Travels



         Pegou o Profeta Diário que seu pai lera mais cedo no café da manhã e viu a manchete acima de uma enorme foto de Kingsley Shackebolt: Ministro garante: “Hogwarts receberá seus alunos de volta em 1º de setembro.” Sentiu uma estranha felicidade. Nunca gostara de Hogwarts, mas dessa vez gostaria de voltar. Será que Luna voltaria? Ah, por Merlin,  não conseguia se reconhecer. Ele, um verdadeiro sonserino, sangue puro, se perguntado se veria Di-Lua novamente, uma garota biruta, sem importância nenhuma. Quem era aquele Draco?


         Será que era bom mesmo terminar seus estudos? Não seria melhor ficar em casa, afastado da Lovegood? Ou terminar sua educação na Durmstrang? Precisava pensar. Longe. Viajaria. Sozinho, sem seus pais para influencia-lo.


         Correu escadas acima, para arrumar suas malas. Só precisava conversar com a mãe e escolher o destino. Encontrou Narcisa nas escadas.


         - Hey, Draco, onde vai com tanta pressa? – perguntou calmamente, com uma sobrancelha levantada.


         - Arrumar as malas.


         - Como assim arrumar as malas? – perguntou, desconfiada


         - Vou viajar. De férias. Sozinho.


         - Você não pode viajar. Seu pai está enfrentando um processo no ministério, você sabe. Tem que apoia-lo.


         - Ele tem você, para apoia-lo. Já cansei de apoia-lo em suas idiotices. Preciso de tempo pra mim, sem ele. – Draco correu escada acima. Narcisa estava lívida de raiva.


         - DRACO, VOLTE AQUI – ele continuou andando. – DRACO – virou o corredor e ainda pode ouvir atrás de si – DRACO, SEU PAI VAI FICAR SABENDO DISSO!


         Abriu o guarda roupa e colocou uma mala em cima da cama. Jogou algumas roupas lá dentro e fechou-a. Pegou a varinha e saiu. Precisava tomar mais algumas providências.


 


         ----------------------***-----------------------


Abriu os olhos e encarou o teto do quarto. Dormira demais, percebeu quando olhou pela janela e viu que o sol já estava a pino. A cama ao seu lado estava vazia. Levantou-se lembrando da noite anterior. Depois que Harry saiu da cozinha, sua mãe ficara estática e seu pai tentara consolá-la. Rony, Hermione e Percy também se retiraram. Jorge ficou comentando que os três não aguentavam muito tempo sem uma aventura e disse que gostaria de ir junto, no que Molly rapidamente, saindo do estado catatônico, proibiu-lhe severamente. Ele saíra resmungando que era maior de idade, mas não poderia ir de qualquer jeito, pois ninguém poderia cuidar da loja.


Então ela se levantou e subiu para seu quarto, deitou-se e ficou acordada durante muito tempo. Ficaria longe de Harry dentro de três dias. Será que não conseguia ir pra lá também? Lavou-se, vestiu-se e caminhou até a porta. Botou a mão no trinco e abriu a porta no momento em que pensava que poderia talvez arranjar um meio de viajar junto com eles. Saindo para o corredor encontrou Hermione voltando ao quarto. Sorriu para a amiga que retribuiu.


- Bom dia, Gina! Parece melhor hoje. – Mione disse entrando no quarto.


- Bom dia. Me sinto um pouco melhor. – respondeu


- Hum, que bom. – Mione começou a olhar as roupas que possuía no seu malão, separando algumas peças.


- Você deve estar feliz! – disse Gina, baixinho – Estão prestes buscar seus pais.


- Ah, eu só ficarei realmente feliz quando estiver junto deles. – disse tristonha, olhando para uma capa de viagem – E quando eles lembrarem de mim.


- Já decidiram tudo, sobre a viagem? Como vão viajar, quanto tempo vão demorar?


Hermione olhou desconfiada para Gina. Mas pareceu decidir que ela era confiável o suficiente.


- Sim. Vamos aparatar. Levaremos apenas mochilas com o que há de importante. Mas ainda não sabemos quanto tempo vamos demorar. Não temos certeza de onde meus pais estão.


- Hum. Espero que tenham sorte na busca de vocês. – disse sorrindo.


- Obrigada, Gina.


Então, virou as costas rumo à porta novamente.


- Gina? – Hermione chamou


- Sim? – respondeu, virando-se para a amiga.


- Quero que saiba que estarei sempre com você. Em tudo que precisar.


Gina assentiu e sorrindo, deixou o quarto.


 


--------------------***------------------


         Desceu as escadas e chegou à cozinha. Seu pai examinava edições antigas do Pasquim. Pegou um copo d’água e engoliu num gole só. Porém a garganta continuou seca. As sensações que sentia ultimamente não eram as mesmas de antes. Não se sentia mais aquela Luna desligada e diferente. Era realmente e definitivamente, uma Luna mais forte, mais decidida, mais real. Mas, apesar de estar mais forte, precisava de um tempo para si. Férias, antes de voltar para Hogwarts.


