Uma Doce Gota de Veneno



Capítulo 2 - Uma Doce Gota de Veneno






Nunca tive problemas de insônia, mas desde que me mudei isso tem acontecido com freqüência, pelo menos, hoje foi por algo bom: um frio na barriga e um arrepio que percorre todo o corpo, uma ansiedade boa só de pensar nas pessoas. A primeira coisa que fiz ao sentir os raios do sol atravessando a minha janela foi pensar naquele beijo, no olhar de Draco Malfoy antes de capturar meus lábios. A segunda coisa que fiz foi me lembrar do sorriso de Leo. Instintivamente, segurei o papel que ele havia me entregue na noite anterior com seu número de telefone. Deixei de enrolar na cama, levantei, abri as cortinas e janelas que revelavam um dia ensolarado, me vesti, desci as escadas cuidadosamente e fui preparar o café da manhã. Feito isso, acordei minha mãe e levei o café para ela.



- Nossa, o que aconteceu com você? – riu ela.



- Nada mãe, eu só acordei feliz.



- Uhum, sei. Realmente, não dá para esconder nada... – e ela continuou falando, mas eu já nem prestava mais atenção, lembrava do meu pai. As vezes ele me vem na cabeça, de repente. Sinto muito a falta dele. Ele diz que minha mãe é muito falante, embora ele também seja, e que ela é muito extravagante. Talvez ele pense assim por causa da maneira como ela se veste, com muitos acessórios, roupas chamativas e com o cabelo sempre bem arrumado. Não é só isso que me diferencia dela, os cabelos dela são quase loiros e seus olhos são verdes escuros.



 Enquanto minha mãe tirava a manhã para cuidar do jardim, subi para meu quarto e liguei o computador para aliviar minha ansiedade. Criei uma conta no Facebook e adicionei Chris, Leo e a Gina. Vi que Draco também tinha, mas não o adicionei, afinal nós nem conversamos direito. Eu não consigo parar de pensar nele, mesmo sem conhece-lo. E também penso no Leo. O que eu faço?



Desliguei o computador porque só consegui ficar mais ansiosa, observei a vista da sacada por um tempo, tentei estudar um pouco e incapaz de me concentrar em outra coisa, finalmente liguei para Leo.



Após um toque, ele atendeu.                                                                                                                                    - Eu sabia que você iria me ligar. – disse ele. Pelo tom de voz, imaginei que estivesse sorrindo.                                                                                                                                                                                                                                                                         - É, mas eu não costumo fazer isso. – eu disse no mesmo tom.                                                                                          - Eu também não costumo, mas abri uma exceção. – Senti meu rosto corar e abri um sorriso enorme. Conversamos por mais algum tempo e antes de desligar ele me convidou para almoçar com ele. Aceitei. Tive vontade de sair pulando de felicidade pela casa. Não conseguia deixar de sorrir, de suspirar e sentir algo crescer dentro do meu peito. Pensava que nada iria me fazer deixar essa sensação se esvair, que nada interferiria nesse sentimento, nem mesmo as dúvidas que me rondavam. Meus pensamentos foram interrompidos pelo chamado de minha mãe, desci as escadas e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, meus olhos se fixaram na pessoa parada a minha porta. Meu coração pareceu congelar, o sorriso exultante em meus lábios se desfez e minhas pernas tremiam como nunca.                                                                                        - Eu voltei, Mione. Voltei para você.



Não sabia o que dizer, pensar ou sentir. Optei pelo silencio.



- Hermione, querida, diga alguma coisa. – exclamou minha mãe. “Ela sabia” eu pensava, “ Sabia que ele vinha e não me disse nada, se é que não foi ela mesma quem planejou tudo.”



- Oi – eu disse, tentando manter minha voz trêmula, firme.



- Olhe como está emocionada, ah filha, como você é sensível. Mas também, eu guardei esse segredo a sete chaves, até pensei que tivesse descoberto, pois estava muito feliz de manhã, acho que ela sentiu a sua presença...



Eu não escutava mais minha mãe, não desviava meus olhos daquelas esmeraldas que até outro dia me hipnotizavam, embora eu as conhecesse bem, no rosto que me arrancava suspiros, nas mãos que só com o simples toque me fazia sentir um arrepio por todo o corpo. Era ele que estava na minha frente, Harry Potter, meu...namorado?                        Ele se aproximou, sorrindo, segurou minha mão por um segundo e então me abraçou. Por um momento, permaneci imóvel, somente depois retribuí o abraço. Ele me soltou olhou nos meus olhos e permaneceu segurando minha mão.



- Não está contente em me ver? – perguntou ele, sério. Parecia preocupado com a minha resposta.



- Não, não é nada disso, eu estou apenas...surpresa. – respondi. Ele não pareceu se convencer, mas não insistiu no assunto.



- Bom dia.- exclamou uma voz, vindo da porta que permanecia aberta.



- Sirius!! – minha mãe e ele se abraçaram e logo em seguida ele veio falar comigo.



- Ah Hermione, como é bom vê-la. Imaginei que ficaria assim, eu preferia que soubesse que estaríamos vindo, mas sua mãe pensou que gostaria mais de uma surpresa. – ele sorriu e minha mãe deu um tapinha de leve em seu braço. Tentei rir, mas sem sucesso. Por que isso tinha que acontecer logo agora? Eu gosto do Harry, mas...sei lá, acho que nosso namoro não tem razão pra continuar. Foi difícil deixá-lo quando me mudei, muito difpicil, e mesmo fazendo apenas uma semana, de certa forma me adaptei. Deixei meus pensamentos ao sentir que Harry me puxava levemente. Todos estavam saindo, pelo que entendi estávamos indo para a casa de Sirius e Harry.



A casa era próxima, dava para ir a pé, embora tenhamos ido no carro de Sirius. Por fora era um grande casarão, com um jardim pequeno ao redor. Havia portões grandes de ferro ao passarmos, subimos alguns degraus e entramos. Por dentro, a casa era um pouco bagunçada, mas não muito. Ao redor das janelas as cortinas eram cor de vinho, combinando com os tapetes. Os móveis eram antigos e de madeira. Fomos ao segundo andar e Harry me mostrou seu quarto. Perguntou se eu podia ajudá-lo a arrumar as coisas e eu disse que tudo bem. E foi isso, passei o dia com eles, e minha mãe os convidou para jantarem em casa.



