Na ala hospitalar



Cap. Nove


Na ala hospitalar





- Veja, enfermeira... ela está acordando!


Lílian pôde ouvir passos secos no soalho e, quando abriu o olho direito, têve a visão turva de duas silhuetas, uma em pé e outra sentada ao seu lado. 


- Ah... ela já está bem - disse a enfermeira, sentando-se na borda da cama e estendendo uma colher de chá com algum remédio -, tome, garota... vai te fazer bem - e enfiou-a goela abaixo, fazendo Lílian quase se sufocar. Ela abriu o outro olho e, em seguida, enfregou-os sofrigamente, para conseguir enxergar. A próxima visão que têve foi tão nítida, que desejou não conseguir vê-la. Quem estava sentado ao seu lado era Tiago, junto com uma enfermeira idosa, de pele extremamente enrugada e expressão séria.


- Você consegue falar? - perguntou a enfermeira, levantando-se e colocando a palma da mão sobre a testa da garota, para ver sua temperatura.


O vestíbulo ficou um longo momento em silêncio, enquanto Lílian pensava se seria "útil" falar ou não. Se não falasse, pelo menos não teria que discutir com Tiago, embora quisesse isso acima de tudo.


- Consigo - sussurrou com a voz fraca, depois de um tempo.


- Ótimo - disse a enfermeira, contornando sua cama e dirigindo-se à sua escrivaninha do outro lado da ala hospitalar, onde sentou-se e começou a ler um livro.


Lílian fechou os olhos, sabendo o que a aguardava.


- Você está bem?


A voz cortou seus pensamentos e ela abriu novamente os olhos, embora não quisesse encará-lo.


- Ótima - respondeu Lílian, secamente.


- Fiquei preocupado - disse Tiago, a voz fraquinha.


- Você só está preocupado com quanto prazer vai ter com seu pinto - disse a garota, encarando-o finalmente, o ódio e a raiva estampados no rosto.


- Eu... sinto muito - disse Tiago -, eu disse para você que precisava levá-la ao baile, você não se conformo...


- Tiago, deixa de ser sonso, pelo amor de Deus - gritou Lílian, espantada com a sua própria vivacidade. -, eu nunca vi uma pessoa tão sínica em toda a minha vida. - A irritação transparecia em sua voz rouca. - pois eu já sei que Alícia Redley é sua namorada e eu? Eu sou a amante... Ou você vai negar que isso é verdade?


Por um instante de silêncio, o garoto pareceu pensar se iria confirmar ou se iria negar e tentar se justificar. Mas, quando ele falou, sua voz estava calma e tranqüila.


- Não, eu não vou negar... eu namoro Alícia há algum tempo já. Mas quando eu conheci você realmente, eu me apaixonei... mas não consegui acabar meu relacionamento com Alícia. Por mais que não a ame mais, ela foi uma pessoa muito importante para mim...


- Tiago, para você, só você é importante e todos giram ao seu redor - disse Lílian, sem querer ouvir o que ele dizia. - uma das primeiras coisas que você fez depois de começarmos nosso

"namoro", foi me levar para a cama e trepar comigo... você não estava se importando comigo... por melhor que tenha sido, para você não passou de mais uma à sua coleção de transas...


- Não seja tão dura comigo, Lílian - disse o garoto, a voz vacilando. -, para mim, Alícia não passa de uma grande amiga.


- E, para você, eu não passo de uma antiga lembrança, pois não há mais nada entre nós - respondeu Lílian, encarando-o novamente com uma expressão seca no rosto. - e sabe-se lá que outras coisas você não fez enquanto a gente namorava.


Tiago sentiu um frio que fê-lo tremer; lembrava-se detalhadamente de sua transa com Lana. Não... Lílian não podia saber de mais aquilo, ou ela decididamente não o perdoaria.


- Agora, se não se incomoda, eu gostaria que se retirasse - Lílian começou a cerrar a cortina envolta de sua cama para não ter que ouví-lo mais. Cerrou-a completamente e, minutos depois, ouviu os passos lentos no soalho. Dissera tudo que queria ter dito e, sentia-se demasiado orgulhosa de si mesma. A razão conseguira vencer o sentimento; mas aquele era o melhor? Os olhos do garoto haviam enchido-se de lágrimas quando ele dissera que a amava. Seria verdade? Não, não podia ser...


A dor de cabeça latejou fortemente, para lembrar-lhe que bebera demais. A palavra "ressaca" pareceu flutuar sobre sua cabeça e ela sentiu mais raiva ainda. Decidiu que, a melhor coisa, seria dormir e, tentou por quase duas horas conseguí-lo, até que, finalmente, a enfermeira veio avisá-la que já poderia sair a hora que quisesse, pois estava recuperada; que "a dor de cabeça é natural no dia seguinte à bebida, mas que, fora isso, tudo transcorrerá bem", dissera ela.


E, assim, Lílian encaminhou-se lentamente para o dormitório feminino, onde dormiu por uma longa noite, relembrando-se de sua discussão. Não muito longe dali, outra discussão ocorria, com um mesmo personagem: Tiago e Alícia.






Nota do autor: Capítulo super rápido, escrito de noite... gostei desse

capítulo, embora tenha ficado rápido >_<' mas tudo bem né... veremos o

que acontecerá agora...



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