Perdendo o controle



                                          — O que toda mulher inteligente deve saber é que –

Se um homem não souber quais suas intenções e não tiver certeza do que você quer, ele vai respeita-la mais e trata-la melhor. Isso o prende por que ele não tem o controle que costumava ter.





Aquela noite eu tive mais dificuldade de dormir do que o normal, e olha que isso realmente é uma coisa difícil de acontecer já que eu sou o tipo que deita na cama e apaga em segundos; aquela noite isso não aconteceu, o dia longo e a noite mais longa ainda e tudo que acontecera ficava se passando na minha cabeça repetidas e repetidas vezes enquanto eu virava de um lado para o outro forçando meus olhos a se fecharem e minha mente a se apagar enquanto ela ficava revivendo coisas e perguntando coisas que eu não tinha a mínima ideia de como responder.

Quando acordei no dia seguinte, parecia que eu mal tinha dormido e se não fosse pelas meninas me sacudindo umas quinhentas vezes acho que eu nem teria acordado, se bem que essa não era minha vontade, poxa, era domingo, me deixem dormir.

— Hoje é domingo, por que tenho que acordar cedo? – Essa era eu tentando convencer as meninas a me deixarem dormir.

Sem sucesso.

— Anda logo, sua monga, eu quero ver as lumbriguentas fedendo no café da manhã. – Isso foi suficiente para me fazer levantar morrendo e seguir para um banho matinal que me acordou e me deixou cheirosa, coisa que aquelas nojentas da Sonserina não estariam.

Hahaha.

Parecia que faziam séculos que aquilo tinha acontecido, a noite tinha sido tão longa que eu quase não me lembrava que tinha sido ontem mesmo que nós invadimos o salão comunal da Sonserina e nos vingamos.

Será que eles tinham percebido? Quem não perceberia que tinha um cheiro estranho de cocô no guarda-roupa?

Quando descemos para o salão principal estávamos atrasados e eu sabia disso porque metade do castelo já estava nos gramados, no lago,  ou seja, lá fora curtindo o domingo ensolarado que fazia e a outra metade estava falando mais do que todos os alunos de Hogwarts no Beco Diagonal antes do início das aulas, mal dava pra distinguir uma conversa da outra de tantas vozes alternadas ao mesmo tempo.

Eu ainda estava meio sonolenta apesar do banho, por isso quando entramos, parei ao lado das meninas, apenas esperando elas escolherem um lugar, não consegui distinguir nada a minha volta apenas uma coisa, na verdade, uma pessoa.

Lá estava ele, lindo e maravilhoso, descontraído, sentado na mesa da Grifinória com os amigos, gargalhando com algo engraçado que provavelmente tenha vindo do James, ele era a piada em pessoa.

Usava uma camiseta regata que deixava à mostra os músculos do braço e marcavam o peitoral bem definido, e os cabelos sempre caídos displicentemente hoje estavam cobertos por uma touca cor de vinho que ele sempre usava quando não precisava ficar todo arrumadinho e bonitinho para as aulas. Era o desleixado mais perfeito da face da Terra e eu o queria todos os dias daquele jeito.

Era domingo e ele continuava a coisa mais linda que meus olhos tinham visto. E eu estava sonhando demais com a imagem dele nas minhas pupilas que mal percebi o que acontecia no salão e o motivo real dele estar gargalhando com os amigos, mas não foi preciso muito tempo para que alguma coisa chegasse a mim.

Emme me deu uma cotovelada tão forte que eu meio monga de sono quase cambaleei para o lado atingindo Lilly que estava do meu outro lado.

— Merlin do céu, olha só. – Emme estava em estado eufórico, me acotovelando enlouquecidamente e com um ar de riso e susto ao mesmo tempo. Levei exatos nove segundos para captar o que estava acontecendo.

Um segundo, eu desviei os olhos de Sirius, a muito custo.

Dois segundos: meus olhos vagaram pelo Salão principal tentando captar alguma coisa diferente.

Três segundos: a mesa da Sonserina inteira gargalhava, na verdade mais da metade gargalhava, outra parte parecia assustada e outra parecia raivosa.

Quatro segundos: uma loira da Sonserina batia na coxa desesperadamente, como se um bicho estivesse grudado em sua saia e ela apavorada tentasse tirar a todo custo o inseto de lá que não saia nem por bomba.

