Eu sabia que não ia dar certo.

Eu sabia que não ia dar certo.



 


Eu tive um sonho estranho. Meus pais tinham morrido. Você-Sabe-Quem os matou. E eu voltei no tempo... Conheci um garoto... E então morri. Quando acordei, me certifiquei de ouvir os passos rápidos da minha mãe na cozinha e o barulho de jornal vindo da sala, onde meu pai estava sentado. Sorri, feliz por ter sido apenas um pesadelo terrível. Como hoje era um dia especial (digo isso porque pela primeira vez em sete anos, eu iria sozinha comprar meus materiais!) levantei rapidamente, coloquei uma roupa trouxa bem simples, e corri até a cozinha para abraçar minha mãe.

- Aaah! Obrigada por me deixar fazer isso, mãe! Hoje vai ser maravilhoso! Eu até chamei a Mackie para ir comigo! - eu dizia, enquanto andava por aí catando possíveis coisas que eu comeria no café da manhã - Sabe, acho que vou comprar uniformes novos, afinal eu quero terminar o último ano com estilo!

- Filha, eu não acho que seja uma boa idéia você ir sozinha... Os Comensais...

- Mãe! Nós somos <i>a favor</i>, nada vai me acontecer! E, afinal, os pais da Mackie são Comensais da Morte, então eles não vão fazer nada... Pare de se preocupar!

Minha mãe olhou de esguelha para meu pai, que estava sério. Os dois estavam preocupados de verdade. Será que eles não entendiam?! Se eu me encontrasse com um Comensal, ia ser maravilhoso! Quer dizer, eu iria perguntar se poderia me juntar a eles e poderia até conhecer Você-Sabe-Quem! Meu dia ia ser ótimo e meus pais estavam estragando tudo.

- Vou tomar café no Caldeirão Furado.

E aparatei. Sei que fui muito mal-educada, mas... Eu queria viver a vida! E não ficar com medo de tudo! Enfim, fui parar em frente à casa da Mackie, que estava dormindo, segundo sua mãe. Eu amava minha amiga, mas ela era preguiçosa demais! Se deixassem, ela dormiria o dia todo sem remorço algum! E bem, os pais dela não estavam exatamente preocupados com o quanto a filha dormia. Então eu fiquei sentada na sala, olhando para os dois adultos que me encaravam, esperando minha amiga acordar. Foram duas horas muito longas.

- O que você tá fazendo aqui, Mari?! Achei que a gente iria se encontrar no Caldeirão...

- Meus pais piraram e eu fugi.

E ela foi tomar café. Pense numa pessoa devagar: era ela. Demorava pra acordar, andar, dormir, comer, falar, pensar... Não sei o que seria da minha amiga no futuro. Quando finalmente saímos, aparatamos em um beco vazio de Londres, perto da entrada para o Beco Diagonal. Foi só quando entramos no Caldeirão furado que percebemos como tudo estava diferente. As poucas pessoas que estavam ali pareciam apavoradas, encarando um homem sentado ao balcão. Ele não parecia notar. Sem querer chamar atenção do homem, passamos rápido por ele e fomos até o Beco. Acho que agora eu estava começando a entender o que minha mãe queria dizer.

Foram longas horas as que passamos perambulando pelas ruas destruídas. Poucas lojas estavam abertas. A loja de varinhas estava destruída. Acho que de nós duas, eu era a mais corajosa, porque a Mackie ficava o tempo todo arfando e pedindo para irmos embora. Eu disse a ela que não tinha motivos pra ela ficar daquele jeito... Mas ela se apavorava sozinha. Só quando entramos na Gemialidades Weasley foi que ela se acalmou um pouco. Compramos todos os tipos de doces e coisinhas pra passar mal na aula. Mas o que ela queria mesmo era o frasco com poção do amor. Mas eu não sei pra quem ela pretendia dá-lo. Ok, eu sei. Ela era apaixonada pelo Harry Potter. Ela e mais um milhão de garotas. Mas eu sempre achei aquele menino metido demais e feioso demais. Eu, pessoalmente, preferia o Draco Malfoy. Mas ele não estava em lugar algum, então... é.

