Detenção

Capitulo 13. Detenção.

“Muitas vezes não temos tempo para dedicar aos amigos, mas para os inimigos temos todo o tempo do mundo!” Leon Uris.

 

“Vivam os meus inimigos! Eles, ao menos, não me podem trair.” Henri Montherlant.

 

“Nunca deixe de perdoar seus inimigos, nada os aborrece tanto" Oscar Wilde.

 

   Harry andou lentamente em direção à sala da Profa. Umbridge, logo encontrando Ariana pelo caminho. Os dois se observaram por alguns segundos, até que Ariana desviasse o olhar, corada. Continuaram a andar, evitando se olhar. Harry bateu na porta, ouvindo a voz da professora dizendo: “pode entrar”. Os dois entraram prontamente.

   Harry se surpreendeu com a sala, nunca havia visto algo tão fútil. Ariana foi se postar imediatamente na frente da escrivaninha, como se já estivesse acostumada com aquilo.

   -Boa noite. Hoje vocês irão escrever algumas frases para mim. Sentem-se – Umbridge falou, sorrindo docemente. Ariana parecia irritada quando se sentou em uma cadeira, revirando os olhos logo após.

   -O que temos que escrever?-Harry perguntou, olhando para a folha de pergaminho na sua frente.

   -Você, Sr. Potter, escreva “não devo contar mentiras”. A Srta. Starwood já sabe o que escrever – a professora disse, com um sorriso maior. Ariana lhe lançou um olhar mortal, o sorriso da professora desmoronou rapidamente.

   -Quantas vezes?-Harry perguntou. Recebendo uma pena da professora.

   -Quantas precisarem – Umbridge falou, rispidamente, se sentando a escrivaninha.

   Logo o som das penas era o único a ser ouvido. Não devo contar mentiras, Harry escreveu. Sentiu dor na palma da mão, mas continuou a escrever. Percebeu o que com o que estava escrevendo pouco tempo depois. Olhou de esgueira para Ariana, a garota escrevia em uma carteira a alguma distancia dele, sorria. Harry queria ter o controle que ela tinha, já fazia um esforço enorme para não fazer qualquer ruído.

   Os minutos se passavam, o relógio parecia congelado. Harry estava tão ocupado se ferindo que a principio não notou uma voz que ouvia, parecia estar perto.

   “Por que eu fiz aquilo? Poderia ter ficado calada, mas não, tinha que provoca-la. Apesar de que foi muito engraçado...”.

   Harry olhou em volta, procurando a origem da voz tão irritada, que parecia discutir consigo mesma.

   “E fiz aquilo por Harry. Não podia deixar Harry sofrendo sozinho” Harry olhou diretamente para Ariana, que olhou para ele ao mesmo tempo. A garota corou, voltando-se para o pergaminho.

   “Não posso olhar para ele, não posso! Tenho que me controlar...”.

   Harry ficou sobressaltado ao notar que estava ouvindo os pensamentos de Ariana. Voltou a escrever, pensando. Decidiu se “comunicar” com a garota também, se ela conseguia, talvez conseguisse também.

   “Detenção interessante, não?” pensou irônico, olhando para ela. Ariana quase pulou da cadeira, olhando em volta, assustada. Seu olhar cruzou com o de Harry, que não pode deixar de sorrir.

   “Harry?” recebeu de volta. Harry confirmou com a cabeça, voltando a escrever. “Mas... como isso pode estar acontecendo?”

   “Sei mais do que você... Consigo ouvir você, e você consegue me ouvir. Até que não é tão ruim...” Harry pensou animado. Ariana o estava evitando há muito tempo, agora não poderia mais. Sorriu.

   “Ótimo! Tem alguém querendo me castigar, pelo visto!” Ariana pensou de volta. Harry parou de escrever.

   “Eu sou tão ruim assim?” Pensou, fingindo estar magoado.

   “Não é isso, Harry...” Ariana pensou, parecia tentar se desculpar “é que nessas circunstancias, você é a pior pessoa para ouvir meus pensamentos”.

   Harry sentiu que a garota corara quando pensara aquilo. Sorriu novamente, “pois seu pesadelo acabou de piorar, não precisa ficar tão vermelha, Ariana.”.

   “O QUE?” Ariana berrou em sua mente. Harry se segurou para não rir “você consegue saber se eu estou sorrindo, corando, chorando?”.

