Única Alternativa



Molly permanecia em sua poltrona ao lado da cama da filha, aguardando-a, com a face vermelha pelo choro. Arthur, pai de Gina, conversava detalhes sobre o lugar que o corpo seria levado, administrava tudo, conversando sobre o que iriam fazer, e discutindo sobre o seqüestro de seu neto que há essas horas já fora constatado, necessitava de alguém para tomar conta da situação, e que saiba com agir, não seria problema para Arthur, encontrar alguém, afinal, fazia alguns anos que fora eleito Ministro da Magia, portanto exercia grande influência, ninguém lhe negaria nada. Os gêmeos, com suas respectivas esposas conversavam com Nina, tentando saber um pouco mais de tudo. Gui e Carlinhos iriam chegar em breve, já que não moravam mais no país.



Hermione afagou o rosto marcado pelas lágrimas no peitoral de Ron, mas sem hesitar o encarando e falando baixo.


- Um seqüestro Ron, agora entende por que não quero filhos?Para sofrer igual Gina sofrera, prefiro evitar... Mas, eu tenho pena da minha amiga, o que acontecera?Merlim queira que o pequeno Mike seja encontrado logo.


- Sim, amor... encontrarão, sabe quem é que papai contratou, não?Malfoy, o único que optou por essa área nova aqui, seqüestros, raptos, são novos aqui no mundo bruxo, mas vejo... que ele foi inteligente, monopoliza todo o “mercado”, fora que ele sabe muito bem de forma enrustida negócios ilegais, tem contatos, e já tem um nome.


- Quem diria, que Malfoy seria nossa última opção, mas acho que ele mudou... esbarrei algumas vezes com ele no Ministério, foi surpreendente como fora educado comigo, Rony.


- Ele mudou muito, sabe Mi, desde que seu pai faleceu, ele cuida da mãe Narcisa, que parece ser doente, tem aquela enfermidade do esquecimento, que por sinal é incurável, agora Malfoy obrigado viver naquela Mansão, se dedicando somente ao trabalho, mas tem más línguas, que dizem que o gênio dele em certos aspectos continua o mesmo.


- É tão interessante ver você sabendo tanto de Draco, meu amor.


- Esqueceu da reportagem que fiz para o profeta, Mi? Sobre o fim da Hierarquia Malfoy? Tive que pesquisar. Cheguei até a procurá-lo, para depoimentos, mas ele se recusou brutalmente.


- Agora me lembro, havia esquecido, mas mudando de assunto, quando ele vai vir aqui?


- Papai mandou chamá-lo logo quando soube do rapto, ele estava na Suíça, ele prometeu vir ainda para Londres amanhã, tempo de terminar um caso que tem lá.


- Hum, entendo... Oh, Rony... Harry morto... Ninguém sabe de nada, viu nada, perguntei para aquele auror a pouco que estava aqui, se sabiam de algo, mas estão em fase investigativa, tudo foi bem planejado, não me conformo...


- É a vida, meu amor, ruim para uns, ótima para outros, o que mais lamento é eu Gina, Harry e Mike faziam uma família perfeita, é de doer o coração, fora à perda do meu melhor amigo... mas temos que ser forte, ao menos tentar parecer para minha irmã.



*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*



A ruiva abriu os olhos lentamente, mas mesmo assim, os mesmos permaneciam marejados. A mãe de Gina olhou apreensiva para filha, lhe pegando a mão com carinho. Aos poucos foi se recordando, tudo que acontecera nas últimas horas, toda a dor começava a voltar, mas uma única pessoa lhe dominou os pensamentos: Mike.


- Meu filho... meu filhinho... – murmurou a jovem para a mãe, se sentando melhor a cama. – Onde ele está?Mãe?Vamos... me diga... eu quero meu filho.


O silêncio foi mais que uma resposta para Gina, no momento que sua mãe foi abraçá-la, com todo aquele ar piegas e solidário de pena, se esquivou, levantando-se da cama deixando que novas lágrimas lhe escorressem a face.

Alargou os passos, andando de forma rápida e desesperada até o quarto do filho, abriu a porta, o mesmo vazio, a cama intacta, e apenas as cortinas balançando incansavelmente devido a uma brisa forte que tinha lá fora.


- Mike, não, não... meu Mike NÃO. – bateu o punho com força na parede, fechando os olhos e os contraindo com força, antes de sair correndo a escada, descendo-a bruscamente, fazendo com que todos que estavam no andar de baixo, da sala, se virassem para ela observando-a preocupados com seu estado emocional.


