Na Biblioteca



Oii gentee! Pronto, ta aí a segunda parte da série desses dois fofos. *-* Eu simplesmente amei escrever essa short. O Ted é realmente um fofo, até com raiva ele é fofo. Bom, não vou contar nada pra vocês não. Leiam e confiram. ;)

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 A biblioteca estava anormalmente cheia hoje, depois do jantar. Os professores já estão nos enchendo de lições, Transfiguração está cada vez mais difícil e Poções cada vez mais complexo. Minhas aulas começaram há pouco mais de um mês e eu já posso ver daqui as folhas do Salgueiro Lutador caírem com a chegada próxima do Outono.


 Estou sentada em uma mesa isolada da biblioteca, onde tem uma janela ao meu lado para que eu possa ver um pedaço do “quintal” de Hogwarts. O Salgueiro Lutador está se mexendo fazendo com que algumas folhas caiam no chão e eu estou aqui pensando em coisas inúteis ao invés de terminar minha complicada redação de Defesa Contra as Artes das Trevas de 80 centímetros que a vaca da professora McCarter passou. Tudo bem, DCAT é legal, muito legal, minha matéria favorita, mas 80 cm de redação, qual é, né?


 Baixei os olhos para o pergaminho, eu devia ter escrito uns 25 cm, então ainda me faltam 55! Suspirei jogando a pena em cima da mesa, eu estava cansada. Eu havia passado praticamente o dia inteiro na biblioteca. Sério! Não matei nenhuma aula, mas a cada intervalo ou tempo livre ou troca de professor, eu tinha passado na biblioteca para pegar um livro ou concluir uma lição. Só hoje eu já havia terminado a tradução de Runas, concluído o mapa de luas de Astronomia, lido o capítulo de Transfiguração, pesquisado sobre cactos venenosos para Herbologia e agora estava começando a redação.


 Olhei distraidamente para a janela e pude ver o Salgueiro Lutador matando uma gaivota que tinha pousado em um dos seus galhos. Sorri timidamente lembrando-me de Teddy. Havíamos dado nosso primeiro beijo há exatos 15 dias, e desde então, temos nos encontrado às escondidas. Apenas Phill – melhor amigo dele – e Kathy – minha melhor amiga – sabiam. Meu sorriso, sem querer, abriu mais ainda quando a lembrança da noite retrasada passou por minha cabeça.


***Flash Back***


 Já era noite e eu de novo tinha passado tempo de mais na biblioteca e simplesmente perdido a hora. Saí de lá praticamente expulsa, madame Pince ficou brigando comigo até que eu passasse pela porta. Matt, um colega de classe da Corvinal ficou lá me fazendo companhia, por mais que eu insistisse que era desnecessário. Era pra ser uma visita rápida, mas não foi, durou mais do que eu esperava e Matt contribuiu para isso.


 O corredor estava deserto e mal iluminado pelas chamas e eu andava com pressa para chegar à sala comunal da Grifinória. Eu sabia que hoje tinha treino de quadribol, então Teddy estaria treinando.


 Teddy não gostava quando eu ficava até tarde na biblioteca por que na volta, os corredores estavam desertos e escuros e eu era um “alvo fácil”. Sim, mesmo nos dias de hoje, eu e minha família ainda éramos muito odiados por filhos, sobrinhos ou qualquer pessoa ligada de alguma forma a antigos Comensais da Morte.


 Ano passado eu fui atacada por um aluno da Sonserina enquanto ia para a estufa de Herbologia. Kathy minha amiga entrou em pânico quando me viu tombar desmaiada no chão, e Teddy – pelo que me contaram – estava passando na hora e viu, ele enlouqueceu dizendo que ia atrás do garoto, mas parece que a velha professora Sprout estava na hora do ataque. Enfim, isso não interessa, o que interessa é que Teddy não gostava que eu perambulasse à noite pelos corredores então tratei de apertar o passo, talvez eu chegasse antes dele na sala comunal da Grifinória.