Cinco segundos: ao redor dela alguns tentavam ajudar, outros riam e não muito longe dela um garoto de cabelos ensebados sacudia a camiseta preta, como se também estivesse tentando tirar um inseto de lá, mas ele parecia bem mais raivoso do que a menina que parecia desesperada.

Seis segundos: os amigos do garoto de cabelos sebosos ajudavam-no a tirar a camisa, toda ela já estava fora do corpo dele e os garotos tentavam puxar o resto pela manga, quando ela se desprendeu do corpo do garoto com muita força, fazendo os amigos dele tombarem para trás e a camisa voar no ar, enquanto algo voava junto e caia no rosto de uma menina sentada a frente, antes da camisa cair sobre o café da manhã de outro garoto que olhou assustado e nojento para a camisa.

Sete segundos: todos olharam com cara de nojo absoluto para a cara da menina, depois para a camisa no café da manhã do menino, depois para o garoto de cabelos sebosos e por último para a menina que lutava com a saia, já quase a arrancando do corpo.

Oito segundos: o garoto de cabelos sebosos agora sem camisa ergueu o rosto e olhou na direção da mesa da Grifinória, bem especificamente para três marotos sentadinhos lá que gargalhavam observando toda a cena.

Nove segundos: o garoto de cabelos sebosos saiu da mesa da Sonserina e seguiu em passos duros em direção à mesa da Grifinória, com um olhar de “eu vou matar vocês”.

Arregalei os olhos e dessa vez foi eu que acotovelei a Emme, aquilo ia dar merda, precisávamos fazer alguma coisa.

Me apressei a frente, não esperando a Emme, e caminhei apressadamente seguindo em direção à mesa da Grifinória, mas ao mesmo tempo de olho no garoto e sua trumpe que vinha atrás dele, meio nervosos e meio curiosos.

Quando o garoto estava quase chegando na mesa próximo dos meninos, eu esbarrei nele com tudo, fazendo ele, que não esperava ou não notara minha presença, desequilibrar e se estabanar no chão.

— Ops. – Eu disse, parando na frente dele e bloqueando a visão de Sirius que estava mais à frente, se levantando já com a expressão de “Tô pronto pra briga”.

— O que você pensa que está fazendo, garota? – Ele se levantou meio desengonçado com um dos amigos o ajudando e me olhou com a cara feia. Já disse que cara feia para mim é fome, né, melhor ele voltar para a mesa dele e terminar o café com merda. Rsrs.

— Eu estava caminhando e agora estou parada, e acho que não preciso pensar muito pra fazer isso. – Ouvi a risadinha dos meninos a minha costa, mas não desviei os olhos do garoto.

— Ah Claro, você nem deve pensar muito mesmo né, nem sei se você tem cérebro pra isso. – Ele disse, achando que iria me atingir com uma ofensinha tão estilo Sonserina.

— Nossa. – Fiz uma careta e inspirei o ar, desagradavelmente. – Que cheiro de merda é esse? – Olhei feio para ele, ainda com a careta no rosto. – Sua mãe não te ensinou a tomar banho, não? Ou você já se borrou nas calças só de falar comigo?

Com isso, os meninos atrás de mim, e metade da mesa da Grifinória que ouviam atentos a discussãozinha, caíram na gargalhada, impedidos de pararem pelo próximo milênio, o que causou uma feição ainda mais feia na cara do garoto, que fechou a mão em punho, vermelho de raiva.

— Vocês me pagam. – Ele disse entredentes, e eu ri, percebendo que Emme e Lilly se aproximavam, meio indecisas se poderiam se meter ou não.

— Cuidado pra não borrar mais as calças com essa força toda que você tá fazendo.

— Sua... – Ele incitou para cima de mim e no mesmo instante eu ouvi um barulho imenso de mesa sendo arrastada, passos firmes no chão e uma aglomeração enquanto do nada e muito rapidamente Sirius surgia na minha frente, empurrando o garoto com tudo para trás, fazendo ele cambalear a bater as costas nos amiguinhos atrás dele.

