Sombras da noite.



 


Eu sou um pouco de solidão, um pouco de negligência, um punhado de reclamações. Mas eu não posso evitar o fato de que todos podem ver essas cicatrizes.
(Linkin Park)


-


Capítulo 1: Sombras da noite


Calor. É a única coisa que consigo sentir neste quarto abafado. Escuto Gina roncar levemente no colchão ao lado da cama enquanto me reviro na cama lutando contra esse calor infernal.


Desde que cheguei n’A Toca não tenho boas noites de sono, aliás, desde que cheguei aqui não tenho um momento que consiga ficar sozinha sem alguém vir atrás de mim para checar se estou bem ou se preciso de alguma coisa. E isso me irrita profundamente. Ultimamente tudo tem me irritado. O calor, a insônia, a preocupação em excesso e a compaixão dos que vem falar comigo. Não os culpo por se preocuparem demais, até ficaria agradecida se cada santa criatura que viesse falar comigo não dissesse que meus pais estão mortos.


Na verdade, meus pais estão desaparecidos. Há um mês precisamente, desde que começaram os ataques dos comensais da morte e diversas pessoas desapareceram misteriosamente pelo mundo. O ministro da magia convocou aurores de todo o mundo criando equipes de busca para tentar encontrar os desaparecidos e embora eles continuem na tarefa incansável de investigação lá no fundo todos eles acham que os desaparecidos estão mortos. Mas não acredito que meus pais estejam mortos. Me recuso a pensar em qualquer possibilidade de estarem. Meus pais são trouxas e levam uma vida comum, que serventia teriam a você-sabe-quem?


Gina soltou um suspiro pesado e voltei à realidade. Eu gostaria de um pouco de ar agora, mas fomos proibidos pela Sra Weasley de abrir a janela por causa dos bichos voadores que entram, logo Gina que está acostumada a dormir com esse calor do demônio não sentiria nem se  quarto estivesse pegando fogo, enquanto eu só consigo dormir quando o sol está quase aparecendo.


Enquanto todos dormem n’A Toca a única coisa – ou melhor, pessoas - em que consigo pensar são meus pais, não consigo evitar a preocupação é como se sem eles eu fosse só uma casca, como se meus sentimentos tivessem sido sugados e eu simplesmente não conseguisse mais acompanhar o ritmo do mundo, tudo passa tão aceleradamente que não me dou conta do tempo que corre. 


E se eles nunca mais aparecessem? Eu vou ficar perdida por aí sem ninguém? Onde será que estão? É angustiante ficar sem saber como eles estão e ainda mais angustiante é a preocupação dos que estão a minha volta que ficam o tempo inteiro tentando me confortar mesmo sabendo que eu só quero ficar cinco minutos sozinha e colocar minhas idéias no lugar.


Talvez a única pessoa que respeite a minha dor seja Gina; ela simplesmente não se importa. E eu agradeço por isso já que nós nunca fomos realmente ‘melhores amigas’, apenas nos damos bem embora eu não concorde com muitas coisas que ela faz e eu presencio tenho apenas que aceitar. Como por exemplo, as tramóias dela para conquistar o Harry. Eu até comentaria alguma coisa se não tivesse tão submersa em meus próprios problemas e lutando para não me afogar.


Ouvi um barulho na escada. Harry e Rony devem estar indo até a cozinha para o lanchinho noturno deles. Um ponto positivo em ficar a noite em claro é que eu fico sabendo de quase tudo que se passa na casa, como por exemplo o que acontece com as tortas que a Sra Weasley faz durante o dia que desaparecem misteriosamente à noite e ela acha que são ratos que acabam com elas. Só se os ratos se chamarem Harry Potter e Ronald Weasley que, aliás, comem mais como cavalos que como ratos.


Gina soltou um ronco alto que por um minuto pensei que ela havia sufocado, olhei pela janela e contemplei as estrelas por alguns minutos, observar as estrelas sempre foi algo que me acalmou muito, ficar sozinha no silêncio durante a noite apenas admirando os milhares de pontinhos no céu. Foi um hábito que adquiri com meu pai, lembro-me de quando era pequena dos momentos em que sentávamos na grama nas noites de primavera e ficarmos imaginando pessoas e formas ligando as estrelas por um fio invisível. Ele também me dizia que as pessoas que amamos se transformam em estrelas quando morrem de modo que estariam sempre zelando por nós.