 Um barulho no corredor ao lado chamou minha atenção, eu corri para ver o que era. “Droga!”, eu pensei quando eu vi o time de quadribol da Grifinória indo pra Casa fazendo zoeira.  Procurei pelo cabelo azul-elétrico de Ted, mas não achei, não achei o azul-elétrico, nem o seu castanho claro e nenhuma outra cor estranha e berrante que seria a cabeça dele. Continuei procurando e vi Phill vindo na direção em que eu estava conversando com Chiang Liu, um quartanista que atirava a goles sempre nos aros, os goleiros tinham muito trabalho com ele. Eu chamei baixinho Phill e ele me viu e dispensou Liu.


- O que você ta fazendo aqui há essa hora, Vick? – Phill me repreendeu.


- Estou voltando da biblioteca. – respondi vendo a careta de desagrado dele – Onde está Ted? – perguntei.


- Saiu meia hora antes, machucou o ombro. – ele me respondeu. – Ele não vai gostar de saber que você está andando por ai à noite, Vic.


- Como assim machucou? – minha voz saiu uma oitava mais alta.


- Um balaço atingiu o ombro dele, nada demais!


- Como assim nada demais? Vocês são uns animais, isso sim! – eu briguei – Esse jogo é de animal! Onde ele está?


- Foi na Ala Hospitalar ver o que Madame Pomfrey e o que a nova estagiária podiam fazer por ele. – Phill falou, citando a estagiária nova e gostosona que provavelmente ficaria na escola para ajudar a Madame Pomfrey.


- Vou atrás dele então. – eu disse dando as costas. – Te vejo mais tarde.


- Quer que eu vá com você? – ele falou.


- Não. – eu disse por sobre o ombro e sai correndo pelo corredor escuro.


 Entrei fazendo barulho na enfermaria, assustando Madame Pomfrey e a nova estagiária gostosona. Olhei para os leitos e me surpreendi por vê-los todos vazios. “Onde estaria Teddy? Onde aquela estagiaria nova gostosona escondeu meu Teddy?”, pensei insanamente.


- Mas o que é isso? – a estagiária perguntou.


 Eu a olhei com arrogância e a ignorei completamente, me virei para Madame Pomfrey e perguntei:


- Cadê o Lupin?


- Já saiu daqui. – disse a enfermeira severamente – O posso saber o motivo dessa bagunça, Srta. Weasley? Entrar desse jeito na Ala Hospitalar! Isso aqui não o Salão Comunal de sua Casa não, mocinha! – ela ralhou comigo.


-Desculpe. Mas eu vim ver se o Lupin está bem, sabe... – eu formulei a desculpa em minha mente – meu tio Harry pediu pra eu escrever caso acontecesse alguma coisa com ele, sabe?


- Sei. – ela disse desconfiada. – Então escreva para o Sr. Potter que o afilhado dele está em ótimas condições para o próximo jogo de quadribol. Agora volte para sua Casa, mocinha, olha a hora!


- Sim senhora. – eu disse virando pra saída – Boa noite.


 Segui apressada pelo corredor deserto e escuro. Entrei por um atalho, sabia que quando chegasse à Grifinória levaria um esporro de Teddy, sabia que ele ia arrumar um jeito de me dar um esporro naquela noite mesmo. Me puxaria para um canto, ia me seguir até um certo ponto da escada para o dormitório feminino ou esperaria que a sala comunal esvaziasse, não sei, mas ele ia dar um jeito de brigar comigo. É, eu e ele brigávamos bastante, talvez fosse isso que fizesse nosso “relacionamento” de 13 dias dar certo. Estava tão distraída que quando senti uma mão me puxando para dentro de uma sala, saquei a varinha e berrei:


- Protego!


 Meu feitiço escudo foi tão forte, que lançou a pessoa para o outro lado da sala, jogando-a por cima da mesa do professor e atirando-a no chão.  Meus olhos se arregalaram quando vi um azul-elétrico no chão. Rapidamente desfiz o escuto que nos separava e corri para ajudar Teddy a se levantar.  Ele levantou-se e desviou de mim, encostando-se à mesa de braços cruzados, eu o olhei sem entender. Encarei seu rosto, sua expressão estava fechada, e seus olhos “À Lá tio Harry” estavam em um acinzentado frio, gélido, eu me afastei.