Durante a refeição, Sirius e minha mãe conversavam animadamente, afinal eles sempre se deram muitíssimo bem. Enquanto isso, Harry segurou minha mão carinhosamente e comentou:



- Você parece estar diferente. Não parece a mesma garota, o que aconteceu?



- Não é nada. Estou ótima. – eu menti.



- Eu sei que a mudança foi difícil, para mim também foi, mas agora não se pode fazer outra coisa a não ser seguir em frente. Lembre-se que estou te apoiando. Agora não precisa mais se sentir mal, vamos estudar juntos e moramos perto de novo. Vamos continuar juntos. – eu olhei para ele ao escutar essa última frase. Engoli em seco, não dava pra imaginar isso, não agora. Se isso fosse há uma semana, eu estaria felicíssima, mas hoje não. Continuei em silencio e soltei sua mão. Ele está desconfiado, mas talvez seja melhor que fique assim, que termine comigo de uma vez, porque eu não tenho coragem de fazer isso com ele. Não com Harry, que há seis anos eu conhecia e namorava a um, não ele que eu tanto admirava. Posso não sentir mais aquele amor o qual sentia, mas ainda o quero por perto.



 



*******Narrador*******



A mansão dos Malfoy’s se localiza no bairro mais luxuoso, onde somente pessoas com um poder aquisitivo realmente elevado podem residir. A propriedade é composta de uma imensa área externa, com grandes jardins e um casarão esplêndido. Para qualquer um que passar, pode-se considerar um verdadeiro paraíso a visão dos jardins bem cuidados e fontes com uma água tão cristalina que parece surreal, embora para certos moradores daquele palácio, trata-se de uma prisão.



Em um dos diversos cômodos, uma sala com grandes janelas e sofás de couro preto, dois jovens conversavam.



- Cara, a festa foi há dois dias, já era pra essa ressaca ter sido curada!



- Andrew, não é nada disso. – fala Draco, sério para o garoto que ria.



- Então o que é? Eu sei que sua vida não é a das mais simples, mas deixa de ser tão preocupado, relaxa e curte a vida.



- Eu senti meu mundo girar de ponta cabeça, por uma garota que eu nem conheço. Ela tem algo de especial, não sei o que, mas ainda descubro. – confessa Draco, olhando para a janela.



- Você sentiu seu mundo girar? – pergunta Drew, Draco concorda com a cabeça. – Então, deve ter sido pela alta dose de álcool que você bebeu, ou talvez por alguma outra coisa que você experimentou...



- Aff Drew, para você tudo é brincadeira?  - Draco disse irritado com a postura do amigo.



- Cara, eu sou realista. Esse negócio de “Amor” não existe. E se existe, não acontece de uma hora para outra. Esse “giro” todo que você sentiu aconteceu porque você achou a mina gostosa, entendeu? Fala sério, pensei que nós tínhamos a mesma opinião. Mas, só por curiosidade, quem é a vítima?



- Se eu te contasse, nem iria acreditar. Mas deixa pra lá, você não tinha um...compromisso? – indaga Draco, com um riso malicioso.



- Compromisso que nada, sexo é casual.



*******



Num bairro longe dali, caracterizado pelos grandes arranha céus e largas avenidas, há um prédio em tamanho comparativamente menor, mantido por Draco, Zabini e Drew, contudo, alguns outros aproveitam o apartamento com os mesmo fins: um pouco de privacidade para se entregarem aos instintos. Naquele momento, só havia um casal numa das suítes, juntos ao emaranhado de lençóis, sentindo seus corpos colados.



- Como sempre, você foi absolutamente fantástica, Nicolle. – fala Zabini, ofegante.



- Eu sei, mas agora você precisa ir. – responde a garota, recuperando o fôlego e se levantando para procurar suas roupas, que estavam espalhadas por todo o chão.



- Já? Eu queria mais. – fala o garoto, rindo malicioso.



- Queria?Mas não vai ter, agora eu já tenho outros planos. – fala a loira, esnobe, terminando de se vestir.



- Você só faz isso porque quem você quer nunca te deu muita atenção, mas um dia, você vai sentir a minha falta, vai precisar do meu apoio, e quando esse dia chegar...



- Ai, deixa desse discurso, se veste de uma vez e saia logo daqui!



Após alguns minutos, sozinha no apartamento, Nicolle escuta a campainha e atende a porta. Drew chegara e ao percorrer os olhos pelo corpo perfeito da garota, que trajava um vestido curtíssimo e extremamente justo, passou a língua pelos lábios, de forma sensual e agarrou-a pela cintura.



- Hoje você é minha. – ele sussurra em seus ouvidos, e ela geme devido ao arrepio que sente no seu corpo.



*********



Nos escuros corredores da mansão Malfoy, havia um garoto de pouco mais de doze anos cujas orelhas eram um pouco pontudas, assim como o seu nariz, seus olhos eram grandes e verdes e as roupas que vestia eram simples. Trabalhava naquela mansão há mais ou menos três anos e fazia serviços como limpeza, polir os talheres de prata e arrumar livros da biblioteca da casa. Além desse menino, havia jardineiros, arrumadeiras, cozinheiras, e demais empregados. Este garoto era chamado de Dobby, e era tratado, em algumas ocasiões como um membro da família. De todos os serviçais, ele era o que trabalhava lá há mais tempo, talvez por isso a família tivesse mais confiança nele. Parou em frente a uma porta, entreaberta, e anunciou:



- Draco, seu pai está te chamando. Lá no escritório.



- Já estou indo, obrigado Dobby. – disse Draco, saindo do cômodo e andando no corredor ao lado do menino. – Já sei o porquê desse chamado, ele vai viajar de novo.



- Será? O Sr. Malfoy sempre viaja, demora a voltar e nunca explica o motivo. Você sabe por que, Draco?



- Não, e nem adianta eu perguntar, se ele quisesse-me dizer já teria feito. – responde Draco, chegando a frente de uma porta feita de madeira resistente e protegida por uma grossa barra de ferro, nela há sete trancas, todas grandes e resistentes e ao lado um painel com números, semelhante a disposição de um telefone e outro painel, que lê as impressões digitais. Ninguém pode entrar nesse escritório sem a autorização de Lúcio.



