A primeira evidência





 


A partir do quarto ano, Hermione já não era mais capaz de negar a si mesma seus sentimentos por Rony. Passara boa parte das suas férias imaginando o que ele estaria fazendo; e estranhamente não tinha a mesma curiosidade sobre Harry.


Ainda que com Rony tivesse sido sempre diferente, desde o primeiro encontro, ela era apenas uma criança, e era difícil entender o que sentia, mas com 14 anos já era capaz de nomear seus sentimentos, embora tivesse tentado negar a si mesma durante todo aquele ano.
 


 ....



Hermione observou Rony e Harry lendo atentamente o aviso no mural e se aproximou para descobrir o que liam tão concentradamente. No aviso, estava a data em que as delegações de Beauxbatons e Durmstrang chegariam à escola.


 


- Aposto que Cedrico será o campeão de Hogwarts. – Ouviram Lilá falar para Parvati.


 


- Cedrico? - a voz de Rony soou desdenhosa.


 


- Ele certamente irá se inscrever no torneio. - Harry respondeu indiferente.


 


- Aquele idiota, campeão de Hogwarts? - Rony não escondia a decepção na voz.


 


Hermione teve vontade de rir.


 


- Ele não é idiota, você simplesmente não gosta dele porque ele derrotou a Grifinória no quadribol. – Hermione sabia que deixaria Rony ainda mais irritado com seu comentário, mas não achava justo que ele chamasse Diggory de idiota por causa de um jogo estúpido de quadribol. - Ouvi falar que ele é um ótimo aluno, e é monitor.


 


- Você só gosta dele porque ele é bonito. – Disparou Rony irritado.


 


- O quê? Francamente! Eu não gosto das pessoas só porque são bonitas. – Hermione corou, sentindo-se repentinamente indignada. Como ele podia achar que ela gostava das pessoas só porque eram bonitas?


 


Rony fingiu que pigarreava alto, um som que estranhamente lembrava "Lockhart!".


 


Hermione ficou parada, olhando para o garoto, incrédula; francamente, ela tinha 12 anos e sua admiração pelo professor não era em decorrência da sua aparência, mas sim porque pensava que ele era o autor de todos aqueles livros. Rony era mesmo um estúpido por pensar que ela gostava das pessoas porque eram bonitas.


 


O ruivo continuava parado a encarando com as sobrancelhas erguidas, e sem que Hermione percebesse passou a observar atentamente os traços no rosto dele, notando o quanto os olhos incrivelmente azuis, os lábios rosados e as sardas espalhadas pelo rosto lhe pareciam bonitas.


 


- O que foi? – Perguntou Rony muito sério, notando os olhos de Hermione fixos no seu rosto.


 


Ela ficou muito corada, o coração batendo mais rápido, desviou os olhos depressa e sem dizer nada andou em direção as escadas do dormitório; antes de desaparecer pôde ouvir Rony sussurrar para Harry “Ela é mesmo maluca.”


 


A Hermione de cabelos agora grisalhos, parada na soleira da porta, sorriu. Ouvira durante toda a sua vida Rony a chamar de maluca. E podia dizer hoje que o adjetivo havia se tornado quase um elogio ao longo de todos aqueles anos.


 


 


....


 


 


Hermione ainda se lembrava nitidamente da primeira vez em que sentira ciúmes. Em seu quarto ano em Hogwarts descobrira o amargo gosto do ciúmes. Uma sensação desagradável percorreu seu estômago, fazendo-a se sentir incrivelmente enjoada.


 


Rony ficou púrpura com a aproximação da garota, uma loira muito bonita de sotaque carregado. Hermione sentiu seu próprio rosto ficar quente, um gosto amargo se instalou em sua boca quando Rony tentou falar, mas não saiu nada mais do que um fraco pigarrear. Ela olhava de Rony para a garota, como se não acreditasse no quão patético ele estava sendo.


 


- Pode levar. - Harry respondeu depressa, ao notar a expressão aparvalhada do amigo.


