – eram um caso especial). Um dia ela comentou com os amigos esse fato.


   – Vocês não acham estranho? – perguntou, enquanto estavam num intervalo de aulas, e matavam o tempo sentados perto do departamento de Transfiguração.


   – O quê? – perguntou Rony bocejando. Ele estava com um braço passado pelos ombros de Hermione. Harry estava do outro lado de Rony, sem prestar a mínima atenção aos dois e vigiando Gina de longe. Eles ainda estavam brigados: Harry recusava-se a pedir desculpas e ela recusava-se a voltar com ele enquanto ele não admitisse que não tinha razão.


   – O comportamento de Malfoy! Eles não fica mais abusando de ninguém, não faz mais o trabalho de monitor... mas... às vezes... tenho a impressão de que ele está nos seguindo.


   – Ah, pode parar Hermione, você tá ficando paranóica ou obcecada pelo cara, já não bastava o Harry na 6ª série...


   – Hein? – resmungou Harry começando a prestar atenção na conversa.


   – Mas é disso que estou falando! O Draco era um comensal numa missão na época!


   – Ah, agora ela admite – resmungo Harry de novo.


   – A questão é,... – continuou ela.


   – Mione, não tem questão nenhuma! Para, tá bem? Ele já foi, acabou! – disse o ruivo.


   Naquele momento chegaram alguns colegas e começaram a conversar com eles. Rony aproveitou a distração de Hermione e perguntou pelo canto da boca:


   – Ainda não vai falar o motivo da briga?


   – Tá bem. O mesmo que a sua. Kyonne.


   Rony entendeu. Aquela garota dava um pouco nos nervos. Era incomodamente bonita, e parecia ter escolhido Rony e Harry para jogar charme. E ela era, para desespero e ciúmes da parte das respectivas namoradas, muito eficiente nisso. O que gerou reações diversas nas duas. Hermione, embora não admitisse, era muito ciumenta e brigava bastante com Rony sobre isso, mas ele logo a fazia ver que era bobagem e voltavam às boas. Os dois eram orgulhosos, sim, mas Rony prezava muito mais o relacionamento com Hermione do que o seu ego, e acabava cedendo, sempre.


   Já Gina se achava muito segura de si e orgulhosa. Porém, Hermione também era, mas sabia reconhecer seus erros, Gina não. Assim, ela se irritava mais fácil e decidia não voltar com Harry enquanto ele não pedisse desculpa por certos olhares compridos.


   No meio dessas divagações, justamente Malfoy passou por eles tentando não ser percebido. Mas Hermione o notou se esgueirando para a ponte, em direção ao círculo de pedra.


   – Já volto, disse Hermione, banheiro.


   Ela começou a seguir o garoto discretamente.


   Depois de certo tempo, Rony comentou com Harry:


   – Nossa, ela está demorando, não é?


   Nesse instante ela apareceu, pálida como um fantasma.


   – Harry, você precisa vir comigo. AGORA!


                                            *         *         *


   A consciência de Draco era ínfima. Ele estava desligado do controle do próprio corpo, acuado no fundo de sua cabeça.


   Agora quem dava as cartas era Voldemort. Ele controlava o corpo e a fala de Draco, como uma marionete, e o impedia de prejudicar seus planos.


   Depois do atordoamento dos primeiros dias, o garoto vinha lutando com Voldemort pelo poder e controle, mas o Lorde parecia contar com algum cúmplice, coisa que surpreendeu Draco, visto que o Lorde das Trevas trabalhava sozinho. Verdade seja dita, parecia que quem mandava na dupla era o desconhecido maligno que às vezes visitava a cabeça de Draco e falava com a voz rascante e gélida.


   Draco se sentia preso em um poço de piche, mas tentava desesperado manter o controle. Agora, Voldemort os guiava para a Floresta Proibida, para fazer sabe-se lá o que com ele.


                                            *         *         *


   O barco avançava com cuidado pelas águas turbulentas, arrastando lodo pelo caminho.


    – Não dá para avançar mais. – comentou Leo – Os motores vão fundir se tentarmos. O pântano está muito denso.


    – Então vamos seguir à pé. – disse Annabeth.