Quando finalmente terminamos nossas compras, aparatamos para minha casa. Eu tive que implorar para ela vir comigo e dizer aos meus pais que tudo estava bem e que ninguém morreu.

Só que não era verdade.

Assim que chegamos, notei que a porta estava destroçada. Na verdade, não era bem um detalhe que precisasse ser notado. Quem fez aquilo não estava preocupado com as pessoas que veriam. Larguei minhas sacolas no chão e corri para dentro. Tudo estava virado, móveis queimados, fotografias jogadas pelo chão. O chão ensanguentado. E uma mão branca esticada por trás do sofá caído. Uma mão morta. Não tive coragem de chegar mais perto. Eu estava em choque. Era tudo igual ao meu sonho. Meu pai deveria estar no andar de cima, então... Corri até lá, sabendo que, se fosse <i>realmente</i> igual ao sonho, ele ainda estaria vivo. E eu poderia perguntar quem fizera aquilo. Ele estava caído, respirando com dificuldade, se afogando com o próprio sangue. Minhas lágrimas tiraram um pouco do vermelho que tomava conta do seu rosto. Meus lábios formaram a palavra "pai", mas nenhum som saiu. E ele disse, num sussurro inaudível, o nome dele. "Voldemort". Apontou para uma moldura vazia, e morreu. Eu sabia que naquela moldura estava uma foto de nós três, como família, brincando na neve. Mas a foto não estava ali. Como no meu sonho, ela tinha desaparecido.

Então, eu senti um solavanco. Senti meu estômago pular, a falta de gravidade, e então a dor. Meu corpo todo doía. Eu estava deitada em uma maca na Ala Hospitalar de Hogwarts. Mas eu me via de longe. Eu não flutuava nem nada, só estava parada ali, como se olhasse para uma garota qualquer. Ao lado do meu corpo, estava Dumbledore. Ele parecia sofrer imensamente ao me olhar daquele jeito. Meu corpo estava despedaçado. Minhas pernas estavam inteiras roxas, meus braços estavam enfaixados e meu rosto estava retorcido de dor. E eu sentia a dor. Era horrível.

A porta se abriu com um estrondo, anunciando a chegada dele. Tom. Ele parecia irado, seus punhos fechados, os olhos frios.

- O senhor disse que ela melhoraria! - ele bradou.

- Tom, sinto muito... Mas acho que não há nada que possamos fazer. Ela está morrendo.

Eu podia sentir a tristeza na voz de Dumbledore. Tom não disse nada. Ele apenas se retirou, largando a porta aberta e empurrando os alunos que estavam em seu caminho. É uma desgraça conhecer bem demais o Lorde das Trevas: ele estava tramando alguma coisa, maquinando alguma ação perversa. O brilho vermelho em seus olhos o entregava. Mas não pude segui-lo. Eu estava presa ao meu corpo. Mas, apesar de querer saber o que Tom iria fazer, teve outra coisa que me fez arfar. Dumbledore disse que eu estava morrendo. Seria por isso que eu estava fora do meu corpo, me olhando, esperando alguma coisa acontecer? O homem velho me olhava como se estivesse pedindo desculpas, ele estava arrependido e tudo aquilo o lembrava de outra pessoa. Mas eu não sabia quem era. Não demorou muito para eu perceber que iria mesmo morrer. A cada hora que se passava eu ficava mais pálida, a cada segundo me sentia mais fraca. Eu estava pronta para o fim.

Mas foi só no dia seguinte que meu corpo começou a agonizar de verdade. A respiração falha, a cada batida, o coração parecia vencer uma maratona. O professor, que não saíra do meu lado, levantou-se e disse à enfermeira que eu estava morrendo. Todos estavam esperando pelo momento em que eu desse meu último suspiro. E então ele entrou. Tom carregava um frasco com uma poção, com certeza na esperança de poder me salvar. Mas já era tarde, eu sabia. Eu já estava desaparecendo. Só consegui ouvir a briga, Dumbledore dizendo que era tarde demais, Tom dizendo que não, a enfermeira os mandando para fora. Um estalo de feitiço, o velho gemendo, a senhora desacordada. E mais nada.

. . . 

