Wood ou Black?



Capitulo Quatro



            - As mulheres inteligentes sabem que -

               Não há nada que um homem queira mais do que algo pelo qual

ele precise lutar um pouco para conseguir.



" O jogo de gato e rato que as mulheres acham enlouquecedor é, na verdade, muito excitante para os homens”.



 



Finalmente a sexta-feira tão esperada e desejada tinha chego e eu mal acreditei que o dia estivesse com aquela cara de lindo e maravilhoso quando me levantei e vi o sol brilhando fortemente pela janela, sinal de que o sábado estaria também lindo e ensolarado e o jogo seria perfeito, mais perfeito ainda se a Grifinória vencesse. Diante daquela ideia me arrumei com a certeza de que nada abalaria meu humor naquela manhã maravilhosa, digna de aplausos.



Como eu estava enganada.



Mal havia descido para o salão comunal e a vida esfregou na minha cara como meu humor poderia mudar radicalmente, e de uma maneira nada legal.



Desci e parei feliz, sorridente e animada, junto as meninas que me esperavam perto da lareira, incrivelmente (eu não sei porque, mas esses marotos andam muito mais próximos de nós do que nos últimos seis anos), os marotos, é claro, estavam lá também, todos conversando animados e claro, ninguém deixou de notar o dia maravilhoso que fazia lá fora e a perspectiva de um sábado perfeito para jogo, enfim, assim que eu desci e me juntei a tropa, eu percebi que uma garota acenava para mim do outro lado do salão comunal. Anna Spinnet.



Eu conhecia ela, quer dizer, não éramos amigas nem nada, mas eu sabia quem era a garota porque sua irmã estava no sétimo ano com a gente, enquanto ela estava no quinto. Sorri sem jeito e disse para as meninas que eu já voltava, e me encaminhei até onde Anna estava parada, ao canto do salão, como se estivesse se escondendo de alguém ou algo.



— Oi Anna. – Sorri, educadamente, e percebi que a menina parecia meio sem jeito, por isso tentei ser mais doce possível. O que não é tão difícil, sou a doçura em forma de pessoa. Haha. – Tudo bem? O dia hoje está lindo, você viu?



— É... Eu vi. – Ela sorriu e olhou para as próprias mãos, sem saber o que fazer, olhei também para as mãos dela e percebi que ela segurava o que parecia um pedaço pequeno de pergaminho enrolado. Estranhei.



Ela ia dar um bilhete pra mim?



— Você queria falar comigo? – Eu disse, já com a curiosidade martelando freneticamente dentro de mim. Será que alguém tinha pedido pra ela me entregar um bilhete? – Eu vi você acenando pra mim.



Sorri e ela, meio avoada, parece que voltou pra Terra e me olhou, sem jeito ainda, e riu.



— Ah sim, queria sim. É que... Você é amiga do Black, não é?



— O Six?... quer dizer, o Sirius? Sou sim, por quê? – Epa, epa, epa, meu sinal de alerta começou a apitar dentro da minha cabeça e luzes de sirene começaram a brilhar e girar, girar, girar...



— Será que você poderia... – Estremeci e olhei para o bilhete.



Não. Merlin, não.



— O que? – Me controlei para não fechar a cara ou dar um showzinho diante dos pensamentos mais malucos que passavam pela minha cabeça.

Calma, Marlene, pode não ser nada. Respira. Respira.



Sorri, sem jeito, pra ela, como se ela pudesse ler meus pensamentos, e ela sorriu de volta, ainda mais sem graça.



— É que uma amiga pediu pra entregar esse bilhete pra ele, mas como eu... eu não falo com ele, pensei que você... você poderia...



— Entregar pra ele? – Tenho quase certeza que a minha voz estava exasperada demais quando perguntei isso, mas Anna parecia tão tremula, sem jeito, sem graça e tudo de sem que existisse no mundo, que ela nem percebeu que eu também estava sem... sem controle.



— É... – Ela sorriu sem jeito e ergueu o pequeno pergaminho enrolado, e eu sorri, tremendo e com um frio na barriga, pegando o pergaminho e tentando parecer normal.

Respira, Marlene, respira.



— Claro, Anna. Pode deixar. – Dei o melhor sorriso que consegui e me virei para voltar às minhas amigas, quando ela me chamou de novo.



— Marlene? – Encarei ela, com o cenho franzido e ela disse. – Não deixa os outros meninos verem, okay?



Eu ri descontroladamente, o que pareceu até estranho e fiz um gesto com a mão de quem diz “pode confiar em mim”.



Será que ela podia mesmo?



Voltei, mais tremula que ela, pra junto das meninas e Emme me olhou de lado, percebendo que eu estava parecendo novamente a irmã do Nick quase sem cabeça.



Ela queria que eu desse um bilhete para o Sirius, e eu aposto e ganho que era dela mesma e não de nenhuma amiga, como ela tinha dito.

Mas como eu faria isso?

E o que será que tinha escrito no bilhete?



Voltei a mim quando ouvi a voz da Lilly, que parecia meio alterada, falando comigo:



— Lene, OIII, Terra chamando! – Eu ri, meio avoada ainda e a encarei. – Você não vai com a gente pro salão principal?



Olhei para ela e olhei para o bilhete em minha mão. Anna não estava mais ali.



Era a minha chance.



— Ah... vão indo vocês, eu esqueci de pegar uma coisa.



Sai correndo em direção ao dormitório, entrei aos tropeços e desabei, trêmula, na minha cama com o bilhete, trêmulo também, em minhas mãos.



Fiquei olhando para o bilhete pelo que pareceu uma eternidade, o coração pulsando forte dentro do peito, as mãos tremendo enquanto de um lado do meu ombro um diabinho falava “abre logo isso, Marlene”, enquanto no outro ombro um anjinho dizia calmamente “Marlene, isso não é certo, ler as coisas dos outros é errado”.



Mas era sobre o Sirius!



O diabinho venceu, me perdoe anjinho.



Desenrolei, calmamente o pergaminho, com as mãos tremendo e fiquei olhando pra ele por mais um século e meio.



What the hell...



Tentei ler tudo, eu juro que tentei, mas meus olhos só focaram algumas palavras que foram mais do que suficientes para arrancar todo o ar do meu pulmão, acho que arrancaram o pulmão junto, e o coração também.



Fechei os olhos e as palavras continuaram lá, dançando salsa e merengue na minha cara, coisas como: “Aquela outra noite”, “saudade da sua boca”, “te quero” e “hoje, à noite”, eram algumas das que ficaram zombando de mim enquanto arrancavam, um por um, meus órgãos vitais.



Voltei a mim quando ouvi o barulho da porta e tentei desesperadamente esconder o bilhete que jazia nas minhas mãos, assim como meu coração, mas foi tarde demais. Emme já entrara e sentava-se a minha frente encarando eu e minhas tripas junto com o bilhete.



— O que é isso? Você achou mesmo que eu não tinha visto ela te entregar isso, Marlene Mckinnon? – Ela tipo, nem esperou eu falar nada, já arrancou o bilhete das minhas mãos e ficou lá, sentada, calmamente lendo minha sentença de morte, como se fosse uma coisa normal de se fazer nas manhas de sexta-feira.



— Meu Merlin amado! Ela só tem quinze anos e já sabe falar tudo isso? – Ergui os olhos e franzi o cenho, o que mais eu tinha perdido enquanto aquelas palavras saltavam do pergaminho e me estrangulavam?



— Não me faça imaginar que tem coisa pior do que o pouco que eu li... – Comecei na defensiva e Emme riu, enrolando o pergaminho e me observando calmamente. Essa calma toda dela me irritava, às vezes.



— Ela quer que você entregue pro Sirius, né?



— Eu não vou fazer isso, vou falar que entreguei e ele nunca, jamais vai sair com ela de novo, porque ela vai achar que ele deu um fora nela e vai ficar com raiva dai não vai mais ir atrás dele dai assim eles não vão ficar juntos e eu vou poder ter ele só pra mim porque se eu ver ele com ela eu não sei o que eu vou fazer e eu...



