2 de Setembro



2 de Setembro

Se eu não escrever todos os dias provavelmente irei explodir.
Tentei fervorosamente esquecer este diário e tentar fazer qualquer coisa com o meu tempo, mas simplesmente não consegui. Preciso transcrever as minhas emoções de alguma forma senão eu vou morrer.
Será que o amor deixa as pessoas terrivelmente dramáticas também?
Enfim, hoje eu descobri que estou realmente no fundo do fundo do fundo do poço. Dá pra perceber como estou no fundo.
Hoje de manhã, ao descer as escadas do dormitório para ir para o Salão Comunal, encontrei Lily lendo um livro de Herbologia e alternando a leitura com olhares para uma planta na sua frente que era uma mistura de cacto com um bonsai. Tentei manter o controle das minhas emoções ao vê-la, mas acho que todas as sensações que vem no pacote do amor são involuntárias. Elas simplesmente acontecem nos momentos mais inoportunos.
Por que era tão fácil azarar ela no quarto ano e agora é tão terrivelmente difícil? Tenho a impressão que vou soltar uma cantada ridícula a qualquer momento e ela vai rir da minha cara.
Que droga! Por que eu tinha que me apaixonar por ela? Agora fico desenhando nas margens das folhas, fico escrevendo acrósticos, poemas, declarações estúpidas que ela nunca lerá porque eu sou covarde demais para admitir que eu, um Maroto incorrigível, me apaixonei por certa ruivinha que antes eu costumava aporrinhar.
Mil vezes droga.
Eis uma das minhas poesias idiotas:


 


Cabelos flamejantes
Olhos verdes tão instigantes
Lábios rosados tão convidativos
Apenas três de milhões de atrativos


 


Nunca me senti tão idiota.
E o pior de tudo é que ela ainda me vê como aquele Maroto idiota que ficava aporrinhando ela o tempo todo. Ela jamais me verá como um garoto sério que nutre de profundos sentimentos por ela.
Nossa. Essa foi tosca.
Dói ver a indiferença nos olhos dela. Dói saber que ela jamais irá retribuir os meus sentimentos.
Acabei de ter uma idéia para outra poesiazinha ridícula.


 


Eu vi
Você encarando aquela planta
Eu senti
Um tremor, porque você me encanta


 


Estou decaindo cada vez mais.
Se o Almofadinhas por acaso lesse essas minhas poesias toscas ele provavelmente me estrangularia. Por que nem eu estou entendendo como eu fui capaz de me enterrar tão fundo. Justo quando as coisas pareciam tão certas! Agora só estou certo de que estou apaixonado por ela e estou sofrendo a dor de um amor não correspondido.
Quando eu a vi observando aquela plantinha esquisita e cutucando-a com a varinha enquanto lia alguma coisa num livro muito velho e empoeirado confesso que senti meu coração disparar como se fosse entrar em órbita. Tentei pensar em alguma coisa inteligente para dizer, mas me faltaram palavras.
“Oi, Lily”, eu disse para ela tentando controlar as náuseas.
Ela apenas me olhou com indiferença.
“Ah, oi Potter”, disse ela com sua voz de veludo vermelho da cor das pétalas das rosas.
“O que você está fazendo?”, perguntei tentando parecer interessado naquela planta anormal.
Não que as coisas em Hogwarts sejam muito normais, mas enfim.
“Não que seja da sua conta, mas ganhei essa planta de Nyx no Natal. O problema é que ela chora à noite e estou tentando descobrir o porquê disso”.
“Bom, se precisar de ajuda, é só me pedir”, eu disse me sentindo um pateta.
“Acho que não será necessário”, disse ela voltando seu olhar para o livro.
Acho que foi a primeira conversa “civilizada” que tivemos.
Ah, Lily. Por que você tem que ter o nome proveniente dos lírios perfumados e, no entanto, ser atraente, porém distante como uma roseira? Se ao menos eu pudesse me aproximar de você sem o medo de me ferir nos espinhos.
Tá, chega de sentimentalismo.
Tentei impressionar Lily o dia inteiro. Não dormi na aula de História da Magia e consegui transfigurar perfeitamente uma pena em uma coruja. Não tenho certeza se ela ficou impressionada com as minhas habilidades, mas ela ergueu as sobrancelhas quando a minha coruja olhou para ela e piou.
Queria dizer a ela o que eu sinto. Se pelo menos eu pudesse contar tudo isso ao Almofadinhas ele contaria tudo à Kwon e então ela poderia contar à Lily. Isso se o Almofadinhas não estivesse tão ocupado tentando provar para si mesmo que é capaz de conquistar a rainha do gelo, Kwon, nem que seja a última coisa que ele faça.
Acho que Lily tem amigas que são exatamente como ela. A Ameria é o tipo de garota que não confia em ninguém e que pensa que todos os garotos só querem magoá-la. Por isso é tão difícil para o Aluado, que obviamente está louco por ela, se aproximar dela.
A Kwon é aquele tipo de garota fechada, introspectiva, trancada a sete chaves. E por mais que ela esteja sempre rindo e se divertindo com Lily e Amelia, duvido que ela vá rir de uma só palavra que o Almofadinhas disser.
Antes de descer para o jantar e quase morrer engasgado com uma ameixa quando eu vir a minha bela ruivinha com nome de flor, acrescentarei mais uma das minhas filosofias:
AMOR NÃO CORRESPONDIDO DÓI.

N/A: Espero que estejam gostando. Esse capítulo foi um pouquinho mais comprido, mas também não tem um metro de barra de rolagem. Por favor comentem.

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