Quando abri os olhos, esperava encontrar um lugar diferente, e não aquele teto sujo de pedra. Achei que as minhas duas mãos estariam sendo apertadas, uma por meu pai e outra por minha mãe, mas apenas uma estava. Tudo estava embaçado, inclusive a sombra preta da pessoa ao meu lado. Ele sorriu. Afinal, quem mais poderia ser?

- Tom...? - Ele me fez calar e então sorriu de novo, me abraçando. Senti seu rosto molhado e quente. Estaria ele, Lord Voldemort, chorando?!

- Você está bem... Você está bem... - eram palavras mais dirigidas a ele do que a mim. Ele sussurrava isso sem parar, aliviado, como se não acreditasse de verdade. Eu apaguei de novo.

Ao acordar de novo, eu já me sentia melhor, como se pudesse levantar e sair correndo por aí. Descobri que o que me salvou foi a poção de Tom e que a tal flor anulava todo o efeito venenoso da minha poção. Ou seja: ela era essencial. Ou seja de novo: eu estava presa nesse lugar. Pelo menos agora eu sabia que Tom iria me apoiar, certo? Certo?

Quero dizer, talvez, com uma pessoa ao lado dele, ele não queira se tornar quem ele será. Talvez ele se contente com uma vida normal, sem matança. É o que eu quero. É o que desejei quando ele veio me ver de novo, trazendo sapos de chocolate e parecendo o garoto mais doce que alguém poderia encontrar. Tom me disse que estava cuidando das minhas tarefas escolares e que as meninas da Sonserina estavam preocupadas comigo. Digamos que eu tenha recebido um relatório completo do que aconteceu na minha ausência. Eu ria das coisas idiotas que ele me contava e concordei quando ele falou que o professor Slughorn era um pouco maluco. Aparentemente, ele oferecera um frasco de Felix Felicis a quem conseguisse preparar a poção do morto-vivo, o que fez os alunos se descabelarem em desespero, mas foi Tom quem conseguiu. Digamos que ele seja bom demais para que os outros consigam vencê-lo em alguma coisa.

E foi aí que eu percebi: eu estava apaixonada pelo homem que matou meus pais.


Eu tive um sonho estranho. Meus pais tinham morrido. Você-Sabe-Quem os matou. E eu voltei no tempo... Conheci um garoto... E então morri. Quando acordei, me certifiquei de ouvir os passos rápidos da minha mãe na cozinha e o barulho de jornal vindo da sala, onde meu pai estava sentado. Sorri, feliz por ter sido apenas um pesadelo terrível. Como hoje era um dia especial (digo isso porque pela primeira vez em sete anos, eu iria sozinha comprar meus materiais!) levantei rapidamente, coloquei uma roupa trouxa bem simples, e corri até a cozinha para abraçar minha mãe.


 


- Aaah! Obrigada por me deixar fazer isso, mãe! Hoje vai ser maravilhoso! Eu até chamei a Mackie para ir comigo! - eu dizia, enquanto andava por aí catando possíveis coisas que eu comeria no café da manhã - Sabe, acho que vou comprar uniformes novos, afinal eu quero terminar o último ano com estilo!


 


- Filha, eu não acho que seja uma boa idéia você ir sozinha... Os Comensais...


 


- Mãe! Nós somos a favor, nada vai me acontecer! E, afinal, os pais da Mackie são Comensais da Morte, então eles não vão fazer nada... Pare de se preocupar!


 


Minha mãe olhou de esguelha para meu pai, que estava sério. Os dois estavam preocupados de verdade. Será que eles não entendiam?! Se eu me encontrasse com um Comensal, ia ser maravilhoso! Quer dizer, eu iria perguntar se poderia me juntar a eles e poderia até conhecer Você-Sabe-Quem! Meu dia ia ser ótimo e meus pais estavam estragando tudo.


 


- Vou tomar café no Caldeirão Furado.


 


E aparatei. Sei que fui muito mal-educada, mas... Eu queria viver a vida! E não ficar com medo de tudo! Enfim, fui parar em frente à casa da Mackie, que estava dormindo, segundo sua mãe. Eu amava minha amiga, mas ela era preguiçosa demais! Se deixassem, ela dormiria o dia todo sem remorço algum! E bem, os pais dela não estavam exatamente preocupados com o quanto a filha dormia. Então eu fiquei sentada na sala, olhando para os dois adultos que me encaravam, esperando minha amiga acordar. Foram duas horas muito longas.


