Vida nova Hermione



Vida nova Hermione


 


Hermione desembarcou no aeroporto de Birmingham dias depois. A cidade parecia continuar da mesma forma que ela havia visto anos atrás, Grande e movimentada, porém bastante charmosa. Não era a toa ser o terceiro maior município Francês.


O lugar era esplendido, completamente rico em cultura e muito o que se ver.


O clima era variado, parecia que a cidade tinha sentimentos, estava nublado e fazia um frio aconchegante quanto Hermione chegou, ela se lembrou do natal que havia passado com seus pais ali na casa a avó.


Em outras condições Hermione teria sido muito feliz morando com sua avó, o estilo de vida do povo local era o jeito que ela gostaria de viver. As pessoas eram divertidas e prestativas tinha muitos habitantes, mas na região que sua avó morava quase todo mundo se conhecia, tudo era muito perto, um detalhe muito importante era que as pessoas de Lyon não tinham pressa pra nada, viviam cada segundo intensamente, “como a vida deve ser vivida”- Pensava ela.


A casa da avó era um reflexo dela mesma, confortável, com exageros, bastante feminina e elegante, além da sensação de realeza que qualquer residência inglesa emana. Possuía dois andares, 5 quartos, três banheiros entre outros cômodos, mas um foi o preferido de Hermione, uma saleta que outrora servira de escritório de seu avô, lá tinha apenas uma poltrona confortável, uma mesinha e uma escrivaninha, mas Hermione, passou a maior parte de sua estadia lá, estudando, sonhando, relembrando. Sua avó deu-lhe permissão para redecorar o lugar que a partir dali seria só dela.


Apesar do tempo que ela não ia à casa da avó, ela lembrava-se muito bem das orquídeas que enfeitavam a varanda, sempre perfeitas, sua avó adorava flores, principalmente orquídeas, o jardim era perfeito como se fosse artificial, ela mesma cuidava de suas plantas.


Eu teria sido muito feliz vivendo aqui com meus pais” – Hermione riu para si mesma da janela do seu quarto, pensava em com seria se seus pais vivessem uma vida tranqüila ali com ela, lhe dando atenção e carinho, mas instantaneamente ela pensou em Rony, imaginou o sorriso dele, “ eu seria muito feliz aqui com o Rony”, logo em seguida odiou-se pelo próprio pensamento.


 


Imediatamente Hermione foi apresentada a todos os professores e dirigentes da Beuxbatons University, sua avó os conhecia muito bem, formara-se lá.


 Os primeiros meses foram muito difíceis para ela, superar o que aconteceu em Chelsea, era uma tarefa árdua demais. A universidade era completamente diferente da escola de onde viera, as pessoas eram muito mais retraídas, porém menos preocupadas em desfazer-se uns dos outros. Todos estavam sempre muito ocupados e entretidos em algum programa escolar, diferente da Inglaterra, não foi difícil para Hermione fazer alguns amigos, as pessoas eram mais fáceis de lidar, talvez por serem mais maduras. Hermione tinha os pensamentos e sentimentos muito presos ao que lhe acontecera, mas com o tempo as más lembranças deram espaço a números, letras, e idiomas.


Ela concentrou toda a sua energia em realizar sua meta. Formar-se com notas máximas.


 Os maiores problemas vinham nas horas de solidão, quando ela tinha muito tempo pra pensar no que lhe acontecera. Muitas vezes ela tinha pesadelos com aquele dia, e em alguns casos os pesadelos eram tão reais que ela acordava de súbito, com a respiração pesada e lágrimas nos olhos. Ela podia ver a si mesma no meio daquela roda impiedosa, todos a apontando, criticando-a ou zombando dela. Lavender Brown comandando aquela gritaria como um maestro comandando uma sinfonia de ódio, Rony parado apenas olhando pra ela sem mencionar uma palavra em sua defesa. “Você acha que em sã consciência ele ficaria com alguém a quem ele mesmo ajudou a apelidar de patinha feia?” Ela sempre abria os olhos nessa parte.


