O Largo do Morto



Hugo desceu as escadas e viu a mãe conversar com Gina pela lareira e depois ir até a cozinha. Hermione chegou a abrir um livro de receitas, mas o largou em seguida.


– Mamãe.


– Já está quase na hora de você ir pra cama...


– Algum sinal do papai e tio Harry?


– Ainda não, mas o trabalho do seu pai é assim mesmo.


– Está preocupada mamãe eu sei que está.


– Hugo, você viu esse tal Francis; o que achou dele?


– Esquisito, mas já vimos pessoas esquisitas antes. Tio Jorge não foi legal com e ele ficou ofendido.


– Dei uma boa lida no cartão dele; bruxos das Trevas não costumam anunciar o que fazem. Não em cartões de apresentação. Alias nunca soube de algum bruxos das Trevas que tivesse um.


– Nunca ouviu falar deles?


– Não e nem desse lugar onde o tio Jorge disse que seu pai foi.


– Se papai o achou nós também podemos!


– Hugo... você tem razão; acho que sei quem pode saber sobre esse endereço. Vou deixar você com a tia Gina...


– Não! Eu vou também! Tenho que proteger você mamãe! Papai disse que sou o homem da casa quando ele não está! Não sou um bebê; já tenho dez anos!


Hermione olhou fundo nos olhos azuis do filho; um olhar inquietante e decidido.


– Está bem...


– Só preciso de um minuto para pegar meu kit Weasley e a vassoura.


Mãe e filho fora até um quarto no Caldeirão Furado; o garotinho loiro e gordo atendeu.


– Preciso falar com uma de suas tias. – disse Hermione.


– Elas estão ensaiando.


– Diga que é Hermione Weasley; elas me atenderão.


O menino fechou a porta e logo em seguida uma das vampiras apareceu.


– Sra. Weasley. Oh, quem é esse delicioso garotinho?


– Meu filho Hugo.


Hugo arregalou os olhos; já tinham lhe dito que era bonitinho, mas nunca delicioso. Vindo de vampiras não estava muito certo se era uma coisa boa.


– Por favor, entrem.


– Já jantaram? – perguntou Hermione barrando a entrada do filho.


– Já! Pode ficar tranqüila. Estávamos discutindo o nome para nosso grupo vocal. Eu sugeri Sangria.


– É um belo nome. – disse Hermione tentando ser simpática.


– Obrigada. A votação ainda está aberta.


– Só Vampiras é mesmo um nome meio comum...


– Hugo! – repreendeu Hermione.


– Ele é mesmo uma delicia.


– Preciso saber se conhecem essas pessoas e esse endereço.


A vampira olhou o cartão e sorriu.


– Já os vi. Os dois já freqüentaram as reuniões do nosso grupo... de leitura. O grandão se diz entendido na tradicional Artes das Trevas e o menor é só o empregado.


– E não canta nada. – disse o garotinho gordo.


– Ele tentou nos impressionar falando de suas experiências com criaturas mágicas. Coisas difíceis de acreditar. Disseram que estavam vivendo numa casa no Largo do Morto.


– Já ouvi falar – comentou Hermione.


– Achamos que era outra mentira; nem o mais poderoso dos bruxos pode viver ali. Disseram que a casa era ideal para fazer as tais experiências.


– Obrigada. Ajudaram bastante.


– Espero que encontrem o vocalista dos Kroft. O show não será o mesmo sem ele. – disse a vampira antes de fechar a porta.


– Vamos pra esse lugar mamãe?


– Hugo é muito perigoso... sua mochila está se mexendo!


– É meu amigo Gloop ele mora no nosso jardim!


O gnomo colocou cabeça para fora da mochila e resmungou alguns sons estranhos.


– Ele gosta da sua comida.


– Você entende o que ele fala?


– Explico mais tarde mamãe. Vamos atrás do papai agora?


– Não posso levá-lo comigo. Eu deveria dar o sinal para os outros Aurores e...


– Devia, mas não vai fazer isso! Vai atrás deles você mesma! Por favor mamãe eu posso ajudar!


– Ok, mas prometa que vai fazer tudo que eu mandar!


– Prometo. – disse Hugo com a mão sobre o peito.


– Vamos para o Largo do Morto! Não solte minha mão!


Aparataram muito longe do lugar que Harry e Rony começaram a andar em direção a casa. Hermione iluminou os arredores; não havia muita coisa em volta.


– Pra que lado mamãe?


– Não sei. Todos os lados parecem iguais. – disse Hermione andando de mãos dadas com o filho.