 


Hermione ainda mantinha os olhos em Rony, era como se um leão selvagem estivesse rugindo em seu peito.


 


- Vocês já se serrvirram? - A garota continuava a falar, e Hermione percebeu que aquele sotaque era incrivelmente irritante.


 


- Já. Estava excelente. – a voz de Rony saiu trêmula, fazendo o pulmão de Hermione arder de raiva.


 


Ela olhou para cabelos os loiros e brilhantes de Fleur, enquanto esta se afastava, e sentiu-se estúpida; largou o garfo e encolheu-se levemente na cadeira. Aquela garota era linda, irritantemente linda, e Rony parecia hipnotizado por ela. Hermione não sabia explicar, mas a expressão aparvalhada no rosto do ruivo fazia seu sangue ferver.


 


Ele continuava a fitá-la, enquanto ela caminhava de volta para a sua mesa, como se nunca tivesse visto uma garota na sua vida.


 


- É uma veela! - Rony olhou para Harry, a voz rouca.


 


- Claro que não! - Hermione falou antes que pudesse realmente pensar no que estava fazendo. - Não vejo mais ninguém olhando para ela de boca aberta como um idiota! – Sua voz amargurada fez Harry a olhar com o cenho franzido.


 


- Estou dizendo, não é uma garota normal! - Rony agora se curvava para o lado ainda olhando para Fleur. - Não fazem garotas assim em Hogwarts.


 


“O quê?” Pensou Hermione furiosa.


 


Mais tarde, em seu dormitório ela ainda amargava as palavras de Rony. Ele jamais olharia ou se interessaria por uma garota como ela, e isso de repente parecia lhe ferir de uma forma impiedosa e cruel.


 


Mas Rony não só havia olhado e se interessado, como havia se apaixonado perdidamente!


 


 


...


 


- Ah, engraçadíssimo.- Hermione crispou os olhos encarando com raiva Pansy Parkinson, a mais sarcástica do pequeno grupo que sustentava orgulhoso o distintivo no peito. - É realmente engraçadíssimo.


 


Hermione desviou rapidamente o olhar do grupo que usava os distintivos e mirou Rony, de repente o medo se alastrou pelo seu corpo e ela temeu que ele também estivesse rindo de Harry; Rony, no entanto, estava recostado à parede oposta, extremamente sério.


Ele sempre defendia Harry, e Hermione, mesmo que inconscientemente, esperou que ele fizesse algum gesto, mas Rony permaneceu imóvel, e apenas a fitou quando Malfoy dissera algo que ela não escutou, perdida nos olhos azuis impassíveis do ruivo.


 


Só despertou do transe quando escutou o som dos feitiços; e no instante seguinte sentiu que algo bateu com muita força no seu rosto. Ela deu um passo para trás, comprimindo a boca, e não foi capaz de conter o choro que veio juntamente com a dor.


 


- Mione! – Hermione comprimiu ainda mais os lábios quando Rony se aproximou muito preocupado, ele puxou sua mão e ela notou a expressão no rosto dele. Passou os dedos nos dentes que não paravam de crescer e soltou um berro de terror.


 


- Que barulheira é essa? – Era Snape que se aproximava dos alunos que haviam formado um círculo em volta de Hermione e Goyle.


 


Em meio a confusão, Hermione se lembrava de ter ouvido a voz de Rony muito alterada, dizendo ao professor que feitiço de Malfoy havia a atingido. Ela nunca se esquecera das palavras ácidas de Snape.


 


- Não vejo diferença alguma.


Hermione deixou escapar um lamento, os olhos cheios de lágrimas. Ela virou-se na direção oposta a da turma e correu.


 


Anos mais tarde, Harry contara que Rony havia ganhado uma detenção por ter gritado com o professor para defendê-la.


 


 


....


 


- A gente devia começar a se mexer, sabe... convidar alguém. Fred tem razão, afinal não queremos acabar indo com um par de trasgos.


  


Hermione deixou escapar uma exclamação de indignação.