 


 Quando tinha um tempo livre Hermione levava Elizabeth pra passear, mostrava-lhe as belezas da cidade.


Hermione havia sido proibida de falar Inglês na presença de franceses:


É falta de educação falar na frente das pessoas, coisas que elas não entendem Hermione, parece que estamos falando mal delas, se você conhece o idioma fale com elas de igual pra igual.”


Hermione sabia que sua avó tinha razão e ela até gostava, treinava sua fluência.


Além da universidade, ela freqüentava cursos de línguas, pintura e Ioga para complementar seu tempo.


Falava com seus pais pela Internet e ligava de vez em quando.


Não foi muito difícil estar na França por causa da presença confortante de Liz, e também pela personalidade maravilhosa de sua avó paterna. Melanie Austin Granger nasceu na França. Fora jovem ainda para a Inglaterra com seus pais, recém formada em administração. Sempre fora muito inteligente, César costumava comparar a inteligência de Hermione a de Melanie, aprendeu rapidamente a falar inglês, mesmo que com o sotaque bastante acentuado que ela carregou até a velhice. Apaixonou-se e casou-se com um professor e escritor Inglaterra chamado Howard Granger. Quando ficou viúva, com o único filho já criado Melanie decidiu voltar para sua terra natal. Ela contava a Hermione tudo sobre a época em que ela chegou á Inglaterra e principalmente sobre Howard, a quem ela determinava como seu primeiro e único amor. Para a neta esta era como aquelas histórias de contos de fadas onde o amor durava mesmo até que a morte separasse o casal, parecia mais que sua avó estava lendo-lhe um livro. “Amei seu avô desde o primeiro momento que o vi, sentado displicente naquele banco de praça, com óculos pequenos tão concentrado com um livro nas mãos, era tão jovem pra ser professor que de inicio achei que era um estudante. A partir daquele momento e soube que ele seria o homem da minha vida”. Hermione absorvia aquelas palavras para dentro de si como se quisesse torná-las a sua própria realidade e ela inevitavelmente pensava em Ronald. “Eu o amei desde a primeira vez que o vi entrando na sala, com um jeito amolecado e aquele sorriso magnético, era só um menino de 13 anos para o resto do mundo, mas a partir daquele dia eu tive certeza que ele seria o homem da minha vida” ela ensaiava em seus pensamentos como se tivesse falando para sua neta, assim como sua avó fazia, mas logo em seguida os maus pensamentos tomavam conta dela. “Depois descobri que ele seria o homem que arruinaria minha vida”, assim começavam as choradeiras se motivos que Liz calmamente e sem perguntas acalentava.


- Chorando de novo Mione?


Mas Hermione apenas olhava pra ela e muitas vezes ela sentia ódio de si mesma por não contar a Liz o que estava acontecendo.


Depois de uma destas choradeiras, a mais grave desde que tinha chegado a Inglaterra Hermione contou a Liz sobre tudo o que havia ocorrido em Chelsea, ela havia chorado muito e Liz passara a noite lhe acalmando, no dia seguinte Hermione decidiu que em um momento propício lhe contaria o acontecido, e este momento chegou:


Era noite, elas duas estavam no jardim, conversando, sua avó ainda não havia retornado de um encontro de senhoras que ela freqüentava toda semana.


- Este país é muito bonito Hermione, eu fico muito feliz de poder conhecê-lo.


- Sente falta da nossa casa Liz?


- Sinto, mas acho que estaria me sentindo despedaçada se não tivesse vindo com você.


- Perdoe-me por ter mudado sua vida assim tão de repente.


- Não me peça perdão, por que eu estou muito satisfeita em ter vindo e além de tudo não é pra sempre, logo voltaremos á Inglaterra. Mas sabe uma coisa?


- O que? – Hermione nem esperava a pergunta.


- Eu não compreendo até hoje o motivo de termos vindo assim tão depressa para cá.


