Bem Vinda à Cidade dos Sonhos





Capítulo 1 - Bem Vinda à Cidade dos Sonhos


Meu nome é Hermione Jane Granger e eu acabei de me mudar para uma cidade grande. Antes eu morava em uma cidadezinha pequena, afastada e em que todos os moradores se conheciam. Minha mãe trabalhava na cidade vizinha e meu pai já trabalhou em diversos países, atualmente ele está em Milão. Ele e minha mãe se separaram quando eu tinha 3 anos. Algumas vezes eu passo uma ou duas semanas de férias com ele, mas nunca numa cidade tão movimentada quanto essa. Mamãe está montando um escritório de advocacia que fica do outro lado da cidade (é quase uma viagem de lá até a minha nova casa.) e vou passar boa parte do tempo sozinha, isso explica o porquê dela estar insistindo que eu faça muitas amizades e me incentivando a deixar minha timidez de lado.


 


Eu gostava da minha “antiga vida”, mas desde que meus avós faleceram tudo deu errado. Para nos afastarmos das lembranças que nos assombravam, minha mãe tomou coragem e resolveu realizar um dos seus sonhos, e eu não vou estragar isso.


 


É janeiro, meio do ano escolar, e amanhã vou para uma escola em que não conheço ninguém: Hogwarts, a melhor escola da região. Os números, comparados aos da minha antiga, são astronômicos: 8 classes com 40 alunos em cada – só na minha série – contra a única classe de 23 alunos.                                                       Sou uma aluna um pouco diferente: tenho 16 anos e adoro estudar, principalmente inglês e literatura, mas me saio bem em todas as matérias. Nunca fui à diretoria, a não ser para ser homenageada como uma estudante modelo. Gosto de ler sobre qualquer assunto - exceto esportes e não sou de ir a festas, prefiro ir a museus, bibliotecas e livrarias, e sou tímida, muito tímida.


 


Passei a tarde arrumando minhas coisas no meu novo quarto. Ele é bem maior do que meu antigo: tem uma janela grande que dá vista para o jardim e outra menor que dá para frente da casa. Há uma cama coberta por uma colcha branca, um computador sobre uma escrivaninha e um armário. Há duas portas, uma delas me leva ao banheiro e a outra para o corredor do segundo andar. Além do quarto da minha mãe existe outro para hóspedes e descendo as escadas chega-se a sala de estar, cozinha, área de serviço e o jardim. Mesmo sendo uma bela casa num bairro tranqüilo não consigo gostar daqui. Sinto solidão. Daria qualquer coisa para voltar.


 


Ajudei minha mãe a preparar o jantar, jantamos, fui para meu quarto e li um pouco. Na hora de dormir mamãe veio com lembretes:


 


- Lembre de colocar o despertador, amanhã tenho que estar no trabalho bem cedo para arrumar tudo. O café-da-manhã você...


 


- Eu sei o que fazer, mãe. Pode deixar que eu me viro. – eu interrompi. Não suportava mais ouvi-la falar sobre o dia seguinte. No fundo eu pensava que se evitasse pensar no amanhã, isso faria com que ele nunca chegasse.


 


- Filha, eu sei como você está se sentindo. Para mim também é muito difícil, mas entenda que foi necessário. Tenho certeza que quando fizer novos amigos tudo vai melhorar. – ela disse sentando-se na minha cama e me dando um beijo na testa. Me desejou boa noite e saiu.


 


Como era esperado, não consegui pegar no sono, rolei na cama, ajeitei o travesseiro, e nada. Mesmo depois de chorar, não consegui dormir, apenas cochilei um pouco. Ouvi minha mãe fechar a porta e fiquei esperando o despertador tocar. Feito, não tive outra desculpa: era hora de encarar isso de vez. Tomei banho e me vesti. Meu estilo é discreto: coloquei um jeans, uma blusa com uma jaqueta por cima e um all star. Tentei dar um jeito no meu cabelo (que é cheio de cachos e bem armado) mas não consegui melhorar muita coisa. Estava sem fome então só bebi um suco. Peguei meu material e antes de abrir a porta desejei a mim mesma um bom dia.


 


A escola vista do mapa não era muito longe, mas para chegar até ela foi necessário pegar dois ônibus. Acho que o universo está ao meu favor, pois peguei ambos sem problema e pouco transito, acabei chegando antes do planejado. Os prédios de Hogwarts eram num estilo antigo, mas divinos, com tores, janelas e vitrais. Uma placa afixionada abaixo de uma estátua com 4 pessoas, dois homens e duas mulheres dizia  que havia sido fundada há mais de 1000 anos e contribuiu diretamente com a fundação e crescimento da cidade. Alguns alunos ficavam sentados nos bancos de mármore ou embaixo das árvores dos extensos jardins bem cuidados. Nenhum deles pareceu me notar. Respirei fundo e fechei os olhos, era hora de entrar de uma vez, só que acabei dando um passo e me esqueci de abrir os olhos – resultado: tropecei no cadarço de meu tênis que estava desamarrado, caí no chão e derrubei todos os livros e cadernos que segurava. Um grupo que estava mais próximo soltou risadinhas irritantes. “Isso não foi nada”, pensei. Recolhi as minhas coisas, me levantei e caminhei (de olhos bem abertos) em direção a porta de carvalho. Vi dezenas de alunos, aliás, centenas para falar a verdade, nos corredores, nos armários, no saguão principal onde ficava o quadro de avisos, etc. Passei por um corredor e no fundo dele localizei a placa que procurava: Secretaria, onde eu deveria pegar meu horário. A moça foi muito simpática, me deu instruções e disse que eu iria adorar Hogwarts. Ela não me convenceu, mas agradeci. Quando me virei para sair, esbarrei em alguém. Era um garoto alto, ruivo, olhos azuis e um rosto simpático com algumas sardas. Eu pedi desculpas e ele abriu um sorriso:


 


- Você é nova aqui?


 


- Sou sim.  – respondi. Estranho numa escola tão grande ele perguntar isso. Hogwarts é o tipo de escola em que cada dia você vê alguém diferente. Pelo menos é o que me diziam.