         - Pai, que você acha de uma viagem?


         - Viagem, Luna? Para onde? Não acha que precisamos de um pouco de descanso depois de tudo que aconteceu?


         - Sim, por isso mesmo. - Luna insistiu.


         - Não, acho que prefiro descansar por aqui mesmo, querida. - Luna fez uma careta ao ver o pai voltar a folhear um Pasquim. Teve uma idéia e resolveu arriscar.


         - E se formos procurar outro Chifre de Bufador Enrrugado? - falou calmamente, observando o pai. O rosto de Xenofílio Lovegood se iluminou. Ele nada disse mas Luna já sabia que pegara seu pai. Sorriu quando ele disse:


         - Luna, arrume suas coisas. Vamos caçar.- e saiu da sala correndo escada acima.


         Luna sentou-se à mesa e fechou os olhos. Assim que o fez, o rosto magro que atormentava seus sonhos reapareceu diante de si. Chacoalhou a cabeça tentando afastar a imagem. Os pensamentos flutuaram pela lembrança.


 


*Flashback*


 


         Sentou-se perto da porta, onde ele sempre se sentava. Bom, nem sempre. Nos dois dias anteriores não ficara ali, junto dela, enquanto eles bebiam a água suja que lhe entregavam como comida. Os olhos já eram acostumados com o escuro. Já percebia que existiam zonzóbulos ali. Nem ali e nem em lugar nenhum. Viu Sr. Olivaras escorado numa das pilastras do porão e o duende deitdo perto da parede. Aos poucos ia deixando seu mundinho sonhador guardado dentro da manga e descobrindo o mundo de verdade, cheio de maldade em que vivia. Aos poucos deixava de ser Di-Lua e se transformava em Luna Lovegood. Lutaria até o fim, contra a fome, contra o frio, contra Voldemort, tudo que precissasse. Percebeu a porta se abrindo e nem ao menos levantou o rosto, sabendo que não o veria novamente. A única pessoa que acalentava sua esperança em seu peito, mesmo que sem saber. A bandeja foi depositada no chão para que alcançassem os pratos e a mão branca empunhava a varinha ao lado do corpo.


         Luna nem se mexeu. Por baixo do cabelo na frente dos olhos viu a mão pegando a bandeja agora com apenas um prato e levando até ela. Luna ergueu a cabeça e viu-o ali, parado em sua frente, o rosto sombrio e pálido, o cabelo sem vida. Sentou-se ao seu lado e lhe entregou o prato nas mãos.


         Ela pegou, e começou a comer. Surpreendentemente a sopa parecia um pouco melhor hoje. Mais grossa e com mais ingredientes.


         - Ordenei ao elfo melhorar a comida. Sem ninguém saber, é óbvio. - Ele sussurrou. Luna olhou e tentou sorrir, mas parecia que até mesmo essa capacidade tinha perdido. Tudo que conseguiu foi esticar um pouco os lábios.


         - Obrigado. - abaixou os olhos - Você sumiu. Não veio por dois dias.


         - Não pude. - ele disse apenas isso por um tempo. - Sentiu minha falta?


         - Não - Luna mentiu.


         - Hmm. Eu senti a sua. - Ela sobressaltou-se com o que ouvira. Quem diria que Draco Malfoy sentiria sua falta um dia.


         - O que disse, Malfoy?


         - Que eu senti sua falta. Acho que você é a única que pode me entender, Luna. Pelo menos um pouco.


         Ela encarou o loiro por alguns minutos sem nada dizer. Ele a chamara de Luna. Não de Di-Lua, não Loony, nem ao menos Lovegood. Luna, seu primeiro nome.


         - Você vem de novo? - ela perguntou.


         - O que?


         - Você vem trazer a comida de novo?


         - Ah. Sim, eles sempre me mandam. Acham que é um castigo ou sei lá o que. Minha mãe não gosta. Mal sabe ela que é uma das únicas coisas não tão ruins daqui. Prisioneiro na minha própria casa.


         Luna depositou a tigela vazia na bandeja a sua frente, já ao lado das outras que já estavam ali porque seus colegas sorveram a sopa muito mais rápido considerando a fome e que a comida estava melhor hoje. Draco levantou-se, pegou a bandeja e com a varinha em punho, abriu a porta.


         - Draco - ele olhou-a - Até mais.


         Ele esboçou um sorriso. - Até mais Luna.


 


*Fim do Flashback*


 


         Luna abriu os olhos, afastando novamente as lembranças. Puxou um papel, tinta e pegou uma pena. Molhou a pena e começou a escrever.


 


 


         Ao Departamento de Viagens e Intercâmbios do Ministério da Magia,


 


         Solicito uma Chave de Portal em nome de Xenofílio Lovegood e Luna Lovegood com destino ao Brasil, dentro de três dias, a contar de hoje. Aguardo instruções.