- O que quê aconteceu? – perguntei baixo.


- Por que você mentiu pra mim, Victoire? – ele disse, sua voz dura e cortante me assustou.


 Ele não usou o meu - agora - tão amado apelido “Vickie” ou o meu tão – ainda – odiado apelido “Filhote de lobo”. Ele estava realmente chateado, porque quando geralmente brigamos, ele me chama de “Vick” e não de “Victoire”.


- Eu... eu não menti. – consegui gaguejar.


- Ah não? – ele ergueu uma sobrancelha – “Vou ficar na Sala Comunal estudando, não se preocupe, Teddy”. – ele repetiu com ceticismo o que eu falei no jantar.


- Eu precisei ir à biblioteca, Teddy, ia ser rápido, mas acabou tomando mais tempo que eu esperava. – eu falei.


 Ele descruzou os braços e sentou-se na mesa de perna aberta.


- Não podia esperar até amanhã? Tinha que ser hoje, correndo? Não podia esperar até amaná depois do café? Tinha que ser à noite e sozinha? – ele falou frustrado.


- Eu precisava estudar, Teddy! – eu falei ligeiramente irritada – Esse é meu ano dos N.O.Ms, achei que você seria mais flexível com isso, mas vejo que não! E eu não estava sozinha. – rebati.


- Flexível? Flexível?  Você já viu que horas são, Victoire? São quase onze horas da noite e você perambulando sozinha a escola! Não consegue ficar quieta! Tem sempre que fazer alguma coisa! E o que era assim tão urgente que não podia esperar até amanhã? Já falei não sei quantas vezes que eu te ajudo nos estudos... – ele falava rapidamente, mas de repente, parou e franziu o cenho – Você disse que não estava sozinha? – perguntou confuso.


- É... Na biblioteca, mas quando tava voltando encontrei com o time de quadri...


- Com quem você tava? – sua voz era extremamente fria, o inverno da Bulgária era quente perto da frieza na voz de Teddy.


- Um garoto da minha turma de Transfiguração. – eu disse sabendo qual seria a reação dele quando falasse quem era.


- Quem? – ele perguntou cortante.


- Matt.


- Matt? Que Matt, Victoire? Klein? Matthew Klein? Batedor da Corvinal? – eu fiz que sim com a cabeça – Você é louca? Esse cara é repugnante! Ele é incrivelmente nojento! E se ele falar alguma gracinha sobre você? Eu vou fazer o que? Rir e achar bonitinho? Eu não vou poder fazer nada, Victoire, por que para todo mundo nós somos quase primos e nos odiamos.


 Ele parou de falar e suspirou cobrindo o rosto com as mãos, cansado. Eu andei até ele e o abracei pela cintura. Senti uma coisa estranha em meu estômago quando não senti os braços quentes e fortes de Teddy me envolverem de imediato, mas logo meu estômago se acalmou, porque ele me abraçou.


- Vamos esquecer isso, tudo bem? – eu murmurei contra o peito dele.


Escutei ele sussurrar um “sim” quase inaudível, sabendo que o assunto não estaria esquecido, pelo menos o assunto “Matt”. Ficamos assim, abraçados por um tempo, perdidos em nossos próprios pensamentos. Eu levantei um pouco a cabeça para encará-lo. Ele olhava fixamente para um canto do lado oposto da sala, pensativo.


- Como me encontrou aqui? – perguntei.


- Mapa do Maroto do Jay, que na verdade é um pouco meu também. Meu pai ajudou a montá-lo. – ele respondeu distraído.


 Ficamos por mais um tempo em silêncio, mas aquela sensação de culpa não deixava meu peito. Eu podia sim ter esperado pelo café da manhã, não era nada urgente, era só uma duvida boba, na verdade, uma curiosidade. Mas o tédio da sala Comunal tava me deixando louca, então eu simplesmente peguei meu material e saí.