  


- Desculpa, Ronald, mas sinto lhe informar que provavelmente nem um trasgo aceitaria ir ao baile com você! – Era muito mais fácil fingir que o achava um completo imbecil quando estava irritada, e representava tão bem que ninguém na sala comunal duvidaria do seu desprezo por esse Rony rude e insensível.


  


- Pois fique sabendo, Hermione, que eu realmente prefiro ir sozinho do que com... do que com... A Heloísa Midgeon, por exemplo. – Harry olhou para o amigo apreensivo, pensando por um momento que ele fosse dizer o nome de Hermione.


  


- Por quê? Só porque ela não é perfeita como a Fleur? – perguntou num tom carregado de desdém.


 


- Bem, precisamos admitir que Heloísa tem o nariz fora de esquadro.


  


- Ah, entendo – disse Hermione, cerrando os dentes. – Então, basicamente, você vai levar a garota mais bonita que aceitar você, mesmo que ela seja completamente estúpida?


  


- Hum... é, é por aí – disse Rony, dando de ombros.


  


- Sabe Rony, a Heloísa pode ter o nariz fora de esquadro – ela gesticulou fazendo sinal de entre aspas, parecendo bastante irritada – mas você tem o cérebro fora de esquadro – disparou furiosa, saindo 
num repelão e indo em direção às escadas do dormitório feminino.


 


....


 


- Por que vocês dois não foram jantar? – perguntou, largando o material sobre uma das mesas e se aproximando deles.


 


- Por que ah... – Gina olhou dos garotos para Hermione – parem de rir, vocês dois... porque as garotas que eles convidaram acabaram de recusar o convite!


 


No mesmo instante Harry e Rony, que cochichavam alguma coisa e riam ainda mais motivados, se calaram.


  


- Obrigado, Gina, quem sabe você divulga no Profeta Diário! – disse Rony azedo.


 


- Quem você convidou, Rony? – perguntou Hermione num tom superior.


  


Rony a olhou, uma expressão irresoluta. Ela sustentou o olhar, esperando por uma resposta.


  


- Ele convidou a Fleur. – disse Gina feliz em fazer o irmão parecer um idiota.


 


Rony permaneceu mudo, fuzilando a irmã mais nova com os olhos.


  


- Oh – disse Hermione, segurando o riso. – Bem, talvez agora a Heloísa Midgen esteja lhe parecendo interessante, não é mesmo? Bom, eu não tenho a menor dúvida que vocês vão encontrar em algum lugar alguém que queira ir com vocês. – ela olhou para Gina, ambas riram com gosto, arrancando muxoxos infelizes de Harry e Rony.


  


Rony ficou em silêncio, observando-a de uma forma que a deixou incomodada.


 


- Hermione, Neville tem razão, você é uma garota e...


  


- Mesmo? E você só descobriu isso com a ajuda do Neville? – disparou com azedume.


  


- Bem... – ele pareceu ignorar o tom sarcástico dela – então você poderia acompanhar um de nós!


  


- Não, não poderia – retorquiu Hermione, erguendo o queixo, mostrando-se altiva e indiferente, quando na verdade sentia seu coração bater num acelerado descompassado.


 


 - Ah Hermione qual é? Precisamos de pares! O que quê custa?


  


- Eu não posso ir com vocês – disse Hermione agora parecendo um pouco sem graça e irritada – porque já estou indo com uma pessoa.


  


- Ah qual é Hermione, nós sabemos que você inventou que estava indo com alguém para não aceitar o convite do Neville.


  


- Ah, foi? – Os olhos de Hermione faiscaram perigosamente. – Escuta, Rony, não é porque você precisa de ajuda para descobrir que sou uma garota que ninguém mais saiba!


  


Rony arregalou os olhos momentaneamente, voltando a sorrir em seguida.


 


- Ei, todos nós sabemos que você é uma garota! Satisfeita? Então, vai  com um de nós agora?


  


- Eu já falei QUE ESTOU INDO COM ALGUÉM! – berrou furiosa, sem se importar que as pessoas começassem a olhar.