— LENE! – Voltei a mim quando ouvi a voz alta de Emme e os dedos dela estalando na minha frente. Merlin, me interne no St. Mungus porque estou enlouquecendo.



Eu acho que falei tão rápido tudo que ela não entendeu nada, e eu muito menos.



— Escuta. Você vai SIM entregar o bilhete pra ele, e...



— O QUE? VOCÊ FICOU LOUCA, EMME? Eu não posso, você não leu o que ela...



— MARLENE MCKINNON! – Parei e percebi que agora ela estava em pé, com as duas mãos na cintura, me encarando com uma cara que lembrava muito a minha mãe.  Eu quase podia ver o rosto da minha mãe no rosto dela. Sinistro.



— Presta atenção. Você quer ou não quer conquistar esse raio de menino?



Fiquei meio em choque olhando pra ela, enquanto ela me encarava, ainda parecendo minha mãe.



Incapaz de responder, balancei a cabeça afirmativamente, e ela assentiu, voltando a se sentar na cama a minha frente.



— Você tem que entregar o bilhete porque, se você não entregar, ela vai descobrir, e se ele descobrir que você tinha um bilhete pra ele e sumiu com o bilhete, vai ficar na cara que você sente algo por ele, dai meu bem, não vai ter plano algum que funcione.



Assenti novamente, ainda em choque, e com o coração, restituído no peito, batendo enlouquecidamente.



Eu ia entregar meu amor de mão beijada para aquela pervertidinha de saia?



Merlin me ajude a não cometer nenhum assassinato.



— E... Se você for falar com ele, entregar o bilhete e parecer casual, normal com aquilo, ele vai pensar que você não sente nada por ele, ou seja, vai fazer ele pensar porque você, a única, quer dizer, uma das únicas, garota de Hogwarts não morre de amores por ele, e dai sim, ele vai finalmente começar a querer você. Entendeu?



Fiquei um tempão olhando pra ela com cara de tacho, antes de finalmente dizer:



— Hãn???



Emme bufou e revirou os olhos.



— Santa lerdisse. – Dessa vez fui eu que revirei os olhos.



— Perai, deixa eu ver se entendi. – Ela deu aquele sorriso de mãe tentando ensinar o filhinho burro. – Se eu entregar o bilhete pra ele e fingir que nem ligo se tem meninas afim dele, ele vai ficar interessado em mim por isso?



— Ele vai achar que você não está nem ai pra ele, e isso é a alavanca da coisa.



— Então... Eu tenho que fingir que pra mim tanto faz com quem ele se agarra ou não?



Senti meu estômago embrulhar.



Emme assentiu e eu senti vontade de vomitar o café da manhã que eu nem tinha tomado ainda.



O que a gente não faz por amor, heim?



 



Confesso que eu nem sei o que comi no café da manhã, muito menos se eu comi, o horário do café da manhã passou que nem um borrão enquanto eu tentava me preparar para a hora derradeira que se aproximava cada vez mais e cada vez mais eu me via incapaz de fazer aquilo.



A primeira aula se passou e eu tremia igual vara verde quando a turma toda se levantou e saiu falante corredor a fora, eu sentia o olhar de Emme sobre mim enquanto pendurava a mochilas nas costas e segurava com as mãos tremulas o bilhete quase esmagado na mão, sentia nojo só de pensar no que eu estava segurando, será que ele iria mesmo se encontrar com ela e fazer sabe lá Merlin o que ela estava insinuando naquele bilhete?



A ânsia de vomito veio e eu a engoli, respirando fundo e seguindo o pessoal enquanto saíamos da aula de feitiços e seguíamos em direção a aula de poções nas masmorras, o caminho até lá era razoavelmente mais longo, por isso esperei todo mundo seguir a frente enquanto enrolava ainda na sala, de olho em Sirius, James e Remus, que como de costume eram os últimos a entrar e a sair da sala, o motivo que eles demoravam a sair não era porque gostavam tanto assim de estudar, mas porque gostavam de ficar zoando um ao outro e os demais enquanto a sala ia esvaziando, era como se naquele momento eles pudessem falar, rir e zoar tudo que não podiam durante as aulas.



Sai pelo corredor e senti Emme esbarrar em mim e dar aquela olhada de “anda logo, sua lerda”, e revirei os olhos enquanto ela e Lilly seguiam rápidas pelo corredor, talvez para garantirem o primeiro lugar na sala de Slugohrn.



No minuto que perdi elas de vista, senti meu coração palpitar mais forte ao peito e minhas mãos soarem quando ouvi a risada de James e a voz de Sirius e Remus que vinham caminhando lentamente logo atrás de mim.



Era agora ou nunca.



Respirei fundo e abri o melhor sorriso forçado que Hogwarts inteiro em cinco mil anos (quantos anos Hogwarts tinha mesmo?) já tinha visto e me virei, percebendo que na mesma hora em que eles me notavam a conversa diminuíra drasticamente, quase como se eles estivessem falando de mim e não tivessem me notado ali. Eu heim. G_G



— Hey! – Meu sorriso era capaz de iluminar o castelo inteiro, eu era mesmo muito boa em fingir felicidade, descontração e animo.



— E ai Kinnon. – Pude ver que Sirius e Remus se entreolharam e seguraram o riso, que eu não entendi patalhufas porque, enquanto James se encaminhava todo sorrisos pro meu lado, passando a mão sobre meus ombros e me puxando junto com ele enquanto caminhávamos lentamente pelo corredor.



Estava começando a entender a troca de olhares e o riso abafado de Sirius e Remus. Tinha Lilly nesse assunto.



— É verdade mesmo que a Lilly vai sair comigo no sábado ou ela só está querendo me pregar alguma peça? – Ele mal completou a frase e eu deixei escapar uma gargalhada misturada com um suspiro, enquanto Remus e Sirius finalmente soltavam o riso preso, gargalhando junto comigo.



A carinha de James de tipo ‘sério mesmo que meu maior sonho da vida vai realizar?’ era tão comovente que mesmo rindo, não que eu estivesse rindo dele, mas rindo da situação, eu senti um aperto no peito de comoção, aquela coisa de tipo ‘cara, eu entendo perfeitamente o que você está passando’.



Com isso eu parei de rir e sorri para ele o mais meiga e doce possível, até me esquecendo daquele bilhete nojento na minha mão, naquele momento com certeza já todo amassado. Haha.



— Pelo jeito, não sei quem está mais nervoso, você ou ela. – Confessei, vendo a carinha de alivio e felicidade se estampar no rosto lindo dele e sorri, sentindo uma alegria compartilhada se espalhar em meu peito, nem ligando pro meu subconsciente que dizia que a Lilly iria me matar, fatiar e jogar meus restos mortais para a lula gigante se soubesse o que eu acabara de dizer.



— Relaxa Pontas, vou estar lá pra te atazanar até que você jamais se esqueça daquele encontro. – Brincou Sirius e nós rimos enquanto James fazia uma careta e dizia.



— Nem pense nisso seu cão sarnento, eu arranco suas pulgas com agua fervendo. – Sirius gargalhou e eu olhei de Sirius pra James sem entender muito bem aquela piadinha/ameaça.



— Bom... Te deixo em paz só se a Lene me manter ocupado. – Opaaa, coméqueé?



Sirius deu uma piscadinha charmosa pra mim e eu ri alto, engasgando junto enquanto tossia e ria, tudo ao mesmo tempo enquanto meu cérebro meio lento (estou começando a entender porque as meninas me chamam de lerda) processava aquela frase. Aquilo queria dizer que ele queria que eu o mantivesse ocupado, tipoooo, eu e ele, e... aiii Merlin me acuda.



Respira, Marlene, respira.