- Desculpe. – murmurei quebrando o silêncio. – Não vou mais sair de noite sozinha.


- Eu sei. – ele falou. – Acho que fui um pouco duro demais, também. Esse é um dos anos mais importantes pra você, talvez o ano que defina o seu futuro. – ele suspirou – Só que eu fico com medo de alguma coisa acontecer de novo...


- Não vai acontecer. – eu falei.


- Se você continuar com essa força toda no feitiço, é acho que não vai acontecer. – ele riu. – Falando nisso, com quem você o aprendeu?


-Papai. – respondi simplesmente, subindo na mesa e me sentando ao lado de Teddy – Para afastar os “espertinhos” que chegarem perto de mim.


- Típico do seu pai. – Teddy deu um sorriso de lado. – Avise a ele que funcionou, você me atirou do outro lado da sala.


- Desculpe – eu ri fazendo uma careta. – Machucou?


- Não. – ele falou passando o braço pela minha cintura me encarando.


- Teddy! – eu exclamei de repente, fazendo com ele se assustasse – Seu ombro! Você ta bem? Phill me disse que você tinha se machucado!


- Aah! Meu ombro? – ele falou colocando a mão no ombro esquerdo – Ta tudo bem com ele, a senhorita Steiner me medicou e fi...


- Srta. Steiner?  Essa “estagiariazinha” que cuidou de você, Ted? – eu falei pulando da mesa para longe dele.


- Ahan. – ele disse simplesmente me olhando.


- Ahan? Ahan? É só isso que você tem a me dizer Ted Remo Lupin? – eu falei apontando o dedo para ele – Por que não pediu à Madame Pomfrey? Ela é muito mais eficiente! – eu falei com a voz esganiçada.


 Ele pulou da mesa para perto de mim com um sorriso torto nos lábios, os cabelos agora eram em seu castanho claro perfeito e seus olhos em meu mel favorito, quando ele mudou as cores dos olhos e dos cabelos eu não sei, só sei que eu gostei, mas agora não podia demonstrar.  Ele passou os braços por minha cintura, e chegou perigosamente perto de meu rosto e disse:


- Você fica simplesmente linda com ciúmes, Vickie.


- Eu não estou com ciúmes, Ted. – eu falei tentando soar severa e tentado me soltar de seus braços. – Só não quero você se tratando com essa estagiaria alemã que se acha a gostosona! Eu vi como ela olha pra você ta? Da ultima vez que você esteve lá eu vi como ficou de alisando!


- Ah não está com ciúmes, não? – ele disse zombando de mim sem me soltar – Vickie, ainda bem que você não é totalmente veela, por que senão estaria ferrado. Quase posso ver o bico e as asas que se transformam o rosto das veelas quando elas estão irritadas em você.


- Você é patético, Lupin! – falei fazendo cara de zangada.


- Eu sei. – ele disse e me beijou.


***Fim do Flash Back***


 Eram raros os momentos em que ficávamos juntos, mas nesses raros momentos, apesar das brigas e desentendimentos, nós dois fazíamos deles os mais especiais possíveis. Eu estava tão distraída que mal escutei a confusão que se formava em algum ponto da biblioteca, pensar em Teddy, lembrar dele era tão mais importante. Mas o barulho estava ficando mais alto e isso estava me intrigando, comecei a juntar meu material dentro da mochila e não vi meu primo chegar.


- Vick, Vick! – a voz de James era urgente.


- Que foi, Jay? – perguntei entediada, provavelmente ele tinha se metido em outra encrenca – Se você se meteu em outra encrenca fale com o Ted, ele...


- Não, não fui eu que me meti em encrenca e sim ele! – ele falou levemente irritado.