 


Luna Lovegood


 


         Levantou-se, chamou a coruja da casa e enviou a carta. Férias no Brasil seriam perfeitas para afastar tudo de sua mente. Fechou a janela e voltou ao seu quarto.


 


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         Pegou a carta de instruções da viagem nas mãos. França, dali a alguns dias. Sem pais, sem pós-guerra, sem tudo que possa atrapalhar seu descanso e suas decisões. A mala já pronta estava encostada na parede a espera do dia da viagem. Foi até o guarda-roupa para procurar o que vestir. No canto estavam seus uniformes de Hogwarts. Olhou-os e não pode deixar de pensar em Luna, e na possibilidade de vê-la novamente. Vestiu-se e desceu as escadas. Lúcio e Narcisa estavam sentados, a mesa do café posta. Olhou-os, pegou uma maçã e caminhava para seu quarto novamente quando seu pai o chamou de volta. Draco virou para olha-lo e ele havialargado o jornal na mesa.


         - Que história é essa que você vai viajar? - Perguntou sério


         - Já está tudo certo. Eu vou viajar pra por meus pensamentos em ordem.


         - Você não tem dinheiro. - Lúcio disse triunfante.


         - Eu não sou tão burro quanto você pensa. Eu guardei o dinheiro das mesadas que você me deu e assim que eu fiz 17 abri uma conta só minha no Gringotes. Tenho o suficiente por enquanto.


         - Você tem que estar ao meu lado. Eu não posso ser preso e se meu filho me abandona o que o ministério vai pensar?


         - EU NÃO LIGO A MÍNIMA PARA O QUE O MINISTÉRIO VAI PENSAR. VOCÊ SE METEU NESSA ESCOLHENDO SEGUIR QUEM NÃO DEVIA. SAIA DESSA SOZINHO.- Draco estava vermelho de fúria


         - NÃO GRITE COMIGO, DRACO MALFOY!


         Nesse momento, uma cojura bateu o bico na janela. Todos se viraram para observar a coruja das torres pousar no parapeito. A carta amarrada ao seu pé tinha o selo de Hogwarts. Draco foi até a janela, abriu-a, pegou a carta e foi para seu quarto.


         Seu uniforme ainda servia, então não teria que comprar outro. Mas resolveria a questão dos livros do novo ano em Hogwarts depois da viagem, quando decidiria se voltaria ou não.


 


         *Flashback*


 


         Abriu a porta do porão tentando equilibrar a bandeja de comida dos prisioneiros e a varinha na mesma mão. A varinha era apenas por segurança. Nenhum deles tinha força suficiente para ataca-lo. Estavam os três subnutridos e desidratados e sem varinhas.


         Fez o que sempre fazia. Depositou a bandeja no chão, eles pegaram os pratos e ele se sentava ao lado de Luna, observando-a comer vagarosamente sua sopa. Ela parecia um pouco mais saudável desde que mandara o elfo cozinhar algo melhor para eles. Se alguém descobrisse isso, estaria perdido. Porém sua pele continuava incrivelmente pálida e suas mãos magras.


         - Você tem saudade? - ela perguntou tirando-o de sua linha de pensamento.


         - Saudade? - ele perguntou querendo saber sobre o que ela falava.


         - De Hogwarts. Na época de Dumbledore. Sem comensais. Pudim. - ela parecia um pouco sonhadora novamente, traço que ela há muito não via nela. Pensou um pouco na pergunta.


         - Não sei. Nunca pensei nisso. Mas acho que qualquer coisa é melhor que aqui. - respondeu amargamente.


         - Por que entrou nisso tudo, se não gosta?


         - O que te faz pensar que escolhi isso?


         - Tem a marca negra tatuada no seu braço. Você é um comensal.


         - Como sabe? - ele perguntou abaixando a voz.


         - Eu vi, um dia que você foi pegar a bandeja e sua manga levantou um pouco. - Draco fiou em silêncio por um tempo.


         - Eu não escolhi. Fui obrigado. Acreditava que tinha que limpar a honra do meu pai. Não sei como tive orgulho dele um dia.


         - Você acreditava nisso. Então você escolheu isso sim. Aceitou isso.


         Draco ficou em silêncio. Ela estava certa. Ele aceitara. Ele até se gabara sobre isso. Não gostava muito de perceber a verdade. Não disse mais nada e assim que todos terminaram de comer, pegou a bandeija e saiu sem nada dizer.


 


*Fim do Flashback*
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Desculpem pelo capítulo curto, mas já fazia muito tempo que eu não postava e meu tempo de escrever é pouco, então pra não continuar tanto tempo sem postar eu postei essa parte. Mas eu prometo que o próximo será mais longo!! Espero que tenham gostado do capítulo. Muitas surpresas virão ainda.  

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