— Com certeza vou te manter ocupado – Eu disse, na maior normalidade, enquanto Sirius abria um sorrisão, tipo quase se achando vencedor naquela, mas ele não ia sair dessa achando que eu morria por ele, ah não ia mesmo. Estágio quinhentos e noventa e sei la qual mais, até o fim. Com isso conclui dando o meu melhor sorriso de vencedora. – Vou te amarrar na cadeira.



Dei a minha piscadinha, no que James e Remus gargalhavam enquanto Sirius fazia uma carinha de cachorrinho abandonado.



Eu estava começando a entender a piada do James sobre cão sarnento, as vezes ele tinha mesmo uma carinha de cachorrinho, agora parecia aqueles cachorrinhos de rua abandonados.



Coisa mais linda, pena que eu não podia levar pra casa.



Droga. :(



— Essa é uma verdadeira marota, viu Almofadinhas. – James me abraçou novamente pelo ombro e riu, enquanto eu ria junto e pensava “ótimo, já posso entrar pro bando então?”



Ergui a mão que segurava o bilhete, já meio esmagado contra minha mão, pra tentar segurar minha mochila no ombro quando Sirius, curioso que só ele, segurou minha mão rapidamente, quase puxando o pergaminho dela.



— Hey, o que é isso?



Fiz uma careta e apertei mais a mão contra o pergaminho impedindo que ele puxasse.



Calma lá, playboy, essa porcaria é pra você, mas pra que a pressa né? Eu ainda desejava, no fundo do meu ser, dar aquele bilhete pra um trasgo montanhês mastigar achando que era erva doce.



— Ah... isso é... pra você! – Dei o melhor sorriso forçado que encontrei dentro de mim e ele me olhou franzindo o cenho.



— Bilhetinho de amor pra mim? Poxa Lene, eu ia te conquistar em Hogsmead, não precisava ser tão apressada assim.



— HÁ HÁ HÁ. – Eu disse fazendo uma cara feia, sem conseguir manter ela por muito tempo enquanto James e Remus gargalhavam, fazendo eu gargalhar junto. – Como você consegue andar por aí com esse ego enorme?



Sirius franziu o cenho e riu, meio sem entender nada, enquanto eu revirava os olhos.



Era lindo, maravilhoso, gostoso, delicioso e tudo de oso nesse mundo, mas era absurdamente convencido. Com razão, diga-se de passagem, e que ele não saiba, por favor.



— Na verdade esse bilhete é pra você, mas de uma pobre coitada da Grifinória que se deu mal de cair nas suas garras. – Eu ri, desdenhosamente, e ele me olhou meio torto. Acho que ele não estava entendendo muita coisa, pensando bem, as meninas tinham razão em dizer que ele também é meio lerdo.



— Bilhete de quem? Posso ver? – Ele levou a mão até a minha, mas tudo que conseguiu fazer foi segurar a minha mão, sem conseguir pegar o pergaminho que eu estava, cada vez mais, amassando contra a palma da minha mão.



— Calma ae sarnentinho. – Eu disse e Remus e James que agora caminhavam próximos a nós meio calados, mas prestando toda a atenção do mundo na nossa conversa, riram e Sirius fez uma careta.



A mão dele permaneceu sobre a minha como se estivéssemos andando de mãos dadas, só que não, e eu senti o calor da mão dele se espalhar por meu braço e por meu corpo, a sensação da pele dele na minha era a coisa mais maravilhosa do mundo.



— Ninguém resiste ao meu charme. – Ele abriu o sorrisão lindo e galanteador e eu derreti por dentro. Por dentro.



— Ninguém virgula. – Dei um sorriso lindo e pisquei pra ele, no que ele pigarreou e me olhou de lado.



— Então vai me entregar de bandeja assim pra primeira que aparecer? – Ele riu, mas não foi um riso comum, foi um riso meio ‘estou falando a verdade, mas estou rindo pra parecer que é brincadeira’, e eu franzi o cenho, olhando pra ele e o encarando por alguns segundos, sem entender muito aquilo.



Como se fizesse diferença pra ele, né.



Quando desviei os olhos dos dele e olhei para a frente percebi que James e Remus estavam agora caminhando mais a nossa frente, com uma certa distância de nós, como se quisessem dizer ‘olha, estamos aqui, mas não estamos vendo nem ouvindo essa conversa, então podem mandar ver’.



Senti um calafrio com esse pensamento. Como eu adoraria poder ‘mandar ver’ com ele naquele momento.



Suspirei e disse, em resposta a pergunta/brincadeira dele.



— Bom, você é meu amigo então, eu não tenho nenhum problema quanto a isso.



Sirius me olhou de lado por um tempo, meio pensativo, depois deu uma risadinha e disse.



— Pensei que estivesse morrendo de amores por mim depois de ter me beijado aquele dia.



— Hey! – Encarei ele indignada, o que na verdade estava mesmo. Esse ego dele as vezes é um porre. – Você que me beijou!



Deixei transparecer minha indignação, mas ele só soltou uma gargalhada como se gostasse daquilo, talvez ele tenha dito aquilo justamente para me pirraçar e me deixar nervosa.



— Não me lembro disso.



— Vou pedir ao professor Slugohrn uma poção pra memoria então, porque você está precisando. – Dei um sorrisinho e ele riu alto mais uma vez, como se eu tivesse contando uma piada.



— Mas você não precisa de poção de memória pra lembrar do beijo né. – Ele piscou e riu mais alto, enquanto eu fechava a cara. – Aposto que sonha comigo todas as noites.



Merlin, ele está se fazendo de idiota e está se saindo muito bem.



— Idiota. – Soltei uma gargalhada e nós dois rimos juntos por quase um minuto, o que fez Remus e James virarem a cabeça pra trás para nos olhar, como quem não entende que bicho que nos mordeu.



— Vai se ferrar. – Eu disse depois de recobrar o folego e ele soltou uma gargalhada.



— Adoro ver você nervosinha, fica toda vermelha, é um charme. – Ele disse entre risos e eu mostrei a língua pra ele, enquanto por dentro ficava em choque.



Como assim? Ele já fez isso antes pra me ver nervosa? Há quanto tempo ele me observa e nota essas coisas? Ele me observa? Ele me nota?



Meu cérebro entrou em pane, mas eu nada pude demonstrar, então apenas disse.



— Você sabe muito bem que eu estou afim de outro, então guarde seu charme pra gryndylow de saia aqui. – Eu disse sacudindo o bilhete e ele riu, mas não pareceu mais tão interessado no bilhete.



Era como se por um minuto eu fosse mais interessante que qualquer chance dele dar uns amassos.



— Mas se você quiser entrar na fila, quem sabe daqui uns dez anos você não dá sorte? – Eu dei uma piscadinha e ri, brincando, enquanto ele fazia uma careta de quem diz ‘não gostei’.



Hahaha, ponto pra mim.



— Dez anos é muita coisa, Lene, poxa... – Ele riu, mas seu sorriso se desfez de repente enquanto ele diminuía os passos e seus olhos ficavam fixos a frente.



Diante de suas reações, olhei a frente para ver um menino muito parecido com ele que vinha na nossa direção com a cara meio de deboche e desdém.



— Ora, ora, vejam só, meu irmãozinho arrumou uma namoradinha? – Eu podia jurar que Sirius era mais velho que esse menino, mas o tom de voz e a palavra ‘irmãozinho’ deixava bem claro que os dois não se gostavam nenhum pouco.



A cara de Sirius dizia tudo isso e muito mais.



— O que você quer, Régulo?



Eu podia sentir a camada de ar frio e áspero entre os dois e me aproximei mais de Sirius como quem diz, ‘não esquenta que esse zé ruela não vai se meter com você’, no fundo eu também queria meio que dizer pra esse tal de Régulo ‘é, sou mesmo a namoradinha dele’.



Quem dera.



Sirius não disse nada sobre esse assunto, mas parecia não querer responder nada pra Régulo, suas atitudes eram de tanto desdém quanto do menino, e passei a odiar o menino naquele minuto.



