O rapazinho diferente



 


Capítulo 1 – O rapazinho diferente 


Pequenos raios de sol entravam pelo quarto. Pisquei meus olhos, ainda sonolento.
Aí estava eu, com os meus 10 anos, parecia um típico rapaz inglês de 10 anos. Com pequenos óculos redondos em cima da cabeceira, olhos castanho-esverdeados, cabelos pretos, constantemente despenteados que espetavam na parte de trás.
Pelo que eu sabia hoje era Sábado, dia 26 de Março de 1971, e amanhã eu faria 11 anos. Há já algum tempo eu ansiava isso.
Apesar da aparência e da idade, eu era um rapaz totalmente diferente dos outros normais.
 Eu era bruxo. Isso mesmo, um bruxo!
Há vários séculos bruxos e muggles conviviam, mas os muggles, ou seja pessoas não mágicas, não sabiam da nossa existência. E o Ministério da Magia, certificava-se que assim o fosse.
O sol entrou no meu quarto e a luz iluminou a divisão. Era um quarto amplo e completamente diferente.
O quarto era de um tom pastel com a bandeira dos Rez Sixers, a minha equipa favorita de Quidditch em frente a cama, e escrivaninha de mogno a combinar com a cama. Os lençóis de linho azuis a combinarem com a colcha, e com a bandeira azul e branca dos Rez Sixers.
O quarto estava todo bagunçado: caixas de bombons vazias espalhadas pelo chão, livros com olhos que giravam estavam empilhados, e num canto uma caixa de pó brilhante estava mal equilibrada por cima de uma pilha de roupa.
Tiago espreguiçou-se e bocejou ainda sobre as cobertas.
A porta abriu-se e uma idosa entrou. Era de pequena estatura, magra, usava pequenos óculos encarrapitados no nariz, os cabelos brancos com alguns fios negros estavam devidamente enrolados num coque, vestia um robe de seda azul-marinho, que combinava com os brincos de ouro com incrustações de pedras preciosas azuis.
-Bom dia meu querido. Dormiu bem? -perguntou ela, dando um beijo afectuoso na testa dele e apontando a varinha dela para as cortinas que se abriram de imediato, deixando uma claridade resplandecente entrar pela divisão.
-Bom dia mamãe. -disse Tiago com voz sonolenta colocando os óculos.
-Tiago! Seu quarto parece que foi invadido por um furacão! -disse ela em reprovação tratando de dar um jeito no quarto com eficientes gestos da varinha.
-Vamos Tiago, café da manhã está pronto. E eu estava errada, não passou um furacão por aqui, o furacão ainda está aqui! -disse ela sorrindo, fechando a porta atrás de si.
A casa de Tiago ficava num pequeno vilarejo chamado Godric's Hallow. Era uma casa grande, circundada por um belo jardim bem cuidado, contendo lindas rosas, lírios e jasmins. Por dentro estava bem decorada com artigos de classe e totalmente esquisitos.
Tiago desceu pela escada em caracol e entrou na cozinha.
A enorme cozinha estava limpa, no fogão uma colher mexia-se sozinha dentro de uma panela, na enorme mesa de quatro cadeiras, um idoso de cabelos curtos, aros de meia-lua encarrapitados no nariz lia um jornal esquisito, as figuras lá gritavam e mexiam-se, o jornal intitulava-se "O Profeta Diário".
-Bom dia papai. -Tiago sentou-se servindo-se de salsichas, ovos fritos, batata frita e um copo de leite.
-Bom dia filho. Animado com o dia que se aproxima? -Charles Potter dobrou o jornal e esticou-se para agitar os já despenteados cabelos do filho.
-Muito. -respondeu ele, enfiando mais salsicha na boca.
-Não sei porquê vocês estão tão ansiosos, a escola só começa em Setembro e as cartas são enviadas dois meses antes! – Exasperou-se a Sra. Potter, fazia tempos em que essa era a conversa do dia.
-Elisabeth, os 11 anos são muito importantes. Tenho a certeza que Tiago adorará estudar antes do ano lectivo e aprender todos os truques antes de entrar para a escola.
-Vocês são maliciosos! -riu se ela.
Pai e filho passaram o dia jogando frisbee dentado e Tiago montou a vassoura antiga do pai. Quando adormeceu nessa noite sonhou com uma linda vassoura reluzente, mas assim que amanheceu esqueceu-se do sonho.
No dia seguinte, Tiago desceu as escadas ainda mais rápido que o habitual, ao entrar na cozinha, recebeu um longo abraço da sua mãe, seguido de outro do pai.
-Nem acredito que você já está tão crescido! -disse a Sra. Potter chorosa enquanto servia mais panquecas deliciosas nos pratos.