— Se você relar um dedo num fio de cabelo dela eu arranco todos os seus dentes. – Meu coração estava disparado e eu senti um calor dentro de mim percorrer todo o meu corpo. Ele estava me defendendo. Meu Merlin amado de todo universo cósmico que coisa mais linda! Meu cavalheiro de armadura num cavalo branco, meu Rei Arthur, meu cavalheiro da Távola Redonda, meu mago poderoso derrotador de Grindelwald’s da vida, com sua varinha mágica e mais poderosa (e grande uiii) do mundo, só faltava dizer “eu disputo a minha donzela com você, tirano malvado”, num duelo de varinhas para completar a alegria que se instalava dentro de mim diante daquela cena.

— Ora, ora, veio defender sua namoradinha? – O garoto, recuperado do ataque de Sirius, olhou com desdém para Sirius e para mim. Eu não recuei, Sirius a minha frente protetoramente, também não, e atrás de nós estava de perto James, Lupin, Frank e todos os garotos da Grifinória prontos para a briga.

— Algum problema? – Indagou Sirius e eu me inflei como uma boia, como um peixe boi, como um balão prestes a alçar voo e alcançar o céu, quase como se eu estivesse presa a mil balões, como se tivesse me tornado um animago e virado uma fênix e saído voando por ai.

— Tá querendo o que aqui, Snape? – Perguntou James, também com cara de quem estava preparado para a briga.

— Vai tomar banho. – Disse um dos garotos atrás e eu olhei para o garoto, segurando o riso que, por eu estar nervosa, vinha fácil demais à minha garganta.

— Eu faria isso se fosse vocês. – Disse um dos garotos da Grifinória e todo mundo voltou a gargalhar, sem medo, na cara dos meninos da Sonserina.

Aquilo ia dar mais merda do que tinha neles.

— Tão achando engraçado? – Snape tinha uma cara de psicopata no rosto. – Isso parece coisa de vocês, seus desgraçados. Vocês vão pagar caro por isso.

James e Sirius riram mais alto e encararam o garoto, sem medo, James agora estava ao lado de Sirius e eu estava meio que atrás dos dois.

— Olho por olho, ou seria, peixe por merda? – Disse James e Sirius riu, mas seu rosto não estava com ar de piada, ele estava sério e seus olhos continuavam fixos em Snape.

— Eu vou denunciar vocês para o diretor. Contar que vocês invadiram o nosso dormitório, serão expulsos.

— Prove que fizemos isso. – Sirius estufou o peito e cruzou os braços, em desafio.

— Vocês estão muito ferrados. – Snape estava recuando. Por algum motivo que eu não conseguia entender, será que ficou intimidado por Sirius, James e o resto da Grifinória que estavam atrás?

— Qualquer coisa que fizerem contra nós, o troco será duas vezes pior. – James também cruzou os braços e eu por um segundo fiquei observando o quanto aqueles meninos eram fortes, Mérlin, que músculos, heim.

— Que seja. – Snape se virou e marchou alguns passos se distanciando de nós e parou a frente de Lilly que estava com Emme atrás, observando tudo.

Se os dois, alguma vez na vida, já foram amigos, Snape não parecia se lembrar, porque num acesso de raiva esbarrou em Lilly com toda a força fazendo ela tombar para trás e cair de bunda no chão.

Aquilo foi a gota d’água.

Foi tudo muito rápido, num segundo eu vi a Lilly caindo no chão de bunda e Emme abaixando-se ao lado da nossa amiga e no outro James já estava em cima de Snape, que se estatelara de cara no chão e agora tinha James socando o nariz enormemente grande do menino no piso do Salão principal e Sirius, como James, esquecendo a varinha e  dando um murro no nariz de outro garoto que vinha pra cima dele e de repente o salão principal estava um escarcéu, com outros alunos da Sonserina correndo para entrar na briga e os demais alunos da Grifinória que assistiam tudo, entrando no meio para defender uns aos outros e eu fiquei ali, pregada no chão, incapaz de me mover.

— Lilly. – Voltei a mim com a voz de Emme ecoando próxima a mim.- Você consegue levantar? – Corri para as meninas que estavam quase no epicentro de tudo e me agachei ao lado de Lilly que fazia uma cara de dor e tinha lágrimas escorrendo pela bochecha cheia de sardas vermelhas como seus cabelos.

— Lilly? Você tá bem? – Ela não me respondeu, mas era óbvio que minha pergunta era uma pergunta idiota, né.