 Eu levantei a cabeça para James. Seus cabelos ruivos sempre bagunçados estavam ainda mais bagunçados que o normal, suas bochechas levemente vermelhas, de como alguém que corria e ele estava ligeiramente ofegante, e o mais estranho de tudo, os olhos castanhos por trás dos óculos estavam preocupados. Desde quando Jay ficava preocupado com alguma coisa?


- Cadê o Ted, James? – eu perguntei jogando mochila nas costas e saindo apressada atrás de meu primo.


- Você não ta escutando essa barulheira toda não? É ele! Ele ta brigando com alguém aqui na biblioteca! – ele falou impaciente.


- Por Mérlim!


 Eu falei e sai correndo com James em meu alcanço. Chegamos onde a multidão de alunos se aglomerava. Atravessei com extrema dificuldade os alunos que gritavam excitados.  Quando finalmente cheguei ao centro, me assustei.


 A cena que se desenvolvia era grotesca, dois garotos se socando como feras. O empurrão que Ted dera em Matt fora tão forte, que o garoto bateu na mesa e a virou com um baque surdo no chão, derrubando os livros e ele próprio. O grito agudo de Madame Pince entrou em meus tímpanos, e eu virei à cabeça rapidamente a tempo de vê-la cair desmaiada nos braços de um aluno da Lufa-Lufa.


 Olhei novamente para Teddy e Matt, que agora se embolavam no chão distribuindo socos e mais socos.  Virei à cabeça procurando por alguém que separasse aqueles dois. Vi Phill e Nate – um colega de minha Casa de meu ano – tentando chegar ao meio da roda. Eu fiz que ia avançar, mas James segurou meu braço e Phill gritou para que eu ficasse onde estava. Logo Nate e Phill chegaram ao centro, na intenção de separar os dois que brigavam, acabaram apanhando também, Nate recebera uma bela de uma cotovelada na boca e Phill um soco no olho, mas no fim conseguiram separar os dois.


 Olhei para Teddy e o vi ofegante, um filete de sangue escorria de um corte de sua bochecha, havia uma mancha roxa em seu olho esquerdo, e por vezes passavam um estranho lampejar vermelho por seus olhos escuros furiosos. Matthew não estava muito melhor, seu nariz que estava em um ângulo estranho sangrava constantemente, parecia inchado e quebrado, havia um corte profundo em seu supercílio.


 - O que foi isso, cara? – escutei Phill perguntar aos berros tendo dificuldade em segurar Ted.


- Eu vou matar esse cara! – esbravejou Ted se debatendo violentamente.


- Qual é o seu problema, Lupin? – gritou Matt do outro lado – Ela é livre!


  O rosto de Teddy se contorceu em uma careta feia, homicida. Suas feições mudaram drasticamente, agora eram como a de um animal, um monstro, como se estivesse pronto para se transformar em alguma coisa que eu não queria pensar no nome, no entanto o nome não saía da minha cabeça. Lobisomem.


 Coincidentemente ou não, estávamos em época de lua cheia e aquilo me fez lembrar de um certo episódio que aconteceu comigo quando eu tinha uns 6 anos. Eu, meu pai e minha mãe estávamos voltando para o Chalé das Conchas depois de termos passado o dia na casa da vovó quando do nada um Comensal da Morte apareceu e nos atacou. Lembro-me com clareza da expressão de meu pai, o rosto com cicatrizes ficara distorcido em uma estranha careta, que lembrava não tão vagamente assim um lobisomem. Meu pai teria matado o Comensal se o Esquadrão de Aurores não tivesse chegado.


 Eu torcia para que aquela expressão no rosto de Teddy fosse sua metamorfose, que ele tivesse feito com que ficasse daquele jeito, mas lá no fundo de meu peito eu sabia que não era. Eu sabia que era a herança que ele carregara em seu sangue que agora estava no controle, o lado mais perigoso e terrível que herdara de seu pai.


 A transformação não ia acontecer, disso eu sabia, mas a forma distorcida do rosto de Teddy me assustava. Seu rosto havia ficado com feições duras, o cabelo geralmente azul-elétrico ou castanho claro, estavam agora em uma cor de palha que lembrava pelos, parecia agora, muito levemente que um focinho fosse se alongar por seu rosto, e sua voz não era mais gentil e doce era um rosnar rouco e medonho.