-Mamãe não chore. Você sempre se emociona! -disse Tiago dando um tapinha afectuoso nas costas dela.
-Que acham de irmos para a sala abrir os presentes? -disse logo o Sr. Potter.
-Eu estou dentro. -retrucou Tiago levantando-se.
Os Potter eram ricos, e não se inibiam nem poupavam esforços na hora de presentear o seu único filho.
O Sr. Potter trabalhou no banco Gringotts e também fora um explorador nato. A Sra. Potter era uma criadora de jóias e ganhou muito dinheiro com isso, além da herança que ambos possuíam.
Após trabalharem e explorarem quase tudo o que o mundo podia lhes oferecer, tiveram o que há muito ansiavam: um filho!
Tiago era considerado a benção dos Potter. Eles o tiveram já idosos, daí este receber tudo de bom que os pais pudessem dar, além de mimos, amor e muito carinho. Ele era também a alegria e o motivo de enorme orgulho dos pais: era um garoto cheio de energia e curiosidade, divertido, inteligente e gentil.
Sabia distinguir o bem do mal e desde sempre foi ensinado a respeitar as diferentes raças que compunham o mundo mágico.
 Os Potter eram totalmente contra a discriminação contra os muggles e os bruxos de sangue não bruxo, ainda que toda a família de Tiago tivesse sangue puro.
A pilha que compunha os presentes de Tiago estava empilhada no canto mais distante da enorme sala, perto de um magnífico piano roxo.
-Ena! -elogiou Tiago apanhando o embrulho mais próximo.
-Acho que você precisará de ajuda com alguns. -riu o Sr. Potter.
Nos presentes incluíam: um lindo medalhão de ouro; um uniforme de Quidditch do seu time favorito; bombinhas de gás mal cheiroso; o último modelo de caixa de xadrez mágico; um chifre de unicórnio...
-Uau...o livro de maldições e contra maldições! Exactamente o que eu queria...veja mãe...perda de cabelo, perda de unhas, pernas bambas, unha gigante...
-Mas nada de tentar algo antes de ir para a escola. -avisou a Sra. Potter.
-Eu sei, eu sei...bruxos menores não podem usar feitiços fora da escola. Eu só vou decorá-los todos. A escola que me aguarde! -disse ele promissor.
-Isso mesmo filho. -o Sr. Potter contou ao filho das travessuras que ele próprio fizera, deliciando Tiago, que deu belas gargalhadas e começou a ter belas ideias.
-Agora este comprido aqui. -indicou a Sra. Potter com um sorriso carinhoso.
Quando Tiago começou a desembrulhar, uma enorme exclamação escapou de seus lábios: era uma vassoura novinha em folha! Uma cleans-weep cinco!
Tiago estava radiante!
Depois de abrir uma dúzia de presentes, Tiago vestiu o uniforme da sua equipe favorita de Quidditch que também recebeu de presente, e foi estrear a sua vassoura. Era rápida e linda quanto uma vassoura daquele tempo podia ser.
A tarde, os pais deram uma linda festa para comemorar o aniversário de Tiago. Uma festa de aniversário bruxa, é surpreendentemente muito mais animada do que qualquer outra, para os muggles seria o mesmo que juntar numa festa de aniversário com um parque temático de diversões e todo o tipo de joguinhos para crianças.
 A Sra. Potter surpreendeu a todos ao chegar com um enorme bolo com cobertura de chocolate e deliciosas bolachas de chocolate enfeitando os cantos. O bolo tinha o formato de número onze e contava com onze velas em formato de estrelas, que ao serem apagadas, levitavam brilhando até sumirem de vista. A festa contava com amigos, antigos colegas de trabalho do Sr. e da Sra. Potter, vizinhos e os filhos destes.
Os Potter não tinham familiares. Pelo menos não alguém vivo.
O Sr. Potter tinha um irmão mais novo de quem gostava muito, Harold, porém este faleceu muito jovem e não deixou descendência. Tirando isso ele não teve primos, pois os seus pais eram filhos únicos.
A Sra. Potter também era filha única, tal como seus pais, os únicos familiares que possuía eram alguns tios, já falecidos.
Apesar de ansioso por receber a carta de admissão para Hogwarts, os meses passaram sem que Tiago se apercebesse. Passava os dias desfrutando da sua vassoura com o seu pai, lendo os livros que recebera, ouvindo em primeira-mão os relatos dos feitos do seu pai e sendo paparicado com os deliciosos pratos da simpática Sra. Potter.


 

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