— A gente tem que sair daqui. Me ajuda. – Emme disse e passou uma das mãos da Lilly envolta do seu pescoço, tentando ajudar a ruiva a se erguer, e eu fiz o mesmo, apoiando Lilly em mim, tentando ajudar ela a se levantar, mas sem muito sucesso, porque ela gemeu alto e levou a mão ao pé, de duas uma, ou ela tinha quebrado o pé ou torcido ele, alguma coisa ali estava bem errada.

Quando tentamos ajudar a Lilly novamente ouvi alguém gritando no meio da balbúrdia: “Filch! O Filch”.

E de repente, todo mundo começou a correr. Ergui o rosto assustada e olhei a volta: Sirius.

mme ergueu-se, com a Lilly pendurada nela e eu me levantei junto, com o outro braço da Lilly apoiado no meu ombro, enquanto meu coração batia a mil dentro do peito.

Se o Sirius ou o James fossem pegos numa briga pelo Filch seria o fim, poderiam até ser expulsos.

— O James. – Disse Lilly baixinho, soluçando, enquanto eu a ajudava a se arrastar e ao mesmo tempo meus olhos procuravam desesperados a volta tentando encontrar o Sirius e o James. – E o Black... por minha causa... eles não podem.

— Vai Lene, tenta encontrar eles, eu ajudo a Lilly. – Emme disse, também com o semblante assustado, e eu olhei dela, para Lilly e para trás, para a muvuca, sem saber o que fazer.  –Vai logo!

Soltei o braço de Lilly e voltei-me correndo para o meio da briga, passando por vários alunos que corriam para fora, tentando sair do salão principal e escapar de alguma punição.

Como eu ia encontrar o Sirius e o James naquela zona?

Passei correndo, empurrando as pessoas que passavam por mim sem o menor tato e fui empurrando elas, enquanto procurava-os freneticamente com os olhos, tentando encontrar um dos meninos, qualquer um deles, já ajudaria.

Uma coisa meio avermelhada no chão me chamou a atenção e eu corri até me aproximar, percebendo que um tecido cor de vinho estava jogado no chão do salão, amassado, provavelmente fora pisoteado por várias pessoas.

Era a touca do Sirius.

Peguei a touca e olhei para ela na minha mão, erguendo o rosto e olhando a volta, notando finalmente um garoto de camisa branca não muito longe dali.

Ele estava tentando se soltar de três garotos que faziam muita força para não permitir que ele se soltasse, e mais distante dele, James ainda estava no chão, rolando com Snape que agora estava em cima de James tentando acenar a varinha presa em suas mãos, mas sem sucesso porque James segurava as duas mãos de Snape com força.

— Anda logo, Severus. Vamos entregar eles pro Filch. – Gritou um dos meninos que lutava para segurar Sirius e percebi que diante daquelas palavras, Sirius se esbravejou ainda mais, lutando com os meninos e na força, fazendo um deles se soltar.

Droga, eu precisava fazer alguma coisa antes que o Filch chegasse.

Olhei a volta desesperada tentando pensar em alguma coisa, algum jeito de ajudar os meninos, mas tinha esquecido minha varinha no dormitório, droga, o que eu ia fazer?

Me virei desesperada e vi uma vassoura caída em baixo da mesa principal da Grifinória, como ela tinha ido parar lá eu não fazia a menor ideia, mas naquele momento eu não queria saber disso também.

Corri até lá, me joguei no chão, me esticando, de barriga para baixo no piso do salão principal, tentando pegar a vassoura. Me arrastei no piso e senti o cabo tocar minha mão, fechando a palma nela e puxando-a enquanto me arrastava de volta, me levantando.

Sirius já se desvencilhara de dois garotos, e agora tentava se livrar do terceiro garoto que grudara nas costas de Sirius e parecia querer montar cavalinho nele.

Sai pra lá que ele é meu.

Corri até eles e ergui o cabo da vassoura, sem pensar, acertando com mais força do que esperava e sem medo as costas do garoto montado na nuca de Sirius, pegando-o totalmente desprevenido e fazendo ele escorregar das costas de Sirius para o chão num baque forte, meio zonzo. Não tive muito tempo para observar o que eu acabara de fazer, porque no instante seguinte, Sirius me encarava, me vendo com a vassoura na mão, segurando ela e sua touca cor de vinho ao mesmo tempo e arregalava os olhos.