 


Ora o que ele estava pensando, que ela não seria convidada por ninguém? E, bem, ainda que não estivesse indo ao baile com Krum, não aceitaria ir com ele, mesmo que essa fosse sua vontade mais íntima e profunda, não seria o último recurso de Ronald Weasley, não mesmo!


  


Saiu decidida a passos duros, sem olhar novamente para Rony.


 


Hermione sabia que sua fúria se devia ao fato de ter aceitado ir com Krum; tudo que ela desejara desde o dia que receberam a notícia de que haveria um baile era ir com Rony, e se odiara por isso! Passou meses dizendo a si mesma que não queria gostar dele, que não devia, que era errado, mas fora em vão...


 



...


 


- Está quente, não acham?- a garota abanava-se com a mão - Vítor foi apanhar alguma coisa para a gente beber.


 


Rony se remexeu na cadeira, cruzando os braços com fúria.


 


- Vítor? Ele ainda não lhe pediu para chamá-lo de Vitinho?


 


O garoto sustentou o olhar de Hermione, como se a desafiasse, como se quisesse que ela entendesse o que havia por trás de toda a sua irritação.


 


- Que é que há com você? - A voz dela parecia sinceramente surpresa. Por que Rony parecia tão irritado? – Alguma coisa se contorceu de uma forma incômoda no estômago de Hermione.


  


- Se você não sabe- disse no tom mais sarcástico que pôde- não sou eu que vou lhe dizer.


 


Hermione olhou para Harry, o bolo em seu estômago se contorceu de forma ainda mais violenta.
 


- Rony, que é... – começou ainda aparvalhada, tentando similar o que Rony acabara de dizer.


 


- Ele é da Durmstrang - vociferou para ela, interrompendo suas palavras.- Está competindo contra o Harry! Contra Hogwarts! Você... você está... confraternizando com o inimigo, é isso que você está fazendo!


 


Hermione sentiu como se uma pedra de gelo deslizasse pela sua garganta. Então era isso? Ele estava preocupado com aquele torneio estúpido?!


 


- Não seja tão burro! O inimigo! Francamente, quem é que ficou todo excitado quando viu o Krum chegar? Quem é que queria pedir um autógrafo a ele? Quem é que tem um boneco dele no dormitório? – Disparou irritadíssima.


 


- Suponho que ele a tenha convidado para vir com ele quando os dois estavam na biblioteca?


 


- Isso mesmo - Hermione estava muito corada, a raiva fazendo seu sangue ferver - e daí?


 


- Que aconteceu, estava tentando convencê-lo a participar do fale, é?


 


- Não, não estava, não! Se você quer realmente saber, ele - Hermione começou a falar muito rápido - ... ele disse que estava indo todos os dias à biblioteca para tentar falar comigo, mas não conseguia reunir coragem!


 


- Isto é o que ele conta - Rony sustentava o tom irônico.


 


- E o que é que você quer dizer com isso? – perguntou com a voz trêmula.


 


- É óbvio, não é? Ele é aluno do Karkaroff não é? E sabe que você anda em companhia do... ele só esta tentando se aproximar do Harry, tirar informações sobre ele ou ate chegar perto o bastante para azarar ele


 


Hermione parecia ter sido esbofeteada. Agora ela parecia lutar contra as lágrimas. Estava com tanta raiva de Rony...


 


- Para a sua informação, ele não me fez uma única pergunta sobre o Harry, nem umazinha.


 


- Então está na esperança de você o ajudar a decifrar a mensagem do ovo! Suponho que tenham andado juntando as cabeças durante aquelas sessõezinhas íntimas na biblioteca...


 


- Eu nunca o ajudaria naquele ovo!- agora ela estava realmente indignada- Nunca. Como é que você pode dizer uma coisa dessas... eu quero que Harry vença o torneio. Harry sabe disso, não sabe, Harry?


 


- Você tem um jeito engraçado de demonstrar isso.