– Acha que estamos sozinhos? – perguntou Hugo tentando enxergar além da luz da varinha.


– Não sei, mas seria muito pior fazer esse caminho sozinha. – respondeu Hermione apertando mão do filho.


– Eu ai contar pra você sobre os gnomos, mas ia esperar o seu aniversário.


– Por quê?


– Pra mostrar uma coisa. Uma coisa que eu fiz.


Ouviram barulho em volta. Hermione tentou aparatar, mas já não conseguiu.


– Estamos perto! Essa área está enfeitiçada para impedir aparatação. Sua vassoura me agüenta?


– Sim, mas você odeia voar mãe!


– Eu sei! Se não podemos aparatar perderemos muito tempo caminhando! Vamos voar então!


 


 


 


Hermione montou com o filho; a vassoura era pequena e ela teve que sentar de lado. Hugo ajeitou a mochila nas costas. O gnomo colocou a cabeça para fora.


– Acho melhor entrar – disse Hermione ao gnomo – eu entraria se pudesse.


– Papai nem vai acreditar! – disse Hugo dando impulso.


Não voaram muito alto e nem rápido; Hermione continuou iluminando em volta e achou a casa.


– Hugo tem uma janela aberta no segundo andar.


Hermione entrou no quarto depois de verificar possíveis feitiços de proteção. A escuridão já começava incomodá-la; aumentou a luz da varinha e iluminou um corpo balançando. Foi inevitável mãe e filho não se assustarem. Uma velha enforcada balançava na frente deles. Hermione tapou os olhos do filho e quis sair o mais rápido possível daquele cômodo. Fechou a porta com força.


– Jorge! Você me paga! Hugo preste atenção: nunca tire conclusões apressadas das pessoas! Nunca!


– Ok mamãe – respondeu Hugo ofegante.


– Foi só um truque para nos assustar!


– Funcionou!


– Fique atrás de mim... – disse Hermione apontando a varinha para o corredor.


Quando se virou Hermione não viu mais o filho. A mochila e a vassoura estavam no chão.


– HUGO! HUGO! Gnomo!


Hermione seguiu pelo corredor e entrou num quarto cheio de quadros coberto por lençóis; começou a puxá-los e descobriu que eram quadros dos cômodos da casa. Seymor e Francis estavam pintados em alguns, mas a maioria era só os cômodos vazios.


Atrás da porta achou o quadro do banheiro parcialmente coberto; puxou o restante do lençol; viu Hugo preso lá. Voltou ao corredor e abriu todas as portas até achar o banheiro; abriu o armário com pressa e só encontrou escovas de dente mofadas. Respirou fundo e tornou a abrir. Uma janela apareceu. Não dava para ver nada; Hermione tentou enxergar, mas a escuridão vencia a luz da varinha. Conjurou uma corda e a jogou pela janela; durante a descida encostou o ouvido na parede fria e pegajosa e ouviu a voz do filho.


– Hugo... mamãe já está indo!


 


– Fique quieto! – gritou Seymor. – Mestre não consegue se concentrar desse jeito!


– HUGO WEASLEY ESTÁ CHAMANDO HERMIONE GRANGER WEASLEY!!


– Vou dar um nó na sua língua! – disse Mekkano.


– Cadê meu pai e meu tio? PAPAI! TIO HARRY!


– Seymor de um jeito nesse moleque!


– O que estão fazendo?


– Não é da sua conta!


– PAPAI! MAMÃE! TIO HARRY!


– Vou trocar a voz com o vocalista da banda Kroft. Estou tentado me concentrar por tanto fique quieto!


– Minha mãe já deve ter descoberto por onde você me pegou. Ela é a bruxa mais inteligente da geração dela!


– Também sou um bruxo muito poderoso! Leia o cartão. Seymor seu inútil! De um jeito nesse moleque!!


Seymor empurrou Hugo dentro de uma caixa; o menino resistia aos berros.


– Cale a boca! – disse Seymor trancando a caixa. – Ponho fogo na caixa com você aí dentro! Sua mãe só vai achar as suas cinzas!


Um buraco se abriu na parede. Hermione apontou a varinha para Mekkano.


– Vim buscar meu filho!


– Sra. Weasley! Que prazer! – disse Mekkano fingindo estar calmo. – A bruxa mais inteligente de sua geração!


– Onde está meu filho?


– Ele está bem! – disse Seymor chutando a caixa que se mexia atrás dele.


– Eu quero meu filho! E o que fez com meu marido e meu cunhado?


– Não os vimos...


– Está mentindo!