Ao sentir a porta tremer de leve, Dobby se afastou, assustado. O menino sempre ficava assim quando chegava perto do lugar. Draco também não gostava, mas assim que a porta se abriu, entrou. Não havia nada de mais no escritório, apenas uma grande escrivaninha com os papéis bem organizados, as paredes eram cobertas com quadros que ilustravam todos os antepassados da família Malfoy. O que Draco não entendia era a razão de alguém com um cargo importante no governo passava tanto tempo naquele cubículo, e a razão de ser tão bem protegido. Seu pai também não saía de casa, assim que chagava de trabalho ele ia ao escritório e viajava cada vez com mais freqüência.



- Me chamou, meu pai. – fala Draco, parando de observar o escritório e encarando seu pai. Ambos eram muito parecidos aparentemente, somente o cabelo do pai que era comprido, na altura dos ombros.



- Vou ficar um tempo fora. Não tenho previsão para meu retorno.



- Que novidade. – Lucio ignora o comentário.



- Já sabe o que fazer com sua mãe, não chame médicos e nem pense em levá-la a um hospital. Anote tudo o que ela sentir, desde a eventos físicos aos emocionais, qualquer alucinação, sentimento, tudo. Se necessário, dê os analgésicos que eu separei.



- Quer dizer os analgésicos que nunca funcionam.



- Garoto, você quer ver sua mãe morta? – pergunta Lucio com um olhar de malícia e um sorriso cruel.



- Não. – responde abalado com a hipótese.



- Ótimo, então faça o que eu mando. Agora vá, saia daqui.



O loiro saiu do escritório e foi em direção ao quarto de sua mãe. Percebeu que ao vê-lo, o rosto de Narcisa se iluminou, ela estendeu a mão para ele e sorriu. O quarto não era pequeno, mas a infinidade de flores fazia-o parecer menor. Havia uma grande janela, que pela primeira vez em dias estava aberta.



- Meu filho, você está diferente. Não vejo só preocupação em seus olhos, vejo algo que nunca vi antes, está apaixonado? – talvez essa fosse a prova de que sua mãe estava mais lúcida, ela sempre fora sensível e observadora, sempre percebia quando havia algo de bom acontecendo, ou mesmo algo terrível. – Não precisa me dizer se você não quiser, mas saiba que quem quer que seja, ela é muito sortuda. Sinto que vocês viverão algo muito intenso, cheio de emoção...tão diferente de mim e seu pai. – ela disse por fim, com o sorriso desaparecendo e os olhos perdendo seu brilho.



- Mãe, não fique assim. Tudo vai melhorar, tem de melhorar.



- Eu sei que você vai dar um jeito. Sempre soube, você é tão corajoso meu filho, tão forte. – ela disse a beira de lágrimas. – Não tenho dúvida de que terá um futuro brilhante.



Ouviram-se passos e malas sendo arrastadas.



- Ele vai viajar de novo, não é?



- Sim, mas não precisa se preocupar, eu e Dobby continuaremos aqui.



- Sei disso. Ah, o Dobby já contou o que vi? – perguntou Narcisa subitamente feliz.



- Não, o que viu?



- Eu vi um anjo. Ele era lindo, tinha asas tão grandes... – Narcisa passou a ter mais alucinações do que antes, um dia eram anjos, no outro demônios e assim passava o tempo. As únicas pessoas que a viam eram Draco e Dobby. Nenhum dos empregados se aproximava do quarto, ordens de Lucio. O próprio marido não a via mais, com isso, Narcisa se sentia sozinha, e possivelmente, mais propensa a entrar em um mundo de criaturas fantásticas.



Ao cair da noite, Draco que não tirava Hermione da cabeça foi obrigado a afastar tais pensamentos, pois sua mãe enfrentava uma crise, o que já não acontecia há algum tempo, desta vez, ela sofria convulsões violentas. Draco tomou uma decisão contrária a de seu pai e resolveu chamar uma ambulância. Dobby tentou aconselhá-lo a fazer o que Lucio mandou, mas o próprio menino não concordava com tal atitude e não insistiu.   Após a levarem para o St. Mungos, o melhor hospital da região, Narcisa foi tratada e a levaram para uma sala em que seriam feitos exames. Lucio não foi avisado a pedido de Draco, que foi até a área externa do St. Mungos para levar Dobby para casa.                                                                                            - Tem certeza disso, Draco? Seu pai vai ficar uma fera a hora que descobrir que não cumprimos as ordens. – fala Dobby, enquanto entrava em um táxi. Draco passaria a noite no hospital.                                                                                                                                                                  - Meu pai não dá a mínima pra tudo isso, pra ele nada disso foi ou é importante. Eu estou seguro de que estou fazendo a coisa certa, não vou mudar minha postura. Agora, quando chegar em casa, não ligue para meu pai e impeça qualquer empregado de fazer o mesmo, certo?                                                                                                                              



Dobby concordou e entrou no carro. Draco respirou fundo e retornou ao hospital. Ele não sabia o que pensar a respeito disso tudo, só via a sua frente o desconhecido.



*********Hermione********



Devo admitir que esta noite correu melhor do que eu esperava. Pelo menos eu consegui dormir, evitando mais pensamentos confusos acerca dos recentes acontecimentos. O jantar com Sirius e Harry, ignorando a parte em que meu quase ex-namorado ainda me considera sua namorada, foi ótimo, digo isso porque eu sinto um carinho enorme por eles, Harry é acima de tudo um grande amigo e Sirius é uma pessoa ótima, para mim é como se fosse também meu padrinho. Saí e o carro de Sirius já estava estacionado a porta da minha casa. Harry estava do lado de fora, abriu a porta do carro para mim, como o perfeito cavalheiro que era, entramos e ele me beijou de leve nos lábios.



- Bom dia – sussurrou. – Como é bom acordar e ver você aqui, do meu lado de novo.



Evitei fitá-lo, ele sabia como eu era tímida e não pareceu estranhar. O que eu faço? Se eu pedir para terminar ele ficará arrasado, eu perderei alguém que gosta tanto de mim, mas se eu não fizer eu mesma me magoarei, não terei nem uma chance para conhecer Draco melhor ou para me aproximar de Leo.



Depois de estacionar o carro a uma quadra do colégio, saímos. Sirius desejou um bom dia e comecei a caminhar até o prédio. Harry vinha ao meu lado. Ele tentou puxar assunto comigo, eu respondia, embora não conseguisse falar nada mais. Chegamos aos jardins, eu o fitei e ele fez, provavelmente, a mesma expressão que eu ao adentrar as terras de Hogwarts. Para qualquer um, esta escola provocaria a ideia de magnificência, esplendor. Agora imagine alguém que vivia até outro dia em uma cidade minúscula, a emoção é multiplicada. Atravessamos o gramado, as pessoas, como sempre, nunca reparavam em quem chagava ou, mais especificamente, com quem chegava. Ao entrarmos no prédio, vi Chris encostado em um canto, como sempre, lendo um livro. Harry permanecia em silencio, até comentar:



- Esse lugar é incrível, parece um sonho, não dá pra explicar.