 


- O torneio é justamente para se conhecer bruxos estrangeiros e fazer amizade com eles- a voz aguda dela começava a se tornar histérica. As pessoas começavam a olhar para eles agora, mas nenhum dos dois pareceu notar.


 


- Não é não! É para se ganhar! E por que você não vai procurar o Vitinho, ele deve estar se perguntando aonde é que você anda.


 


- Pare de chamá-lo de Vitinho! - Hermione se ergueu rapidamente e saiu decidida pela pista de dança, desaparecendo no meio das pessoas.


 


Era tão óbvio, eles haviam deixado tão claro naquela noite o que sentiam, mas eram orgulhosos demais, jovens demais para entender e aceitar, para admitir com todas as palavras.


 


.....


 


No final do baile, ela sentiu os olhares de Harry e Rony em suas costas, enquanto se despedi de Krum, sentia-se tão infeliz, embora todos os esforços e gentilezas de Vitor, ela não conseguira mais sorrir depois da discussão com Rony. Olhou para o garoto parado a sua frente e se sentiu suja, beijara ele mais cedo apenas porque estava com raiva de Rony, raiva de si mesma.


Ela apenas queria desaparecer e esquecer que Krum e Rony existiam.


 


Lançou ao ruivo um olhar gelado antes de passar por ele e Harry, subindo a escadaria o mais rápido que pôde. Queria chegar ao seu dormitório logo, afundar-se na cama e esquecer aquela noite. Ela beijara um garoto pela primeira vez enquanto pensava em outro. Era tão patético, tão repugnante. Queria apenas se sentir desejada, se sentir como uma garota normal da sua idade, e agora o peso do arrependimento corroia suas entranhas.


 


Entrou na sala comunal e ficou parada, pensando em como pudera agir daquela forma. Virou-se depressa quando o retrato da mulher gorda se abriu com violência.



Hermione respirou fundo, sentindo um nó se formar em sua garganta. Rony se aproximou, e ela se manteve imóvel, sustentando o olhar que ele lhe dirigia.


 


- Então...se divertiu muito com o Vitinho?


 


Hermione sentiu seu queixo tremer, e fechou os olhos, tentando acalmar a si mesma, mas foi inútil, estava tomada por um sentimento de ira, que a fazia irracional.


 


Jogou os braços para o alto, como se pedisse ajuda aos céus, bufando audivelmente.


 


- Apenas pare de chamá-lo de...- ela aproximou-se dele, com passos decididos.


 


- Eu o chamo como eu quiser!- ele também deu dois passos em direção à ela. Estavam muito próximos agora.


 


Hermione percebeu que os olhos azuis dele estavam escuros, muito diferentes dos azuis que ela conhecia. Um arrepio estranho percorreu sua espinha. Ela sentiu medo. Rony parecia fora de si.


 


- Ótimo, chame-o como quiser. – Ela ironizou, sem se importar com o olhar desafiador que ele continuava sustentando. Queria apenas sair dali, subir as escadas e poder se refugiar no dormitório, não queria mais ter que encarar aqueles olhos azuis que ultimamente a deixavam tonta e desorientada. Mas Rony permaneceu parado na sua frente, impedindo que se movesse. - E você e Padma... tiveram uma boa festa? – O sarcasmo em sua voz ecoou pela sala.


 


- E o que isso importa? – Perguntou irritado. Hermione poderia jurar que ele estava tremendo, as orelhas incrivelmente vermelhas.


 


- Bem, pelo seu humor, creio que sua noite não foi assim tão boa, não é mesmo? – Ela voltou a ser irônica, o que pareceu deixar Rony ainda mais furioso.


 


Ele tirou o casaco que vestia com fúria, jogando-o com força sobre o sofá.


 


- E pelo visto a sua foi ótima, passou a noite se...se... – ele respirou fundo, Hermione estalou os olhos esperando pela ofensa – a noite dançando com o Vitinho – ele praticamente cuspiu o nome do búlgaro.


 


- Eu não estou entendendo, Ronald! Qual é o problema com você? Por que tanto mau humor?