Hermione ficou muda e Liz continuou:


- Sabia que logo no inicio imaginei uma historia absurda?


- O que você imaginou? – ela gaguejava


- Imaginei, veja só, que você tinha se metido com algum moleque, que estava grávida e que ele não queria assumir a criança.


- O que? – ela olhou espantada para Liz.


- É eu achei que quis vir pra cá buscar o apoio de sua avó pra contar ao seu pai.


- Mas que absurdo, Liz, eu... – ela observou como se temesse que alguém a ouvisse e depois falou baixo – Eu ainda sou virgem e se não fosse você saberia não é? É minha melhor amiga eu te conto tudo.


- Tudo não – Ela assumiu um tom mais sério – você ainda não me disse o que houve em Chelsea


Hermione calou-se por alguns instantes, como se buscasse as palavras sentiu remorso, era como se estivesse traindo sua melhor amiga. Ela sabia que podia confiar em Liz, não era esse o problema. Simplesmente ela não conseguia lembrar no assunto sem sofrer as mesmas dores que sofreu no dia do acontecido, mas ela decidiu que já era hora de falar.


- Liz...


- Mione, não precisa falar se não se sentir bem.


- Não, tudo bem. Eu quero... Eu preciso falar.


- Eu estou aqui pra te ouvir minha querida e não importa o que tenha acontecido, eu irei compreender.


Ela começou a narrar a história desde o inicio seguida pelo olhar atento de Liz. Enquanto contava tentava decifrar o que Liz achava da historia, mas ela não esboçava nenhum sinal, estava neutra.


Quando terminou ela ficou parada olhando Liz esperando alguma bronca, mas ao contrário do que ela achava Liz simplesmente sorriu, e afagou os cabelos dela.


- Minha querida, você deve ter sofrido tanto. Eu sei o quanto você gostava deste garoto. Mas Mione, por que não me disse antes de virmos pra cá? Não havia necessidade de sair do país, eu mesma resolveria os fatos com esta Lilá, nem seus pais precisariam saber.


- Não foi só a Lilá, Lilá. Aliás, a opinião dela nem sequer me importou. Se ele tivesse dito algo por mim, tivesse me tirado de lá, qualquer coisa Liz, desde que ele não tivesse compactuado com aquilo. O fato, é que depois de tudo todo o encanto se desfez, mas o amor por ele perpetuou. Eu não poderia conviver com a presença dele nem mais um minuto. É complicado eu sei, mas...


- Eu compreendo. Já fui jovem, já amei, já sofri por amor. Não se justifique mais. Você é forte Hermione, um dia você irá encontrar esta força. E quanto ao amor minha querida, a vida dá voltas e nos surpreende. Eu não posso lhe dizer o que o futuro lhe reserva, mas posso lhe garantir que você será feliz.


- Como pode ter tanta certeza Liz?


- Mione, você é boa e pura de coração. Tem dinheiro, poderia andar na cabeça desta Brown se quisesse, não só pela fama de seu pai, mais por todo o legado da família Granger que desde seu avô, a quem eu tive o prazer de conhecer, é um dos maiores de Chelsea. Mas você preferiu ir embora, preferiu renuncia a si mesma, nunca quis ferir ninguém. Pessoas boas, minha querida, sofrem, mas sempre encontram a felicidade.


- Eu não fiz nada pra elas Liz, eu não consigo entender por que me agrediram daquele jeito.


- Você é ingênua Mione. Você não entende a maldade do mundo. Mas a vida tem suas reviravoltas minha querida, um dia todo esse mau que lhe fizeram será curado.


As duas e D. Melanie formavam um trio quase inseparável, muitas vezes elas passavam horas olhando fotos antigas e para cada uma delas, havia uma história rica em detalhes e comédia, mas apesar de tudo de bom que ocorreu, a saudade de Ronald Weasley lhe doía no peito com pancadas dadas diariamente, estas dores foram se acalmando, mas para isso fora necessário muito tempo.