— Poxa irmãozinho, só vim te dar um oi. Mamãe mandou lembranças. – Regulo riu, desdenhoso e Sirius não se moveu um centímetro, seu rosto fechado parecia cada vez mais irritado, e eu aposto que ele só não tinha quebrado a cara do irmão porque eu estava ao seu lado.



Se eles eram mesmo irmãos não tinham nada em comum, quer dizer, se pareciam bastante, mas ainda assim eram diferentes, sem contar que Sirius era muito mais bonito, charmoso, estiloso e tinha seu próprio brilho.



Régulo parecia muito com Snape, e eu não duvidaria nada se fizessem parte do mesmo grupo de amigos. Tinha aquele ar de desdém de todo Sonserino, como se o sol girasse em torno do seu umbigo, apesar de ter os mesmos traços no rosto, Sirius tinha passado bem mais na fila da beleza e gostosura do que Régulo.



Naquele momento tive um insight.



— Você é da Sonserina! – Eu exclamei como quem descobre uma coisa muito importante. E tinha descoberto mesmo. – É um Black!



A risada de desdém de Régulo me fez sentir vontade de engolir minhas palavras.



— Olha só irmãozinho, não é que sua namoradinha se parece mesmo com você, lerda e burra. HAHAHA;



Mas o que?



Percebi que Sirius fechou a mão em punho e já abria a boca pra me defender, mas fui muito mais rápida que ele.



O que esse sujeitinho idiota está pensando que é?



— Olha só quem fala, eu não sabia que filhote de trasgo falava. – Régulo arregalou os olhos, ofendido, enquanto Sirius olhava do irmão pra mim, surpreso. – E esse cheiro? – Respirei fundo, fazendo uma careta e afastando o rosto do sujeitinho. – Nas masmorras não tem chuveiro não? Há quanto tempo você não toma banho?



Deixei escapar uma gargalhada e vi Sirius rir comigo, enquanto Régulo dava um passo pra trás, o semblante fechado, como quem faz cara feia.



Ah coitado, como se eu tivesse medo de cara feia. Como diz minha mãe, ‘cara feia é fome’, no caso dele, deve ser também falta de banho.



— Por isso eu disse que você era da Sonserina, esse cheiro só pode vir de lá. – Gargalhei mais ainda, dando minha cartada final e as narinas de Régulo se inflaram.



—Você está brincando com a pessoa errada, garota.



Hahaha. Estou me divertindo muito com esse babaca.



— Régulo. – Sirius disse, em tom de advertência, mas eu não conseguia parar de rir, ele não me dava medo nenhum, me dava crise de risos.



— Uiiii que medo. Me borrei de medo agora, ah não, quem anda de cueca suja é vocês, né?



HAHAHA



Gargalhei e Sirius gargalhou comigo enquanto Régulo, ofendido e com a cueca freada, com certeza, saia pisando fundo.



Eu não conseguia parar de rir.



Que comédia.



— Muito engraçado o seu irmão, Sirius. – Respirei fundo, controlando meu acesso de riso e vi Sirius me encarando, com o rosto risonho. – O que foi?



— Desde quando você é assim? – Eu ri diante do ar impressionado dele e pisquei, cheia de charme.



— Você ainda não viu nada.



— Tenho até medo do que mais posso ver. – Ele disse e eu ri, isso foi um elogio?



— Não precisa me agradecer depois. – Entreguei o pergaminho, já bem amassado pra ele, que segurou meio incerto, e pisquei,  me virando e saindo andando, ou melhor dizendo, desfilando, como quem diz, ‘essa dai se oferece, mas a carne aqui que você não pode ter, é mil vezes melhor’, chora baby. ;)



 



 



Aquela noite era um pré-jogo da Grifinória, o que queria dizer que, ao invés dos jogadores estarem na deles, calados, concentrados, eles estavam todos aglomerados no salão comunal bebendo muita cerveja amanteigada, conversando, rindo e alguns até dando os chamados ‘pegas’, escondidos nos cantos do salão.



Eu, obviamente, não era a que estava em algum canto do salão dando “uns pegas” no meu amado, lindo e maravilhoso Sirius Black, por mais que eu adorasse essa ideia, eu era aquela que sentava num canto com as amigas e ficávamos lá rindo de nós e rindo dos outros, afinal de contas, não tem nada mais legal que uma mulher pode fazer do que se juntar as suas amigas mulheres para falar das outras mulheres.



Pra minha sorte, e olha como Merlin gosta mesmo de mim, aquela noite de festa pré-jogo, Sirius milagrosamente não estava agarrado a ninguém, nem desaparecido do salão comunal, o que naquelas festas pré e pós jogos era bastante comum, levando em consideração que ele era artilheiro da Grifinória ao lado do James que era apanhador. Com isso associado ao seu currículo de gato, galanteador e sexy, ele conseguia mais umas quinhentas e noventa e nove fadas mordentes atiradas em cima dele.



Diante de tal pensamento fiz cara de ânsia, olhando disfarçadamente para ele que estava sentado em frente a lareira acompanhado de seus amigos, ou comparsas por assim dizer, James, Remus e Pettigrew, rindo, conversando e tomando cerveja amanteigada, o que era bastante comum nessas festas, agora como e de onde vinham, isso era um mistério que eu não gostaria de descobrir.



— Meu Merlin, alguém diz pra Loevell que ela está parecendo um grindylow com aquela roupa! – Disse Emme, fazendo eu desviar meus pensamentos de Sirius e junto com Lilly e Alice gargalharmos tanto que minha barriga começou a dar cãibras de tanto rir. – E aquele cabelo de sereiana?



— Ela deve dormir no lago negro a noite e voltar de manhã só pra ir pra aula! – Disse Alice entre risos, o que nos causou mais dores na barriga.



— Dormir? Ela deve morar no lago negro, enrolada com a lula gigante! Merlin, alguém me diz como ela conseguiu ficar com o Gideão, por favor!



Já mencionei que Emme tem uma quedinha por homens com nomes estranhos? Tipo o Gideão, o Remus.. cof, cof, o Remus é um caso a parte que não pode ser mencionado perto da Emme, ela fica tão vermelha que você começa a pensar que ela esfregou o cabelo molhado da Lilly no rosto e de repente começou a ficar da mesma cor.



— Alguém falou meu nome? – Nos viramos todas de uma vez só para ver Gideão Prewett parado ao lado do, que o Sirius não ouça isso, LINDO John Wood, sim, nunca comentei dele para vocês? Ah, se existe perfeição depois de Sirius Black, eu diria que começa com John e termina com Wood. Eu digo isso porque ele é o único jogador de quadribol da Grifinória que sempre chega dos jogos ao salão comunal ainda com o uniforme, e detalhe básico, sem camisa e mostrando aqueles perfeitos peitorais malhados que, agradeço a Merlin todos os jogos, por ele não sentir frio depois de uma partida. Como Merlin foi bondoso em ter inventado esse jogo!



Bom, deixando Wood e seu peitoral divino de lado, se isso for possível, porque é claro que pensar nisso me deixou assim levemente corada; Emme, se é que isso é possível, ficou mais vermelha do que eu e começou a tossir sem parar enquanto Gideão e Wood, segurando algumas garrafinhas de cerveja amanteigada nas mãos nos olhavam com feições do tipo achando graça e não entendendo nada, o que é perfeitamente normal diante de garotas como nós.



Dei uma olhada de esgoela para Lilly que estava vermelha como os cabelos, segurando os risos e Alice que de repente ficou interessadíssima no canto do sofá meio rasgado e Emme que tossia e mexia meio descontrolada na ponta de seu cachecol e não aguentei mais, comecei a rir descontroladamente, fazendo os meninos rirem sem saber nem porquê e ficarem com a cara mais “não tô entendendo porcaria nenhuma mais, alguém leva elas pro St. Mungus, por favor! ”



— A gente tava comentando como alguém conseguiu sair com a Loevell, tipo... você! – Eu disse entre gargalhadas e apontei para Gideão que, de início não entendeu nada, mas daí começou a gargalhar junto e de repente, pronto, tudo resolvido, todos rindo sem parar até os meninos, numa boa, se sentarem perto de nós, o Gideão no braço do sofá da Emme, para alegria ou desespero dela, e o Wood no braço da minha poltrona, para minha alegria ou desespero.