 


- Eu sabia! Eu iria me lembrar de ter visto uma garota tão bonita. – Não creio! Devo ter ficado roxa de vergonha, não estava acostumada com esse tipo de elogio, principalmente vindo de um estranho.


 


- Ah, não precisa ficar com vergonha, gata. Qual a sua próxima aula?


 


- Geometria. – eu li no papel e desejei mentalmente que a dele fosse outra.


 


- Eu também! – ele disse sorrindo e eu tentei (sem muito sucesso) sorrir também (estou começando a achar que o universo não está mais ao meu favor). Ele me acompanhou até a sala que não era muito longe dali. Entramos e já havia pessoas nela: umas meninas no fundo da sala conversando animadamente (e vestindo roupas minúsculas, que nem no verão eu usaria), um garoto gordinho lendo uma revista sobre games, e outros espalhados pela classe. O ruivo se dirigiu a mim novamente:


 


- Meu nome é Ronald Weasley. E o seu?


 


- Hermione. – eu disse. Não disse meu sobrenome, mas ele nem se importou. Me levou até o meio da sala e antes que pudesse fazer qualquer objeção, falou em voz alta:


 


- Galera – todos olharam para ele. – Essa aqui é a Hermione.


 


Fiquei “em choque”. Não gostava de chamar atenção e isso foi...horrível!


 


- Ela veio de... de onde você veio? – ele perguntou baixinho para mim, mas como estava “em choque”, não respondi. – Que seja, bem vinda Hermione!


 


Mesmo naquele estado ouvi: “Hermione? Nossa que nome mais...diferente.” foi uma garota que tinha um cabelo Chanel preto que disse. Suas roupas eram curtas como a das outras, mas em seu andar havia mais classe. Os outros riram, mas Ronald permaneceu sério.


 


- É mesmo um nome diferente, não é Pansy?! – ele disse e riu acompanhado de todos. Pansy ficou emburrada e lançou um olhar de desprezo a ele, mas antes que dissesse alguma coisa, o professor entrou em sala. Entreguei a ele o papel como a secretária me orientou e ele assinou sem dar atenção a mim. Menos mal, prefiro ser invisível. Assim que ele começou a fazer a chamada foi interrompido por dois garotos que chagavam atrasados. Na maior cara de pau abriram a porta da sala e se sentaram nas carteiras no canto da sala oposta ao meu que sobravam. Um deles era tinha o cabelo loiro um pouco bagunçado, pele pálida e olhos claros (lindo), já o outro tinha o cabelo preto, mas não vi seu rosto.


 


- Com que direito entram em minha sala depois do sinal ter tocado sem a minha permissão? Não sabem que detesto atrasos? – pergunta o professor, não estava bravo, exatamente.


 


- Me desculpe professor, foi a última vez. – disse o loiro.


 


- Da última vez disse a mesma coisa. – falou o prof. em tom de censura.


 


- Mas agora é de verdade. – todos riram com a resposta, exceto eu e o prof.


 


- Sr. Malfoy está é a última chance que lhe dou, na próxima será suspenso. E isso vale para o Sr. Também. – acrescentou para o moreno. Sem dar continuidade a chamada começou a dar a matéria.


 


Ao som do sinal me dirigi à sala de química (com Ronald me levando até lá) e gostei muito do prof. ele também pareceu gostar de mim, pois no fim da aula quando fui entregar o papel, ele me disse que fui a única a acertar todos os exercícios. O nome dele é Horácio Slughorn. Nessa aula a Pansy e as amigas dela e os garotos atrasados não estavam. No horário de almoço fui ao refeitório acompanhada por Ronald enquanto dizia que iria me mostrar a escola depois do horário. Notei que ele era bem popular: todos nos corredores o cumprimentavam. Alguns me olhavam, já outros passavam por mim como seu eu não fosse novata (ou simplesmente não me enxergavam). Atrás de nas vinha uma loira de voz demasiadamente irritante, chamando Ronald a cada meio minuto e ele fingia nem escutá-la. Por fim, ela venceu e o arrastou para uma mesa. Antes de ir ele disse “Até mais” e sumiu no meio da multidão com a loira junto dele.


 


O refeitório era espaçoso, limpo e bem iluminado causando uma ótima impressão, agora só falta experimentar a comida. Nunca na minha vida eu almocei na escola. Antes minhas aulas eram no período da tarde ou de manhã. A hora do almoço era sempre em casa com minha mãe e meus avós. Ao contrário do que vi nos filmes (sim tinha TV em casa xD ), a comida não era uma “gororoba”, e sim um delicioso hambúrguer. Talvez pelo fato de estar sem café da manhã eu tenha interferido na minha opinião sobre a comida. Quando me levantei para levar a bandeja, esbarrei em alguém e derrubei o resto do meu refrigerante na pessoa. Antes que pudesse ver quem era, ouvi um grito bem alto e agudo e senti meu rosto queimar de vergonha. Não foi preciso olhar pelos lados e ver todos no refeitório me encarando. Nisso a garota ainda gritava enquanto eu dizia diversos pedidos de desculpas e tentava limpar meu estrago. Agora me dei conta que se trata da loira que seguia Ronald por toda parte. E o berro (ou choro, ou o que seja) dela só chamava mais atenção para o acidente. Antes que outra catástrofe ocorresse um garoto me tirou daquele alvoroço me puxando delicadamente pelo pulso. Ele era pálido e tinha cabelos e olhos castanho-claros, tinha algumas espinhas e usava óculos com armações grossas e pretas.


 


- A Lilá é uma escandalosa. Típico dela fazer cena por qualquer coisa. – disse ele enquanto me levava aos jardins.


 


- Eu só tentei consertar o estrago. Será que ela vai ficar muito brava comigo? – perguntei temendo a resposta. Arranjar uma inimiga no primeiro dia sem ter nenhum amigo é demais para mim.


 


- Não. – diz ele. Ao ver minha expressão ele suspira e diz:


 


- Talvez... sim, ela vai ficar zangada. – diz ele não vendo alternativa que não seja me dizer a verdade. – Você é nova aqui. Não deve estar sendo fácil, mas garanto que se acostuma.