    – Não! Não podemos abandonar Festus! – choramingou Leo. O barco fora construído por ele e tinha um significado muito especial.


    – Leo, temos que fazer o que for melhor para nós, não o que você quer. – Piper disse.


    – Mas Piper, o Festus...


    – Chega, crianças. Quíron parecia preocupado. Devemos evitar a terra, onde Gaia é mais forte. Contudo... será que não há outro jeito? – perguntou mais para si mesmo. – Nico, Roxanne, será que vocês não podem...


    Nico olhava tristemente para o centauro.


    – Receio que não Quíron. Criaturas do Mundo Inferior e filhos de Hades podem fazer viagens nas sombras, abrir portais...


    – Mandar pessoas para o Tártaro – interrompeu a irmã.


    – A questão é, não temos poder suficiente para levar o navio e todos até lá. Morreríamos na tentativa.


    – E isso não seria nada legal. – completou Roxanne.


    – Posso dar uma sugestão? – disse Will Solace.


    – Não. – antecipou-se Clarisse.


    – Calada. Por que não nos dividimos? Os conselheiros e filhos dos três Grandes vão junto com Quíron. Alguns ficam no barco. Se for seguro, Quíron pode voltar e buscar os que faltam. Se não, quem ficar, no prazo de cinco dias sem nenhum retorno, segue para a Grécia.


    Houve um curto silêncio. Então Annabeth se voltou para Quíron.


    – É uma boa saída.


    – Mas não a melhor.


    Os dois tiveram uma discussão silenciosa, então o centauro virou-se para os outros conselheiros.


    – Nomeiem vice-conselheiros e preparem-se para partir.    


                                            *         *         *


   – Hermione, calma! Vai devagar! – gritou um Harry sem fôlego. Rony vinha um pouco mais atrás. Ela corria em direção à orla da floresta. Chegando lá ela desacelerou a corrida e se esgueirou para trás de um carvalho, parando para tomar fôlego.


   – Que diabos foi isso? – reclamou Rony. Ela arregalou os olhos de pavor.


   – Fale baixo! – sussurrou ela em pânico. – Faça menos barulho possível, por favor!


   – Tá bem, calma!


   Ela se virou e começou a seguir uma trilha, se escondendo atrás de árvores pelo caminho. A escuridão e o silêncio eram sepulcrais. Então, quando Harry começava a se perguntar o que era aquilo, ouviram um gemido baixo em uma clareira. Ela parou e recuou rapidamente para trás de um olmo e indicou para os dois fazerem o mesmo, espiando a clareira.


   Draco estava caído no chão, arfando. A manga esquerda estava rasgada. Harry conteve o impulso de correr e ajudar. Tinha algo errado no ar.


   A Marca Negra estava escura e pulsava. O ar em frente a Draco estava turvo como no deserto ou no asfalto quente. Harry observava aquilo sem entender. Mas nada poderia prepará-lo para o que viria a seguir. Malfoy abriu os olhos, que eram pavorosamente familiares. Vermelhos e com fendas no lugar das pupilas.


   Harry recuou e bateu em um galho, perdendo o equilíbrio, horrorizado.


   Draco começou a berrar e a tremer, como se estivesse sob o efeito da maldição Cruciatus. O ar em frente a ele tremulou e o rapaz parou de se sacudir. Os olhos voltaram ao tom normal e ele se virou de gatinhas, ainda tremendo. Quando pode falar, ele disse:


   – Por que você me deu o controle agora? Por que está fazendo isso? Vá em-embora! – ele soluçou.


   Harry olhou para os outros dois. Hermione chorava silenciosamente, Rony parecia nauseado. Harry hesitou. O que Draco dizia não parecia ser dirigido a eles. Alguma coisa não se encaixava bem. Com quem ele falava? E os olhos... céus, os olhos! Um arrepio passou pela coluna de Harry. E para o horror dele, uma voz aguda e fria respondeu:


   – Draco, não me desafie! Estou sendo muito generoso com você! Deveria ser bem mais rigoroso nessa punição, meu caro. Mas eu ainda posso aumentar a dose.