Toquei a testa com as costas da mão e só então percebi que estava suando, me apoiei nos braços e sentei devagar. A cama rangeu. Essa cama da Gina ao mínimo movimento faz um barulho muito irritante como se a qualquer momento fosse desmontar comigo em cima. Fui até a ponta da cama e toquei os pés no assoalho, que diga-se de passagem, parecia estar suando também. Ao levantar a cama rangeu alto novamente e pensei ter acordado Gina, mas ela apenas virou para o lado e dormiu.


Fui à ponta dos pés até a porta que – adivinhe só? – fez um barulho estridente, e desci as escadas até a cozinha onde encontrei Harry e Rony comendo – na verdade, DEVORANDO seria a palavra certa – a torta de maçã da Sra Weasley.


- He.. moióni – disse Rony com a boca cheia de torta – Qué tóórta... maaçã?


- Credo Ronald, não fala com a boca cheia – falei não conseguindo evitar uma cara de nojo quando farelos caíram da boca de Rony ao falar “Hemoióni”.


- Oi para você também Hermione – falou Harry engolindo um pedaço da torta.


- Oi Harry – falei observando ele enfiar mais um pedaço enorme de torta na boca, um pedaço que nem conseguindo abrir a boca ao máximo conseguiria colocar na minha – Então... Ratos hein?


- Ratos? Ah claro – Rony respondeu dando os ombros – Bem, mamãe não nos deixaria chegar perto das tortas e ficaria uma fera se soubesse que chegamos perto da cozinha no meio da noite.


Revirei os olhos.


- E você o que veio fazer na cozinha essa hora? – Harry deu um sorrisinho de lado – Um lanchinho também?


- Na verdade não consigo dormir e ouvi os passos de vocês.


- Hermione saiu da caverna – comentou Rony com indiferença e senti minhas bochechas corarem. De raiva. Cerrei os dentes.


- O que quer dizer com isso, Rony?


- Hermione... – interveio Harry nervoso – Rony – agitou as mãos e olhou seriamente para Rony como se dissesse “cale-se”, mas eu já estava de saco cheio das indiretas que Rony estava jogando há algum tempo e resolvi dar um ponto final nelas naquela noite.


- Então Ronald? – prossegui ao mesmo tempo em que Harry deu um tapa na própria testa.


- Você fica praticamente o dia inteiro deitada na cama da Gina olhando para  o teto em estado quase vegetativo.


- Rony! –


- Não Harry, deixa ele falar, pode ser a única chance dele – mostrei os dentes e cruzei s braços, estava tentando me conter. A última coisa que eu precisava era uma briga com Rony. Aliás, outra briga com Rony já que não consigo ficar mais de um dia sem ficar estressada com a criatura. Às vezes parece que ele não pensa.


- Todos nós sabemos que você está passando por um momento difícil, mas ficar o dia inteiro deitada pensando em gente morta não resolve nada! – Rony sensível como sempre.


- Meus pais NÃO ESTÃO MORTOS! – respondi gritando a última parte, o que fez Harry falar um “shh” nervoso. Meus olhos se encheram de lágrimas e eu engoli o choro, não queria chorar por causa das palavras do Rony. 


- Hermione seja realista, os aurores... – Harry tentou me acalmar, mas foi pelo caminho errado.


- Os aurores o que? Os aurores ACHAM que não há sobreviventes, eles podem estar errados! – rebati.


- Hermione , você está já está ficando obcecada com essa história – Rony me dá nos nervos, será que ele não entende o que estou sentido?


- CALA A BOCA RONALD! – a esta hora todo mundo n’A Toca deveria ter acordado, mas eu não me importava nenhum pouco.


- Hermione controle-se – Harry tentou me abraçar numa tentativa frustrada de me acalmar. Me desprendi com violência e me afastei.


- Não Harry, não vou me controlar! Você deveria me entender! – apontei o dedo esperando que ele se sentisse culpado – Você iria contra os aurores, contra o ministro da magia, contra todo o mundo mágico se teus pais estivessem vivos! – Talvez eu tenha forçado a barra dizendo isso. Vi a dor nos olhos de Harry e quis me crucificar por ter dito o que disse. Não tive tempo de pedir desculpas, ouvi passos na escadaria, vários passos descompassados e apressados. Antes de piscar os olhos novamente estava Gina, o Sr e a Sra Weasley e os gêmeos  com os olhos arregalados nos encarando.


- Pensamos que havia acontecido alguma coisa aqui – Gina tomou a iniciativa.


- E aconteceu, Hermione está pirando! – Rony disse.


- Ronald Weasley! – A Sra Weasley colocou as mãos na cintura indignada e olhou para a torta (ou o que sobrou dela) – Tenho leves suspeitas de que não são ratos que comem minhas tortas.


