As aparências enganam.

Capítulo 4 – As aparências enganam.

Mais tarde, depois da conversa entre Sirius e James, os meninos passaram boa parte da madrugada discutindo sobre a maldita aposta. Nem era preciso dizer o quanto o Marauder estava nervoso e preocupado, não só com seu cabelo, mas também com sua reputação. Já não bastavam os comentários maldosos de seus colegas de casa, dizendo que ele "não era mais o mesmo", "tinha perdido o brilho" e "falava mais do que jogava". Agora os quatro Marauders estavam sentados em volta de um tapete vermelho e dourado no dormitório masculino,tentando bolar um jeito de James não cumprir a aposta, sem Malfoy ficar sabendo.

– E se você simplesmente não aparecesse? – sugeriu Pettigrew, seus olhinhos miúdos fitando James.

– Malfoy acabaria com ele. – lembrou Sirius.

– Ah é. – disse Wormtail. – Eu não pensei nisso.

– E desde quando ele pensa? – comentou Sirius baixinho, só para James, que riu discretamente.

Passaram alguns minutos em silêncio.

– James. – chamou Remus, juntando as palmas das mãos em um gesto mais sério. – Por que você simplesmente não cumpre a aposta e acaba com isso? Seu cabelo vai crescer novamente.

– VOCÊ ESTÁ LOUCO, MOONY? – ralharam Potter e Black, juntos.

Lupin deu um longo suspiro.

– Só quero dizer que você fez a aposta sabendo dos riscos que corria, então agora vá lá e cumpra. É muito mais sensato.

– Não somos sensatos, somos Marauders. – defendeu Sirius.

– E não quero perder meu cabelo. Já disse, Lily nunca mais olharia na minha cara. – argumentou James, desesperado. – Ela já me odeia. A única vez que me elogiou foi quando disse que meu cabelo era bem cuidado. E... EU NÃO QUERO PERDER A ÚNICA COISA QUE ELA ELOGIOU!

– Tá, tá, faça como quiser, mas tenho certeza que a Lily não mudará a opinião que tem sobre você. Ela pode ser tudo, menos fútil. – rebateu Lupin calmamente.

James virou para Sirius.

– Padfoot, o que eu vou fazer? – perguntou aflito.

– Não sei, cara. Eu realmente não sei.

Faltavam 20 minutos para as 19 horas. Os Marauders acabavam de comer, tinham ido jantar mais cedo para James poder ir com calma ao encontro de Malfoy. Após mais um delicioso banquete preparado pelos elfos domésticos de Hogwarts, os quatro desceram a caminho das masmorras. Mas antes, pararam no banheiro. Agora faltavam 5 minutos, os meninos precisaram dar uma corrida para chegar a tempo. Um pouco antes de chegarem ao local marcado, Sirius, Remus e Peter pararam.

– Bom, lá vou eu. – disse James. Apertou a mão dos amigos, que lhe desejaram boa sorte. Antes que Potter pudesse ir, Lupin lembrou-lhe:

– Não se esqueça de fazer isso o mais rápido possível. Assim que terminar, vá direto para a Sala Precisa, estaremos lá te esperando.

James acenou com a cabeça e seguiu seu caminho. Assim que chegou a escada que dava para as masmorras do castelo, viu o garoto de cabelos loiros, agora presos em um rabo impecável, parado do outro lado junto com dois colegas sonserinos. Malfoy virou-se para o grifinório e disse sorridente:

– Ah, chegou o calvo. E aí Potter, preparado para perder seu encanto?

Os outros sonserinos riram.

– Não faria tantas piadinhas se fosse você, Malfoy. – falou James, descendo as escadas.

– Não me interessa o que você pensa, Potter, vamos logo com isso. – disse Lucius se aproximando.

Os capangas de Malfoy, que James reconheceu como Nott e McNair, o seguraram pelos braços com força. O loiro chegou mais perto e com um aceno da varinha, fez todo o cabelo do garoto desaparecer, deixando apenas uma fina penugem. Com outro aceno, fez as palavras "Potter é um perdedor" aparecerem escritas na testa do grifinório.

– Não se preocupe. As palavras desaparecerão em uma semana. Agora o cabelo – disse Malfoy rindo. – não sei quanto tempo vai levar pra crescer de novo! Soltem ele.

Os capangas soltaram James, que saiu correndo, direto para a Sala Precisa ao encontro dos outros Marauders. Quando chegou em frente à porta, mentalizou seus amigos e entrou. Os três estavam sentados em uma poltrona de couro branca, conversando.

– Ah, você chegou, Sirius. – disse Peter animado.

– Ainda bem, já está quase na hora de passar o efeito. – acrescentou Lupin, levantando-se e sendo seguido pelos outros dois.

Os garotos com as aparências de Sirius e James ficaram cara a cara. De repente o rosto dos dois começou a borbulhar. Na careca de James nasceram cabelos pretos e cacheados enquanto os do aparente Sirius se tornavam lisos e castanhos. O verdadeiro Black entregou o par de óculos redondos para James que os colocou sorrindo.