   “Acho que sim” Harry disse, sorrindo.

   “Você acha engraçado, não é? Espere, quando sairmos dessa sala, eu vou te dar uma lição, Harry Thiago Potter!” Ariana disse, sorrindo também.

   “Parecemos antenas, passando recados um pro outro” Harry comentou.

   As horas que passaram na detenção foram muito mais interessantes, por que Harry fazia questão de distrair Ariana, e esta fazia o mesmo.

 

 

*~*~*~*~*~*~*

   Sentia a mão doer barbaramente. Pegara mais uma semana de detenção por ter defendido Harry, quando este confrontou Umbridge. Harry estava sentado com Rony e Hermione no sofá, Ariana os observava da poltrona. “Pelo menos ele não sabe o que a Umbridge me mandou escrever...” pensou, olhando para Hermione.

   -O que?-Harry perguntou em voz alta, se virando para ela – o que tem de tão vergonhoso no que a Umbridge te mandou escrever?

   -Há... Mas que merda... Você tinha que me ouvir?-Ariana se lamentou.

   -Do que vocês estão falando?-Hermione perguntou confusa.

   -Bem, pelo que parece, eu e Harry temos uma conexão entre nossas mentes. Eu consigo ouvir o que ele pensa, e Harry também – Ariana disse, simplesmente, para uma Hermione de queixo caído.

   -Descobrimos quando estávamos na primeira noite de detenção – Harry explicou.

   -Bem, eu estou muito cansada – Ariana disse, se levantando, não iria conseguir mais ficar lá, com Harry tão próximo – até amanhã.

   E, antes que ele pudesse abrir a boca, Ariana subiu para o dormitório.

...

   Ariana andava rapidamente por grupos de alunos, que conversavam e riam, indo de loja em loja. Ela não tinha tempo para isso. Hogsmead era um vilarejo encantador, mas ela viera ao passeio não para se divertir, mas sim para algo serio.

   Já fazia duas semanas que deixara de ser Ariana Starwood e passara a ser Ariana Dumbledore. A Professora Umbridge, não se sabia como, descobrira sobre seu parentesco com Dumbledore e fizera questão de deixar o fato “escapar” em uma de suas aulas. Bufou só de lembrar. Às vezes tinha vontade estuporar Umbridge, ela achava que podia pisar em cima de todos, principalmente de seu pai. “Ela vai ver, vou ensinar uma lição para aquela mulher...” Pensou, parando em frente ao Cabeça de Javali.

   Entrou no bar vazio e sujo silenciosamente, ouvindo vozes de garotos e garotas, pareciam desconfiados e curiosos. Ficou parada por algum tempo na escuridão, longe do grupo. Podia ver Harry, acompanhado de Rony e Hermione, o moreno parecia nervoso, ouvindo Hermione falar, com a voz tremida.

   -Todos estão aqui?-a garota perguntou logo depois que todos se silenciaram. Ariana sorriu, dando alguns passos à frente, ninguém ainda a notara.

   -Há espaço para mais uma?-perguntou, fazendo todos se virarem para ela. Sorria calorosamente, confiante. Não ficaria sentada olhando Umbridge tomar Hogwarts, iria fazer alguma coisa. Não dava a mínima para as consequências.

   -Ariana?-Harry perguntou, depois de desconfortáveis minutos que se passaram, todos estavam calados, a observando.

   -Vai se juntar a nós?-Luna perguntou pela primeira vez a fitando sem o costumeiro olhar sonhador.

   -É claro que vou. Acham que só por que sou filha do diretor não posso atropelar algumas regras? Não vou mais ficar quieta enquanto Umbridge faz isso, vou fazer o que puder para mandar ela para o mais longe possível de Hogwarts. Não vou deixar que ela machuque mais ninguém, não vou deixar que ela transforme Hogwarts numa prisão – a garota falou, destemida. Seus olhos brilhavam de raiva e animo, todos pareciam petrificados com o que ela dizia – e vou fazer ela e o maldito ministério engolirem tudo o que disseram do meu pai.

   Ariana disse isso com tanta agressividade e raiva, que ninguém mais tocou no assunto. Mas a garota pode perceber que às vezes eles a olhavam, alguns com admiração, outros, com medo.

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