- Ela é minha! – ele rosnou.


 Olhei para Ted atônita às suas palavras. Talvez ninguém tivesse dimensão do significado daquelas palavras, mas eu tinha. Aquelas palavras fizeram com que eu me arrepiasse dos pés à cabeça, meu coração parecia querer saltar para fora de meu corpo. Voltei à atenção para a briga quando escutei a risada cruelmente irônica de Matt:


- Hahahaha! Sua? É com certeza! Sua prima! – ele disse debochadamente – Quero dizer, nem isso ela é né! Todo mundo sabe que ela não gosta de você, te acha extremamente irritante! – sua voz debochada saia enrolada e seria até engraçada se não fosse à situação – Eu e Hogwarts inteira sabemos que você é apaixonado por ela e que ela não te quer, nunca quis e nunca vai querer! Se enxerga, Lupin, olhe só pra você, um órfão e filho de lobisomem. É obvio que ela merece muito mais que isso!


 Parecia agora que Teddy havia dobrado de tamanho, ou talvez fosse só imprensão minha. A raiva emanava de seu corpo, ele se livrou de Phill com um movimento violentamente brusco, fazendo com que o garoto batesse contra a estante de livros, Nate, atento a tudo, talvez tenha ficado com medo de sobrar de novo para ele e soltou Matt, conseguiu sair de perto a tempo de ver Teddy se jogar contra o outro de novo.


 Os guinchos de dor de Matt agora eram altos, porém foram todo ignorados. Eu podia ouvir ao longe os professores chegando, pude sentir James se afastar de mim correndo por entre os estudantes para fazer alguma coisa que na hora não me importava. Tudo que me importava no momento era Ted e o que ele ia acabar fazendo e se arrepender depois.


 Eu avancei para ele, ignorando os berros de Nate e Phill para que eu me afastasse, ignorando o fato de toda Hogwarts está olhando, ignorando os professores que tentavam passar pela multidão que se aglomerava em volta da briga, ignorando tudo.


 Gentilmente toquei o ombro de Teddy, e ele parou com o punho no alto ao sentir meu toque. Virou a cabeça para mim, sua expressão pareceu suavizar um pouco quando me viu. Eu o forcei a sair de cima de um Matt semi-inconsciente e agonizante, e o arrastei para trás de uma estante.


 Olhamos-nos demoradamente até vencermos o espaço que nos separava para um abraço. Encostei a cabeça em seu peito, onde senti sua camisa molhada de suor, não consegui mais segurar o nó que se formava em minha garganta, chorei. Os braços dele me apertavam, tentando me confortar, inutilmente. Ao longe, pude ouvir a voz severa do professor Smith:


- Lupin, Weasley, para enfermaria, agora!


  Eu não consegui me mover, estava assustada demais.


- Anda, Weasley, pare de drama! – ele disse grosseiramente.


- Não fale assim com ela! – escutei o rosnar de Ted.


- Está sendo insolente, Lupin, não gosto de seu tom! – ele rebateu.


- Você não tem que gostar de nada! – escutei Ted falar, querendo avançar para cima do professor, não o fez por que eu estava abraçada a ele.


- Ted, pára! – eu pedi. – Vamos.


 Eu o puxei pela mão. A multidão já havia dispersado, e agora, andava rapidamente apenas, eu de mão dadas com Ted e o professor Smith a nossa frente. Quando chegamos à Ala Hospitalar, vi a estagiária alemã cuidando dos ferimentos de Matt, que parecia está contando a sua versão do ocorrido para ela. Teddy me levou para um leito longe do de Matt e fez com que eu me sentasse e postou-se ao meu lado, segurando firmemente a minha mão. Olhei para meu professor de Transfiguração, que conversava em voz baixa com Madame Pomfrey e logo saiu da enfermaria.