– Preciso fazer um feitiço e agora estou nervoso! Seymor essa agitação está... – disse Mekkano apertando a cabeça.


– Mestre se concentre e poderá...


– Digo onde o menino está se fizer o feitiço pra mim Sra. Weasley!


– Não! Quero ver meu filho!


– Mestre! O senhor pode fazer esse feitiço!


– É muito complicado e agora estou com dor de cabeça!


– Eu o farei então! – disse Seymor se colocando na frente de Mekkano.


– Cale a boca Seymor! É magia avançada você não tem como conseguir se eu não consigo!


– Mestre!


– É uma troca de voz; a minha voz pela do Sr. Kaptain.


– Meu marido e meu cunhado?


– Eles estão bem. Todo mundo está bem! O feitiço Sra. Weasley... faça e todos sairão sem nenhum arranhão! – disse Mekkano sorrindo.


O gnomo apareceu atrás de Mekkano fazendo um som abafado pulando em cima da caixa que Hugo estava.


– Tem minha palavra. – continuou Mekkano – Não queremos machucar ninguém! Só dar uma lição em Jorge Weasley. Depois do show todos poderão ir.


– Eu faço. – disse Hermione.


– Ótimo. Seymor leve-a até o Sr. Kaptain.


– Mestre! Essa mulher... lembra da figurinha do sapo de chocolate?


– Agora Seymor!


Deitado encolhido num canto Kaptain nem viu Hermione apontar a varinha pra sua garganta. Seymor segurou Hermione pelo braço com força.


– A varinha absorverá a voz dele. Quero que a aponte direto para o mestre logo em seguida. E dele para...


– De volta para o Sr. Kaptain!


– As vozes serão trocadas. Faça o feitiço e solte a varinha! – disse Seymor apertando mais o braço de Hermione. – Sra. Weasley a vida do menino depende disso já a do seu marido e cunhado sinto em dizer...


– Diga a ela o feitiço – disse Mekkano.


– Eu sei o feitiço! – respondeu Hermione apontado à varinha para o rapaz encostado na parede. – Comutatori Vocabuli.


Uma fina luz distorcida partiu da varinha e envolveu a garganta do vocalista dos Kroft.


– Parece que está doendo! – comentou Seymor.


A luz mudou de cor e voltou para a varinha de Hermione. O rosto de Kaptain ficou pálido; ele abriu os olhos e colocou a mão sobre a garganta. Hermione sentiu como se tivesse roubado a essência do rapaz.


– Agora pra minha garganta. – disse Mekkano como que se esperasse que Hermione lhe jogasse um doce. – Vamos mulher!


– Meu filho?


– Me dê a voz!


– A voz! – murmurou Seymor.


– Você quer muito essa voz não é? – perguntou Hermione a Mekkano. – Pois então... vá buscá-la!


Hermione lançou a voz de Kaptain na direção do gnomo.


– Não! Mulher estúpida! – gritou Mekkano.


– Corra! – mandou Hermione e gnomo disparou pela sala.


– Seymor faça alguma coisa!


Seymor apontou a varinha para Hermione, mas ela lhe lançou o feitiço. Seymor apertou a própria a garganta e tentou lançar algum feitiço, mas de sua boca só saíram grunhidos. Começou a emitir apenas sons como o gnomo.


– Não fale assim com a minha mãe! – disse Hugo pulando da caixa com uma espécie de estilingue e acertou Seymor bem na testa.


– Kit Weasley de bolso? – perguntou Hermione abraçando o filho. – Ajude-me com Sr. Kaptain e vamos procurar o papai.


O gnomo passou correndo com Mekkano atrás; Seymor se atirou sobre ele e apontou Hermione. Mekkano lançou o mesmo feitiço em Hermione e tirou sua voz.


– Consegui fazer o feitiço Seymor! Consegui!


Seymor emitiu alguns sons.


– Ele disse que se tivesse feito logo de primeira... ele não estaria com voz de gnomo. – disse Hugo.


– Mesmo?


– Ele está bravo com o senhor! E quer a voz dele de volta.


Seymor continuou emitindo sons. Mekkano apontou a varinha e Seymor passou a falar com a voz de Hermione.


– Agora pode me dizer o que pensa Seymor!


– O garoto está mentindo!


– Não menti; eu entendo tudo o que gnomos falam! – gritou Hugo.


– Seymor tem voz de mulher! – gritou o gnomo.


– Vá pegá-lo. – mandou Mekkano.


– Sim senhor.


Kaptain se levantou e acertou a cabeça de Seymor. Hugo chutou a canela de Mekkano e o gnomo lhe deu uma bela dentada na mão.