Pensei que ele fosse me censurar, mas tudo que ele disse foi:

— Vamos sair logo daqui. – Ele pegou na minha mão livre, larguei a vassoura no chão e corremos na direção da saída do salão principal, enquanto Sirius gritava a plenos pulmões. – VAMOS PONTAS, VAMOS!

Olhei para trás e vi que o Potter já se livrara de Snape, largado no chão com o nariz sangrando, e corria atrás de nós, tentando nos alcançar.

Todo mundo corria para a saída e nós nos embrenhamos no meio, alcançando as escadas que davam para os jardins em segundos, enquanto víamos as pessoas lá se dispersando, correndo ou se jogando na grama para fingir que estavam lá o tempo todo.

Olhamos a volta e meus olhos cruzaram com os de Sirius ao meu lado e depois para James, como se pensássemos a mesma coisa:

— A Lilly!? – Ele perguntou e eu arqueei os ombros, eu não sabia para onde Emme a tinha levado.

— Eu não sei, a Emme tirou ela do salão principal, mas não sei pra onde.

— A gente tem que sair daqui, estamos muito visíveis e perto demais do salão. – Disse Sirius, olhando a volta, vendo o jardim e depois os corredores que davam para a escadaria e as torres. – Vamos.

— Pra onde? – Eu retesiei o corpo quando vi ele me puxando pela mão em direção ao corredor e ele parou, me olhando.

— É obvio que quem saiu correndo do salão principal foi para o jardim, se ficarmos lá, o Snape vai achar a gente logo, e eu aposto o que você quiser que ele vai estar chorando na cacumda do Filch para nos pegar.

— O Sirius tem razão. – Disse James e eu assenti com a cabeça. Não tinha pensado nisso. Esses meninos são bizarros, eles pensam em tudo.

Seguimos apressados, sem correr para não chamar a atenção, em direção a escadaria que nos levaria as torres e aos dormitórios, estávamos subindo as escadas e quando nos viramos no meio do patamar, vimos duas meninas no topo da escada que nos chamou a atenção. Uma delas tinha os cabelos vermelhos.

— Lilly! – James deu um pulo e subiu os degraus numa velocidade que se igualaria a velocidade da luz, de três em três degraus ele subiu e alcançou a Lilly num segundo; Ela estava sentada no último degrau, segurando o tornozelo e chorando e ao lado dela estava Emme, tentando ajudá-la. – Meu Mérlin, Lilly, você tá bem? Se machucou? O que aconteceu?

Ele se agachou no degrau abaixo de Lilly, de frente para ela e eu parei alguns degraus mais pra abaixo, olhando a cena com o coração agora não mais acelerado, mas sim apertado. Lilly era como uma irmã para mim, a irmã de sangue que eu nunca tivera, sempre fora a mais frágil, apesar de sabermos que era só a aparência, por dentro ela era forte como uma guerreira, e sempre fora também a mais gentil, a mais doce, eu sempre a vira como uma irmã caçula mesmo que tivéssemos a mesma idade. Vê-la ali, chorando, partia meu coração em milhões de pedaços minúsculos.

— Acho que ela torceu o tornozelo. – Disse Emme, em tom baixo, em pé atrás de Lilly, enquanto James passava uma mão delicadamente no tornozelo de Lilly, como se estivesse tentando descobrir o que acontecera.

— Nós vamos dar um jeito nisso, tá? – A voz dele era suave, doce e delicada. Ele retirou a mão do tornozelo dela e segurou o queixo de Lilly, fazendo ela olhá-lo e em seguida secou as lágrimas que banhavam seu rosto. – Eu vou te levar para a enfermaria, tudo bem?

Assisti a cena ali, parada, petrificada, na escada, enquanto James erguia-se, se aproximava de Lilly e a ajudava a se levantar, para em seguida a pegar no colo e sair caminhando pelo corredor sem a menor dificuldade, como se ela fosse feita de plumas.

Emme me olhou, suspirando e disse baixinho.

— Eu vou com ela. – Se virou e saiu andando, me deixando ali, ainda estática demais para me mover, quase como se eu tivesse assistido uma morte na minha frente ou coisa do gênero. Ver a Lilly daquele jeito me abalara muito.