Durante o tempo em Lyon, Hermione fez mais amigos do que ela imaginou que poderia fazer.


A cidade tinha muitos jovens por causa da universidade.


Eles eram muito parecidos com Hermione tinham os mesmos gostos e isso ajudava a fazê-la sentir-se em casa.


De todos os amigos que ela cativou, um deles era muito especial pra ela, um senhor de setenta e dois anos, dono de uma floricultura e amigo de sua avó. No dia em que Hermione o conheceu ele lhe ofereceu sua flor favorita como boas vindas.


- Bom dia Melanie.


- Bom dia Jeffrey, como está hoje?


- Muito bem, obrigado. Quem é esta linda garota?


- Oh, está é minha neta, Hermione.


- Que lindo nome. Obra do amado Shakespeare. Nome tão belo quanto a dona.


- Obrigada – sussurrou Hermione.


- Prazer em conhecê-la mocinha, sou Jeffrey Burns.


- O prazer é meu senhor Burns.


- Tome uma flor, presente de boas vindas.


- Obrigada é... – Era uma margarida branca, as favoritas de Hermione, ela lembrava-se muito bem por que, um dos melhores momentos que Hermione havia passado ao lado de sua mãe, foi um período raro em que D. Ângela e Hermione estavam de férias ao mesmo tempo, e D. Ângela e Hermione passaram horas juntas cuidando de umas margaridas brancas, presente de aniversário de casamento do doutor César, D. Ângela também adorava margaridas brancas. – é minha flor favorita. Como sabia?


- Segredos de quem conhece as plantas Hermione – disse D. Melanie – Jeffrey conhece as flores como ninguém.


Depois deste dia Hermione visitava Jeffrey com freqüência, conversava com ele por horas, ele lhe ensinava segredos sobre as flores e as plantas em geral. Hermione passou a gostar muito mais das plantas.


A esposa de Jeffrey, Sâmara Burns era mais jovem que ele, tinha 56 anos, era uma senhora muito distinta, a face tinha ainda traços da beleza da sua juventude, era esguia e de pele muito clara que contrastavam com seus cabelos muito negros e seus olhos azuis. Sâmara tinha dois filhos com Jeffrey, mas há muito tempo ambos haviam ido morar nos Estados Unidos.


Assim que a conheceu, Hermione a adorou, ela cozinhava muito bem, ensinou a Hermione pratos típicos franceses, também gostava de contar suas viagens a Hermione e falava muito de seu país, Sâmara Burns parecia conhecer toda a França.


Quando Jeffrey Burns morreu, dois anos antes de Hermione voltará Inglaterra, Sâmara entregou a ela uma caixa pequena, dentro dela havia um pingente em formato de coração, ele se abria em dois tendo espaço para pôr uma foto de cada lado, junto ao pingente havia uma mensagem “guarde neste seu coração somente as imagens de quem realmente merecer” e uma margarida branca, em uma das pétalas estava escrito um P. H., foi um dos momentos mais tristes para Hermione desde que havia chegado em Lyon.


- Ele pretendia lhe dar de presente por você ter feito boas provas. Significa parabéns Hermione.


Hermione sentiu-se muito triste, ela pegou a caixa e retirou o pingente colocando-o no pescoço imediatamente, lembrando-se de uma das conversas que ela teve com Jeffrey:


 


As pessoas são como flores Hermione, se são bem cuidadas, elas florescem belas e fortes, se são mal cuidadas, elas nem chegam a crescer e florescer, assim também é com as pessoas, aquelas que têm bons exemplos tornam-se boas e honestas, enquanto as que são mal criadas tornam-se mesquinhas e deploráveis, o ser humano precisa ser regado, cuidado e podado Hermione”. – Jamais esqueceria Jeffrey e Sâmara Burns.


 


Hermione ficou na França por seis anos na companhia de Liz, formou-se com altíssimas notas numa das mais renomadas universidades do mundo.


