Confia em mim...



A manhã estava fria, mesmo o verão já se aproximando. Silêncio, vazio... Estava pra começar mais um dia daqueles, e os dois sabiam daquilo.
- HERMIOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOONEEEEEE!
- Hã? O que foi?- Hermione levantou a cabeça ainda meia sonolenta, havia dormido sentada na janela.
- Você ta doida!? Quer morrer congelada!? Levanta daí! Vamos a aula começa em meia hora...
- Não estou muito a fim de ir pra aula hoje, amiga... Pode ir, depois eu passo na Pomfey e invento alguma dor...- A menina olhou espantada para Hermione.
- Ok, você deve estar mesmo doente! Hermione Granger não ir pra aula!? Isso que dá passar tempo de mais com um Malfoy!
- Ah, cala a boca vai! Que droga por que ele sempre tem que ser o culpado de tudo!? Aah me deixa e vai logo antes que você perca a primeira aula, droga.
A colega de quarto olhou pasma para Hermione... Ela defendendo um Malfoy? Apenas se retirou do quarto e assim que ela saiu Hermione sussurrou baixinho:
Talvez passar esse tempo com ele tenha me mudado e, quem sabe, mudado a ele também.
Ela deu um leve sorriso de esperança e voltou a olhar para fora da janela... 


***

Era sexta-feira, um dia em que Draco sempre acordava MUITO cedo. Mas por quê? Ninguém sabia... Na verdade, uma pessoa sabia...
- Bom dia Pomfey, alguma coisa pra mim?
- Bom dia senhor Malfoy, acho que tenho algo pra você, sim... Mas deixe-me ver onde eu o coloquei.
Pomfey, aquela velha(repito, V-E-L-H-A) de coração de ouro. Se não fosse ela, a muito tempo Draco estaria morto. Ele sentou-se numa maca e ficou observando o local, enquanto ela procurava o pacote, que era mandado para o nome dela e ela repassava para o Malfoy. Ele gostava dela... Lembrava-o levemente sua avó, que ele apenas conheceu por fotos... Para ele, Pomfey era sua avó, mas ninguém sabia disse e ninguém nunca saberia.