— Ah, pensei que vocês estavam falando mal de mim, garotas. – Ele piscou meio charmoso e todas nós rimos, acompanhadas dele e de Wood. Eu não entendi muito bem aquela piscada, digamos que Gideão não era lá um galã da Grifinória, mas ele era divertido e engraçado, e como dizia Emme, tinha um nome estranho, bonito e sensual na hora de dizer... tipo Gi..de..ão. UAU, perdi o folego! / G.G / Vai entender essas garotas.



— Viemos ver se vocês gostariam de tomar umas cervejas amanteigadas. – Disse Wood, sem precisar ser charmoso, mas já sendo. Ele era o tipo de cara naturalmente sensual, bonito e sexy, sem piscadelas, nem nada, até mesmo com camisa, e se eu não fosse tão loucamente, tipo, bem loucamente mesmo, apaixonada pelo Sirius, quem sabe eu não daria umas voltinhas naquele parque de diversões? Cof, cof, se é que você me entende.



Reprimi um riso diante de meus pensamentos pecaminosos, como diria Lilly, o que passou totalmente despercebido diante do clima descontraído e sorri para Wood sentindo meu rosto esquentando cada vez mais, imagina se esse garoto é um Legilimente?



Tossi, engasgada, ficando mais vermelha, enquanto Emme ria, já recuperada do seu acesso de tossi e vermelhidão e voltava a ser a Emme linda e sensual de sempre, tirando totalmente a atenção de quem quer que fosse de mim. O que foi um alivio.



— Ah, como eu estava esperando ansiosamente que garotos cavalheiros como vocês nos dissessem isso. – Gargalhei com a frase sensualmente exagerada dela, ainda vermelha e distraidamente desviei meus olhos para o outro canto do salão comunal onde Sirius estava sentado com os marotos, apelido um tanto estranho deles, e me deparei com um par de olhos azuis acinzentados olhando diretamente para mim.



Senti como se um balde de água fria caísse sobre minha cabeça, ele estava olhando para mim! Ou será que tinha outra garota atrás de mim e eu não tinha percebido, fiquei tentada a virar e olhar para trás, mas como virar significava quebrar aquele contato visual momentâneo e maravilhoso entre nós, não me mexi um milímetro sequer e mantive o contato com ele pelo que parecia uma eternidade, mas que, na realidade, deve ter durado no máximo uns três segundos, porque no segundo seguinte eu estava sentindo a mão do Wood no meu ombro e sem saber porque estava gargalhando junto com eles e ficando toda vermelha novamente, só que dessa vez era o calor daquele olhar penetrando todas as células do meu corpo.



Como ele conseguia fazer isso comigo? Só me olhar e de repente meu corpo se aquecia e o mundo ganhava uma cor especial, ficava todo colorido, como se eu pudesse sair de pijama pelos gramados escurecidos e congelados de Hogwarts, sorrindo, feliz e saltitante, sem sentir frio, medo ou me sentir uma louca desvairada, porque convenhamos, fazer isso só me faria ser uma louca desvairada, mesmo. Sorte a minha que essas vontades eram só vontades passageiras, daquelas que dá e passa.



— Sorte a nossa que temos vocês. – Peguei a frase da Emme no ar e ri, sem saber nem porque estava rindo, estar com elas era isso, era rir sem nem saber porque. Mais ou menos igual quando eu ficava pensando no Sirius e sorria sem nem saber porque. Coisas da vida.



— Parece que vocês estão nos bajulando. – Brincou Wood e eu gargalhei. Parece? Ele não conhece a Emme mesmo, ela só estava os seduzindo para conseguir mais cervejas amanteigadas ou algo mais que estivesse rolando por ali e não tinham nos contado.



— Que isso, Wood.



— Impressão sua.



— É, coisa atoa.



— Coisa boba. – Completamos as quatro e gargalhamos, fazendo os meninos se entreolharem sem entenderem nada.



— O que será que estão servindo a parte nessa festa que não nos ofereceram ainda? – Todos nós gargalhamos.



— Você não viu nada ainda, Wood. – Engasguei e tossi e ri, tudo ao mesmo tempo ao ouvir aquela voz enquanto Lilly fazia uma careta estranha entre os risos, o que fez Emme e Alice rirem ainda mais, enquanto eu tentava me recuperar daquela surpresa.



Parado ao meu lado estava Sirius, sorrindo charmosamente e ao seu lado James, que na verdade estava praticamente encarando Lilly com aquele seu jeitinho doce e sapeca ao mesmo tempo de quem diz “eu vim te seduzir Lilly, mas olha como eu sou um amor de garoto, você tem que sair comigo pra provar isso!”.



Aposto como ele era doce em todos os sentidos, e com esse pensamento gargalhei, tapando a boca em seguida e rezando pra não ter nenhum legilimente naquela roda de pessoas improváveis de estarem juntas numa pré festa da Grifinória.



Eu estava impossível naquela noite, o que será que tinha naquelas cervejas amanteigadas?



— Essas meninas são impossíveis. – E dessa vez quem ficou vermelha igual pimentão foi Emme, e com essa, as três mais enrubescidas que o cabelo da Lilly, poderia fechar a noite, certo?



Remus piscou para nós e para Emme, que tossiu. Então para completar o círculo de coisas estranhas e pessoas estranhas reunidas naquela noite, Sirius sentou-se no outro braço da minha poltrona, Remus no outro braço da poltrona de Emme e James ao lado de Lilly no sofá de três lugares, no qual Alice estava do outro lado de Lilly, olhando aquela cena toda com ar de assustada e confusa, pensando seriamente em algo como “Será que eu estou mesmo vendo isso ou tinha drogas na minha cerveja amanteigada e daqui a pouco hipogrifos cor de rosa entraram voando pelo salão comunal?”



Eu estava quase pensando a mesma coisa.



— Isso porque você nunca viu elas vestidas para seduzir. – Disse Sirius marotamente risonho e piscou pra mim, o que me fez engasgar com a minha cerveja amanteigada na qual eu tinha acabado de virar um gole, e quase tossir, engolindo tudo rapidamente, e ficando então vermelha igual a Madame Pomfrey quando Hagrid a elogia.



— Vestidas para seduzir? Mas se elas já fazem isso sem estarem vestidas, imagina vestidas para seduzir, então. – Disse Wood e eu engasguei novamente, fazendo todo mundo rir e gargalhar em seguida.



Era uma roda de pessoas estranhas com conversas estranhas.



O que tava rolando ali, afinal? Será que eu estava sonhando, delirando, ou imaginando demais?



— Mas afinal de contas, do que vocês estão falando? – Disse Emme, emendando logo com aquele jeito sedutor dela, acho que ela estava querendo impressionar Remus e Gideão ao mesmo tempo, espertinha. – Nós nascemos sedutoras, seduzimos até escovando os dentes.



Gargalhei, junto com as meninas e os meninos.



— Seduzimos até entre os gritos das mandrágoras.



— Quando vocês pensam que os meninos desmaiaram por causa dos gritos, na verdade foi por causa da nossa beleza. – Emendei a deixa da Lilly, e gargalhamos, enquanto Sirius virava o rosto de lado para olhar diretamente pra mim com uma cara de “não sabia que você era assim”, enquanto ria, daquele jeito que parecia um latido e eu achava absurdamente lindo e sensual. Os pelos dos meus braços até arrepiaram.



— Estou dizendo que essas meninas são impossíveis. – Disse Remus entre os risos, o que fez Wood e Gideão concordarem entre risadas.



— Vocês deveriam ser nossas líderes de torcidas, para animar os jogos.