- Acho  que o único que está fora da casinha aqui é você Rony – não me importava mais com quem estava assistindo nossa discussão ou  o que iriam dizer. Eu não me importava mais com o que iam pensar, eu só tinha uma coisa em mente: Meus pais estavam vivos e ninguém iria me impedir de procurá-los.


- Muito bem, voltem para suas camas, chega de brigas! – Se manifestou o Sr Weasley pela primeira vez – estamos vivendo tempos difíceis, devemos viver em paz e permanecer unidos.


Não olhei para Rony ou Harry.  Apenas segui em direção às escadas quando ouvimos um barulho vindo da lareira. “Molly”  uma voz sussurrou, imediatamente mudei o percurso e corri com os demais até a lareira, Tonks havia aparecido ali coberta de sujeira seguida de Lupin e Moody. Não entendi o que eles estariam fazem n’A Toca às 4 da manhã, então Moody saltou a frente.


- Eles estão vindo – Falou e sacou a varinha, o mesmo fizeram Lupin e Tonks, não entendi muito bem o que aquilo queria dizer, então vi que a Sra Weasley olhou de soslaio para o relógio dela e os ponteiros marcavam “perigo mortal”.


- Crianças, subam para os quartos e só saiam quando EU mandar – anunciou ela sacando a varinha – AGORA!


Corremos até as escadas antes de ouvir um estouro do lado de fora da Toca e fagulhas saírem por varinhas. Eles estavam aqui.


O Sr Weasley nos empurrou até as escadas e fez com que subíssemos. Fred e Jorge tiraram as varinhas do bolso e correram em direção a porta seguidos de Tonks, Lupin, Moody e a Sra Weasley.


- Não saiam daqui – o Sr Weasley nos avisou e em seguida correu atrás dos outros. Não demorou muito a escutarmos feitiços e estrondos, apreensivos corremos até os quartos para buscar as varinhas. Sabíamos que tínhamos sido avisados, mas também sabíamos que os comensais estavam em maior número e de qualquer forma, nunca acatávamos ordens.


Não demorou a sairmos correndo  pela porta com o coração saltando pela boca vendo o que acontecia ali; eram pelo menos vinte comensais atacando e nós éramos apenas onze os combatendo. Onze se levar em conta que Harry, Rony, Gina e eu consigamos fazer algo de útil.


Harry foi o primeiro a sair correndo feito um louco e gritar “estupefaça” ao primeiro comensal que enxergou. Teria dado certo se não tivesse outro comensal à espreita para contra-atacar com Cruciatus. Harry começou a se contorcer e agimos ao vê-lo gritando no chão, começamos a gritar feitiços e correr desesperados, Moody foi socorrê-lo lançando um feitiço que acertou o comensal em cheio, Tonks nos reprovou com o olhar e ouvi Moody dizer “Já estão aqui de qualquer forma”. Seguimos atacando comensais que surgiam por todos os cantos. Um feitiço passou de raspão pelo meu braço, se não fosse por Lupin ter me puxando teria me acertado. “Olhos atentos para todos os lados” desarmei dois comensais e os petrifiquei, sai correndo para ajudar Gina que lutava com três comensais ao mesmo tempo. Na correria acabei torcendo o tornozelo e caindo, olhei em volta e minha varinha havia caído  longe, me arrastei até ela e então eu vi.


Um comensal se esgueirava para trás d’A Toca como se não quisesse ser visto pelos demais ou como se estivesse evitando duelar conosco. Era isso ou ele estava colocando algum plano em prática, levantei aos tropeços e fui atrás dele. Meus joelhos doíam e estava tremula. Certamente o comensal perceberia minha presença e contra-atacaria. Mas eu estava decidida a encontrá-lo, talvez se o encurralasse ele poderia me dizer o paradeiro de meus pais. Ou isso ou eu estava começando a perder o bom-senso. Acho que a segunda opção.


Não pensei muito na hora, apenas segui meus instintos. Era arriscado e eu sabia, mas em meu lugar o que você teria feito?


Desconfiada me aproximei, tentando o máximo evitar fazer qualquer tipo de barulho, fiz o contorno na casa, me escondi atrás de um arbusto e empunhei minha varinha. O comensal permanecia parado, silencioso e alerta. O observei e então aconteceu: foi tão rápido que antes que percebesse ele apareceu de repente na minha frente e gritou “petrificus totalus” eu desviei do primeiro golpe com dificuldade, um próximo estava por vir então sai correndo e o comensal atrás de mim.


