sozinho



Capítulo dois: sozinho


 


      Talvez se tivesse olhado ao menos uma vez para trás perceberia que a força que ele tanto via em Gina, e, que muitas vezes, julgou ser uma das tantas belezas da garota, tinha se esvaído. Após a brusca saída de Harry, ela escorregou pela parede verde acinzentado do cômodo, as lágrimas insistiam em escorregar pelo seu fino rosto, sua bravura tinha desaparecido junto com Harry. Amara-o desde pequena, nunca desistira dele, mesmo quando pensara que fosse o fim, sempre houvera esperança. Agora já não as tinha. Ele a deixara, talvez nunca mais voltasse, não podia parar de pensar, e se ele realmente não voltasse? Deveria procurá-lo ou deixaria que as coisas se acalmassem entre eles?


   Todos que a conhecessem desde a adolescência teriam pena daquela mulher, outra hora tão forte, destemida. Agora, fraca, totalmente vulnerável. Sentada no chão duro e frio da casa dos Black olhando pela janela a penumbra no bairro, ficou assim por muito tempo, não sabia o quanto. Seu mundo havia acabado.


  Queria conversar com alguém, mas seus melhores amigos ficariam em cima do muro, além do mais Rony, sempre protetor agiria mal, partiria para briga. E, bom Hermione, não teria como conversar com ela sem deixar que Rony soubesse.


  Foi no quarto de Lílian, fitou-a com o olhar, a menina, ainda muito pequena, tinha um olhar penetrante, parecia saber o que houve. Tanto que logo perguntou:


  —Mamãe, você estava chorando. O que houve?O papai foi embora, onde ele está?


 —Nada querida, logo o papai voltará, mas agora precisamos ir—decidiu Gina.


— Ir?Pra onde?


— Preciso falar com a titia Hermione.


— Agora?! E você ainda diz que não houve nada!!


—Por favor, Li, eu realmente preciso falar com ela.


—Ok


 A menina desceu da cama, segurou forte na mão da mãe e juntas foram para o último degrau da casa, onde a pouco Harry desaparatara, fizeram o mesmo.


  Muito longe dali, Harry aparatara. Precisava refletir. Se acalmar, talvez, tantas coisas passavam pela sua cabeça: Gina, onde estaria?Por que teria sido idiota?(bom essa resposta logo veio) estava com raiva fora por isso. Pensava também como estaria sua filha, mas a pergunta que mais lhe infligia era: se Gina conseguira, quem mais conseguiu?Precisava certificar, mas com quem?Todos os grandes Legimentes haviam morrido... Dumbledore, Snape, Bellatrix (odiava pensar naquela monstra) e por fim Voldemort. Não, definitivamente, esse não. Matara-o há dezenove anos, mesmo assim receava que não tivesse feito direito, será que realmente estava morto?A paz tanto almejada por Harry continuava a persistir, no entanto quanto tempo mais ela perduraria? Meses, anos, a vida toda, talvez?Ele não sabia, mas mesmo assim não apreciava. O silêncio era pior do que as palavras. Temia. Ainda mais agora que percebera que era tão vulnerável. Enfim, Snape sempre esteve certo. Deveria estudar Oclumência, contudo antes iria conferir com algum Legismente sobre os níveis dos danos. Foi nesse momento que se lembrou do espelho de Sirius e com ele Aberforth, talvez ele fosse um Legimente, não custava perguntar, já desaparatara em Hogsmeade mesmo. Fora o primeiro lugar que pensara.


  Andou pela rua principal do povoado, virou a esquerda, estava tão escuro que mal podia ver os seus próprios pés. Era melhor assim, ninguém o reconheceria. Após algum tempo chegou ao lugar desejado, tateou a porta em busca da maçaneta, abriu-a. O estabelecimento continuava o mesmo; empoeirado, vazio, exceto por alguns poucos homens de capuz. Harry olhou por cima das mesas na procura de um velho conhecido. Logo o encontrou. Acenou, ele se aproximou, perguntou num sussurro:


—Que o traz aqui, Potter?


—Preciso perguntar uma coisa...


— Sei—respondeu ríspido—acho que prefere um lugar mais tranquilo, não?


—Com certeza


O barman conduziu Harry para o outro andar, em poucos minutos estavam naquela sala que dezenove anos antes foi o local onde conheceu a verdadeira história da família Dumbledore. Nesse tempo todo nada havia mudado; o retrato de Ariana, a lareira e o tapete estavam todos no mesmo lugar. Aberforth indicou uma poltrona e após ele sentou-se em uma outra próxima.


—Sou todo ouvidos, o que deseja?


—Sr. Dumbledore, o senhor, por acaso, é um Legimente?


—Por que a pergunta?


—Bom..seu irmão,Alvo, era, então pensei que bom... o senhor também poderia ser.. e bem... da última vez que estive aqui o senhor parecia saber o que eu estava pensando então...achei que talvez...


—Sim, mas meu irmão, não lhe ensinou sobre a Legimência?


—Aham, contudo eu tenho algumas dúvidas, e não conheço mais ninguém capaz de saná-las.


—Entendo, e que dúvidas seriam essas?


—A Legimência é uma arte que pode ser facilitada quando uma pessoa está emocionalmente vulnerável, não?Sendo assim, se uma pessoa teve sua mente revirada num momento como esse qual seria o risco dela ter sido revistada outras vezes?


—Bem, pergunta bastante complexa. O que exatamente você quis dizer com emocionalmente vulnerável, a que você se refere?


—Hein! Como sabe que é de mim que estamos falando?


—Simples, se não te amedontrasse, você não procuraria desesperadamente descobrir quais seriam os seus riscos.


—É você realmente está certo, é sobre mim que estamos falando — me apressei a relatar os últimos fatos nos minuciosos detalhes.


Ele franziu um pouco a testa, pensou, e logo respondeu:


—Bem, Dumbledore sempre me disse que você não era um bom oclumente, levando isso em consideração, há muitos riscos,mas você sabe que muitos não conhecem a arte da legimência, o que diminuiria bastante a chance de ser pego desprevenido.


—Nem tanto,Voldemort é o melhor legimente que existe e ele pode simplesmente aparecer.


—Mas você não o matou?


—Sim, mas sempre haverá a dúvida.


Harry olhou para o seu relógio de pulso, o mesmo que ganhara dos Weasley quando fizera dezessete anos, já era tarde, e ainda teria que dar uma passada em Hogwarts.


 


 

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