 


- Como se chama? – indaguei.


 


- Christian. E você?


 


- Hermione. – respondi.


 


- Lindo nome. É o de uma personagem literária, sabia?


 


- Sim, “Conto de Inverno”. Minha mãe adora essa história.


 


- E você também gosta? – perguntou.


 


- Gosto, mas meu livro favorito de Shakespeare é o Clássico “Romeu e Julita”. – falei. Isso não é uma coisa que a maioria das pessoas da minha idade gosta, mas fui sincera.


 


- O meu também. – para minha surpresa. – Eu também aprecio as obras de Edgar Allan Poe.


 


- Eu também... – e continuamos a conversar sobre literatura. É a primeira vez que falo com alguém da minha idade que gosta das mesmas coisas que eu: livros, escola e não gosta de esportes. A nossa próxima aula era dupla de história, com o professor Binns. A aula era monótona (e olha que se eu estou falando é porque ela era MUITO monótona mesmo.) e o professor era pálido como um fantasma.


 


Depois houve outro intervalo e fomos à biblioteca. Havia estantes e mais estantes abarrotadas de livros sobre todos os temas e algumas mesas de estudo, numa delas, a bibliotecária Madame Pince estava sentada, lendo, é lógico. Christian lia “O Homem Invisível” e eu fui dar uma olhada no que ler. Escolhi um que era gigante e com uma capa dura negra e escrito em letras douradas “Hogwarts: Uma História”. As duas últimas aulas foram Inglês com a professora Minerva McGonagall e depois artes, com uma tal de Trelawney, muito maluca. Eu não gostava e não sabia desenhar , porém dei o meu melhor, o problema é que acabei espirrando um pouco de tinta em Christian  mas ele nem se importou e disse que não havia problema e entendia o meu lado. Noto que Christian é solitário e mesmo estando aqui a algum tempo, não tem amigos. Eu me vejo nele, mas também sinto pena dele. Acho que podemos nos tornar grandes amigos com um pouco mais de convivência.


 


Fui para o ponto de ônibus junto com o Christian, mas como moramos em bairros diferentes, não pegamos o mesmo. No caminho, refleti sobre o dia: tudo bem que não foi o melhor dos dias, pelo menos fiz um amigo, eu acho.


 


Cheguei em casa, tomei um longo banho e comecei a ler meu livro. Minha mãe chegou, logo perguntando como havia sido e eu disse “Bem”, contei mais sobre os professores e as disciplinas. Como eu sou muito estudiosa, mesmo com a minha escola um pouco atrasada em relação a essa, tudo que foi dado eu já sabia. Li mais um pouco e fui dormir, estava exausta! Das coisas que mais me derrubam de cansaço, enfrentar uma escola nova no meio do ano está no topo da lista!


 


Nos três dias seguintes minha situação não melhorou muito: Num dia o ônibus atrasou e no meio do caminho começou uma chuva fortíssima. Vi que a “Lei de Murphy” funciona e bem naquele dia eu esqueci meu guarda-chuva e cheguei na escola totalmente encharcada. Ao chegar na classe  (já lotada) tive de ouvir comentários feitos por Lilá e as amigas dela. Variavam desde “O que houve? Passou num lava rápido?” a outros que optei por tentar esquecer. Me sentia infeliz. Dizia a mim mesma “não é nada demais, não ligue para os outros, não quer dizer nada”,  mas por mais que eu dissesse isso a mim mesma era impossível deixar de me sentir mal. Christian me puxou para uma mesa no canto e disse novamente para eu ignorar. O professor entrou e deu início a aula.


 


No dia seguinte, antes de abrir meus olhos pensei que nada ruim iria acontecer. Me enganei: Ao entrar na sala da aula minha blusa enganchou num prego, rasgando-a quase pela metade. Passei o dia vestindo blusa remendada com durex e é obvio, ouvindo coisas desagradáveis. Por que ninguém entendia que nada disso era culpa minha? Se isso ocorresse com a Pansy, não haveria problema algum, mas como era comigo, a novata desastrada, eu tinha culpa. Culpa por ser idiota e não olhar por onde ando. No mesmo dia roubaram os livros que estavam em meu armário e encheram minha bolsa de areia. Por quê? Não sei, não há motivo para tal perseguição. O que houve com a Lilá foi por acidente, eu nunca faria isso por querer. Pedi desculpas na hora e ela não aceitou. Depois disso, acho que ela nunca o fará.


 


- Eles são infantis. – fala Christian no almoço, enquanto tentava me fazer sentir melhor – Acham que só porque bebem e se esfregam uns nos outros eles podem fazer o que quiserem. Mil vezes eu, um nerd do que esses populares sem o mínimo de bom senso. A única coisa que eles gostam é de fazer com que os outros se sintam mal.


 


Durante esses dias nos aproximamos e a cada dia vejo como somos parecidos, os mesmos gostos, as mesmas opiniões e a mesma vontade de um dia mostrar que somos mais do que aparentamos ser. Nossas aulas nem sempre eram juntas, mas quando eram, sentávamos juntos. As demais eu sentava sozinha. O Ronald me cumprimentou algumas vezes e não parecia estar ciente das minhas “aventuras”, se estava, não mencionou nada.


 


No outro dia eu fiz novamente minha idealização: um dia normal em que eu não fosse ridicularizada. Minha vontade era apagar as mentes das pessoas para que ninguém mais me olhasse e falasse comigo daquele jeito. São pequenos gestos, mas que incomodam demasiadamente. Não disse nada a minha mãe, não quero estragar o sonho dela, não quero vê-la sofrendo por mim. Detesto mentir para ela, mas não há outra solução. No caminho, por um milagre, deu tudo certo: nada de problemas e durante a manhã também. Hoje ninguém tinha feito nada, eu recuperei meus livros e devolvi na biblioteca “Hogwarts: Uma história” preciso dizer que amei? O livro conta a historia da escola desde a dos fundadores a cidade que cresceu ao redor. Mas a minha auto-confiança  me abandonou na ultima aula: educação física. Antes de começar já fiquei em alerta pois eu era uma ameaça em esportes, para mim e para os outros. A Professora Madame Hooch tinha um ar exibido e sem falar ao menos um “Bom dia”, ordenou:


 


- Meninas de saia: Tirem-na. Ela atrapalha.