- Hermione... – sussurrou indo até a amiga com pressa, e lhe balançando devagar pelo ombro, engolindo o seco a cada segundo. – Não é verdade, né?Diz para mim.


Hermione se pos a chorar, colocando a mão á boca para abafar um gemido de tristeza. Aquilo irritou Gina, por que ninguém a contava o que estava havendo realmente?Não gostava daqueles olhares de pena, que pareciam acha-latão frágil.


- VAMOS!ORA, ALGUÉM LANÇOU UM FEITÇO EM VOCÊS?!FALEM-ME! – gritou angustiada, lançando um único olhar para o seu pai, pedindo explicações, pedindo razões... pedindo apoio, pedindo seu filho.


Arthur andu lentamente em direção a filha, como se estivesse tomando coragem para arranjar um modo sutil de falar o que estava ocorrendo. Molly já havia descido as escadas, e estava sendo abraçada pelos gêmeos, que observavam a cena, atentos. E pela primeira vez, realmente tristes.


- Querida, acalme-se, está tudo sobe controle, chamei o melhor especialista na área – começou seu pai falando vagarosamente. – ele provavelmente chegara, e encontrara... mas agora, tenho a triste tarefa e dolorosa, de lhe dizer, que o pequeno Mike foi seqüestrado, minha Gina.


Todos esperavam uma reação histérica de Gina, o impulso de sair por ai sem senso ai a procura de seu filho, mas não, pelo contrário, deteve o olhar no chão, encaminhando-se devagar até a escada e subindo. Parou no último degrau, e virou-se para os demais, dizendo calmamente:


- Só me chamem, quando o tal chegar, assim poderei encontrar meu Mike, do contrário, me deixem em paz.


Seguiu caminho até o quarto que estava, sentando-se na cama e ficando estática por alguns segundos. Depois puxando uma caixa de tonalidade verde-musgo de baixo da cama, e pondo-a sobre o colo. Seu fecho estava enferrujado, e nele havia uma trança de ferro que trancava parcialmente a caixa. Gina pegou a varinha que estava posta sobre a cômoda, e apontou a trança, sibilando palavras sem nexo, que rapidamente fez com que se abrisse.

Seus dedos deslizaram por uma primeira foto, onde estavam ela e Harry, falando algo, e logo depois se beijando docemente em meio à neve. Parecia que as lágrimas haviam se esgotado, os olhos apenas marejados ficavam, estava exausta, suas forças tanto mentais quando físicas estavam por um fio, mas mesmo assim, Gina ficou ali, recordando-se do que tanto amava, até adormecer por não conseguir segurar-se mais, indo para o embarque dos sonhos.



*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*



Era uma nova manhã, inevitavelmente com o mundo bruxo abalado, já era conhecimento da morte do grande Harry Potter, e do seqüestro do filho do casal. Noticia dos mais importantes jornais, sendo um choque para todos, dezenas de jornalistas faziam hora na porta da casa de Gina, sendo obrigados a vestir roupas estilo trouxa, afinal, não podiam de modo algum causar desconfianças, o bairro que moravam não era bruxo. Mas todo o esforço de sigilo era em vão, Molly os expulsava a cada minuto. Rony, por sua vez, com influência na imprensa, já que havia se tornado um jornalista investigativo com renome, tentava acabar com o alarido, conversando com os colegas, que na maioria compreendiam que o melhor a se fazer, era deixar a mais nova viúva ter sossego, respeitá-la.


Hermione, que era Chefe do Departamento das Leis da Magia, tinha o seu tempo basicamente voltado ao trabalho, conseguiu dois dias de licença para ficar ao lado da amiga, intercalava os seus deveres, deixando Mark Norsk, um amigo que tinha há alguns anos, no comando, era seu antecessor. Mark causava um ciúme intenso em Rony, pelo fato dele e Hermione terem tido um pequeno caso antes de se casarem.


Arthur foi o único que não conseguiu se desvencilhar de suas obrigações, lá estava ele, em uma sala extensa no Quinto andar do Ministério, aguardando a chegada de Draco, que iria se encontrar primeiramente com ele, para passar certas informações base.

A porta da sala bateu algumas vezes, uma mulher já de idade, que segurava diversos pergaminhos com certa dificuldade, abriu a porta, e ajeitando o óculos que caia do nariz.


- Draco Malfoy já está aqui, tenho permissão para mandá-lo entrar, Senhor Weasley? – perguntou a senhora com todo aquele ar eficiente.


- Claro, claro. – respondeu balançando a cabeça repetidas vezes de forma positiva, conforme seus dedos batiam incansavelmente a mesa, e suspirava preocupado.