Após a entrega do diploma ela foi pra casa e se despediu de sua avó:


- Tem certeza que quer voltar para a Inglaterra Hermione? Aqui você pode ser grande.


- Obrigada vovó, mas eu tenho certeza, quero fazer nome no meu país.


- Ah querida eu sei que estes seis anos são poucos comparados aos 16 que você passou ao lado de seus pais, mas eu vou sentir muito a sua falta, acostumei-me com a sua presença.


- Eu vou morrer de saudades também vovó, mas agora posso vir lhe visitar, sou maior agora lembra?


- Ah sim, você veio pra cá ainda menina e agora é uma grande mulher. Estarei esperando por você.


- Vou sentir falta daqui vovó, fui feliz aqui. Eu voltarei.


Ao sair da casa Hermione olhou longamente o jardim, as orquídeas de sua avó e lembrou de quando chegou a casa, insegura de seu futuro, magoada com o que havia deixado pra trás, cheia de esperanças para sua nova vida e agora seus esforços se materializavam na frente dela, no papel que ela carregava na mala, no seu diploma. Levaria consigo todos os momentos mágicos que vivera ali, todos os rostos que conheceu e tudo isso lhe daria forças para viver uma nova vida.


 


Arthur Weasley estava furioso. Arthur era um homem gordo, andava de um lado para o outro esbravejando, com a sua voz alta e cheia de sotaque. A testa respingava suor por todos os lados. O motivo de sua raiva era seu único filho, Ronald, que não fazia quase nada, ainda não havia feito faculdade por que divergia com seu pai sobre a carreira que queria seguir:


- Você é meu único herdeiro Ronald, precisa administrar meus negócios quando eu me for.


- Pai vai parando com esse negócio de “quando eu me for”, o senhor sabe que não vai nem tão cedo e eu não quero fazer administração, prefiro educação física, eu gosto de esportes...


- Esportes! – Ele bateu com força a mão na mesa. – Você quer ser atleta? Não brinque comigo Ronald, eu saí da minha terra cedo para trabalhar e construir tudo isso. Trabalhei duro pra dar a você tudo o que você tem sabe pra que?


- Pai... – Rony rolou os olhos.


- Pra que quando eu chegasse nessa idade pudesse contar com você, pra que me único filho cuidasse do que eu construí pra ele, para que eu pudesse descansar, mas ao contrário, há dois anos você terminou os estudos e até agora não quis nada com a vida. – Ele continuou sem se importar.


- Não é bem assim pai.


- É assim Rony! Até quando você acha que pode levar essa vida mansa, um dia meu filho, você vai ter que amadurecer e casar.


- De novo esse papo de casar, pai eu tenho só dezenove anos.


- Com dezenove anos eu estava trabalhando duro e já era casado com sua mãe. Ah não se fazem mais homens como antigamente. No meu tempo o homem assumia compromisso cedo, não ficava enrolando as moças como você faz.


- Terminou o sermão?


- Deixe só sua mãe se convencer de ir para Londres, arrasto você e num instante mudo sua vida.


- Posso ir pai? – ele disse com um sorriso no canto da boca.


- Vai embora daqui seu folgado – Ele esbravejava – vagabundo, não pense que vou sustentá-lo para sempre... Se não fosse sua mãe...


Mas Rony já tinha saído e não estava mais ouvindo.


Naquela tarde ele caminhou por muito tempo, tentou se convencer de que estava se exercitando, mas a verdade é que não sabia aonde ir, ou o que fazer.


Enquanto caminhava, pensava nas palavras de seu pai: “No meu tempo os homens assumiam compromissos”, “com dezenove anos eu já era casado com a sua mãe”. Ele se perguntava como duas pessoas tão diferentes quanto seus pais, podiam estar juntos há tanto tempo.