   – NÃO! – gritou Draco desesperado.


   Harry pensou que fosse desmaiar. Não de dor na cicatriz, mas de medo, desespero, raiva. A visão começou a rodar e escurecer, e ele agarrou no tronco para não cair. A angústia preencheu seu peito e em seguida ele teve de conter o impulso de gritar. “Não pode ser... tem que ser um pesadelo... de novo não!” ele pensou. A voz continuou.


   – Não? – a malícia era inconfundível. – Então peça.


   – Por favor – ele arfou.


   – Você questiona o porquê de eu ter liberado o controle. Ora, se eu estivesse no seu corpo, compartilharia a dor. E isso, realmente, não é algo agradável. Hehehe.


   – Então me mate de uma vez!


   – Ah, isso seria realmente uma ótima ideia – não duvide que realmente vou matá-lo. Mas receio que, por ora, ainda não seja possível, do contrário como o plano prosseguiria, não é mesmo?


   Então a clareira escureceu mais, ficou fria e o tempo pareceu desacelerar. E uma voz incorpórea se fez ouvir. “Incompetente. Vocês estão sendo observados.” Essa voz arrepiava, como faca raspando em pedra.


   Harry pareceu sair do transe em que se encontrava e entendeu que foram descobertos. Ele jogou Abaffiato na clareira e correu trilha acima, seguido de perto pelos amigos. Ao chegarem à orla da floresta pararam, ainda em estado de choque. A primeira pessoa a falar algo foi Hermione. Ela respirou fundo e disse baixinho:


   – Vocês percebem o que isso significa, não é?


   Infelizmente eles percebiam. E o que assustava não era o que tinham visto, mas as implicações e consequências do que aquilo significava. 

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Eu sei. Foi um cap bem curtinho né? Mas agora chegamos no ponto onde eu tinha parado. A partir daqui, vou ter que escrever tudo, não so passar para o PC, assim, os caps vão demorar um pouco mais para sair. E agora chegando no fim das férias, preciso começar a revisar a matéria do ano passado (sim, eu sou uma nerd incorrigivel) porque não da para começar o ano sem lembrar com faz equação né? kkkkkk
Não tenho muito a dizer sobre o cap, ele fala por si so. Posto o proximo assim que puder.
Marcella: kkkkk tenho certeza que não seria problema para vc consolar o Nico... bom, pra mim também não, então é nois! kkkk que bom que vc gostou dos casais >< bjinhosss
Bia: não vai demorar muito para eles se acertarem não, relaxa! Que bom que vc ta amando! bjss
Cleber: que bom que vc esta gostando, fiquei super feliz! até o proximo!
Marauder: aaaaa que boom que vc gostou! brigadão pelo elogio, fiqeui muito contente, ainda mais sabendo que conquistei uma nova leitora! Vc  viu AVPM? gente, eu aaamo os starkids, não podia perder a oportunidade de colocar pigfarts *-*  bjo
Bjs Roxanne Prince
 

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Comentários (3)

  • Roxanne Prince

    Oiee pessoal! Só passei aqui rapidinho pra garantir: não vou parar de escrever! Fiquem tranquilos, é que esse cap e o próximo eu estou escrevendo como um só, porque é um momento muito esperado... Está dando um trabalhão! Não desistam de mim kkkk por enquanto é só isso. Bjsss pra todos!!

    2012-01-28
  • Cleber Knies

    OLA, FOI UM ÓTIMO CAPITULO, MAS ESTOU ANCIOSO PARA O ENCONTRO DOS DOIS MUNDOS. CONTINUA AI TÁ, NÃO DESISTE NÃO.OBRIGADO

    2012-01-16
  • BiaWeasley

    'OMG' faaaala sérioooooooooo? Você podia postar uns 30 caítulos por dia, pq eu quero saber logo o que vai acontecer!To super curiosa, e tadinho do Draco :cMas essa obcessão da Mione nele, não gosto disso não viiu! kkkk, é só pq eu não goso NEM UM POUQUINHO de Dramione, mas msm assim, tem nada a ver deles serem um casal né? (eu espero que nao) to amando viu ! Beijooooooooos' 

    2012-01-13
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