– Deu certo! – exclamou.

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Flashback

No dormitório masculino.

James virou para Sirius.

– Padfoot, o que eu vou fazer? – perguntou aflito.

– Não sei, cara. Eu realmente não sei.

– Ah não, que roubada eu fui me meter! – disse Potter, dando um tapa na própria testa.

Depois de mais alguns minutos, Sirius deu um sorriso tipicamente maroto.

– E se...

– O quê?– exclamaram os outros três.

– E se nós, bem, trocássemos de lugar, Prongs?

– O que quer dizer? – questionou James, confuso.

Remus levantou-se rapidamente, quase tropeçando no pequeno Pettigrew que estava encolhido como uma bolinha no meio do tapete.

– Não! – exclamou com um ar assustado. Certamente já havia compreendido o plano do amigo. – Sirius, isso não vai dar certo, estou lhe dizendo. Além disso, onde você pretende arranjar?

Padfoot sorriu novamente e disse entredentes:

– Slughorn.

Lupin arregalou os olhos.

– O QUÊ? Tudo bem, agora você endoidou de vez. Eu não vou fazer isso, é loucura! Vamos ser expulsos!

– Dá pra alguém me explicar o que tá acontecendo? – perguntou James, não entendendo uma palavra do que os amigos diziam.

Sirius e Lupin estavam de pé, um de frente para o outro.

– Cara, por que você sempre estraga tudo, Remus? – indagou Sirius, ignorando Potter totalmente.

Remus parecia ofendido.

– Eu não estrago tudo, só estou tentando ser racional Padfoot, porque isso que você quer fazer é uma grande loucura. – disse irritado.

– Do que vocês estão falando? – exclamou Potter.

– Agora não, James! – gritaram os outros dois ao mesmo tempo.

– Mas ninguém vai descobrir Moony! Temos o mapa e a capa. – argumentou Sirius.

– Pessoal...

– E daí? Não cabemos os quatro debaixo da capa e além disso, estaríamos roubando...- argumentou Lupin.

– EI! JÁ CHEGA!- berrou Potter.

Os dois garotos viraram-se para James que também estava de pé.

– Obrigado. Será que agora DÁ pra vocês explicarem qual é esse maldito plano? – falou impaciente.

O lobisomem respirou fundo.

– Sirius acha que devemos roubar um pouco de Poção Polissuco da dispensa do Slughorn e ele ir cumprir a apostano seu lugar. – explicou cansado.

– Malfoy cortará o cabelo do falso James e quando o efeito passar, nós dois estaremos novinhos em folha. – completou Sirius, feliz.

James digeriu o plano por alguns minutos e, para a surpresa de Remus, pulou em cima de Sirius gritando:

– Padfoot, você é um gênio!

– Eu sei, eu sei. – disse Sirius dando tapinhas nas costas do amigo, orgulhoso de si mesmo.

Remus parecia indignado.

– Caramba Prongs, e eu que achava que você tinha um pouco mais de bom senso que o Sirius. Vocês vão mesmo querer roubar a poção?

Potter soltou Black e virou-se para Lupin. Não culpava o amigo, sabia que ele só não queria vê-los em detenção.

– Moony, eu entendo o que quer dizer, mas esse é um caso de vida ou morte!

Sirius virou-se também.

– Então? Tá com a gente? – perguntou estendendo a mão.

– Fazer o quê, não é mesmo? – falou o lobisomem sorrindo e apertando a mão de Sirius. – Claro que estou.

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Os corredores do castelo estavam totalmente vazios, a não ser por um garoto alto de cabelos claros bem penteados, com as vestes da Grifinória, que andava à luz de sua própria varinha. Atrás dele, os outros três Marauders andavam encolhidos debaixo da Capa da Invisibilidade de James.

– Moony. – chamou Sirius, sussurrando.

– Diga. – disse o garoto continuando a andar.

– Vai ter que usar seus privilégios de monitor e fama de bom aluno. Minerva está vindo. – avisou James.

– Encostem. – ordenou Remus.

James, Sirius e Peter encostaram atrás de uma armadura. Remus continuou andando, porém lentamente para não se afastar muito dos amigos. Logo viu a professora de Transfiguração se aproximando.

– Olá professora. – disse gentilmente.

A professora parou surpresa olhando para seu melhor aluno.

– Sr. Lupin, o que está fazendo aessa hora perambulando sozinho pelos corredores do castelo? – perguntou Minerva desconfiada. Mesmo Lupin sendo um bom menino, ainda era um Marauder. – Nem estamos em semana de lua cheia!

Remus sentia-se mal por mentir para a professora, mas era para o bem de James e não podia trair seus amigos..

– Desculpe professora, mas alguns primeiranistas me avisaram que haviam alunos fazendo bagunça em algumas salas vazias deste andar, então vim verificar, já que sou monitor da Grifinória. – disse num tom perfeitamente convincente e delicado, fazendo Minerva sorrir.