— Palhaças de torcidas, você quer dizer, né Wood. – Eu disse, ao comentário dele e ele riu, balançando a cabeça levemente e acariciando meus cabelos de uma maneira estranha e calorosa, de repente achei que aquela cerveja amanteigada estava me deixando quente demais, meu rosto esquentou igual o sol nascente e eu derreti como neve nos galhos do salgueiro lutador. Detalhe básico que tudo isso aconteceu enquanto Sirius olhava de mim para Wood com a testa franzida, sem me deixar entender nada.



Oh, meu Merlin, será que ele estava pensando que o tal garoto que eu queria impressionar...?



— Tenho certeza que dariam apelidos mais bonitos pra vocês. – Wood disse carinhosamente, mas sua gentileza não durou muito.



— Tipo Rei bobo da corte. – Disse Lilly, gargalhando e alguns de nós ficamos olhando para ela meio sem entender. Lilly e essas manias trouxas dela, mas a gargalhada de Gideão foi tão alta que de repente parecia que todo mundo sabia do que a Lilly estava falando.



— Tipo, rainhas da torcida. – Emendou James, piscando pra Lilly, fazendo a gente confundir a Lilly com seus cabelos.



— Tá esse papo tá super legal mas, cadê as cervejas? – E todos nós rimos. Só a Emme mesmo.



— Bem que não seria uma má ideia se tivéssemos umas líderes de torcida, igual os trouxas fazem naqueles jogos estranhos que assistimos na casa do Remus na última férias, lembra Pontas? – Disse Sirius, agora todos com os ânimos mais calmos, e menos histéricos.



— Verdade, aquilo era demais!



— Vocês estão falando do futebol americano né? Assisti na casa do Gideão nas férias também, nossa, aquilo era muito demais, Potter!



— Tinha cada uma mais do que a outra, Merlin do céu... – Emendou Sirius, e de repente estava eu, Emme, Lilly e Alice nos entreolhando, enquanto os garotos falavam de garotas no meio de garotas. Onde esse mundo vai parar, Merlin?



— E aqueles jogadores? – Disse Emme, enquanto eu emendava, como se nós meninas de repente iniciássemos uma conversa paralela falando de garotos no meio de garotos. Sabe como é.



— Aquilo são mesmo músculos embaixo daquelas camisas ou eles colocam enchimento? Merlin do céu...



— E aquele loiro de barba rala e olhos azuis? – Disse Lilly fazendo James encarar a ruiva com as sobrancelhas erguidas, a boca entreaberta e o rosto mais sério que eu já fui capaz de ver nele em sete anos de Hogwarts, parecia que ele estava vendo a Sonserina acabando com a Grifinória, sentado no banco de reservas, sem poder fazer nada. Bem assustado.



— Ah não Lilly, eu vi primeiro! – Eu disse, entre risos de nós meninas enquanto Alice emendava. – Tudo bem garotas, eu fico com aquele de olhos verdes.



— E que músculos! – Dissemos nós quatro e gargalhamos enquanto o silencio dos meninos predominava ao que todos nos olhavam com cara de assustados e estranhos pensando algo como “Elas estão mesmo falando de homens no meio de homens?”



Pois é, parece que o jogo virou, não é mesmo?



— O que será que estão servindo a parte nessa festa que não nos ofereceram ainda? – Disse James e todos gargalharam, nós meninas jogando os cabelos para trás e nos sentindo vitoriosas. Não mecham com quem vocês não podem vencer, meninos. Fica a dica ;)



— Essas meninas são mesmo impossíveis. – Disse Wood e todos gargalharam ainda mais.



Aquela conversa estava ficando repetitiva demais.



— Somos um arraso, admitam ou não. – Eu deixei meus pensamentos falarem mais alto, e aproveitando a deixa, joguei meus cabelos para trás, charmosamente, o que fez Wood e Sirius me olharem e depois se entreolharem como quem diz “Falou, ta falado”, pois é.



Zack e Ollie, uns garotos do sétimo ano que pareciam conseguir qualquer coisa, eu tinha certeza que eram eles que contrabandeavam as coisas naquelas festas, se aproximaram com uma caixa cheia de cervejas amanteigadas e todos nós pegamos uma e ficamos alguns segundos em silencio saboreando nossas bebidas deliciosamente quentes.



— Fiquei sabendo que o Zackary vai jogar como apanhador amanhã. – Disse Wood pra quebrar o silencio nada constrangedor, na verdade era aquele tipo de silencio legal entre amigos, levando em consideração que aquilo não era bem um grupo de amigos; Na verdade bem dita, eu não era amiga de Gideão, tinha uma quedinha, confesso, por Wood, eu só era mais amiga do James, apaixonada por Sirius, só falava o básico com Remus, Lilly era amiga de Remus, odiava ou dizia odiar James, achava Sirius exibido, metido e galinha, igual ela falava do James, não conversava com Wood e  pelo que eu sabia só conversava com Gideão de vez em quando porque tinham amigos em comum e Emme tinha uma queda por Gideão e Remus, mas até onde eu sabia ela não era amiga de nenhum dos dois, talvez um pouco do Remus, não era amiga do James, só falava o básico com ele e com Sirius, e não tinha nenhuma amizade com Wood, muito menos. Alice só conhecia todos ali presentes porque eles eram amigos, mais ou menos nossos, mas todos amigos de Frank, então ela basicamente só os conhecia, porque quem conversava com eles era seu namorado.



E os meninos se conheciam porque jogavam quadribol juntos, exceto Gideão e Remus que não jogavam, mas como eram homens e amigos dos caras do time, acho que nem precisavam jogar para serem amigos.



Então era um grupo de amigos bem esquisito, diga-se de passagem, e naquela noite, estava bem mais esquisito do que o normal.



— Ele é um bosta. – Disse James, virando um gole de sua cerveja amanteigada, enquanto eu fazia o mesmo, sentindo uma estranha mão acariciando minhas costas, sem saber se era Wood ou Sirius. Merlin, não diga que eu estou começando a ficar vermelha.



“Sim, você está”.



— Enquanto ele estiver substituindo o Johnson, nós vamos continuar ganhando deles. – Os garotos riram com o comentário de James e eu olhei disfarçadamente para Sirius, sentado ao meu lado. Ele estava virando um gole de sua cerveja e olhava pelo canto dos olhos pra Wood e depois olhou para mim, pega de surpresa, sorri sem jeito e pigarreei, escorregando na poltrona pra frente e afastando a mão de quem quer que fosse das minhas costas, o que fez Wood me olhar com um olhar interrogativo.



Merlin, não me diga que o Wood está flertando comigo com Sirius bem ao meu lado, por favor, não me diga isso.



“Sim, está”.



Tossi e virei um grande gole da minha cerveja amanteigada, enquanto Emme me olhava com cara de interrogação e Lilian tentava disfarçar o que quer que estivesse acontecendo por ali.



— A Grifinória está com um time ótimo, não tem ninguém capaz de tirar essa taça de vocês. – James sorriu, docemente, enquanto olhava pra Lilly de maneira carinhosa.



— Bom, devo concordar com a Lilian. – Disse Sirius. – Ninguém tira essa taça da gente.



— Com essas líderes de torcida do nosso lado então... – Emendou Wood e todos nós rimos, enquanto eu sentia o rosto esquentando novamente ao sentir a mão de Wood na minha cintura.



Me sentindo estranha com aquela situação, me levantei com tudo e todos me olharam, sem entender nada. Eu adoraria ser bajulada, flertada, atacada, ou qualquer adjetivo que fosse desse gênero por Wood, mas não ali, e não com Sirius, lindo, maravilhoso e cheiroso ao meu lado.



— Ta tudo bem, Lene? – Indagou Emme, sem entender nada, franzindo a testa enquanto todo mundo resolvia me encarar para me deixar mais vermelha ainda.



Dei uma risada sem graça e falei a primeira mentira que me veio à cabeça.



— Tô morrendo de calor com todas essas cervejas, acho que vou dar uma volta no castelo pra ver se esfrio.