Molly Weasley era uma mulher Clássica, com feições da descendência americana de seu pai, mas os mesmos cabelos ruivos do filho, tinha gostos e habilidades singulares. Tinha uma beleza natural que se manteve intacta ao longo de seus 50 anos, fora uma jovem bastante popular em sua época de escola. Falava muito baixo, ao contrário de Arthur, nervoso, explosivo, raramente falava baixo. A única pessoa que conseguia acalmá-lo era Molly.


“O amor tem dessas esquisitices” – pensou e teve uma vaga lembrança de Hermione, mas ele logo procurou esquecer. Depois do acontecido Rony ficou com muito remorso e a dor do arrependimento era insuportável. Ele decidiu que não pensaria mais naquilo.


No caminho, Ronald encontrou um de seus amigos, William Fontana, na companhia de quatro rapazes, eles estavam bem vestidos, eram todos atléticos, mas Rony não os conhecia de nenhum clube esportivo. Quando William o avistou, cochichou algo com um dos rapazes e se apressou até Rony.


- Oi Rony.


- Will. Como está?


- Bem.


- Você por aqui? Resolveu se exercitar?


- Não, eu... Só estava andando.


William estava nervoso, e os amigos dele pararam há uns quatro metros dos dois e ficaram observando-os com olhares meio desconfiados.


- Não vai apresentar a galera?


- São uns amigos meus.


Ele adiantou-se com Rony e um dos garotos fez um sinal com as mãos.


- O que está fazendo aqui.


- Ah tô com a cabeça cheia, meu pai está me pressionando de novo. Vai fazer alguma coisa?


- Não, nada especial.


- Vamos lá na casa do Draco. A gente se distrai, bebe alguma coisa, joga.


- Eh... – ele olhou mais uma vez para os rapazes – Vamos sim, vou avisar a galera.


Ele se afastou e Rony preferiu permanecer onde estava. Cochichou mais uma vez com dos rapazes e em seguida eles foram embora na direção contrária a que estavam vindo.


- Seus amigos são estranhos, Will. Vocês não estavam indo para lá? – rony apontou a direção que eles iam inicialmente.


- Ah sim... Mas, desistiram. – o rapaz disse sem graça.


- Estranho.


- Você acha?


- Está nervoso amigo? Meteu-se em alguma encrenca?


- Eu? Não, claro que eu não. Que idéia mais maluca é essa?


- Nada esquece. Will tem uma coisa que eu quero perguntar, eu ando meio desconfiado.


O rapaz embranqueceu. Tentou falar, mas a voz ficou contida na garganta.


- Você anda se metendo com drogas?


William pareceu aliviar-se de um enorme peso depois que ouviu a pergunta:


- Não cara, mas que absurdo é esse? – ele disse tentando não sorrir de alivio.


- Desculpa, mas é que você anda estranho, aliás, você é estranho desde que a gente te conhece. Some, às vezes fica nervoso por nada, anda com uns caras cismados.


- Que é isso Rony, paranóia sua. São só uns amigos de infância, às vezes a gente se reúne pra jogar uma bola, sair. Essas coisas.


- Você nunca chama a gente.


- É que os caras são meio suburbanos, não faz o feitio do nosso grupo Rony, sabe Lilá, Luna e Draco não vão se identificar, como a gente se conhece há muito tempo as vezes eles me chamam e eu não quero vacilar, a gente nunca sabe quando vai precisar não é?


- É, você tem razão. – Rony não parecia muito convencido -  Não tem problema, vamos deixar isto de lado.


Mesmo sendo amigos há mais de cinco anos, não o conheciam completamente.


Ele sempre desaparecia, mas na maioria das vezes eles não ligavam. William fora aceito no grupo, principalmente por Lavender, não só por ser rico, mas por que era sobrinho da professora de matemática, acharam-no de grande valia.