– É claro que sim. Não poderia ter escolhido melhor monitor, Remus. – falou bondosa pondo as mãos nos ombros do rapaz. – Quer que eu chame a Srta. Evans para ajudá-lo?

James inspirou profundamente debaixo da capa ao ouvir o nome de Lily, mas a professora não ouviu, por sorte. "Será que ele não consegue se controlar?" pensou Lupin aborrecido.

– Não é necessário professora, receio que Lily já esteja dormindo. Eu estava terminando a leitura de um livro no Salão Comunal e, pelo que me lembro, ela já tinha se recolhido. – mentiu.

– Está bem, deixarei você verificar o problema, Sr. Lupin, qualquer coisa me chame.

E a diretora da Grifinória seguiu seu caminho. Remus esperou alguns minutos deixando-a tomar distância, depois aproximou-se da armadura.

– Vamos. – sussurrou. – Ela já foi.

– Você foi excelente, cara. – elogiou Sirius. – Ela caiu direitinho!

– Mas podia ter ouvido o Prongs suspirando. Cara,dá pra se controlar? – pediu Lupin. – Vamos.

Os Marauders continuaram seu caminho chegarem na porta da dispensa do professor de poções, os garotos tiraram a capa. Sirius deu um passo à frente e disse:

– Deixem comigo.

O garoto tirou um canivete bruxo do bolso e destrancou a porta com facilidade.

– Lumus. –sussurrou Lupin fechando a porta. – Procurem nas prateleiras, rápido, antes que apareça alguém.

Os garotos procuraram em todos os lugares. 10 minutos depois, James encontrou a poção.

– Aqui, Poções Polissuco. Achei.

Haviam vários vidrinhos com a poção dentro de uma caixa de madeira. Potter pegou dois, que seriam suficientes para transformar Sirius e ele. Apos saírem, Sirius trancou a porta e voltou para baixo da capa, junto com James e Peter. A primeira parte do plano já havia sido concluída.

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Os garotos entraram correndo no banheiro da Murta que Geme, faltavam apenas 15 minutos para o horário marcado com Lucius Malfoy. Sirius trancou a porta de acesso ao banheiro com seu canivete e juntou-se aos outros, ficando frente a frente com James, que sorria.

– Muito bem, pessoal, vamos acabar logo com isso. – falou Lupin, entregando um frasco para cada um. – Coloquem alguns fios de cabelo, troquem os frascos e bebam.

Os garotos obedeceram. Após beber a poção, suas caras começaram a borbulhar e se retorcer freneticamente. Os cabelos castanhos de James ficaram ondulados e pretos como a noite e os de Sirius ficaram lisos e mais claros. Em questão de alguns segundos, já estavam totalmente transformados e nem precisaram trocar de uniforme, pois eram praticamente do mesmo tamanho. Seguiram para o encontro.

Fim do flashback.

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Os Marauders estavam sentados no Salão Comunal, rindo e conversando sobre os acontecimentos do dia, comemorando com uma garrafa de Cerveja Amanteigada. Lily Evans e Marlene McKinnon desciam as escadas discutindo quanto encontraram os garotos.

– Posso saber qual é o motivo de tanta risada? – perguntou a ruiva, curiosa.

Após pararem de rir, Sirius disse:

– É que nós enganamos o Malfoy pra livrar o James da aposta.

– E o que vocês fizeram? – perguntou Marlene.

– Bom, Sirius se transformou em mim graças a Poção Polissuco e foi ele cortou o cabelo no meu lugar. – explicou Potter, bagunçando os cabelos. – Somos gênios, não acha ruivinha?

Lily balançou a cabeça negativamente.

– Não, acho que vocês são um bando de idiotas. Não pensaram que amanhã Malfoy vai perceber que foi tudo armação quando te vir com os cabelos impecáveis, Potter?

James empalideceu.

– Moony...

– Ajudei vocês porque me imploraram, Prongs. Mas... eu avisei.

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Pessoal, aqui está, como prometido, o último capítulo. Espero que tenham gostado, essa foi minha primeira fanfiction sobre os Marauders. Confesso que sempre odiei o James mas, ao escrever essa história simpatizei mais com ele!

Estou pensando também em escrever uma fanfic dos Marauders indo parar na época do Harry, mas por enquanto é só uma ideia...

Queria agradecer a minha beta Tati Cullen, que está sempre me ajudando e a VOCÊ, caro(a) leitor(a) que acompanhou essa história até aqui.

Gostaria de convidá-lo(a) a visitar minhas outras fanfictions:

"Um plano quase perfeito" – Snape/Lily – Os colegas sonserinos de Snape tentam acabar com a amizade que o garoto tem com Lily de uma vez por todas.

"Quem tem medo do Chapéu Seletor?" - Andrômeda/Teddy Lupin – Teddy tem uma conversa com sua avó sobre as casas de Hogwarts.

"Sacrifício." – Lupin/Tonks – Fanfiction que retrata os momentos desde a despedida de Remus e Nimphadora antes da batalha final até a morte de ambos.

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