 - Cuide dela antes. – ouvi o rosnar de Ted para Madame Pomfrey.


 A enfermeira não desobedeceu, por um motivo que eu desconhecia. O estado de Ted era muito pior que o meu, uma poção calmante faria todo o serviço em mim, mas e nele?  Ele estava com um corte na bochecha e com um olho roxo, isso era o fácil. O difícil seria desfazer aquela coisa que se apoderara no rosto dele que não queria deixar. Aquela expressão monstruosa me assustava, não de uma forma ruim, mas por que eu queria o meu Teddy de volta.


 Madame Pomfrey me deu uma poção verde claro e depois fez com que Ted sentasse ao meu lado.


- O que o fez agir dessa forma, Sr. Lupin? – perguntou ela gentilmente.


- Não gostei do que ele falou sobre a Vick. – ele respondeu parecendo ser grosseiro - Desculpe, não quis ser grosseiro, mas no momento não estou conseguindo controlar. – ele falou.


- Tudo bem, eu sei. – ela respondeu – Mas o que ele falou?


- Ele disse coisas.. que eu... eu não aceito ouvir. – ele disse, a respiração pesada, enquanto a enfermeira limpava seu corte – Ele disse que ia fazer coisas com ela, ia fazer ela... ela...


- Tudo bem, Sr. Lupin, já entendi. Sabe que nada justifica seus atos, não sabe? – ele fez que sim – Haverão consequencias.


- Eu sei. – seu rosnar fora quase inaudível.


 A porta da enfermaria se abriu e com ela entrou o professor Longbotton. Ele olhou para mim receoso e para Ted decepcionado.


- O professor Neville vai levá-los a sala da diretora. – disse Madame Pomfrey.


 Eu vi Neville se aproximar de nós, eu apertei a mão de Ted na minha quando ele chegou.


- Você está bem, Vic? – falou ele. Não como professor, mas sim como amigo da família.


- Uhum. – murmurei.


- O que deu em você, Teddy? – ele perguntou incrédulo – Como vou explicar isso ao seu padrinho?


 Ted ia abria a boca para responder, mas Matthew foi mais rápido e disse lá do outro lado:


- Ele enlouqueceu professor, isso sim! Só por que eu falei que a Vick e eu estávamos namorando sério e que já tínhamos avançado.


 Teddy largou a minha mão e saltou da cama indo em direção ao leito de Matt, mas Neville gritou:


- TED! – Ted estancou – Senta, agora!


 Ted voltou e se sentou ao meu lado abraçando-me pelos ombros, esquecendo completamente que Nev também era um amigo intimo da família que sabia de nossa implicância um com o outro e que aquele gesto atípico era totalmente suspeito, ainda mais diante da situação em que nos encontrávamos. Escutei Matthew rir e falar:


- Ta vendo, professor, ELE É LOUCO! Quase um animal como o pai!


- Cala a boca, Klein! Você deveria saber que o pai dele foi meu professor e um dos homens mais honrados que eu conheci! Deveria saber, inclusive, que o pai dele ajudou a construir esse mundo em que você vive hoje! – falou Neville rudemente – Vamos vocês dois. Daqui a pouco o professor Smith vem te buscar, Klein.


 Andamos em silêncio até a gárgula que guardava a sala da diretora.


- Não vou poder subir. – disse Nev – Não faço à mínima ideia se seu padrinho ou sua avó estão aí, acho que Minerva vai querer falar com vocês antes, não sei. Mas não se assuste se Harry estiver aí, tudo bem Ted?  Por mais que esteja errado, boa sorte. 


 Desejou dando um tapinha no ombro de Ted, cochichou a senha a gárgula e se afastou. Ted apertou minha mão quando a gárgula se afastou abrindo passagem para escada em espiral. Eu o olhei e vi que ele ainda me encara. O monstro ainda habitava seu rosto, mas eu consegui ver o receio em seus olhos, eu tentei dar um sorriso, mas o que saiu foi uma careta esquisita, então falei:


- Vem. – minha voz saiu estranhamente fria.