A vida de Rony seguiu sem mais preocupações, seu pai o pressionava de vez em quando, mas ele não mudava seu ritmo. Um ano depois de sair da escola, Ronald decidiu iniciar a faculdade de Administração, junto com Draco, enquanto Luna começou a cursar a faculdade de Turismo e Lavender continuou sem estudar, um ano mais tarde, Scorpio, filho de Draco e Luna nasceu. Eles ainda tentaram continuar, mas abandonaram a faculdade pelo filho, Luna foi a primeira, abandonou a faculdade assim que Scorpio nasceu, Draco trancou o curso quase um ano depois, decidiu que trabalhar, ser marido e estudar o cansava demais. Logo em seguida vendo-se sozinho Ronald desistiu.


 


...


 


 


Hermione estava pronta pra voltar. Ela recebeu muitas ofertas de emprego na França, e apenas duas na Inglaterra, aceitou a oferta para trabalhar na filial de um grande hospital norte-americano chamado Safe Health Hospital que estava despontando como um dos melhores hospitais de Londres.


Em apenas três anos, Hermione se transformou numa das mais requisitadas e mais dedicadas médicas daquele hospital e também se tornou sócia, comprando ações da filial, deu mais credibilidade ao nome de seu pai neste tempo, do que ele mesmo conseguiu em tantos anos de carreira. Além de uma profissional fantástica, ela era visionária e soube como fazer sua própria trilha profissional. Ela trabalhou duro, abriu mãos de todas as suas férias e feriados, e com um jeito só dela, conseguiu fazer seu nome, sua clientela e sua ascensão. Hermione tornou-se o que o seu pai sempre quis.


Assim que chegou a Londres e se instalou, Liz lhe pediu para retornar a Chelsea, Hermione já estava preparada para seguir sozinha, já era uma mulher madura agora e ela não podia exigir que Liz ficasse mais tempo longe de seus amigos e de sua terra natal. Então ela se foi. Hermione mantinha contatos freqüentes com ela.


Para ela trabalhar era uma diversão.


Doutor César sempre ouvia “sua filha é brilhante”, “ela puxou a você César”. Sentia-se muito orgulhoso por isso e ela muito satisfeita.


O apartamento de Hermione parecia feito sob medida para um solteiro convicto, era confortável, não era enorme, pintado com cores alegres, claras que davam a ele a impressão de ser mais amplo e iluminado do que realmente era.


 


O feriado do “May Day” era também o dia de folga de Hermione, mas ela odiava folgas, sempre passava estes dias sozinha.


Ela passava os dias de folga trancada, assistindo televisão.


 


Hermione voltou ao presente, livrando-se das lembranças ruins:


- Lynn  me desculpe, mas eu não quero falar sobre este assunto.


- Desculpe-me Mione, mas você sabe que eu gosto muito de você e me preocupo.


- Eu já sou crescida o suficiente para me cuidar e, além disso, não é enganando o Viktor que eu vou resolver meus problemas. – Hermione foi seca com ela – o doutor Digg já chegou?


- Sim, está na sala.


Hermione ia se dirigindo a sala do doutor, quando parou e virou-se novamente para a recepcionista:


- Lynn me desculpe, por favor. Eu não queria ser grossa, eu só... Eu gosto muito de você eu...


- Deixe isso pra lá querida, você é jovem, ainda não sabe muito bem controlar suas emoções. Vá, minha filha, vá trabalhar.


- Não é sério, eu sinto muito. É que falar disso me deixa um pouco nervosa.


- Tudo bem querida. Apenas não quero que fique tão só;


- Obrigada por se importar tanto comigo.


Lynn sorriu para ela mostrando que estava tudo bem e Hermione relaxou.


Hermione foi até a sala do doutor Digg.


Doutor Richard Digg era Clínico geral, um dos mais antigos médicos do Safe Health de Londres, desde que Hermione ingressou no hospital ele lhe ajudou muito, foi uma espécie de anjo da guarda.


- Bom dia doutor. Tenho uma dúvida sobre o paciente do 601...


- Não se preocupe com o paciente do 601 doutora, eu mesmo cuidarei dele, agora, por favor, sente-se, preciso conversar com você.


Ela percebeu a expressão no rosto dele.