 


Fiquei inconformada e sem pensar no que fazia abri minha maldita boca:


 


- Como assim? Elas vão ficar só de calcinha? – depois de feito o estrago percebi que todas usavam um short por baixo. Preciso dizer que todo mundo riu da minha cara de novo?


 


Mas hoje nada dará errado. Estava decidida a entrar de cabeça erguida e não pagar mais nenhum mico. Me arrumei, chequei o material e fiz questão de colocar um guarda chuva e uma blusa reserva. Só por garantia.


 


Peguei o ônibus, cheguei no horário e meu armário estava intacto. Conversei um pouco com o Chris enquanto íamos para a aula de literatura.  Assim que entramos vi as amigas da Lilá entregando o que pareciam ser convites de festa. A loira me olhou brevemente com desprezo e voltou a seu ofício. Uma das meninas se aproximou sorrindo.


 


- Oi, você é o Christian, não é? –disse ela sem desviar os olhos de Chris. – É para você. – e entregou a ele um convite. Chris ficou surpreso e a olhou interrogativo.


 


- Tem certeza que é para mim?


 


- Rsrsrsrs. É claro que tenho. Vem, vai ser legal. Ah e esse é para você. – acrescentou depois que pareceu notar minha presença. Olhou mais uma vez para Chris, deu uma piscadela e voltou a entregar convites. Eram lilás com glitter, laços e enfeites diversos. Continha o endereço (uma casa noturna que parecia ser bem famosa), a data (nessa sexta!) e a aniversariante (Nicole Loveless). Eu nem sabia quem era ela, mas já sabia que não iria a essa festa, melhor evitar possíveis micos e aumentar a minha fama de desastre ambulante. Quando a professora chegou fui para a mesa que dividia e tentei segurar meu riso, mas não consegui. Chris ficou visivelmente vermelho.


 


- Nem vem, Mione. – disse ele tentando esconder um riso também.


 


– Você vai?


 


- Não e você?


 


- Não. – eu disse. – Mas que ela...


 


- Ssshhh. Deixa disso, a Cindy fez isso...sei lá por que, mas eu não quero me aproximar de nenhum deles. Acredite, nada de bom vem daquela gente.


 


Nossa próxima aula não era junta, então me dirigi até a minha e me sentei no canto. Era a aula de biologia e o professor era... estranho? Não, bizarro seria mais adequado. Eu senti arrepios quando o vi pela primeira vez (e você sentiria o mesmo se estivesse no meu lugar), ao começar pelo nome: Severo Snape (e ele era bem severo mesmo). Tinha olhos escuros frios e intimidadores, cabelos negros escorridos e colados ao rosto e que pareciam não serem lavados a um bom tempo, usava sempre roupas pretas e sua voz mais parecia um resmungo. Não se convenceu? Tudo bem, saiba que na primeira aula ele me tirou de sala sem ao menos um motivo justificável. Isso nunca aconteceu comigo, e nunca pensei que aconteceria.


 


Flashback:


 


Assim que ele entrou, sem ao menos sentar-se ou dizer “Bom dia” a turma, veio até mim e disse (ou melhor, resmungou):


 


- O que é isso? –olhando friamente para mim, que olhava meu relógio de pulso. – Por acaso está contando os minutos para minha aula terminar? Quanto tempo falta para sair da sala?


 


- Não, professor...


 


- Não me interrompa! – bradou.


 


- Mas eu não interrompi o senhor...


 


- Pegue suas coisas e saia da minha sala, agora! – nem protestei, peguei meu material e saí às pressas dali para o banheiro, tentar conter minhas lágrimas. Depois fui à diretoria e relatar o que havia ocorrido. Uma carta seria mandada a minha casa para meu responsável assinar. Não pensei no que dizer a minha mãe, mas certamente não direi a verdade.


 


Fim Flashback


 


Guardei meu relógio na mochila e deixei minha mesa o mais organizada possível, para que ele não tivesse o que criticar. A sala cheirava fortemente a formol, de repente se encheu de uma brisa leve e um perfume sublime, talvez fruto da visão que tive: Malfoy entrou na sala, com seus cabelos loiros um pouco bagunçados caindo sobre a testa, sua pele extremamente pálida e um sorriso malicioso e sarcástico. Ele vinha acompanhado de um moreno, que mantinha a cabeça um pouco baixa e que de novo não consegui ver o seu rosto. Sentaram-se a algumas carteiras da minha mas antes que eu pudesse olhá-los, um estrondo vindo da porta me despertou. O prof. Snape acabara de bater a porta e ir até a lousa (sem ao menos olhar e cumprimentar os alunos). Como anunciava o título, tratava-se de uma aula prática na qual deveríamos trabalhar em duplas. Fui a bancada pegar os instrumentos e o material a ser analisado e li as instruções que o prof. escrevia na lousa com uma letra muito difícil de entender, mas pelo que li, deveríamos analisar uma lula e identificar suas estruturas. Muito fácil, o difícil era arranjar uma dupla para mim. Quando acabou de escrever e todos já haviam pego o material, o professor disse:


 


- Sr. Malfoy, o senhor possui dificuldade acentuada ao trabalhar em silêncio e costuma atrapalhar suas duplas. Junte-se ao Sr. Longbotton. E você, junte-se a ela. – disse ao amigo de Malfoy e apontou com a cabeça para mim. O loiro foi para o fundo da sala se juntar ao menino que sempre lia revistas sobe games e o moreno se sentou ao meu lado. Agora que estávamos bem próximos, pude vê-lo: seus cabelos eram pretos assim como os olhos e sua pele bronzeada e era mais alto que eu. Disse um “Oi” baixinho e esboçou um sorriso (lindo por sinal), eu também disse “Oi” e sorri.


 


- Não me lembro de ter te visto na última aula. – ele disse franzindo a testa.