Draco estava sentado em um sofá de couro, onde aguardava. Sinceramente não havia mudado muito, alto, seus cabelos impecavelmente arrumados e intensamente lisos, com uma franja que lhe caia parcialmente pelo olho esquerdo. Os olhos encantadoramente cinzentos azulados, trajando uma calça que parecia extremamente fina, preta, e uma camiseta de malha da mesma cor, que ressaltava de certa forma seu tórax. A mulher que a pouco estava na sala de Arthur aproximou-se do jovem, com um sorriso besta parecendo abobalhada por tal beleza a sua frente.


- O senhor, pode entrar, o Ministro já vai te receber. – deu uma piscadela que pareceu realmente cômica.


- Obrigado. – disse com educação levemente constrangido, antes de abafar o riso com tal ato da mulher. – Com licença.


Draco levantou-se, pegando uma pasta de couro de Dragão importada da Lituânia, que continha alguns papéis, fez uma leve reverência com a cabeça a senhora, e abriu a porta de Arthur com calma, até que o mesmo assentiu com a cabeça sua entrada, cujo fez jus e entrou e logo sentou-se a sua frente, cruzando os braços.


- ´Dia, Ministro. – cumprimentou seriamente sentando-se confortavelmente na cadeira.

- ‘Dia, Malfoy... – Arthur parecia querer ir logo ao ponto, passou as mãos pelos olhos, depois olhando fixo para a mesa. – Já é de seu conhecimento, tudo que se passa, certo?


- Sim, claro, tenho que me manter informado sempre, tenho a leve impressão que o senhor se refere à morte do Potter, que era casado com sua filha, que por sinal, teve o filho seqüestrado. – respondeu com sapiência arqueando a sobrancelha esquerda levemente.


- Isso mesmo, que bom que já sabe. Pois então, fiquei sabendo de seu exímio trabalho no ramo de investigação, e trabalho com essa área de raptos, pelo que sei, é o único que atua ao menos aqui em Londres, e pelo pouquíssimo que pesquisei, tem uma lista de feitos invejáveis.


- É, sem querer me gabar, mas já o fazendo – riu discretamente com um ar convencido, mas logo tomando a seriedade novamente. – tenho grandes méritos não só aqui, como fora, após terminar Hogwarts, fiquei analisando as possibilidades do que fazer, me chamou atenção o sumiço de uma Jovem, filha de um ministro da magia da Noruega, pesquisei, e me tornei amigo do detetive que cuidou do caso, me interessei, achei ótimo, já que aqui não tive conhecimento de alguém que trabalhasse nesse ramo, pelo fato de poucos casos existentes, mas que começou a se enfatizar a algum tempo.


- Ótimo, então acho que você é a pessoa certa, Malfoy. – disse um pouco mais entusiasmado. – Sei que Weasley e Malfoy, sempre tiveram uma briga interna, pelas diferenças sociais existentes, sei, do seu nojo por mim, e pela minha família, mas espero que pense no meu neto, em seu trabalho, seja ético, não leve em conta ressentimentos do passado.


- Ora, assim de certa forma me ofende, não vou ser hipócrita, possuía uma antipatia e repulsa grande por vossa família, mas após a morte de meu pai, comecei a ver as coisas de outra forma, não que eu tenha me tornado um extremo casto e bondoso como muitos pensam, apenas meu modo ignorante no sentido de avaliar diferenças, foi amenizado, e não se preocupe, tenho uma grande ética no meu trabalho, senhor Ministro, e trarei o seu neto novamente.


- Fico aliviado, quanto às despesas, é só enviar a minha secretária, ela vai lhe dar tudo o que for necessário, Malfoy, não posso privar despesas quanto ao meu neto.


- Ótimo! – bradou com rapidez colocando a pasta sobre a mesa, e retirando alguns papéis. – Se me permite – pegou a pena que estava no lugar também, que parecia anteriormente estar sendo usada pelo ministro, deslizou ela por algumas linhas, e voltou a falar. – Por favor, assine aqui, é apenas uns papéis legalizando a contratação de meus trabalhos.


Arthur sem hesitar o fez, Draco puxou a varinha do bolso, balançando-a em sentido anti-horário algumas vezes murmurando algo, fazendo a folha se duplicar em duas, e ser lacrada. Apenas entregou uma para o Ministro.


- Agora lhe darei o endereço de onde Gina mora, para ir hoje mesmo lá.

- Não a necessidade. Todos sabem onde Potter residia, já tenho conhecimento. Até mais ver.


Saiu da sala de Arthur, fechando a porta e lançando um sorriso irresistível proposital a secretária, antes de aparatar do Ministério da Magia.

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