***

Já se passara um bom tempo que Hermione estava sozinha no quarto. Resolveu descer pra a enfermaria para ver se encontrava alguma desculpa para não comparecer as aulas naquele dia.
-... aqui está, Draco... Mandaram ontem a noite. Esse seu amigo, o Jonny caprichou nesse pacote hein! Tem ótimos CDs de rock ai... Na minha adolescência eu amava esses caras, mas agora não posso mais esc...
O que era aquilo? Hermione colocou o ouvido na porta para ver se conseguia ouvir algo mais, mas parecia que cada vez a Pomfey diminuía mais a voz. Amigo Jonny? Não havia ninguém na escola chamado assim... Draco gostava de rock? Desde quando!? Eram perguntas que ela tinha ficado curiosa pra saber a resposta. Cada vez mais se forçava contra a porta pra ver se conseguia captar mais alguma palavra, até que a porta se abriu com tudo.
- MERD*!
- Cuidado com a boca, senhorita Granger! O que faz escutando atrás da porta?
Hermione se levantou rapidamente já vermelha de vergonha. Draco estava com um sorriso ao mesmo tempo malicioso e feliz... Queria mesmo que ela estivesse ali, há muito tempo que ele esperava ela sempre por perto...
- Bom eu estou com muita dor ai vim aqui pra pegar um remédio e daí tropecei e cai na porta, foi si isso, não ouvi nada!
Ela estava nervosa e Draco começara a rir... Hermione não sabia mentir nem um pouco. Pomfey percebeu que ele não ligava que ela soubesse então começou a rir também. Draco pegou o pacote do tal Jonny enquanto Pomfey fez dois atestados: um para ela e outro para ele.
Draco sorriu, aquela 'avó' era mesmo a melhor de todas. Ao passar dos anos se tornaram amigos e confidentes. Ela nunca tivera filhos então, pela carência que Draco sempre teve de afeto, ela praticamente o 'adotou' e cuidava muito bem dele, mas sempre em segredo. Ela gostava de ouvir sobre sua juventude, na época em que era linda e tinha longos cabelos pretos, agora já cinzas. Os dois compartilhavam o mesmo segredo juntos: o amor pelo rock. Muitas noites os dois passaram juntos ouvindo bandas trouxas de rock, Kiss, AC/DC, Abba, Motley Crue, entre muitos outros.
Draco pegou o braço de Hermione e a puxou da enfermaria com os dois papeis na mão. Os dois andavam apressadamente, ele a guiava. Para onde? Ela não sabia, talvez nem ele soubesse se queria mesmo que Hermione fosse com ele .
- Malfoy, onde está me levando?
- Shhh... Já te disse, me chama de Draco... Só de Draco... Pra um lugar...
- Ok, Draco... Que lugar?
Ele parou e olhou para ela:
- Confia em mim...
Aqueles lindos olhos azuis nos seus lindos olhos castanhos... Aquele olhar a dava segurança, confiança... Precisava daquilo e ele precisava de uma oportunidade. Hermione apenas sorriu para ele e continuaram andando, até chegar naquela arvore. Draco subiu na arvore e a ajudou a subir. Já sentados lá em cima ele apenas agarrou a morena pela cintura e fechou os olhos e ela entendeu que deveria fechar também.
anda logo!... gora você está ouvindo a ouro bruxo... vamos! Matem ele! Irra! Oito segundos! Oito segundos! É o nosso Nov...
Os dois abriram os olhos novamente e já não estavam sentados na arvore. Era um campo verde e florido, vários perfumes diferentes invadiam os dois. Era maravilhoso! O sol estava alto naquele lugar uma floresta não muito longe de onde eles estavam escondia uma trilha, que levava a uma cachoeira, nessa trilha tinha uma placa escrito 'caminho para casa'. E Logo mais a cima da colina uma espécie de casa, não deveria ser muito grande. Ela chutara cerca de 1 banheiro, 1 cozinha 1 sala de jantar, uma sala de TV e 2 quartos. Draco a fitava sorrindo enquanto ela observava o lugar magnífico.
- Onde nós estamos Draco?
- Bem vinda ao meu mundo...
Ela estava cheia de perguntas, mas não se atrevia a fazer nenhuma. Era tudo tão bonito, tão perfeito... Ele levantou e pegou o pacote de Jonny que estava no chão. Os dois andaram juntos até a casa, e ela estava bem perto dele, quase que o abraçando, pois, por mais que tudo aquilo fosse lindo, ainda era estranho... O que ela estava fazendo no 'mundo de Draco'?
Os dois entraram na casa, assim que Hermione pisou na casa sentiu um cheiro doce, mas agradável...' Malva rosa', pensou. Draco sentou-se na mesa e abriu o pacote. Hermione sentou-se na sua frente e ficou olhando-o. Ele abriu o pacote e um monte de CDs se esparramaram pela mesa e para espanto de Hermione, todos de bandas trouxas.
- Sim eu gosto de rock, antes que você pergunte, Mi...
Os dois se olharam, e sorriram...
- Por que me trouxe aqui, Draco?
- Precisava ficar um pouco sozinho com você... Conversar...
OS dois sorriram. Ela confiava nele, sabia que podia confiar. Os dois saíram da casa e deitaram na grama... Conversavam sobre tudo, sobre nada, ficavam em silencio... Era bom aquilo, muito bom... A tarde veio os dois ainda ali no que o crepúsculo começou, Draco se sentou.
- Temos que ir agora, Mi...
- Por quê?
- Não é seguro de noite...
- Draco... O bicho papão não vai vir puxar seu pé de noite se você ficar aqui...
- Vai sim... Ele sempre vem. Até a mais bonita flor tem seu lado feio e ele sempre aparece durante a noite... Não vamos poder voltar se tiver escuro, não é seguro passar pela floresta à noite.
- Mas por que... Eu não entendo! Por que esse medo do escuro? Da noite!?
- Não sei se posso te contar...
Ela segurou a cabeça de Draco entre as mãos e o olhou nos fundos dos olhos.
Confia em mim...

(1999)