— Você tá bem? – Sirius estava ao meu lado, assistira toda a cena calado e eu mal percebera a presença dele ali.

Assenti com a cabeça e terminei de subir os degraus da escada, caminhando meio que no automático pelo corredor, devagar, com Sirius ao meu lado.

Ele se pronunciou primeiro.

— Você deixou a Emme e a Lilly pra me ajudar? Pra ajudar eu e o Pontas! Por que fez isso?

Voltei a mim saindo de qualquer lugar mortífero que eu estava e encarei ele ao meu lado, nem percebi que numa das minhas mãos ainda estava a touca cor de vinho que era dele, presa entre meus dedos congelados, que se grudavam nela com força.

— A Lilly... – Eu comecei com voz rouca, meio embargada pelas lágrimas que eu engoli, e pigarreei, recuperando a voz. – Ela ficou preocupada achando que vocês se meteriam em encrenca por causa dela.

Isso era meia verdade, a outra metade da verdade você já sabe qual é né, eu não podia deixar ele ser expulso do castelo por nada no mundo, como eu viveria sem ele?

Me senti culpada porque troquei minha melhor amiga por ele, e era isso que pesava dentro de mim naquele instante.

— Foi só isso? – Ele disse e parou, me fazendo parar em seguida e o encarar. Com ar confuso.

— Sim... Quer dizer... – Me virei para olhá-lo de frente e ele me encarou de volta, com os olhos brilhando, senti um aperto no peito e engoli em seco, continuando. – Também me sentiria culpada porque quem deu a ideia de nos vingar deles foi eu.

Ele balançou a cabeça negativamente e segurou na minha mão livre, a que não estava segurando a touca.

— Nós fizemos o que fizemos por nossa conta e risco. Tudo que fizemos, nós sabíamos das consequências. Não se preocupe. – Ele disse, suavemente, e eu fiquei olhando para ele por mais alguns segundos, sentindo meu coração palpitando forte no peito.

Engoli em seco novamente.

— Melhor eu ir com elas. – Eu disse baixinho e me virei, puxando a mão da dele, para soltá-la, mas ele apertou com força minha mão me impedindo de ir, me fazendo me virar e encará-lo novamente.

— Na verdade... – Começou ele, com a voz meio baixa. – Eu queria que você ficasse.

Abri os lábios pronta para perguntar ‘por quê? ’, mas as palavras ficaram ali, presas na minha garganta, como se tivessem se perdido no caminho e depois eu esquecido o que iria perguntar ou dizer.

Ele abaixou os olhos e olhou para a touca na minha mão, se aproximando mais de mim e segurando a touca por cima da minha mão, de modo que ele segurava minha mão e a touca ao mesmo tempo.

— Você não voltou só por consciência pesada, não foi? – Ele ergueu a minha mão que segurava a touca e eu olhei para baixo para ver a touca cor de vinho presa em nossas mãos e então ele ergueu minha mão até a cabeça dele, parando com ela no ar sobre a cabeça, indicando que queria que eu colocasse a touca sobre os fios bagunçados dos cabelos dele que estavam uma loucura, espetados para todos os lados. Me perguntei por um segundo se era assim que ele ficava quando acordava de manhã.

Soltei a outra mão dele e a ergui, segurando a touca com as duas mãos e esticando-a para coloca-la sobre os cabelos dele, puxando-a pra baixo e fazendo ela ficar ali, amassando os cabelos macios que eu tanto amava, me corroendo por dentro para não dizer o quanto eu o amava e o quanto eu daria tudo para poder lhe dizer que na verdade eu voltara por ele, porque não suportaria perde-lo, mesmo que eu não o tivesse de fato, que eu não suportaria que nada acontecesse com ele, que ver alguém bater nele me dava vontade de matar o garoto, mesmo que eu não tivesse a menor força para isso.

Mas eu não podia fazer isso, nem dizer uma palavra sequer daquilo tudo, por isso, ajeitei a touca de lã nos cabelos dele e abaixei os olhos para ver ele me olhando, muito próximo de mim, enquanto sentia a mão dele envolvendo minha cintura e fazendo meu corpo colar ao dele e nossos rostos ficarem ainda mais próximos, enquanto meu coração traíra batia descontroladamente no peito e meu corpo perdia todas as reações, me tornando incapaz de fazer qualquer coisa, mesmo que eu quisesse sair dos braços dele, o que eu nem queria mesmo.