- Aconteceu alguma coisa doutor?


- Ainda não, mas será inevitável acontecer...


- Algum problema com algum de meus pacientes?


- Não, não é ninguém daqui. É com alguém de sua família...


Hermione começou a ficar nervosa:


- Não entendi.


- Recebi um telefonema de seu pai que acha que eu como médico, sou a pessoa mais indicada a lhe dar uma noticia dessas.


- Doutor, eu estou confusa, aconteceu algo com alguém da minha família?


- Sim


- Com quem?


- Elizabeth.


- O que tem a Liz? – sua voz se alterou instantaneamente.


- Escute com atenção, você sabe que ela andou um pouco cansada e voltou pra casa, pois bem, seu pai ficou um pouco preocupado e pediu que ela fizesse alguns exames e os resultados...


- Por favor, doutor, sem rodeios, o que aconteceu com ela?


- Nada ainda Hermione, mas as notícias não são boas, veja você mesma, aqui estão os exames.


Ela abriu o envelope com violência e mal pôde acreditar no que estava lendo, Hermione empalideceu, sua garganta ressecou. Involuntariamente seus olhos encheram-se de lágrimas e ela tremeu:


- Meu Deus, mas ela tem...


- Isso mesmo doutora, leucemia. E está num estado muito avançado, eu temo que não possamos fazer muita coisa...


- Não! Deve haver uma maneira, deve haver. Transplante! Isso, um transplante.


- Hermione, podemos até tentar, mas você sabe que não é fácil encontrar doadores, e já tentamos o que podíamos, as pessoas próximas não são compatíveis, precisamos esperar a fila, mas com o estado dela não adiantará muito.


- Eu encontro um, temos dinheiro doutor. Podemos fazer alguma coisa.


- Hermione assim como você, tem dezenas de jovens esperando nas filas e junto com eles, dezenas de pais podres de ricos tentando comprar uma medula.


- Eu não aceito isso, deve haver um jeito.


- Podemos tentar a quimioterapia, mas Hermione, com a experiência que eu tenho, a quimioterapia só vai aumentar o sofrimento dela.


- Que droga! – ela bateu a mão violentamente na mesa, mas não sentiu dor - Eu vou encontrar um jeito.


- Hermione...


Ma ela já tinha saído da sala do doutor Digg furiosa deixando-o falar sozinho, e seguiu até sua sala, no meio do caminho encontrou Viktor:


- Hermione, tudo b...


- Agora não Viktor.


Hermione foi a sua sala e ligou para o pai, querendo não confirmar a história. Ela estava histérica no telefone, não conseguia se conformar.


- Hermione acalme-se. Você é médica e sabe muito bem como isso funciona.


- E como funciona pai? Eu estudei seis anos e não me lembro de Ter ouvido que uma pessoa teve leucemia assim, do nada. Como é isso? Pegou no ar?


- Não grite minha filha – ele tentava ser o mais paciente possível, sabia que a dor de Hermione estava dominando suas emoções – você sabe que não foi de uma hora para outra e também sabe que não pega no ar. Ela já tinha a doença há muito tempo filha, mas nós só descobrimos agora.


- E os sintomas? Não houve sintomas.


- Houve sim filha, mas foi muito bem camuflado, ela se recusou a ir ao médico.


- E com certeza você e mamãe como sempre ocupados não deram a mínima.


- Não nos culpe Hermione. Gostamos tanto dela quanto você.


- Meu Deus! Somos médicos pai, como deixamos isso acontecer? Como eu pude deixar isso acontecer?


- A culpa não é sua Mione, agora se acalme, arrume suas coisas e venha assim que puder pra cá. Eu vou desligar.


Hermione dirigiu-se até a garagem, pegou seu carro e saiu desnorteada, sem saber pra onde ir, ou o que fazer, sem rumo...


 


 


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n/a: Ainda demora alguns caps até eles se encontrarem, e a Lilá vai dar um trabalho danado para eles hhehehehe


Bjos.

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