As luzes da sala se acenderam. Mekkano e Seymor fecharam os olhos e cobriram a cabeça. Hermione tirou suas varinhas e destrocou todas as vozes.


– Mamãe olhe!


Um dos quadros na parede tinha a imagem de Harry e Rony; os dois cheio de feridas.


– Estão com uma doença contagiosa mortal! – disse Seymor espiando entre as mãos.


– Eu sei onde eles estão! – disse Hermione.


– E tem os dragões!


– Estão mortos. – disse Kaptain apontando para outro quadro. Os dois dragões estavam deitados.


– Impossível! – disse Mekkano ficando de pé. Mesmo sem conseguir enxergar direito tocou os quadros. – São só quadros! Odeio esses quadros.


– São coisas que acontecem na casa. A bruxa enforcada que vimos; ela é a dona da casa e pinta tudo que vê. – explicou Hermione.


– Achei que ela era só um enfeite. – disse Mekkano ficando de joelhos.


– Não importa! Os Aurores estão morrendo ninguém poderá tocá-los sem morrer também! – gritou Seymor.


 


Deitado ao lado de Rony os pensamentos de Harry estavam começando a ficar desordenados.


– Gostaria de pensar em alguma para dizer a você. Estou pensando nas crianças em Gina e...


– Hermione... – disse Rony e depois deu uma gargalhada.


– O que?


– O cara só queria cantar.


– É...


– Vamos morrer porque o cara se ofendeu por que Jorge não o deixou cantar.


Os dois começaram a rir.


– Rony – disse Harry levantando a cabeça – estou tendo uma alucinação; tem um gnomo falando comigo. Ele tem a voz de Hermione.


– O que ele está dizendo?


– Que a ajuda está a caminho.


– Não podem nos tocar! Diga a ela que estamos doentes...


– É um gnomo...


Depois de alguns minutos Harry perdeu os sentidos e Rony sentiu alguém o tocar. Abriu os olhos devagar.


– Minha alucinação é melhor! Tem uma vampira me estendendo a mão!


– Vamos levá-los para casa.


– Minha mulher não vai gostar!


– Acreditaria se eu dissesse que foi ela que me pediu Sr. Weasley?


O gnomo com a voz de Hermione disse a Rony que tudo acabaria bem.


 


– Alô, bruxos ligados na boa música que eu Boyce Hart e a RRB levamos até vocês. Como todos sabem aconteceu ontem à noite o mais quente Show do Cosmos do século! Patrocinado pela RRB e pela Gemialidades Weasley. Além de publico recorde e shows impecáveis o evento desse ano teve uma história incrível nos bastidores. Tudo começou com meu amigo Jorge Weasley que está aqui. Jorge, soube que você salvou o dia!


– Pois é cheguei bem na hora! Como sempre aliás...


– Dá pra acreditar? – disse Gina abrindo as cortinas do quarto. –Jorge nem mencionou as vampiras! Elas que nos contaram sobre Hermione e Hugo irem para o Largo do Morto.


– Elas chegaram bem na hora! – respondeu Harry se levantando.


Pela janela Harry viu Lily, Hugo brincando com os gnomos e com o garoto loiro gordinho sobrinho das vampiras; Rony e Hermione estavam no jardim também.


Harry parou em frente ao espelho e examinou os braços, as pernas e o peito; as feridas já tinham sumido.


– Como se sente?


– Bem melhor. Vou dar um pulo em Azkaban para conversar com Mekkano.


– Não pelos próximos dias! Você tem que descansar! Leu a ficha que Rony trouxe?


– Sim.


– De onde aqueles dois vieram afinal?


– Romênia. A família de Francis sempre disse a ele que eram poderosos bruxos das Trevas, mas era mentira. Ele passou mesmo toda a juventude atrás do dragão de Tobura na ilha de Tobura, com Seymor.


– Alguém contou a ele que o dragão tem esse nome por causa do bruxo que o descobriu e não pela ilha?


– Ele descobriu do pior jeito, mas realmente conseguiu recriar um dragão extinto. Um feitiço criado por ele! Pena eles terem morrido. Atacaram um ao outro...


– Você está parecendo Carlinhos ou Hagrid!


Harry voltou a olhar as crianças e Gina, como sempre, pareceu adivinhar seus pensamentos.


– Hugo realmente sabe o que os gnomos dizem! Eles escreveu uma espécie de dicionário com sons que eles fazem. Impressionante não?


– Incrível.


– Se vista pra descer; estamos esperando só você para almoçar.


– Temos tempo... – disse Harry beijando a mulher.

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