Pensei que ele fosse me beijar quando vi o rosto dele se aproximando, mas ele apenas encostou a testa na minha e em seguida roçou meu nariz no dele de leve, deixando nossas testas encostadas e fazendo eu fechar os olhos, com o coração martelando nos meus ouvidos.

— Você se importa... se importa mesmo comigo, não é? – A voz dele saiu num sussurro enquanto eu permanecia ali, presa em seus braços fortes, sentindo o calor da testa dele e do nariz dele roçando no meu, os olhos fechados e meu coração que parecia que ia sair do peito pela boca e sair sambando no piso do corredor. Eu já não tinha força nenhuma no corpo nem se quisesse, me sentia mole, bamba, sem forças nas pernas para me sustentar, incapaz de falar qualquer coisa, até de respirar, enquanto esperava ansiosamente o beijo dele que parecia não vir nunca, se ele queria me torturar, estava conseguindo com esplêndido fervor, porque a coisa que eu mais desejava naquele momento era o beijo de Sirius Black.

Suspirei fundo, pensando no que dizer e então, antes que eu fizesse qualquer coisa, senti meu corpo ser empurrado para trás rapidamente e minhas costas baterem contra a parede atrás de mim e ergui os olhos, olhando-o e vendo-o muito próximo de mim.

O corpo dele me pressionou com força contra a parede e eu quase podia sentir o corpo inteiro dele no meu e prendi a respiração, não podia deixar transparecer o que ele me fazia sentir cada vez que se aproximava de mim ou tocava em mim, o que era quase impossível de se fazer, mas o fato dele estar tão perto de mim, com o corpo colado ao meu, o rosto a centímetros do meu, me fazendo sentir a respiração dele, me fazendo sentir o cheiro e o sabor delicioso de menta dos lábios dele quase nos meus não ajudava em nada e tornava quase impossível controlar minha respiração que se tornava arfante como se eu estivesse numa maratona, e perdia mais e mais o controle enquanto ele pressionava ainda mais o corpo dele ao meu.

Não sei se Sirius percebeu minha respiração ofegante, meu corpo trêmulo contra o dele, mas ele ficou ali, olhando para mim, com os lábios entreabertos, abaixando os olhos para olhar meus lábios e voltando-os para meus olhos, sem se mover um centímetro sequer, abraçado a mim, colado contra meu corpo, encarando meus olhos e meus lábios, como se estivesse perdido dentro de si, me deixando totalmente confusa, desconcertada e louca. Extremamente louca para beijá-lo.

— Sirius... – Eu tentei dizer. – O que você está faz...

E então, ele me beijou impetuosamente.

Não tive reação alguma, ele fez isso tão inesperadamente e tão de repente que tudo que eu consegui fazer foi me perder nos lábios dele e corresponder ardorosamente ao beijo, perdendo totalmente a cabeça, a respiração, a sanidade e a sensatez.

Foi como se tudo perdesse o foco, como se minha mente parasse de pensar, os alunos parassem de fazer a maior zona nos jardins lá fora, como se os insetos parassem de zunir, o vento de soprar, os pássaros de cantar, num segundo, tudo ficou profundamente silencioso e tudo que eu sentia, ouvia, inalava, era ele, suas mãos fortes me pressionando contra seu corpo e seus lábios nos meus, esfomeados, me beijando enlouquecidamente, me fazendo perder o folego.

Senti a mão dele apertar com mais vontade minha cintura, me pressionando ainda mais contra a parede, e inconscientemente levei a mão até a cabeça dele, grudando  e puxando para trás a touca que eu acabara de colocar nele e grudando em seus cabelos macios, me fazendo perder ainda mais o juízo e o sentido, enquanto ele aprofundava o beijo, deixando-nos totalmente perdidos e entregues naquele momento, naquela paixão que, por um momento insano parecia estar irradiando de mim e invadindo ele cada vez mais, quase como se, de repente, de tanto eu desejar, ele estivesse começando a sentir tudo que eu sentia.