- Expelliarmus! – gritei e ele desviou. Droga. Por uma fração de segundo tentei me localizar, estava escuro, as faíscas das varinhas que vinham d’A Toca estavam longe. Não. Eu estava longe. E com um comensal atrás de mim.


- Estupefaça! – ouvi gritar.


- Impedimenta! – gritei ao mesmo tempo. – Taranta...


- Estupefaça – o ouvi insistir no feitiço, desta vez ele veio certeiro e eu não consegui desviar. O raio vermelho atingiu-me em cheio e senti que estava despencando.


É a última coisa que lembro.


-


Estava sendo carregada nas costas de alguém. E estava com uma puta dor de cabeça. Era algum tipo de sonho? Estava tudo escuro e não havia qualquer sinal de civilização. Eu só enxergava as sombras de tudo ao meu redor. Embora não houvesse uma luz que as causasse. Minha única luz era a das estrelas, tomei coragem e ergui a cabeça. Uma sombra me carregava, uma sombra sinistra e quando finalmente percebi o que estava acontecendo, entrei em desespero. Era aquele comensal que havia enfrentado que me carregava. Senti algo revirar em meu estômago e pensei no que fazer. Provavelmente minha varinha teria se perdido ou o comensal estava com ela. Mais uma vez fui irracional e agi por instinto: apoiei-me rapidamente nos ombros dele e o mordi. Eu sei, não é uma coisa muito inteligente a se fazer. Não seria uma coisa que EU faria, mas o que eu tinha naquele momento?


Bem, o mordi no único lugar que consegui alcançar: o pescoço. Mordi com a força que me restava e ele soltou um urro, me jogando no chão, caí sentada e levantei instantaneamente dando um chute no joelho do comensal. Quero dizer, acho que é o joelho já que ele usava aquela enorme capa preta típica dos comensais.


Sem pensar duas vezes comecei a correr antes que ele se recuperasse, estava toda suja e com alguns arranhões que ardiam sob minha pele. Eu precisava achar um lugar para me esconder antes que o filho da puta viesse a minha procura.


- Hermione! Hermione! – escutei vozes familiares me chamando de um lugar não muito distante de onde eu estava. Reconheci a voz de Tonks e do Sr Weasley.


- Aqui, estou aqui! – respondi ofegante. – Aqui! – tentei continuar respondendo para que seguissem minha voz, em questão de minutos Tonks e o Sr Weasley chegaram até mim.


- Molly, ela está aqui! – gritou o Sr Weasley, ouvi a Sra Weasley gritar para que cessassem a procura e então acompanhei o Sr Weasley com a ajuda de Tonks até A Toca.


 


-


 


Ouvimos ao longe o trem soar, estávamos correndo pela estação de King Cross com nossos malões, como sempre por onde passávamos deixávamos as pessoas olhando intrigadas, afinal, não é todo dia que vêem pessoas tão diferentes correndo pela estação com malas enormes e corujas engaioladas.


Eu poderia dizer que os mais normais entre nós éramos Harry e eu, já que estávamos vestidos como trouxas (na verdade EU sou trouxa, portanto...), mas Edwiges sendo carregada fazia com que Harry passasse longe de ser uma pessoa normal.


Por fim atravessamos as plataforma 9³/4 e encontramos os estudantes de Hogwarts entrando no enorme trem vermelho.


- Não esqueçam de mandar uma coruja nos contando como estão – começaram os avisos da Sra Weasley – Rony querido, seu remedinho está no bolso esquerdo de seu uniforme, não esqueça de tomá-lo – Harry riu, eu fiquei sem entender. O trem deu o primeiro aviso – Não se metam em encrenca! – Ela diz isso todo ano, mas você pensa que adianta alguma coisa? A Sra Weasley deu um abraço em cada um e subimos no trem a procura de uma cabine vazia.


Eu não falava como Rony desde nossa discussão, estava furiosa por ele ser tão insensível com minha situação. Harry tentava ao máximo agir normalmente com ambos e se esforçava para tentar nos agradar, chegava até dar pena por ele estar sendo tão compreensivo, mas se tem alguém que precisa pedir desculpas, este alguém é o Rony.


 


Percorremos os vagões e encontramos uma cabine completamente vazia e ficamos por ali mesmo. Gina havia saído para se encontrar com alguém (provavelmente mais uma tentativa de provocar ciúmes no Harry) ficamos mais ou menos meia hora em silêncio absoluto até que Harry tentou puxar um assunto qualquer que não durou mais de cinco minutos. O clima estava pesado entre nós, estava me sentindo desconfortável com tudo aquilo, estava ansiosa para chegar a Hogwarts, queria deitar na minha cama e lá ficar até o outro dia de aula.