 


- O que você tá fazendo aqui, Mari?! Achei que a gente iria se encontrar no Caldeirão...


 


- Meus pais piraram e eu fugi.


 


E ela foi tomar café. Pense numa pessoa devagar: era ela. Demorava pra acordar, andar, dormir, comer, falar, pensar... Não sei o que seria da minha amiga no futuro. Quando finalmente saímos, aparatamos em um beco vazio de Londres, perto da entrada para o Beco Diagonal. Foi só quando entramos no Caldeirão furado que percebemos como tudo estava diferente. As poucas pessoas que estavam ali pareciam apavoradas, encarando um homem sentado ao balcão. Ele não parecia notar. Sem querer chamar atenção do homem, passamos rápido por ele e fomos até o Beco. Acho que agora eu estava começando a entender o que minha mãe queria dizer.


 


Foram longas horas as que passamos perambulando pelas ruas destruídas. Poucas lojas estavam abertas. A loja de varinhas estava destruída. Acho que de nós duas, eu era a mais corajosa, porque a Mackie ficava o tempo todo arfando e pedindo para irmos embora. Eu disse a ela que não tinha motivos pra ela ficar daquele jeito... Mas ela se apavorava sozinha. Só quando entramos na Gemialidades Weasley foi que ela se acalmou um pouco. Compramos todos os tipos de doces e coisinhas pra passar mal na aula. Mas o que ela queria mesmo era o frasco com poção do amor. Mas eu não sei pra quem ela pretendia dá-lo. Ok, eu sei. Ela era apaixonada pelo Harry Potter. Ela e mais um milhão de garotas. Mas eu sempre achei aquele menino metido demais e feioso demais. Eu, pessoalmente, preferia o Draco Malfoy. Mas ele não estava em lugar algum, então... é.


 


Quando finalmente terminamos nossas compras, aparatamos para minha casa. Eu tive que implorar para ela vir comigo e dizer aos meus pais que tudo estava bem e que ninguém morreu.


 


Só que não era verdade.


 


Assim que chegamos, notei que a porta estava destroçada. Na verdade, não era bem um detalhe que precisasse ser notado. Quem fez aquilo não estava preocupado com as pessoas que veriam. Larguei minhas sacolas no chão e corri para dentro. Tudo estava virado, móveis queimados, fotografias jogadas pelo chão. O chão ensanguentado. E uma mão branca esticada por trás do sofá caído. Uma mão morta. Não tive coragem de chegar mais perto. Eu estava em choque. Era tudo igual ao meu sonho. Meu pai deveria estar no andar de cima, então... Corri até lá, sabendo que, se fosse realmente igual ao sonho, ele ainda estaria vivo. E eu poderia perguntar quem fizera aquilo. Ele estava caído, respirando com dificuldade, se afogando com o próprio sangue. Minhas lágrimas tiraram um pouco do vermelho que tomava conta do seu rosto. Meus lábios formaram a palavra "pai", mas nenhum som saiu. E ele disse, num sussurro inaudível, o nome dele. "Voldemort". Apontou para uma moldura vazia, e morreu. Eu sabia que naquela moldura estava uma foto de nós três, como família, brincando na neve. Mas a foto não estava ali. Como no meu sonho, ela tinha desaparecido.


 


Então, eu senti um solavanco. Senti meu estômago pular, a falta de gravidade, e então a dor. Meu corpo todo doía. Eu estava deitada em uma maca na Ala Hospitalar de Hogwarts. Mas eu me via de longe. Eu não flutuava nem nada, só estava parada ali, como se olhasse para uma garota qualquer. Ao lado do meu corpo, estava Dumbledore. Ele parecia sofrer imensamente ao me olhar daquele jeito. Meu corpo estava despedaçado. Minhas pernas estavam inteiras roxas, meus braços estavam enfaixados e meu rosto estava retorcido de dor. E eu sentia a dor. Era horrível.


 


A porta se abriu com um estrondo, anunciando a chegada dele. Tom. Ele parecia irado, seus punhos fechados, os olhos frios.