Quando pensei que perderia o ar completamente e morreria ali, nos braços dele, nos lábios dele, ele se afastou de mim, selando meus lábios nos dele em seguida, e me fazendo encará-lo, ofegante e entorpecida.

— Você é... louco! – Eu disse, arfante, e ele riu, como se estivesse flutuando na mesma nuvem que eu e achasse o mundo inteiro lindo e engraçado. Só que não.

Ele riu novamente. Aquele riso que eu amava mais que tudo no mundo.

— Louco... – Ele passou o polegar de leve por meus lábios e sorriu, marotamente. Completando, meio entorpecido e enlouquecido. – Completamente louco. É como você está me deixando.

— Sirius... – Eu sussurrei, instintivamente, diante das palavras dele, e ele colou os lábios novamente nos meus, selando-os carinhosamente.

— Louco... – Ele disse baixinho, entre os selinhos, continuando fazendo isso, me beijando suavemente e falando entre o beijo. – Louco.... Muito louco.

Eu bati no braço dele, de brincadeira, e ele riu entre o beijo e me olhou, com os olhos brilhando.

— Você tá me deixando louco. – Ele disse, baixo e rouco, e então colou novamente os lábios nos meus e eu me perdi mais uma vez, beijando-o loucamente e grudando as mãos em seus cabelos.

Que Mérlin me perdoe, mas eu nem lembrei de mais nada, nem da Lilly, nem da briga, nem dos alunos malditos da Sonserina, de nada mais, parecia que todo o resto ficara um milênio atrás, como se tivesse sido há tanto e tanto tempo que eu nem lembrava mais que tivessem acontecido ou existido, eu só conseguia pensar e lembrar e respirar ele.

Ele apertou mais meu corpo contra o dele e eu abracei ele pelo pescoço enquanto a língua dele se perdia na minha, brincando com a minha, quente, doce, gostosa, me fazendo sentir um fogo cada vez mais forte e mais intenso me provocar. Sabe aquela frase que dizem que tem certos beijos que é como se pedisse para você tirar a roupa sem dizer uma palavra sequer?

Era mais ou menos isso que ele dizia para mim com aquele beijo porque quanto mais ele me beijava, mais louca eu ficava, mais quente eu me sentia, mais maluca eu me tornava e com uma vontade insana de tirar a roupa eu ficava a cada segundo mais.

Que coisa louca, meu Mérlim amado,  que homem!

— SIRIUS!

Quando eu achei que perderia totalmente o juízo em pleno corredor do castelo, algo me trouxe de volta a mim, do nada, de repente, de maneira nada agradável.

Uma voz ecoou distante, como se estivesse a milhares de quilômetros enquanto eu voltava a mim com barulho de passos correndo e subindo degraus.

Sirius afastou os lábios dos meus e passou a mão pelos cabelos, procurando a touca que estava jogada no chão, enquanto eu arfava, respirando fundo e virando-me para olhar para a escada.

Remus corria, arfante, com o rosto tão vermelho quanto o meu e do Sirius deveriam estar.

— O Filch tá vindo pra cá! O Snape armou pra gente.

O mundo desabou sobre nossas cabeças.



 



*N/A:



Oi oi gentee!

Volteiii!!

E ai, morreram com esse capitulo? kkkkkkkk

Gostaria de deixar aqui pra vocês minha nova fanfic

"Olhos pretos, lágrimas azuis"



Não sei como acho o link para colocar aqui, mas assim que descobrir eu coloco aqui

mas dá uma procurada no site

acho que vcs vão gostar, também é Sirius/Marlene, okay?



Etnão é isso, até o proximo capitulo

Beijosss


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Comentários (2)

  • LeleCangane

    Ah, com certeza vou lá na Spirit quando estiver desesperada kkkkk E pode deixar que vou ver sua outra fic assim que terminar as que já comecei, estou lendo umas dez e ainda tenho que escrever e estudar! Hahaha! Beijos 

    2016-02-21
  • LeleCangane

    Ai meu Deus! Que capítulo foi esse? Eu amei! Mas é para matar as leitoras do coração, não é? Hahaha! Estou simplesmente amando a sua fic, é uma das melhores fics da Lene e do Sirius que eu já li, parabéns! Continue postando, por favor, senão vou morrer aqui kkkk Beijos e até mais :)

    2016-02-21
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