 


- Mau humor? - Ele aproximou-se perigosamente dela.


 


- Desculpa, mas não tenho culpa se a noite não foi boa para você. É, é sim! Mau humor! Você está todo irritadinho e fica descontando sua raiva em...


 


- E você sabe muito bem porque a minha noite não foi boa – Rony pareceu chocado com as próprias palavras, e Hermione sentiu um solavanco na boca do estômago.


 


- Não, eu definitivamente não sei – ela respondeu assim que se recuperou da sensação que percorreu seu peito, pousando pesadamente em seu estômago.


 


- Você preferiu ajudar o Krum, que está competindo contra o Harry, e age como se não tivesse fazendo nada de errado.


 


- O quê? – Agora ela estava indignada! – Você está me acusando de não ajudar o Harry?


 


Hermione tinha lágrimas nos olhos, ela tentava disfarçar, passando as costas da mão no rosto, evitando borrar ainda mais a maquiagem.


 


- Foi o que fez essa noite, se aliou ao inimigo, virou as costas para a sua escola e para o Harry! – Berrou, sem se importar que a sala estivesse cheia.


 


- Escuta, aqui Rony, porque parece tão absurdo para você que alguém tenha tido interesse em ir ao baile comigo?- Ela cruzou os braços, após limpar uma lágrima que escapou pela canto do olho.


 


- Eu não gosto de ver você com ele. – Rony deixou escapar parecendo nervoso, passou as mãos pelos cabelos.


 


- Ora, se você não gosta, então sabe qual é a solução, não sabe?- ela berrava, seus cabelos agora de desprendiam do elegante coque, o rosto contraído de raiva.


 


- Ah, é?- berrou de volta para ela- Qual é?


 


- Da próxima vez que houver um baile, me convide antes que outro garoto faça isso, e não como último recurso! – Ela berrou de volta, as lágrimas agora manchando seu rosto.


 


Se não estivesse tão nervosa, teria percebido a expressão assustada do garoto, que abrira a boca uma ou duas vezes, incapaz de dizer alguma coisa.


 


Hermione não esperou por uma resposta, virou as costas e subiu as escadas correndo. Ela acabara de deixar claro o que sentia, o que desejava.


 


Hoje ela sabia que Rony sentira ciúmes, e que havia inclusive destruído o bonequinho de Krum. Ele confessara que após arrancar o braço do boneco, o jogara no lixo. Dissera ainda o quanto havia se sentido confuso e irritado com o que estava sentindo, e tentou empurrar para bem fundo aquela sensação desagradável e incômoda.


 




 


 


 


.................................


N/A: Este capítulo traz passagens de Harry Potter e o Cálice de Fogo. Alguns trechos foram inspirados em um capítulo de In aeternum, de Ann Malfoy, e em algumas fics escritas por mim.


Obrigada a todos que estão lendo e comentando.


Agradecimentos especiais a Viviane Barreda pela betagem.


Beijos a todos!

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Comentários (5)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    QUANDO VC VAO POSTAR UM CAPITULO????TOH CURIOSA PRA SABER COMO CONTUNUA...PLEASE??? MUITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO LEGAL ESSA FIC AMANDO LER <3 <3   

    2012-12-21
  • Mariana Berlese Rodrigues

    PERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO <3 <3 <3 "Ah meu Deus! Tow aqui chorando, amo muito o seu casal! Mais uma fac sua que eu vou salvar aqui no computador! Parabens..." <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3 <3

    2012-12-17
  • Anne A.

    Ansiosa pelo próximo... deu até vontade de reler meus livros HP hehe Bjão!!!

    2012-01-16
  • Bruneca Granger Weasley

    Lindo o cap...... estou louca pra ver o proximo.......ve se nao demorabjssss

    2011-11-21
  • Juhpotter

    Que capitulo mais lindo foi esse, cada dia vc escrreve melhor amei o capitulo (me vejo morrendo no capitulo que tiver cenas de HP6) parabéns pelo capitulo, pela fic, esprando por mais.  

    2011-09-25
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