- Eu sei, senti isso também eu acho, se bem que eu estava tão nervosa...não sabia o que iria encontrar, se faria amigos, se continuaria indo bem nas disciplinas...



- Não sei por que, imagine, numa escola tão grande quanto essa, com certeza haverá novas amizades, e quanto a ir bem na escola, Hermione você é a garota mais inteligente que eu conheci, você poderia ir a Harvard que ainda assim seria a primeira da turma. – elogiou ele, eu confesso que sorri, naquele momento não parecia haver essa coisa de sermos namorados, ele me tratava como amiga. Me lembrei que Chris estava perto, e não gostaria de que me visse com Harry sem antes explicar minha historia com ele, portanto, me virei, mas já era tarde, porque ele já havia me visto olhou diretamente para mim e depois para Harry.



- Oi Chris, tudo bem, este aqui é Harry. – eu apresentei, não acredito, eu tinha que ter falado antes com ele, desse jeito vai pensar o que de mim?



Ele respondeu com um “Oi” para Harry e este retribuiu.



- Harry, o Chris primeiro amigo que fiz quando cheguei na cidade. – foi o que pude dizer. Não mencionei que me apoiou durante a semana, porque eu não comentei isso com ninguém. E nem pretendo comentar!



Harry respondeu com um “Legal” e antes que algo mais acontecesse eu disse a Harry para que ele fosse a secretaria preencher a ficha, etc. Assim que saiu, Chris se colocou ao meu lado e me perguntou:



- Eu sei que não é bem da minha conta, mas o que exatamente significa isso, Hermione?



- Eu explico tudo, vem, vamos para a biblioteca que eu te conto desde o começo.



E eu falei a verdade, tudo o que sentia, ou melhor, deixava de sentir por Harry e da situação em que me encontrava. Ele ouviu tudo, sem me julgar.



- Me diz o que eu faço. Você tem sido meu amigo, nós temos muito em comum, me diz o que você faria, por que eu não tenho ideia do que fazer. – meus olhos estavam marejados, mas me segurei para não chorar.



- Se eu estivesse no seu lugar eu...eu...Olha eu não sei o que eu faria, talvez fizesse o mesmo, mas acho que o certo é dizer a ele a verdade. Que você não sente mais o que sentia antes.



- Não é só isso, tem mais uma coisa... Eu estou confusa em relação ao que eu sinto por uma, ou melhor, duas pessoas... – e eu contei sobre a festa, sobre o beijo, e sobre Leo. Depois de alguns minutos, com o término da minha narração, Chris estava chocado, não disse nada além do meu nome. Ele abaixou a cabeça, e isto me deixou ainda mais preocupada.



- Chris, por favor, me fala, o que você acha disso. – mas antes que ele pudesse abrir a boca, o sinal tocou, indicando que deveríamos ir para as aulas. Por um momento pensei em implorar para matarmos a primeira aula e ele me contar tudo, mas no segundo seguinte, eu não me reconheci, não podia deixar uma aula para discutirmos esse assunto, por fim, levantamos e fomos, em silencio para a sala de aula.



Corri os olhos pela sala e vi que essa aula não era com Harry, nem com Draco e Leo. Chris não me olhava, e isso me deixou pior. Felizmente, a aula foi rápida, embora eu não tenha conseguido prestar muita atenção. O segundo sinal tocou e saímos.



- Christian, me explica, por que você está desse jeito.



- Te falo no almoço, mas tente ficar calma. – ele me tranqüilizou (embora eu ainda estivesse nervosa). Ele foi para a aula dele, e enquanto eu ia até a minha, encontrei Gina. Ela me cumprimentou e me chamou para conhecer a turma dela, no intervalo. Disse que sim, por educação, embora eu esteja, sinceramente, com vontade de cortar todas as minhas relações com as pessoas. Por que tudo isso é tão complexo?



Entrei na sala, e vi Leo com os garotos que conheci na festa, mas ele não falava com eles, estava fitando a janela no lado oposto da parede enquanto tamborilava os dedos na mesa. Passei por ele e ele saiu do seu transe e veio sentar-se ao meu lado. Sorria e me cumprimentou, com um beijinho no rosto. Senti meu rosto esquentar um pouco, eu sorri também. Não houve tempo para conversarmos muito além do trivial e o professor chegou. Olhei a sala, para garantir que Harry não estaria e me senti um pouco melhor. Pude me concentrar na aula e antes que chegasse ao fim, perguntei:



- Draco não veio?



- Não, já mandei SMS umas duas vezes e ele não respondeu. – ele disfarçou, mas não pareceu estar tranqüilo, nem feliz ao lembrar de Draco.



- Sr. Blake pare de incomodar a Srta. Granger e trabalhe mais, certo. – chamou a atenção o professor. Leo não conseguiu esconder o sorriso, e sussurrou de modo que apenas eu pudesse ouvi-lo: “Se nós continuarmos assim é capaz de pensarem que eu estou levando você para o mau caminho”. E eu não pude deixar de rir. Me divirto com ele, não penso em problemas quando ele está perto de mim. Acho que é isso que me faz querer tanto ficar perto dele.



Deu o sinal do almoço e saímos da sala para o corredor principal, onde estava Chris. Na hora eu não sabia o que fazia, mas Chris percebeu minha expressão e fez um sinal de “depois falamos” e sumiu no meio da multidão. Fomos ao refeitório, sentamos, almoçamos e conversamos sobre tudo, era tão fácil a gente conversar, contei da minha cidade, das músicas que eu ouvia, e ele me falou um pouco dele:



- Bom, eu não gosto muito de estudar, já deve ter reparado nisso, depois de ver como eu sou péssimo em biologia... – ele riu, eu disse que sempre tem uma matéria mais difícil. – Mas eu gosto de história, vou bem, pelo menos. – nós falamos também de música, filmes e outras coisas. Quando me dei conta, o almoço estava quase no fim, então ouvi uma voz de uma garota:



- Oi gente, eu posso roubar a Hermione um minutinho. – falou Gina. Eu me levantei, assim como ele.



- Claro. Até mais tarde, Mione. – disse Leo, virando-se e sumindo na multidão.