 


- É eu não estava na última, o professor me tirou de sala. – eu disse, envergonhada e abaixando levemente minha cabeça.


 


- Ah o Snape é assim mesmo. Acredite, estou acostumado com isso. – ele disse sem um pingo de vergonha e riu de leve. Antes que eu pensasse em algo a dizer, um onda de curiosidade me consumiu e não pude controlar minha voz. Quando dei conta, já havia perguntado:


 


- Como se chama?


 


- Leonard. E você?


 


- Hermione. – respirei fundo. Será que ele iria falar algo do meu nome como os outros??? Não, ele não pareceu estranhar meu nome e sorriu novamente.


 


- Bem, vamos começar? – eu disse subitamente, me lembrando do quão severo era o professor.


 


- Vamos, mas já adianto que não sei nada de biologia. – confessou ele, agora sim, aparentando um pouco de vergonha.


 


- Tudo bem, eu te ajudo. – foi a minha vez de sorrir. Tentei ensinar algo a ele, mas não obtendo muito sucesso ele desistiu e me perguntou sobre a festa da tal Nicole.


 


- Eu não vou. – eu disse enquanto dissecava a lula e ele apenas olhava.


 


- Por que? Vai ser legal. – ele insistiu. Dei os ombros.


 


- Não sou de ir a festas. – ele se calou e pegou o bisturi para me ajudar no trabalho. Viu que não sabia como começar e me pediu ajuda. Sorriu de novo (aii esses sorrisos). Não sei explicar, mas mesmo sem o conhecer já gostava dele. Tinha algo nele que me despertava algo inédito. Fiz todo o trabalho e nem me importei com isso, deixei na bancada que o prof. havia mandado (ele passou a aula toda sentado na mesa lendo algum livro e ignorando qualquer pergunta feita a ele) e Leonardo foi a pia lavar os instrumentos. Fui ajudá-lo.


 


- Não precisa, você já fez demais. – ele disse. Nunca vi um garoto lavar a louça sem que alguém mandasse, nem mesmo o ...ah, deixa pra lá. – Tem certeza de que não vai a festa?


 


Suspirei, olhei-o nos olhos e senti aquela sensação se apossar de mim novamente. Não sei quando minha boca adquiriu vida própria, só sei que quando me dei conta já havia dito:


 


- Eu vou. – ele abriu um sorriso, o mais lindo de todos e sussurrou “Te encontro lá” e foi guardar o material. Fiquei imóvel, pregada ao chão e só voltei a me mover quando ele passou por mim e foi para a carteira guardar suas coisas. Fiz o mesmo e pude ouvir Malfoy o chamar. Leonardo saiu com ele e antes de sair da sala, acenou para mim, num gesto imperceptível aos demais. O restante do dia transcorreu muito bem, sem nenhum desastre.


 


Eu nunca fui de me arrumar muito, mesmo nas (poucas) festas em que eu ia, nunca me preocupei com o que vestir ou em arrumar meu cabelo. Minha mãe insistiu para que eu me arrumasse um pouco e resolvi alisar meu cabelo, minha roupa era simples: uma calça preta, uma blusa e (contra a minha vontade) um salto alto. Peguei um taxi e fui, não demorei muito e cheguei até o local. A boate era como qualquer outra (eu vi nos filmes xD ) com canhões de luzes e globos espelhado, pista de dança lotada e um bar mais lotado ainda. Nele estavam Malfoy e outros garotos bebendo e rindo e Leonardo, quieto e sem beber nada. Ele me viu me encarou por alguns segundos. Os outros garotos, ainda sem me ver, foram para o fundo do bar e Leonardo, ignorando os chamados, veio ao meu encontro.


 


- Oi. Você está incrível. – ele disse tímido. Eu sei, não tem nada de muito original nisso, mas sem ele dizer nada a sensação me toma por inteira. Eu agradeci e ele me chamou para dançar. Aceitei o convite, tudo parecia muito estranho para mim, mas incrivelmente maravilhoso. Nunca senti isso por ninguém, você já?


 


 


 


*******Narrador:


 


No fundo do bar, três garotos bebiam e conversavam sobre os últimos acontecimentos.


 


- Aí Draco, viu com quem o Leo está dançando? – perguntou um loiro de olhos verdes que olhava para o casal e segurava um copo de Black Russian.


 


- Com quem, Andrew? – perguntou Draco sem largar o copo de Whisky.


 


- Com aquela novata desastrada. Cara ela é bem gostosa. – comentou Drew sem desviar os olhos da garota e com a boca um pouco aberta.


 


- Não acredito. Leo só pode estar de brincadeira. – largou o copo na mesa e olhou mais atentamente para os dois na pista de dança.


 


- Eu também não acredito. Lembram do niver da Pansy? Aquilo sim foi uma festa, eu fiquei com mais de 20. Mas todo pessoal tava ficando e o Leo num canto sem beijar ninguém. – comentou um garoto negro e com uma voz rouca e sensual que segurava um copo de Firewhisky.


 


- Mas ele tinha acabado de terminar o namoro, lembra? A Nat tinha acabado de ir embora. E vocês lembram o quanto ele gostava dela.  – fala Drew.


 


- Lembramos sim, não é Draco? E o melhor é que mesmo sabendo disso você e ela tiveram...


 


- É mas isso já é passado. E tudo o que eu fiz foi por livre e espontânea vontade dela. – interrompe Draco, voltando a pegar seu Whisky e entornando um gole.


 


- Tomara que o Leo nunca descubra. Ficaria arrasado se soubesse. – comenta Drew e entorna também um gole de sua bebida.


 


- Ninguém além de nós sabe disso, e ninguém mais saberá. – fala Draco em tom de ameaça para os dois amigos. Ambos concordam.


 


****** Hermione:


 


Paramos de dançar e Leonardo me conduziu para um local mais afastado da pista, onde nos sentamos. Percebi que Malfoy e outros garotos nos olhavam do bar. Ignorei e conversamos um pouco sobre amenidades, ele pegou uma coca-cola (é e eu fiquei aliviada em saber que não havia somente bebidas alcoólicas na festa). Me virei e vi que os garotos ainda olhavam para nós.