Em Hogwarts me sinto segura e agora é o único lugar que posso chamar de lar, já que não tem como voltar para casa.


Eu gostaria que este pesadelo acabasse e tudo voltasse ao normal. Eu queria poder chegar e mandar uma carta para meus pais avisando-os que recebi de novo a nota mais alta da classe ou que simplesmente estaria com saudade deles.


Será que isso é pedir demais?


Ouvi o sininho do carrinho dos doces pelos corredores, eu não sentia fome, porém precisava sair daquela cabine, me sentia sufocada. Precisava respirar, precisava reagir, mas por mais que tentasse era como se tivesse remando contra a correnteza. Como se a cada braçada que desse me fizesse afogar mais. Por fim levantei e abri a porta esperando o carrinho chegar para comprar alguma coisa.


A senhora gordinha apareceu ali em questão de segundos com o carro quase vazio, sorrindo como sempre perguntou o que eu gostaria. Analisei o que havia ali minuciosamente, olhei para os sapos de chocolate, não estava a fim de sair correndo atrás de um para conseguir comê-lo, olhei para os poucos doces que haviam sobrado e optei pelo último pacote de feijãozinho de todos os sabores.


Estendi a mão para pegá-lo e quando toquei no pacote, outra mão fez o mesmo. O mal-educado empurrou a minha mão com arrogância para que não pegasse os fejõezinhos. 


- Acho que não, sangue-ruim – uma voz tão fria e cortante como gelo invadiu o ambiente. Eu a reconheceria em qualquer lugar que fosse para minha infelicidade. A senhora do carrinho sentiu-se desconfortável ao ouvir o termo “sangue-ruim”. Talvez por ser trouxa também ou por estar presenciando uma possível discussão.


- Malfoy – falei secamente. Arrisquei pegar o pacote antes que ele fizesse e sorri para a senhora do carrinho – Vou levar estes aqui mesmo.


- Quanta audácia Granger, seus pais trouxas não te ensinaram a respeitar os superiores? – perguntou ele com o seu melhor sorriso torto – Opa! Esqueci, eles não estão mais aí para te ensinar não é mesmo? – senti o sangue ferver, um misto de emoções tomou conta de mim e uma lista de xingamentos veio a minha cabeça. O quão cruel Malfoy poderia ser? – Pobre Granger, sangue-sujo e agora órfã. Eu até lhe daria alguma esmola, mas sabe como é... Não quero que um galeão sequer da família Malfoy seja tocado por mãos sujas. – Não tive reação, o meu rosto estava completamente vermelho e eu fazia força para conter as lágrimas ou para não dar um soco daquele cara – Mande lembranças minhas aos teus pais – falou rindo e atirou algumas moedas no carrinho.


Estava furiosa, queria gritar, queria pular nele e o enche-lo de porrada, queria azará-lo e até mesmo o amarrar nos trilhos e assistir o trem passando lentamente por cima dele.


Desisti de comprar doce e  observei com um olhar assassino Malfoy  abrir a porta de sua cabine que por azar era bem em frente a minha. Mas algo me prendeu a atenção nele. Algo que não sei como não havia notado antes, pois estava em total evidência... Uma marca enorme no lado direito de seu pescoço. Não, não era um chupão, era menos chamativo, porém não o suficiente para passar despercebido. Eram marcas de dentes e que foram cravados com MUITA força. Uma mordida como aquela que dei no comensal noites atrás para me defender. Malfoy percebeu que eu estava olhando e tratou de entrar  rápido na cabine e fechar a porta. E a cortina.


Meu coração começou a bater aceleradamente. Era Malfoy um dos comensais que atacaram a Toca? E se for, o que ele estaria fazendo de volta à Hogwarts? Será que ele tinha uma marca negra? Mas a pergunta que mais preenchia minha mente era: Será que ele sabe alguma coisa sobre meus pais?


 


 


 


Notadaautora:meu boa noite à todos que agüentaram ler o capítulo até o final. Bom, eu não sei muito que dizer no primeiro N/A a não ser o fato de esta não ser a minha primeira fic, e nem a segunda e nem a terceira. Achei esta ideia boa e resolvi passar para o papel. Ou neste caso computador. Enfim, espero que gostem dessa fanfic, pois tenho muitas ideias para os próximos capítulos :)


 


Beijos, Luiza

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • The Daily Doll

    Maldade ela morder a ponto de deixar uma marca no pescoço lindo do bixin neh rsrs. Mas tô adorando a fic, eu disse ontem q ia ler, tô lendo rsrs.

    2012-01-22
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.