— Se você quiser que a gente... – Começou Alice, mas foi interrompida por Wood.



— Eu acompanho você, Lene. – Quase engasguei e tossi para disfarçar, me virando para olhar pra Wood e disfarçadamente para Sirius que parecia que tinha comido alguma coisa ruim e estava com má digestão.



Como eu ia sair dessa? Virei-me para Emme, ela sempre tem uma solução para tudo, ela entenderia meu desespero, como eu ia deixar Wood flertar comigo ali, descaradamente, na frente do Sirius, uma vez que eu estava com todo aquele plano de Estágio um de conquistando SB?



Encarei Emme com minha melhor cara de “pelo amor de Merlin, me ajuda”, mas ela apenas sorriu, radiante, como se Remus estivesse acariciando as costas dela também. Será?



— Acho uma ótima ideia você acompanhar ela, Wood, é perigoso a Lene ficar andando por ai sozinha! – Ela deu aquele sorriso lindamente radiante e sensual, e eu fiquei olhando para a cara dela, tipo “HÃ? COMO ASSIM? ERA PRA VOCÊ ME AJUDAR, O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO EMELLINE VANCE?”



Ela nem pareceu notar meu desespero, pois continuou me olhando com aquele sorriso estupidamente grande demais para a boca dela.



Qual era a dela?



Levei um susto quando ouvi aquela voz rouca, meio sexy, dizer em seguida.



— Eu vou com vocês, também tô precisando tomar um ar, esse salão ta muito quente.



E de repente todos estavam olhando pra nós três, pensando, “Mas que porra está acontecendo aqui?”



Era o que eu adoraria saber.



— Almofadinhas... – Começou James e vi ele e Remus olhando para Sirius, como se nem eles estivessem entendendo.



Eu estava começando a entender aquele olhar de James, era algo como “O Wood tá afim de pegar a Lene, o que você vai fazer indo junto com eles?”



Merlin, por favor, me ajuda, o que eu faço?



Eu sei o que você deve estar pensando, deve estar pensando algo como “Qual é, Marlene, você acabou de dizer que o Wood é um gato e você confessa que tem uma quedinha por ele, então por que não aproveita e fica logo com ele, o Sirius é mesmo um galinha, quem sabe você não tem sorte com o Wood, né?”



Pois é, eu adoraria pensar assim como você, mas o que eu posso fazer se meu coração, mente e alma é toda desse malandro de olhos azuis acinzentados, voz rouca, risada igual um latido de cachorro e aquele sorriso que esmaga tudo dentro de mim?



Trocaria até o jogador mais lindo do futebol americano trouxa lá por ele, você consegue entender isso?



Loucamente apaixonada e naquele momento, totalmente perdida, desconsolada, confusa, sem saber o que fazer.



— Merlin, preciso de ar. – Foi tudo o que eu disse, antes de sair caminhando em direção ao buraco da mulher gorda, não sem antes ouvir claramente a voz da Emme:



— Essa vai ser boa.



Qual era a dela?



O ar fresco do corredor bateu em mim como um balde de água fria, esfriando meu corpo quase que de repente, mas o frio não chegou tão cedo, foi como se amenizasse o calor que percorria por minhas veias e me fizesse respirar melhor.



Sai andando pelo corredor em direção as escadas que me levariam para baixo, eu nem sabia para onde estava indo, mas como meus passos eram lentos e silenciosos, logo Wood estava do meu lado e Sirius do outro.



Situação constrangedora.



— Imagina se o Filch aparece agora. – Disse Sirius, fazendo eu e Wood olharmos para ele com cara de quem diz “vira essa boca pra lá”.



— Ou pior ainda, pirraça. – Disse Wood, e dessa vez fui eu apenas que olhei feio pra ele, enquanto Sirius tentava reprimir a gargalhada.



— Seria muito hilário. Eu adoro o pirraça, ele adora infernizar os alunos, mas adora ainda mais infernizar o Filch.



— É, é muito fácil fazer ele correr atrás do Filch. – Eu estava assim, meio que parecendo que estava assistindo aquelas partidas trouxas de tênis, onde você vira a cabeça de um lado para o outro, sem entender porra nenhuma.



Sirius dessa vez gargalhou, junto com Wood.



— E quando eu falo, Pirraça olha só, alunos do primeiro ano. Ele sai voando que nem louco atrás dos pobres coitados.



Os dois riram, e de repente eu pensei que poderia deixar os dois ali, sozinhos, num encontro amoroso, eles estavam se saindo muito bem e eu estava tipo, sobrando.



— Qual é, ele nunca fez nada contra vocês? – Eu disse, tentando sair do anonimato, ou dizer, “oi, foi por mim que vocês vieram, ou vocês por acaso são gays e só queriam ficar sozinhos? ”



Vai saber né.



— Não, se você souber fazer o jogo dele. – Começou Wood, e Sirius emendou.



— É muito fácil pra mim e pro James, na verdade é o Pirraça que nos ajuda na maioria das encrencas que arrumamos por ai.



Dessa vez tive que encarar Sirius e erguer as sobrancelhas, surpresa.



— E eu fazendo trabalhos de poções para o Senhor, Sirius Black, enquanto você voa por aí infernizando pobres coitados do primeiro ano. Bom saber.



Sirius gargalhou diante da minha brincadeira e viramos à esquerda, entrando num corredor mais escuro.



Estava tão distraída com os meninos que nem reparei para onde estava indo até me dar conta de uma coisa que me fez congelar por dentro: Aquele era o corredor dos encontros.



Fato que foi confirmado muito logo passamos por um bequinho onde um casal fazia mais barulho do que se beijava.



Esse corredor era chamado assim porque tinha diversos buracos entre as paredes que chamávamos de ‘becos’, nesses buracos antigamente ficavam algumas estatuas de ferro, mas há alguns anos eles mudaram de lugar e ali ficou só os buracos, excelentes para jovens casais adolescentes darem o que chamam de uns amassos, sem ninguém ver até que passe em frente, as vezes você não vê exatamente, só ouve.



Senti meu rosto esquentar mais do que com a cerveja amanteigada e olhei pro chão, super sem graça, e então ouvi a risada rouca de Sirius, o que eu percebi que era de mim porque quando ergui os olhos e o olhei, ele estava me olhando e rindo, com cara de quem acha graça.



— O Corredor dos amassos. – Disse Wood risonho, e Sirius riu mais ainda.



— Conheço bem esse lugar. – Fiz uma careta diante daquele comentário de Sirius e emendei com cara de poucos amigos.



— Imagino mesmo. – Revirei os olhos. – Uma por dia, ou seriam duas?



Sirius gargalhou como se aquilo fosse uma piada, okay, eu podia até estar exagerando, mas que eram mais de uma na semana, isso com certeza eram.



— Oloco, Black. – Riu Wood, e eu senti que ficou no ar uma frase tipo “Passa a senha ai, camarada.”



Homens. Revirei os olhos e continuei andando e olhando para a frente, evitando olhar para o lado e ignorando o barulho de beijos.



Imagine a cena constrangedora que eu estava.



Num corredor meio escuro, aceso apenas por tochas fracas, ao lado do cara que eu sou apaixonada e do outro o cara por quem eu sou meio afim se o cara que eu sou apaixonada me descartar de vez ou sei lá, me fazer perder as esperanças definitivamente, tipo namorando ou casando com alguém, e nada mais do que o silêncio entre nós sendo quebrado apenas por barulhos de sucção e baba e muita língua.



Queria enfiar minha cabeça num buraco ou sair correndo.



— Vocês homens são tão... – Deixei a frase no ar, no que Wood e Sirius me encararam, esperando que eu terminasse a frase sem ofendê-los. – Sem sentimentos?



Black riu e Wood balançou a cabeça sem dizer nada.



— Por que? Porque beijamos?



Soltei uma gargalhada com aquele comentário, o que ele queria dizer? Que eu nunca tinha beijado na vida porque era uma garota? Oi, eu já beijei você, se lembra?