- Então, vamos ou você vai continuar aí parada olhando pro nada e se lembrando do Sr. “Claro, até mais tarde, Mione”. – disse Gina, tentando imitar a voz do garoto. Eu ri debochada pra ela e deixei que ela me levasse conhecer a turma de amigos dela.



- Ainda lembra-se do que eu disse, não é? – perguntou ela enquanto andávamos até os jardins, onde iria conhecer os amigos dela. 



- Olha, ele não é desse jeito, não pode ser. Eu pensei no que me disse e isso não deve ser verdade, quer dizer, ele é tão fofo comigo e...



- Querida eu achava o mesmo do Zabini, eles são todos assim, se fazem disso e daquilo e só querem, você sabe. – ela disse com uma voz de quem estava prestes a cair no choro, mas se recompôs ao ver seus amigos a alguns metros de distancia. – Ah eles estão bem ali, e também tem outro garoto que não conheço...



Ao chegarmos mais perto vi que esse garoto era Harry, e conversava animadamente com Ronald, Neville e mais dois, os quais eu não conhecia. Gina me levou a eles e todos se voltaram para nós, inclusive Harry.



- Gente, pra quem não conhece essa é a Hermione! – apresentou a ruiva. – Hermione, acho que não conhece o Simas e o Dino. E você eu ainda não conheço. – ela dirigiu essa última frase a Harry.



- Sou Harry. Acabei de me mudar. – disse ele simplesmente.



- Nossa, desse jeito que vocês se mudam, essa cidade não vai ter mais espaço pra ninguém. – disse Gina baixinho para mim. Notei que Harry me olhou em alguns momentos, seu olhar não estava sendo possível de decifrar. Conversamos um pouco, Ronald sempre puxando assunto comigo (embora fizesse isso com ou demais também). A conversa estava boa, mas eu queria mesmo falar com Chris, o que teve de ser adiado duas aulas depois, quando era o próximo intervalo. Saímos juntos da sala (pois ambas aulas eram com ele, mas não trocamos nenhuma palavra sobre o assunto) e fomos em direção a biblioteca. Sentamos no mesmo lugar de antes, atrás de grandes estantes de livros, o mais afastado possível de bibliotecária e dos poucos alunos que a freqüentavam.



- Então, me diz. Acha que cometi um erro? Não vai me dizer que tem o mesmo pensamento de Gina, que Leo está fingindo e que na verdade só quer se aproveitar de mim. – era melhor eu dizer o que eu temia para ele. Não dava pra ter segredos agora.



- É exatamente isso que eu acho. Desculpe-me, mas é minha opinião. Se você conhecesse um pouco os amigos dele, se tivesse aqui há mais tempo iria entender porque eu e Gina fazemos essa ideia dele.



- O que ele fez? O que os amigos dele fizeram não importa, ele é diferente, eu sei que é. Você fala igual à Gina, falam que Leo é isso e aquilo, mas nunca me dizem de fato o que ele fez. – eu falei a fim de acabar com esse lenga-lenga todo. Chris não disse mais nada, mas não estava magoado, estava mais decepcionado.



- Desculpe, eu sei que tanto você quanto a Gina querem o meu bem, eu conheço vocês a pouco tempo mas sinto que são meus verdadeiros amigos. Acontece que Leo é... eu gosto de ficar perto dele, me sinto tão feliz quando estou com ele e ele também parece sentir o mesmo. Por enquanto ele tem sido ótimo, mas prometo ficar de olho. Quanto ao Draco, nem eu sei o que foi aquele beijo, na verdade foi ele que me beijou, eu nem o conheço, a primeira vez que nos falamos foi na festa. Eu ia tentar falar com ele hoje, porém ele não veio, nem Leo sabe o porquê.



- Ou se sabe não quis te falar. – disse uma voz conhecida, saindo detrás de uma estante.



- Gina???!!!! Você estava aqui desde quando? – eu perguntei, em voz um pouco mais alta, fazendo com que algumas pessoas olhasse para nós por um momento.



- Desde que vocês chegaram, eu ouvi tudo o que disse e também a considero minha verdadeira amiga. Mas quando é que você ia me contar sobre esse tal de beijo com Draco Malfoy? – indagou empolgada com a notícia.



- Quando eu contasse que o Harry é um conhecido meu, de muitos anos atrás.



- E que é seu namorado. – completou Chris. Gina arregalou os olhos e virou-se para mim.



- Sua maluca, quando é que ia me contar? Aliás, que outros grandes e profundos segredos você escondeu de mim? – perguntou divertida.



Conversamos nós três por mais um tempo, expliquei toda minha situação para ela, finalmente, acho que agora posso dizer que não existem mais segredos entre nós. O sinal tocou e fomos (eu e Chris) para nossas duas últimas aulas e Gina seguiu outro caminho, pois era um ano mais nova.



Na saída, disse a Chris que iria esperar no jardim por Harry. Ele e Gina me aconselharam a dizer de uma vez tudo o que sentia, talvez essa seja a forma “menos pior” de terminar um relacionamento.



 



*********Narrador*********



A noite correu lentamente no hospital. Draco não dormiu por um minuto sequer, seu nervosismo não permitia que descansasse. Sua mente não o deixa em paz, os pensamentos fluíam, ora em sua mãe, ora em seu pai, e em alguns momentos passavam pelo rosto de uma certa garota de cabelos e olhos castanhos. Quando já estava prestes a amanhecer, Dobby chegou, com um semblante assustado e preocupadíssimo.



- Draco, aconteceu algo na mansão, há alguns minutos, eu queria impedir mas quando cheguei já era tarde. – disse o menino, ofegante.



- O que houve? – perguntou Draco se levantando da cadeira do hall.



- Tyler, o jardineiro, ele roubou algumas coisas da mansão, não vi exatamente o que, achei melhor vir direto para cá. E mais, ele arrombou o escritório do Sr. Malfoy.



- Como arrombou? É impossível adentrar aquele local sem permissão ou códigos. Eu vou para lá, fique aqui por enquanto. Se derem qualquer notícia sobre minha mãe, me ligue imediatamente. – Dobby concordou com a cabeça. Draco, antes de sair, fez mais uma pergunta:



- Você não chamou a polícia e muito menos meu pai, não é?



- Não, eu não disse a ninguém, os outros criados acordaram com o barulho, mas dispistei-os. Ninguém além de nós sabe do ocorrido. – respondeu Dobby. Draco disse “excelente” e saiu.