 


- Seus amigos estão olhando. – eu não me contive.


 


- Não liga para eles. – respondeu e os encarou. Eles saíram dali. – Eles irritam às vezes, eu sei. Um dia você acostuma.


 


- Aí Leo, não vai apresentar a sua nova “amiga”? – fala um garoto negro e muito bonito, chegando “do nada”. Havia um loiro também lindíssimo e Malfoy.


 


- Draco, Andrew, Blásio esta é Hermione. – apresentou o moreno rapidamente. – Conheceram-se, vamos Hermione? – ele olhou para mim e eu olhei para ele e depois para Malfoy. Então seu nome era Draco, diferente, como o meu, e devo admitir que combina com ele: exótico, intimidador...antes que eu pensasse em mais algum adjetivo me levantei e fiquei ao lado de Leonardo.


 


- Então você esqueceu de vez a Nat? – perguntou Blásio com um misto de curiosidade e malícia. Leo nem se deu ao trabalho de responder, me pegou pela mão e saímos de perto. Percebi que Draco me acompanhou com o olhar até sumirmos de vista. Chegamos a uma sala mais afastada do agito, com sofás macios e arranjos de flores em vasos de cristal. Ele estava tenso, eu não tinha ideia de quem seria essa Nat, mas era importante para ela, ou ainda era. Assim como o __________ foi para mim. (NA: só vão saber de quem se trata no próximo cap)


 


********Narrador:


 


- O que deu em você para falar da Natalie? – pergunta Draco a Blásio, fuzilando-o com o olhar e estalando sua raiva no maxilar.


 


- Qual é? O que eu disse não tem nada de mais. – defendeu-se.


 


- Não estou nem aí se tem algo ou não, mas ninguém, principalmente o Leo pode saber daquilo. Já está mais do que na hora de “enterrar” essa Natalie. Vamos esquecer esse assunto, falou?!


 


- Falou cara, mas você acha que Leo ainda gosta dela? – pergunta Drew.


 


- Não sei, mas estando ou não, vamos esquecer esse assunto. Eu ainda não bebi nem ¼ do que costumo e tem muita mulher nessa festa pro Draco aqui...


 


 


 


********Hermione:  


 


Depois de conversarmos mais um pouco, mas ainda tenso, Leonardo soltou minha mão. Eu nem percebi que todo esse tempo estávamos de mãos dadas, mas agora que ele havia soltado senti um pequeno vazio dentro de mim. Percebi que Blásio voltou a nos observar, ele também percebeu e disse que já voltava. Olhei discretamente pelo canto do olho e vi que ele foi direto ao encontro de Blásio, os dois sumiram de vista. Para não ficar esperando sozinha, resolvi ir ao banheiro.  Antes de chegar até lá, Lilá passou ao meu lado (chamando por Ronald) e me olhou assasinamente. Ignorei. Ao entrar vi uma garota sentada no chão mais ou menos da minha idade com cabelos lisos e ruivos e olhos azuis cheios de lágrimas.


 


- O que houve? Você está bem? – perguntei e me sentei ao seu lado.


 


- Nada, eu estou bem não se preocupe. – disse ela entre soluços, quando fez menção para se levantar, não o fez, devido aos tremores que tomavam conta de seu corpo.


 


- Quer que eu chame alguém?


 


- Sem querer abusar, mas já que perguntou, eu quero que chame meu irmão Rony...Ronald, quer dizer, Você deve conhecê-lo ele é alto, ruivo, faz isso? - soluçou e enxugou as lágrimas.


 


- Claro, mas talvez demore um pouco, no caminho eu vi uma das garotas procurando desesperadamente ele por toda festa. – lembrei-me do episodio a pouco ocorrido.


 


- Ah isso é a cara dele. Meu irmão é assim mesmo, não consegue entender a sorte que tem por ser popular. Ele deve ter ido embora. Já aconteceu antes. – disse ela desapontada, mas parando de tremer. – Mas você é nova aqui, não é?


 


- Sou sim. Me chamo Hermione.


 


- Me chamo Gina Weasley. Estou no 1° ano... – e conversamos um pouco até ela se acalmar. Perguntou se já tinha feito amizades e falei de Chris (que ela não conhecia) e de Leonard. Ao citar o último, ela ficou séria.


 


- Ele é da turma do Malfoy, não é?


 


- Acho que é, por que? – perguntei curiosa e desconfiada.


 


- Não, só o conheço de vista para falar a verdade. É que o Malfoy não é a melhor pessoa do mundo.


 


- Como assim?


 


- Você sabe, as garotas amam ele e tudo mais, acontece que meu irmão diz que ele não é muito confiável, e eu também não vou com a cara dele. Só estou te avisando, tem boatos não muito agradáveis sobre ele.


 


- Mas só pelo fato de andar com eles não significa que ele agirá como eles. Eu penso assim. – eu disse pausadamente.


 


- Eu também , mas hoje percebi que devo repensar isso. Conhece Blásio Zabinni? – ela perguntou. Quando citou o nome se arrepiou de leve.


 


- Eu o conheci hoje. – eu me lembrei do garoto e fiz uma careta involuntária.


 


- Quando eu o conheci eu senti algo que nunca senti por nimguém, avassalador. Um dia ele me convidou para sair e eu achei que tudo estava perfeito, me apaixonei por ele. – ela fez uma pausa e vi que tentou segurar um soluço. – Mas com o tempo ele mudou, para pior. Hoje eu vi que nada daquela perfeição existia, eu vi quem ele é de verdade.


 


- Foi por isso que você estava chorando. – concluí.


 


- Sim. Hoje foi um dia que eu jamais vou esquecer, infelizmente. E por causa dele. Ele quis...ele quis me forçar a... – ela já chorava e voltava a soluçar e eu a abracei. Disse que já tinha passado e tudo ficaria bem e ela retribuiu meu abraço. Eu acabei chorando também, de raiva e tristeza.


 


- Fique de olho nesse Leonardo. – aconselhou Gina enquanto nos recompunham em frente a um dos grandes espelhos daquele banheiro.