 


- O senhor disse que ela melhoraria! - ele bradou.


 


- Tom, sinto muito... Mas acho que não há nada que possamos fazer. Ela está morrendo.


 


Eu podia sentir a tristeza na voz de Dumbledore. Tom não disse nada. Ele apenas se retirou, largando a porta aberta e empurrando os alunos que estavam em seu caminho. É uma desgraça conhecer bem demais o Lorde das Trevas: ele estava tramando alguma coisa, maquinando alguma ação perversa. O brilho vermelho em seus olhos o entregava. Mas não pude segui-lo. Eu estava presa ao meu corpo. Mas, apesar de querer saber o que Tom iria fazer, teve outra coisa que me fez arfar. Dumbledore disse que eu estava morrendo. Seria por isso que eu estava fora do meu corpo, me olhando, esperando alguma coisa acontecer? O homem velho me olhava como se estivesse pedindo desculpas, ele estava arrependido e tudo aquilo o lembrava de outra pessoa. Mas eu não sabia quem era. Não demorou muito para eu perceber que iria mesmo morrer. A cada hora que se passava eu ficava mais pálida, a cada segundo me sentia mais fraca. Eu estava pronta para o fim.


 


Mas foi só no dia seguinte que meu corpo começou a agonizar de verdade. A respiração falha, a cada batida, o coração parecia vencer uma maratona. O professor, que não saíra do meu lado, levantou-se e disse à enfermeira que eu estava morrendo. Todos estavam esperando pelo momento em que eu desse meu último suspiro. E então ele entrou. Tom carregava um frasco com uma poção, com certeza na esperança de poder me salvar. Mas já era tarde, eu sabia. Eu já estava desaparecendo. Só consegui ouvir a briga, Dumbledore dizendo que era tarde demais, Tom dizendo que não, a enfermeira os mandando para fora. Um estalo de feitiço, o velho gemendo, a senhora desacordada. E mais nada.


 


. . . 


 


Quando abri os olhos, esperava encontrar um lugar diferente, e não aquele teto sujo de pedra. Achei que as minhas duas mãos estariam sendo apertadas, uma por meu pai e outra por minha mãe, mas apenas uma estava. Tudo estava embaçado, inclusive a sombra preta da pessoa ao meu lado. Ele sorriu. Afinal, quem mais poderia ser?


 


- Tom...? - Ele me fez calar e então sorriu de novo, me abraçando. Senti seu rosto molhado e quente. Estaria ele, Lord Voldemort, chorando?!


 


- Você está bem... Você está bem... - eram palavras mais dirigidas a ele do que a mim. Ele sussurrava isso sem parar, aliviado, como se não acreditasse de verdade. Eu apaguei de novo.


 


Ao acordar de novo, eu já me sentia melhor, como se pudesse levantar e sair correndo por aí. Descobri que o que me salvou foi a poção de Tom e que a tal flor anulava todo o efeito venenoso da minha poção. Ou seja: ela era essencial. Ou seja de novo: eu estava presa nesse lugar. Pelo menos agora eu sabia que Tom iria me apoiar, certo? Certo?


 


Quero dizer, talvez, com uma pessoa ao lado dele, ele não queira se tornar quem ele será. Talvez ele se contente com uma vida normal, sem matança. É o que eu quero. É o que desejei quando ele veio me ver de novo, trazendo sapos de chocolate e parecendo o garoto mais doce que alguém poderia encontrar. Tom me disse que estava cuidando das minhas tarefas escolares e que as meninas da Sonserina estavam preocupadas comigo. Digamos que eu tenha recebido um relatório completo do que aconteceu na minha ausência. Eu ria das coisas idiotas que ele me contava e concordei quando ele falou que o professor Slughorn era um pouco maluco. Aparentemente, ele oferecera um frasco de Felix Felicis a quem conseguisse preparar a poção do morto-vivo, o que fez os alunos se descabelarem em desespero, mas foi Tom quem conseguiu. Digamos que ele seja bom demais para que os outros consigam vencê-lo em alguma coisa.


 


E foi aí que eu percebi: eu estava apaixonada pelo homem que matou meus pais.



 

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