Dobby ficou no hospital, até que a secretária o chamou perguntando por Draco, ele disse que ele havia saído e se prontificou a levar os exames para o garoto. Como viu os dois conversando, a moça deixou que Dobby o fizesse. Assim como prometera, ligou para Draco dizendo que os exames estavam prontos e seguindo as ordens, foi para a mansão.



********* Hermione********



- Olá, Dona Sumida. – disse Ronald ao se aproximar de mim junto aos seus amigos e Harry. – Não vimos você no intervalo, nem a Gina.



- Eu e sua irmã ficamos juntas, fomos à biblioteca.



- Uau, Gina indo à biblioteca, quem diria. – brincou o irmão. Todos riram, mas Harry estava mudo, somente me encarava com o olhar indecifrável. Depois de um tempo, os quatro garotos foram embora, deixando eu e Harry a sós. Ficamos em silencio, me levantei do banco que estava sentada e fiz sinal com os olhos para que me seguisse. Seguimos pelo caminho oposto que eu fazia para ir ao ponto de ônibus, pois era pouco movimentado.



- O que está acontecendo com você? – parou Harry, de repente de caminhar e fui obrigada a parar também e olhar nos seus olhos verdes.



- Acreditaria se eu dissesse que não sei?



- Eu não estou mais te reconhecendo, você não fala mais comigo do jeito que falava antes, não olha mais pra mim e está sempre me evitando. Me conta, de uma vez o que está havendo entre nós. Eu fiz algo de errado? – sua voz estava em tom triste e partia meu coração vê-lo assim por culpa minha.



- Não, você não fez nada de errado. Pelo visto sou eu que fiz algo de errado. Harry, eu não sei o que está se passando comigo, realmente não sei. Eu quero mas não entendo o que se passa em meu coração. Talvez seja melhor darmos um tempo, para que as coisas se ajeitem. Acredite, não é fácil pra mim te dizer isso. – meus olhos estavam marejados. Ele me encarava, seus olhos verdes não estavam tão vivos, parecia que algo dentro dele estava murchando.



- Se é isso que você quer, eu respeito. Mas não acho que é a melhor solução, nós estávamos bem, ótimos até virmos para cá. Sabe que eu amo você, que nunca quis te magoar... Se você quer tanto esse tempo para refletir, eu te dou esse tempo. – disse ele após alguns minutos. Harry sempre fora muito compreensivo, embora eu pudesse ver que ele tinha esperança de que isto fosse apenas uma fase.



- Obrigada por me entender.  – foi o que consegui dizer, as lágrimas escorriam pelo meu rosto, se ainda fossemos namorados ele as enxugaria, me abraçaria e diria que tudo ficaria bem. Ele apenas baixou os olhos, manteve a distancia e disse:



- Eu ainda não entendi a razão disso, só espero que você se encontre e decida o que vai fazer. Mas saiba que não vou esperar para sempre, Hermione. – essas palavras doeram. Sua voz parecera dura aos meus ouvidos. Assim que acabou de falar, saiu dali, para que lado foi, eu não sei. Quando ouvi meu nome sair dos lábios dele, naquele tom misto de tristeza e uma possível raiva, comecei a chorar. Fazia isso na tentativa de que minhas lágrimas lavassem toda a tristeza, culpa, medo e lembranças que não me deixavam. Minha cabeça latejava de dor, a confusão que sentia não me deixou depois de ter terminado com ele e a cada minuto que passava eu sentia um vazio crescer dentro de mim. Seria isto a solidão?



*********Narrador**********



Harry caminhava pela cidade, passou por inúmeras ruas e construções e chegou a bairros um pouco afastados do centro, todo este percurso foi acompanhado da voz, da imagem, ou seja, das lembranças que tinha de Hermione. Acabou se afastando mais do que gostaria, pois chegou a um bairro em que as casas tinham grandes jardins, eram afastadas umas das outras, a rua era de paralelepípedos e não havia comércio por perto. O sol estava se pondo e estava esfriando, mas continuou andando, até parar em frente a uma casa levemente torta, de uns três andares e aparentemente estreita, porém com um jardim enorme. A construção ficava no centro da propriedade e um caminho de seixos levava ao portão de madeira, quando Harry prestou mais atenção, viu que alguém andava por aquele caminho, ao chegar mais perto dele, Harry notou que era uma garota de cabelos ruivos e que vinha sorridente.



- Oi. – ela disse quando estavam mais próximos, com apenas o portão entre eles.



- Oi. Você mora aqui? – perguntou ele, mirando a casa. De alguma forma ela o encantou, parecia ser aconchegante e familiar.



- Moro. Você gostou? – perguntou ela, sem acreditar.



- Muito, parece ser tão...



- Aconchegante. – disseram os dois ao mesmo tempo. Gina conseguiu tirar um sorriso de Harry.



- Entre, jante conosco. Meu irmão está com o Neville, Simas e o Dino. – convidou ela, abrindo o portão. Harry hesitou, sem dúvida, seria melhor do que voltar para sua casa e enfrentar perguntas de Sirius e os pensamentos em Hermione o rondariam com mais facilidade. Mas ele conheceu aquelas pessoas naquele mesmo dia.



- Gina, anda logo. – gritou Ronald, da janela, mas ao ver que ela falava com Harry, suas orelhas ficaram vermelhas (marca registrada dos Weasleys) e foi até o jardim, falar com Harry e também o convidou para ficar. Harry aceitou.



 



***********



- Como assim? Hermione, você não tem juízo? Como pôde terminar com o Harry, que é um garoto maravilhoso, de boa família, gosta de você, faz tudo o que você quer?! E o padrinho dele...ah Sirius é tão agradável. Eles acabaram de chegar na cidade e você faz uma coisa dessas, eu não te entendo! – berra Helen. Hermione estava sentada na cama, em seu quarto, ouvindo esse tipo de sermão desde que chegara.



- Mãe! Eu estou confusa... – era o que conseguia dizer. Continuavam caindo lágrimas dos seus olhos.



- E isso lá é motivo? Filha, você deixou um garoto perfeito, de boa família, gentil, que amava você, para ficar sozinha jogada no vento, solteira. Hermione, você e Harry foram feitos um para o outro, vocês se completam. E acaba magoando o garoto por nada, só por estar “confusa”. Faça me o favor! Eu quero que amanhã mesmo você vá até ele e peça perdão, peça para que esqueça tudo aquilo e voltem a ficar juntos. Imagine: ontem você estava tão feliz de manhã, ficou sem fala quando o viu e no jantar estava muda de tanta felicidade...