 


- Ele não é assim, não pode ser. – eu disse em voz baixa, mais para mim, para convencer a mim mesma disso.


 


- Não disse que ele é assim, mas não baixe a guarda. Me tome como exemplo, eu pensava o mesmo daquele... traste. – ela finalizou e saímos dali. Enquanto ela olhava para todos os lados na tentativa de evitar Zabinni, eu procurava por Leonard. Um grupo de meninos veio falar com a ruiva e ela disse serem amigos dela e do irmão, neguei o convite de me juntar a eles e continuei procurando.  


When I look back upon my life                                                                                                                                                 Quando eu olho para a minha vida


 


It's always with a sense of shame                                                                                                                                            Sempre sentindo vergonha


 


I've always been the one to blame                                                                                                                                                   O único culpado sempre fui eu


 


For everything I long to do                                                                                                                                                           Pois tudo o que desejo fazer


 


No matter when or where or who                                                                                                                                                    Não importa quando, onde ou quem


 


Has one thing in common, too                                                                                                                                                      Tem uma coisa em comum também





O volume da música (que já estava alto) havia aumentado e ao contornar a pista de dança vi vários casais se agarrando. Como eu não havia reparado nisso antes eu não sei. Fui até a sala em que nos vimos da última vez, a luz estava reduzida e não vi mais ninguém. Ao me virar esbarrei em alguém. Era Malfoy. Mesmo na penumbra vi o cinza de seus olhos e mesmo com o som alto pude ouvir sua respiração. Ele me segurou pela cintura e senti meu corpo colar ao dele. Meu coração disparou e senti um frio na barriga quando seus lábios frios tocaram os meus. Me senti em meio as nuvens. O beijo se aprofundou e senti sua língua explorar minha boca e assim ficamos por um tempo indeterminado. Em algum momento nos separamos, embora nossos corpos continuassem muito próximos. Ele finalizou com uma mordida de leve em meus lábios e se afastou, sem dizer uma palavra.


 


*********Narrador:


 


Na sala, dois jovens experimentavam algo novo, enquanto um terceiro observava a cena atrás de uma pilastra. A felicidade que crescia em seu coração murchou imediatamente, sentiu como se alguém lhe roubasse algo novo e que adorava. Não suportaria continuar a ver aquilo e saiu dali o mais rápido que pode. O beijo terminou e ambos abriram os olhos. Draco se afastou de Hermione sem conseguir dizer uma só palavra. Sua consciência parecia ter voltado e agora pôde raciocinar e percebeu que o aglomerado de sensações que tivera a pouco não eram fruto do álcool e sim de uma nova droga que acabara de experimentar.


t's a, it's a, it's a, it's a sin


É um, é um, é um, é um pecado


 


 


It's a sin                                                                                                                                                                                         É um pecado


 


Everything I've ever done


Tudo que sempre fiz


 


 


Everything I ever do                                                                                                                                                         Qualquer coisa que faça


 


Every place I've ever been                                                                                                                                                      Todo lugar em que já estive


 


Everywhere I'm going to                                                                                                                                               Qualquer lugar que eu vá


 


It's a sin                                                                                                                                                                                               É um pecado




 


Hermione o acompanhou com os olhos até ele sair da sala e em seguida saiu também, mas antes de dar mais que alguns passos as luzes se apagaram e começou a tocar a música da aniversariante. Ela não conseguiu prestar atenção em mais nada, nada daquilo fazia sentido.


 


Draco se manteve encostado numa parede absorto em seus pensamentos até Nicole se aproximar. A garota tinha cabelos castanhos claros, olhos cor de mel e um corpo invejável.


 


- Não está aproveitando a minha festa, não é? Eu também estou achando uma chatice. – disse ela se encostando ao lado dele.


 


- Verdade?


 


- Sim, mas quem sabe você não muda isso. Podíamos sair daqui e ir a um lugar mais confortável. – sugeriu ela maliciosamente e chegou mais perto para beijá-lo, Draco se desviou.  Nicole ficou estupefata, nunca havia sido rejeitada por garoto algum, muito menos por Draco.


 


- É, o mundo dá voltas Nick, quem diria que você iria levar um “fora” desses...


 


- Pansy, querida, agora que ele não quis, eu fiquei com mais vontade ainda. – disse Nicole tentando se manter superior e seguindo o loiro.


 


Numa das mesas duas garotas conversavam:


 


- O Christian não veio. – Lamentou-seu um delas.


 


- Você esperava que ele viesse? Cindy, vocês mal conversaram e ele nunca vai as festas, por que ele viria nessa? – perguntou a outra.


 


- Porque eu o convidei. – respondeu a morena.


 


- Não entendi o porquê disso também, você sempre o observa mas nunca falou com ele, em um belo dia você resolve convidá-lo a uma festa. Era esperado que ele não fosse aparecer. – Conclui Katheryne.


 


- Não importa o que você diga, eu acho que fiz certo de convidá-lo, afinal ele nunca foi a uma festa porque ninguém o chama. Já estava mais do que na hora de alguém fazer isso. – Finaliza Cindy.


 


 


 


******Hermione:


 


Na hora de irmos embora dividi um taxi com Gina. Morávamos longe, mas minha casa era caminho para a dela. Ela não encontrou o irmão, mas disse que sempre acontecia de cada um chegar num horário diferente. Conversamos durante todo o caminho, mas não disse nada sobre o beijo, embora ela tenha me perguntado mais de uma vez se havia acontecido algo. Aleguei estar confusa por não ter encontrado Leonardo (e eu estava mesmo). Ela disse que os garotos eram assim mesmo e eu não devia esperar mais dele. Ainda acho que ela está enganada a respeito disso, mas não a contrariei na hora. Cheguei em casa e fui bombardeada com perguntas feitas por minha mãe, disse que tudo correu bem e que estava exausta e conversaríamos amanhã. Quando me deitei não conseguia dormir, só pensava em Draco, em Leonardo e no mistério que os cercava.