Draco tinha cinco anos de idade. Estava brincando no jardim, já era final de tarde, sua mãe estava na cozinha fazendo o jantar e esperando o marido chegar, ou quem sabe rezando para ele não chegar. Infelizmente suas orações nunca eram atendidas.
- Cadê o muleque?
Ele chegara, mais uma vez quase bêbado. Estava nervoso, seus longos cabelos loiros estavam desarrumados e sujos. Ciça não suportaria ver o filho quase morrer novamente por causa de um 'pai' que achava que todos os problemas de sua vida eram culpa do inocente filho de apenas 5 anos. Por isso não tinham outro filho, ela não suportaria ver mais um filho sofrendo a fúria do pai. Sempre ao anoitecer, sempre... Ela sabia que o filho sofreria muito por causa da infância... Dor e ódio para sempre do próprio sangue, do próprio pai.
- Lucio! Por favor deixe-o! Ele não tem culpa de nada!
- Claro que tem! Se não fosse ele minha vida estaria muito melhor! Ele não faz nada! Com essa idade eu já duelava com bruxos com mais do dobro da minha idade! Ou ele aprende por bem ou aprende por mal! DRAAAAACO! VENHA AQUI SEU IMPRESTÁVEL!
Mais um dia que ele chegara e ia atrás do filho para mais um sessão de torturas e que quase acabavam em morte. Draco, lá fora, ouviu o pai gritar seu nome. Mesmo o pai o maltratando tanto, ele ainda achava que o pai o amava, coisa que mudaria naquela noite.
- Estou aqui, papai!
- O que está fazendo!? Eu disse para ficar no seu quarto treinando os novos feitiços! Seu safado desobediente!- Ele se aproximou da criança e lhe bateu na face. Ele era forte, muito mais forte que o pequeno Draco, que voou longe com a bofetada que levou.
- Levante logo seu molenga!
As lagrimas começaram a escorrer pelo rosto de Draco, ele não conseguia ficar em pé...
- Não me obedece e ainda fica chorando!? Nem parece meu filho...
- faria tudo pra não ser... - sussurrara o menino baixinho, mas alto o suficiente para o pai ouvir.
- CRUCIO!



Hermione estava horrorizada. Sabia que Draco tivera uma infância difícil, mas não tinha noção que era submetido a maldições imperdoáveis já com cinco anos de idade... Isso explicava por que o menino loiro sempre tinha uma sombra de solidão... Ele sofrera muito e ela sabia que isso que ele contara para ele, era apenas um trecho da história, e que deveria ter havido coisas muito mais horríveis com ele... Sempre ao anoitecer.
As lagrimas começaram a escorrer pelos olhos de Draco, Hermione o abraçou e ficaram um pouco assim em silêncio, até ele levantar a cabeça e ver que o sol já estava se pondo, em menos de dez segundos eles estariam na escuridão... No escuro as coisas ruins acontecem.
- Não podemos mais sair daqui hoje... Vamos pra dentro da casa, corre!
A penumbra da noite começou tomar conta de tudo e o calor foi substituído por neve... Sol pelo dia neve pela noite... Era o mundo de Draco. Assim que os dois fecharam a porta, a escuridão tomou conta da casa. Draco correu para a lareira e a acendeu rapidamente e puxou a Hermione para perto dele. Os dois sentaram em cima do tapete e ficaram... Agora Hermione entendia. O lugar era sombrio durante a noite, até a casa, que tinha seu jeito de casa de boneca agora parecia mais uma casa mal assombrada. Ao longe conseguia ouvir gritos, e risadas maléficas... Ela podia jurar que os gritos eram de crianças... Ou de uma criança.
- Está frio...
Draco deu um leve sorriso e deu seu casaco para ela e a abraçou.
- Isso é injusto, sabia!
- O que é injusto, Draco?
- Hoje você descobriu três coisas sobre mim: minha paixão pelo rock, Boy'a moon*, e sobre meu pai... E eu não sei nada de novo sobre você...
- HM... acho que posso te contar só uma coisa...
- Só uma!?
- Aham... Mas aposto que vai ser a melhor coisa que você poderia descobrir...- Ela sorriu e se virou de frente pra ele, chegou perto do seu ouvido e sussurrou - eu te amo, Draco e sempre te amei...
Ele sorriu como não sorria há tempos. Como sonhara escutar aquelas palavras! Aquelas palavras que o fazia se sentir correspondido, completo... Ele a amava ela o amava.
Eu também te amo, Mi...
Ele foi se aproximando lentamente da boca da morena na sua frente, ela recuou um pouco, olhou para baixo.
- Não sei se devo...
-[/i] Confia em mim...[/i]
Ela sorriu. Os lábios dos dois, depois de muito tempo de espera, se encontraram pela primeira vez. Aquele beijo calmo, bom... O primeiro de muitos que iriam vir, estavam juntos,esse era o destino dos dois.

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Comentários (2)

  • EyeSparks27

    To chorando pacaaaas aqui!!!   Muito lindo tudo isso!! To amando a historia, mesmo que eu não esteja entendendo muito bem ( meio sangue, sabe?).   Mas mesmo assim, muito lindo!!    PS.: Num tem nota 10000 aqui nao??

    2012-01-20
  • EMK

    Poxa sempre pensei que 1999 era um ano bom... Sabe.. o mundo ganhou a minha pessoa nesse ano. Você tinha que estragar justoo meuu anooooo ??? O_O  N/T: Voçê é do malllll

    2011-09-18
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