- MÃE, PARA COM ISSO!!!! – berra Hermione. Ela nunca havia elevado seu tom de voz para alguém, muito menos para sua mãe, que a olhou com uma expressão de choque ao vela daquela maneira. – Por favor, me deixe refletir um pouco, eu preciso muito desse tempo. – disse ela, em tom de voz mais baixo.



- Está bem, se você quer tanto esse tempo, ótimo, faça como quiser. Mas olhe para mim, e veja se é isso que você quer da sua vida, sendo que você poderia formar uma família, se casar e ser muito feliz com o Harry. Pense também há muitas moças que dariam tudo pra ter alguém como Harry na vida delas, e que ele pode se apaixonar por uma delas. Você não podia ter dado essa brecha, não pode perdê-lo. – disse Helen antes de sair do quarto e fechar a porta, deixando Hermione chorando como nunca tinha chorado antes e colocando mais dúvidas na cabeça dela. “E se ela estiver certa, e se eu e Harry somos perfeitos um para o outro?”



*****************



Sirius atendeu a porta e se deparou com Helen. Convidou-a para entrar e ela o fez.



- Sirius, querido, eu não queria incomodá-lo a essa hora da noite, mas eu gostaria de tratar de um assunto importante. Eu quero esclarecer algumas coisas sobre o Harry e a minha filha. 



- Bom, Harry me ligou e me contou brevemente o que houve. Ela quis um tempo e ele concedeu, não vejo mal algum nisso, bem, a vida é deles, e tenho certeza de que vão encontrar uma saída. Isso deve ser uma fase, logo tudo estará no seu devido lugar.



- Harry não está? – perguntou Helen, preocupada.



- Não, ele foi jantar na casa de uma amigo, mas afinal, o que gostaria de esclarecer? Eu espero que o afastamento temporário dos dois não interfira na nossa amizade...



- Não, é claro que não, de forma alguma. O que eu quero é dizer que essa mudança brusca mexeu com a Hermione, ela disse estar confusa, mas mais dia menos dia ela cairá em si. Eu garanto que eles voltam. – disse Helen firmemente.



*****************



Harry estava diante de uma família de sete ruivos: Os pais, Arthur e Molly, Ronald, Gina, os gêmeos Fred e Jorge e Percy, que assim como Arthur trabalhava na prefeitura. Fred e Jorge largaram o colegial no último ano para se dedicarem ao comércio, por enquanto, utilizam a garagem para vender os produtos (que eles mesmos desenvolvem). O sonho deles era montar uma grande rede de lojas de logros e brincadeiras. Molly era dona de casa e exímia cozinheira. Também estavam os três garotos que já conhecia.  Este foi um dos jantares mais agradáveis da sua vida, já que durante anos só vivia com Sirius e a ideia de fazer parte de uma família tão grande e unida era reconfortante. Nem por um segundo ele se sentiu deslocado, parecia conhecer todos eles há muitos anos.



 



****************



Numa das diversas salas luxuosas e escuras da mansão, Draco e Leo estavam sentados, um de frente para o outro. Assim que acordara, depois de uma noite mal dormida em vista dos acontecimentos anteriores, Draco chamou o amigo, e disse que havia sérios acontecimentos naquele último dia. Leo chegou, e perguntou exatamente o que estava ocorrendo e se era algo a ver com a doença de sua mãe, o loiro lhe contou tudo. Desde a viagem de seu pai à crise de sua mãe.



**flashback**



Assim que chegara a mansão, foi direto para o escritório, cuja porta fora arrombada e os painéis de leitura de digitais e de códigos foram, provavelmente, vítimas de um curto-circuito, pois a energia elétrica da casa parecia ter sido cortada. Mesmo na penumbra, foi possível reconhecer o cubículo, mas desta vez a mesa estava virada e os papéis estavam espalhados por todo canto. Andou alguns passos e quase tropeçou em algo. Ao se abaixar, viu que se tratava de um controle remoto composto de dois botões. Pressionou um deles e os quadros da parede começaram a se mover, uns para a direita, outros para a esquerda, revelando um cômodo secreto. A eletricidade daquele lugar continuava em funcionamento. Antes de entrar, seu celular tocou, era Dobby, dizendo que os exames estavam prontos e que podia trazê-los. Draco ficou pensando em sua mãe, em como tudo era diferente há algum tempo e o quão rápido tudo mudou.



Após ouvir passos no corredor, deduziu que fosse Dobby chegando e foi para a porta. O menino parou a soleira da porta, sem entrar e estendeu o envelope lacrado para Draco. Ele o segurou firmemente e abriu-o. Ao deslizar os olhos por aquelas páginas, não conseguiu segurar sua ansiedade, e foi direto para a última, que continha o laudo final. Segundo os exames feitos, havia substancias presentes no corpo de sua mãe derivadas de diversas drogas como heroína, LSD, cocaína, ecstasy e DMP.



- O que a Sra. Malfoy tem?Fala logo, Draco! – disse Dobby assustado com a expressão do garoto. Draco não disse nada, engoliu em seco e passou o envelope ao menino, que ao ler ficou mais assustado do que estava antes, arregalava os olhos a cada palavra e ao terminar de ler, entregou-o de volta. Nenhum dos dois disse mais nada, palavras não expressariam o sentimento que os assolava. Ficaram sentados no chão do escritório por longos minutos, sem saber o que sentir, se isto era reconfortante por saberem que poderia ser curado e por não ser tão grave ou até mesmo um problema psicológico ou se isto os preocupava mais, pois provava que Narcisa necessitaria de ajuda e de que seria necessário ser forte para dar o devido apoio.