 


Na manhã seguinte acordei, tomei café e minha mãe disse que tinha de ir ao escritório arrumar algumas coisas. Fiquei em casa sozinha, de novo. Me sentia solitária e confusa depois da mudança. Entretanto, não pude deixar de pensar: naquele beijo, nos olhares que troquei e com toda a atmosfera que estava envolvida. Como um despertador, o celular tocou, atendi e era Chris, perguntando se eu queria passear pela cidade com ele. Aceitei, me troquei e saí. Pegamos um ônibus e conheci outro trajeto diferente da escola e da boate.


 


Fomos a uma biblioteca central, com uma arquitetura antiga e um interior luxuoso, me senti numa daquelas bibliotecas de filmes, grandes e abarrotadas de livros. Andamos por um parque com jardins tão bonitos quanto os de Hogwarts, um lago e com muitas pessoas que corriam, faziam um piquenique ou apenas observavam e aproveitavam um belo dia ensolarado. Vi shoppings lotados, edifícios gigantescos e avenidas largas e movimentadas. Saímos e fomos almoçar no Mc Donald’s, a primeira vez que experimentei aquele hambúrguer foi com meu pai, há alguns anos. Todas as férias, eu e ele comíamos algumas vezes, pois não havia nenhuma lanchonete dessas na minha cidade, e a mais próxima ficava na cidade vizinha. Pegamos mais um ônibus e fomos a outra biblioteca que ficava um pouco afastada. Não era tão luxuosa e nem com tantas variedades, mas era bem interessante. Ele me levou a um museu e adorei ver fotos e maquetes da cidade atuais e antigas.


 


No caminho de volta, ele me perguntou sobre a festa. Eu disse que não houve nada de mais, não mencionei nada sobre Draco, Leonardo e Gina. Mas falei que vi Cindy, ele não disse nada. Não sei como ele reagiria se soubesse o que houve realmente, tenho medo que se afaste de mim, afinal, ele é bem “certinho”, e eu não sei se ainda sou assim, e se não sou, nem faço ideia do motivo da mudança.


 


As paisagens da volta eram bem diferentes da ida. Se numa parte da cidade há belos prédios e luxuosas mansões, pessoas bem vestidas com carros caríssimos e restaurantes refinados, existe outra parte ignorada por alguns: favelas, amontoados de gente em cômodos minúsculos, pessoas maltrapilhas, mendigos e trabalhadores que não ganham o suficiente para ter uma vida melhor. Eu nunca havia sido exposta a esse mundo, ver na TV é completamente diferente de ver na vida real. Olho para Chris e ele é indiferente a isso, olho para as demais pessoas e elas também não esboçam reação alguma de indignação.  Com o tempo as favelas foram se distanciando e aparecerem bairros menos piores, com iluminação precária e com ruas um pouco sujas. O ônibus parou em um ponto e algumas pessoas desceram, alguém subia, mas não vi quem era, até que ouvi Chris exclamar:


 


- Leonardo!  - na hora olhei diretamente para o moreno.


 


-Você mora por aqui?- perguntou Chris.


 


- N-Não. Eu só estava fazendo uma coisa por aí. – respondeu ele com os olhos um pouco arregalados ao me ver. Ele me encarou profundamente por alguns segundos, mesmo a certa distancia sentia seus olhos escuros me perfurarem. Ele passou por mim e não desviou os olhos, senti um pouco de desapontamento e uma possível...raiva? Não sei o que fiz, mas seja o que for, tenho de saber o que houve. Leonardo se sentou no ultimo assento e eu pedi licença a Chris e fui me sentar ao seu lado.


 


- O que houve?Você perece diferente.


 


- Não sou eu que estou diferente. – retrucou indiferente, mas percebi que estava desapontado.


 


- Se eu fiz algo que te magoou, por favor, me perdoe, não tive essa intenção. – eu disse e coloquei minha mão sobre seu ombro, ele a repeliu e se vira para a janela. Senti meu peito doer com a atitude dele. Meus olhos se enchem de lágrimas.


 


- Fale comigo. – eu pedi, ele não se moveu. Senti o gosto salgado de uma lágrima que havia escapado. Ele viu, pelo canto do olho, e deixou seu ar indiferente: segurou minha mão e com a outra enxugou a lágrima.


 


- Vamos começar tudo de novo. – ele disse. Sinto uma corrente elétrica passando por minha mão quando ele a toca e um leve arrepio com aquelas palavras. Sorrio, aliviada, e sinto novamente a sensação que tive desde a primeira vez que nos vimos.


 


- Oi, sou Hermione. – digo, ele sorri. Toda a solidão que me consumia, não me consome mais, o estado confuso permanece, mas é algo delicioso. Ouço Chris me chamar, indicando que deveria descer. Me despeço de Leonardo e aceno para Chris. Chego em casa e levo uma bronca por chegar tarde, mas nem me incomodo. Prometo que da próxima vez aviso e subo para meu quarto. Quando penso que o dia não pode melhorar tenho uma surpresa: no bolso da minha jaqueta há um papel dobrado, contendo um número de telefone.




N.A.: Olá queridos leitores!!


Em primeiro lugar sejam bem vindos a minha nova Fanfic!! Espero sinceramente que gostem, se divirtam e se emocionem com essa história. Este é um projeto bem diferente do anterior (A Miragem) desde ao gênero aos personagens, porém igualmente prazeroso!     Peço a vocês que COMENTEM, podem ser palavras pequenas, mas extremamente valiosas para a autora!!!!!!!


Quero agradecer a Tamara J. Potter (ela fez a capa!!) pelo interesse na fic e pela força que me deu! Beijoos amiga!!


Obrigada também a Deliz Rosa pelo comentário!! quanto ao seu pedido, vou pensar está bem?! rsrsrsrs


O que acharam de Hermione? Do Chris? Do Draco? E do Leonard??


Falando nesse último, será que ele é como Gina pensa? Ou será Hermione que está correta a respeito dele? Só vão saber com certeza nos próximos caps, mas não custa nada dar o seu palpite, ok?!


Mais uma vez obrigada por me acompanharem nessa caminhada,


Aguardando comentários,


Beijos e abraços,


                                 Isah Malfoy


                                                                                                     6/3/2011


 




 

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