— Nós também beijamos, mas não fazemos isso com qualquer um, qualquer hora ou qualquer dia, assim, do nada, se não tiver um sentimento no meio.



OPSSS... Droga! O que eu acabei de dizer?



Sirius franziu a testa e me olhou, aposto que ele captou o que não devia captar, mas Wood não sabia da história por isso respondeu o meu comentário, tranquilamente.



— Bom, nem todo beijo tem necessariamente um sentimento, as vezes não, as vezes sim, depende muito. As vezes beijamos alguém pelo momento, mas as vezes realmente queremos estar ao lado daquela pessoa, beija-la, abraça-la e ficar ali o máximo de horas possíveis.



Ufa!



— Exatamente! – Disse esperançosa de que Sirius sacasse o que deveria sacar. – Nem sempre todo beijo tem sentimento.



Sorri, achando que tinha vencido essa e olhei em direção a Sirius que me encarava com a sobrancelha erguida.



— Nem todo beijo? – Indagou ele. – Então você é igual nós, beija sem sentimentos, não pode falar muito, afinal de contas.



Droga!



— Às vezes são momentos, como disse o Wood. – Ele ficou me olhando por segundos, então deu de ombros e olhou para a frente.



— Tudo são momentos, alguns momentos duram mais do que outros, só isso. É que vocês meninas, normalmente, esperam o príncipe e coisa e tal, por isso tem menos namorados que nós homens.



— A maioria de vocês nem namoram né.



— Não se esqueça que se beijamos alguém só por beijar, a menina também faz isso, não beijamos homens, então no final das contas, algumas meninas são iguais a nós.



Pensei sobre aquele comentário de Sirius e conclui que ele tinha razão.



— Nesse caso, essas garotas são as fadas mordentes atiradas. – Eu disse sem pensar, me referindo àquelas Grindylows que davam em cima de Sirius, e os garotos gargalharam com meu comentário.



O corredor estava chegando ao fim. Ufa!



Quando estávamos prestes a virar o corredor, tinha dois becos vazios, um de cada lado, pude notar, Wood parou e consequentemente Sirius e depois eu, olhando, sem entender nada, para os dois.



— O que...? – Tentei dizer, mas Wood sorriu sem jeito e Sirius me encarou, para depois olhar pra Wood, como quem espera o que o outro vai dizer.



— Não me digam que vocês são gays e vieram aqui se pegar, e eu só vim pra disfarçar a saída de vocês. – Disse eu, quase acreditando que aquela teoria poderia ser verdade, aquilo estava bem esquisito, sabe.



Ai Merlin, eu me jogo pra lula gigante me comer ou brinco de lutinha cara a cara com o salgueiro lutador se o Sirius for gay.



Wood gargalhou e Sirius gargalhou junto, a piada pareceu ser tão boa que eu percebi que algumas sucções pararam e Sirius até apoiou as mãos nos joelhos, de tanto que ria.



— Meu Deus, Lene, de onde você tira essas ideias bizarras? – Gargalhou Sirius e Wood respirou fundo, como se estivesse recuperando o folego.



— Que isso, Kinnon, eu lá tenho cara de gay, o Sirius não faz meu tipo, não. – Wood gargalhou.



— Eu não curto barbudo.



A piada agora era eu, obviamente.



— Ai! Desculpa, é que vocês estavam tão esquisitos, sei lá né.... – Eles riram mais ainda, e Sirius deu de ombros, ainda risonho.



— Melhor voltamos, era isso que eu ia dizer quando vocês pararam.



Wood assentiu, vermelho de tanto rir e os dois deram meia volta, me deixando sem entender porra nenhuma.



Segui eles, ainda com cara de quem não entende nada, quando Wood diminuiu o ritmo e pigarreou, meio sem jeito antes de dizer.



— Tudo bem se você voltar sozinho, Black? – Congelei, parando de repente, vendo Sirius parar e me encarar.



— Na verdade, tava pensando em você voltar sozinho, Wood. – Disse Sirius e eu comecei a gargalhar, histérica.



Merlin, quando é que vou acordar? Tá muito hilário esse sonho de hoje.



— Esse é o sonho mais bizarro que eu já tive até hoje. – Comecei a rir e os dois me encararam, se entreolhando, sem entender muita coisa.



Aposto que os casais do corredor dos amassos nunca viram tanta emoção ali, como aquela noite.



— Lene...? – Sirius tinha se aproximado mais, e ali estava eu: Parada e bem próximo a mim do lado direito estava Wood, com aquele peitoral todo forte e ele todo lindo e gentil, e do lado esquerdo estava Sirius com aquele sorriso número seis, maravilhoso, os cabelos caídos sobre os olhos, os lábios entreabertos por causa do sorriso confuso e eu tremendo ali, pensando, “mas que porra é essa? Não tô entendendo nada”.



Peraí, o Sirius disse que queria que o Wood voltasse sozinho? Então... ele queria que...



— Merlin, as meninas têm razão, eu sou muito lerda! – Deixei meu pensamento escapar alto, enquanto Sirius respondia de volta.



— Realmente. – De repente ele deu dois passos à frente e eu congelei por dentro enquanto ele parava a minha frente, segurando de leve meu braço, tenho quase certeza que ele ia me beijar, e só não fez isso porque no mesmo instante eu olhei para o lado e vi Wood, franzindo a testa e parecendo que estava jogando Quadribol, indo defender o gol, dando um passo à frente também.



Ai Merlin!



Assustada, dei alguns passos para trás, me desvencilhando de Sirius.



— Que brincadeira é essa? Vocês enlouqueceram?



— Era ele? – Indagou Sirius, ignorando minhas perguntas, sem desviar os olhos de mim, e eu saquei o que ele queria dizer, o tal garoto inexistente que eu dissera para ele que estava tentando seduzir.



Poxa, Wood, você podia ter avisado antes né?



O que eu ia fazer, meu Merlin?



Agora eu conseguia entender perfeitamente a frase da Emme, “Essa vai ser boa!”, quem vai vencer?



Sirius, é claro.



Mas eu não podia fazer isso, certo?



Não seria legal com nenhum dos dois, por mais que eu adorasse a ideia de me agarrar com Sirius naquele bequinho, mas daí eu seria igual aquelas grindylows de saia, não seria?



Desesperada, não consegui fazer nada além do que já estou acostumada a fazer:



Eu me virei e... corri.



 



 



 



*N/A



 



Caramba que capitulo foi esse?

Marlene que até ontem não tinha ninguém, muito menos o Sirius, agora tem dois pra escolher kkkkkkkkk

Divide comigo ai Lene, por favor, mas pode ficar com o Wood que eu cuido do Six pra você ;)



E ai, o que vocês acharam?

Será que o Sirius realmente tá afim dela?

Será que é sentimentos ou só tá afim de uns beijos e só?



Demorei pra terminar o capítulo porque minha vida está uma loucura, mas agora estou finalmente de férias na faculdade e posso escrever a noite, já que durante o dia é vida de escrava Isaura né kkkkkk

Mas prometo tentar ser mais rápida com o próximo capitulo.



Comentem mais, e eu me apresso mais

:P



Ah, deixando aqui meu site, pra quem gosta de criticas de livros e coisa e tal



www.lanahblack.com.br



 


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Comentários (3)

  • Jamii Altheman

    Comecei hoje e já li todos os eps. por favor continuaa *-*Ando muito triste por aqui porque ninguem mais continua as fics. Fico no aguardo.Abraços 

    2015-10-18
  • Bru Mckinnon Black

    Ameiiii o Six disputando pela Lene!! continua logo, ok? Ah, avisa a Lene que eu prefiro o Six! Hahaha! Bjs

    2015-07-18
  • Clenery Aingremont

    Emmeline safaaaada hahaha que fetiche estranho esse dos nomes.Gente, se o Wood pai é como o Wood filho, socorro! HahahahaA Emme tipo: "aproveita a chance e causa ciúmes".

    2015-07-09
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