Quando os primeiros raios de um sol fraco e gélido surgiram, Dobby voltou ao seu quarto, a pedido de Draco, este permaneceu no local por mais algum tempo, até voltar ao escritório e entrar no cômodo secreto. Este cômodo era de difícil de se distinguir, uma mistura de laboratório com escritório, com uma grande bancada e armários com diversos frascos, beckers e tubos de ensaio contendo as mais variadas fórmulas, com cores e consistências diversas. Haviam grandes estantes abarrotadas de livros que explicavam o funcionamento do corpo humano e as sustâncias envolvidas em cada um dos processos. Resolveu abrir os armários e ver de perto as fórmulas. Cada um tinha etiquetado o nome do composto e suas derivações. Encontrou compostos derivados de cada uma das drogas presentes no laudo do exame, algumas que não estavam, mas que eram matéria prima para a fabricação de alguma e viu algo curiosíssimo: alguns frascos numerados e com a derivação escrita abaixo, podia-se concluir que eram feitas a partir da mistura de drogas e outras substancias. Foi olhar as estantes, em uma gaveta havia um caderno simples, mas ao abri-lo, percebeu a complexidade da situação: estava anotadas todos os sintomas, as alucinações, cada reação que Narcisa teve ao longo do tempo. Ao lado do sintoma, havia marcada a lápis, a possível droga responsável, formando uma espécie de tabela. Havia também naquela gaveta endereços de fornecedores, licenças (falsas) para adquirir os produtos químicos e mais procedimentos para a fabricação dos compostos.



Ao ver que tudo aquilo foi seu pai que planejou, Draco não conseguiu permanecer por mais nenhum instante, estava explodindo de tanto ódio, de raiva e de nojo. Parou em frente a um aparador de vidro que estava no meio do corredor, acima dele havia um espelho. Nele, Draco viu apenas a sede de vingança, só isso aliviaria sua fúria. A única coisa que pode fazer naquele momento foi destruir o espelho e derrubar o aparador. Dobby chegou assim que ouviu o estrondo. Viu um Draco absolutamente tenso, furioso e enraivecido refletido em milhares de pedacinhos de vidro espalhados pelo chão.



- Isso vai ter volta. Eu vou me vingar dele, não importa o que isto custe ou quanto tempo seja preciso, ele não tinha esse direito. – disse a voz mais fria e gélida que Dobby já tinha ouvido.



**fim do flashback**



 



  Depois de terminar a narração, houve silencio absoluto por alguns minutos.



- Draco, mesmo ele sendo seu pai, você tem que denunciá-lo. – foi o que Leo pode dizer no momento. Draco balançou a cabeça negativamente.



- Eu não vou denunciá-lo, com a grana e o poder que ele tem, não daria em nada. Eu quero fazê-lo sofrer como minha mãe sofreu. Vou destruí-lo, a cadeia é muito pouco para ele, ela seria um refúgio, longe de todos, eu quero vê-lo humilhado, acabado e sem chance de recomeçar. E principalmente, deixar minha mãe o mais longe possível daquele psicopata.



- Pode contar comigo, se precisar de ajuda. – fala Leo.



- Eu sei que posso. – após mais algum tempo em silencio, Draco retomou a palavra.



- E então, o que houve na escola ontem, nem precisa me falar que todo mundo sentiu minha falta porque disse eu sempre soube. – falou Draco, convencido e divertido.



- Nada de mais, tudo normal. Ah, lembrei, um garoto novato apareceu, nem sei o nome dele, a Pansy e a Nicolle que falaram dele. É melhor você se cuidar, é capaz dele tomar seu lugar.. – respondeu Leo falsamente preocupado e divertido, também.



- Até parece, como se existisse alguma garota que resistisse a mim... Ah, me fala aí, aquela garota que foi na festa com você a...



- Hermione. – disse Leo, tentando parecer indiferente, mas já imaginando o rumo que a conversa tomaria.



- É, ela mesma. Você não tem nada com ela, tem? – perguntou, direto.



Leo teve vontade de dizer que sim, mas algo o fez mudar de ideia.



- Fala logo, o que tem ela.



- Ela não sai da minha cabeça. – disse o loiro, sem encarar o amigo. Leo ficou sério, baixou os olhos e tentou manter a postura indiferente. Veio a sua mente a imagem de Draco e Hermione se beijando naquela noite, no momento em que ele se ausentara. Não sabia exatamente o que sentia pela garota, porém, sentiu uma onda de raiva subir pelo seu corpo.



- Você nem a conhece direito, mal se falaram aquele dia. – falou, forçando-se a manter o controle.



- Eu sei, mas isso vai mudar, assim que eu chegar à escola eu vou direto falar com ela.



- Ela é diferente das outras, não é qualquer uma, não é como a Nicolle ou a...



- Já ouvi essa conversa antes. – Draco cortou-o no meio da frase.



- A Nat era... ela e Hermione são completamente diferentes. – disse Leo, não podendo pensar na hipótese delas serem parecidas.



- Pode ser que não sejam, mas ao contrário de você eu não me entrego totalmente, não fico “vulnerável”, digamos assim. Eu só estou curioso em conhecê-la e descobrir por que ela não sai dos meus pensamentos. – finalizou Draco. Leo disse que tinha que ir, e saiu. Sua vontade no momento era ligar para Hermione, ouvi sua voz e conversar por muito tempo. Optou por não ceder a esse impulso e seguiu seu caminho. Talvez o que Natalie disse lhe dito antes de partir estivesse correto.














N/A.:  Olá Queridos Leitores!!!!


Demorou, eu sei, mas eis aqui o segundo capítulo. 


Respondendo aos Coments:


Tamara J. Potter: Acertou, o ex da Mi era o Harry!!! O que achou dele? Quanto ao Leo, bem, veremos se ele ficará ou não com raiva do Draco. Beijinhos : ***



Carol G. : hehehe Bem, o Draco não é santo, logo, ele pode ter aprontado (e vai aprontar) muito nesta Fic!! Acertou também quem era o ex da Mione!!! Bjs!!!!



Jaque Granger Malfoy: Obrigada!! Quanto ao final da fic, é um mistério (mesmo para mim xD) Beijoooss!!!!



Obrigada pelos coments, espero que continuem comentando!!!!! Também gostaria (sem querer pedir demais, mas já pedindo...) gostaria que vcs me ajudassem a divulgar a fic, mesmo que para os amigos de vcs, já seria excelente   : D



O que acharam de Harry? Será que ele e a Hermione voltam?


E Lucius? Como será que Draco planeja se vingar do pai?


Gostaram de Dobby??? Eu adooorooo ele, não podia deixar de colocá-lo, então adaptei o personagem para ao invés de Elfo, ele ser um menino que trabalha na mansão. Mais sobre a vida dele nos próximos caps!!!!


Passou pela minha mente, a ideia de no próximo cap, uma cena com NC...nada muito "pesado", mas ainda assim uma cena meio "picante"... O que acham? Escreva no coment se é a favor ou contra. Acho que é só isso...Até Breve!!!  


Beijos


                                                                            Isah Malfoy


 


 


 


 


 


 

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