 Subimos em silêncio a escada, chegamos à porta da sala da diretora mais rápido do que eu esperava, do que nós esperávamos. Escutei a respiração de Ted ficar mais pesada e minha falhar quando ele levantou a mão e bateu na porta. Escutamos um “Pode entrar!” abafado vindo de dentro da sala e Ted abriu a porta:


- Com licença. – ele disse com seu rosnar rouco.


 Quando eu olhei para a sala senti meu coração falhar uma batida. Parecia que todos estavam a nossa espera. Vi a Sra. Tonks e uma mulher elegante sentadas e em pé vi meu tio Harry com cara de poucos amigos, tia Gina com um ar preocupado e um homem baixinho, barrigudo e com um bigode estranho muito sério. Soltei quase que instantaneamente a mão de Ted e corri para minha tia.  Ted ficou ali, parado pateticamente olhando para meu tio, parecendo extremamente envergonhado com a situação em que se metera, mas nem um pouco arrependido. Caminhou lentamente em nossa direção e se postou entre meu tio e minha tia, esperando que a diretora começasse a falar.


- Vamos esperar o Sr. Klein chegar, sim? – falou Minerva McGonagal sem levantar os olhos do pergaminho que rabiscava.


 Eu olhei para Ted e vi que ele encarava o chão.  Tia Gina se aproximou dele e falou:


- Teddy, o que houve? – ela apalpava o rosto dele – O que aconteceu com seu rosto?


- Ele me bateu também. – rosnou.


- Não é isso! – falou tia Gina exasperada – Seu rosto, ta deformado. Pare de usar a metamorfose agora, mocinho! – exigiu.


- Eu não to me metamorfoseando, tia. – ele rosnou baixo inconformado.


- Harry, olha o rosto dele! – disse minha tia.


 Meu tio olhou para Ted por alguns minutos e eu pude perceber um pouco de cor sumindo de seu rosto. Ele chegou perto de minha tia e disse baixo.


- Ele não esta usando a metamorfose, querida, depois eu te explico – sua voz saiu gelada. – E você, - apontou para Ted – estou muito decepcionado. Nunca pensei que seria capaz de se meter em uma confusão dessas, Ted. Quase matou sua avó de susto!


- Desculpe, padrinho. – ele rosnou envergonhado.


- Depois conversaremos.


 Esperamos mais uns minutos em silêncio enquanto esperávamos Matthew. Logo ele entrou sendo abraçado pela mãe e repreendido pelo pai.


- Creio que os dois saibam por que se encontram aqui, certo? – perguntou a diretora, e eles concordaram – Jamais, jamais imaginei que dois alunos do porte de vocês se envolvessem em algo tão grotesco! Brigando como dois animais, dentro da biblioteca! Quase mataram a pobre da madame Pince! É esse o exemplo que vocês dão aos alunos mais novos? Estou extremamente desgostosa! – ela olhou severamente de Ted pata Matthew – Gostaria de ouvir a versão da historia de cada um. Por favor, senhor Klein, pode me dizer o que aconteceu?


 Matt pareceu ponderar um pouco e começou a dizer com a voz enrolada ainda por causa do nariz inchado:


- Eu estava na biblioteca e perguntei ao Lupin se ele sabia do meu relacionamento com a Vick – eu comecei a sentir o sangue ferver quando ele disse isso – e ele respondeu que não sabia até por que era uma tremenda mentira. Eu falei que ele era um recalcado, que estava com raiva porque a Vick tava saindo comigo e não com ele. Porque tipo assim, é visível que o Lupin tem uma queda pela Vick, as coisas que ele faz por ela e para chamar a atenção dela, ele só não aceita o fato de que ela o odeia e que eles são praticamente da mesma família! – concluiu Matt.


- Não foi nada disso! Como pode ser tão hipócrita perante seus pais e à diretora? Você sabe muito bem o que disse a respeito da garota que eu am... – ele se calou subitamente - Você a ofendeu!  Chamou-a de fácil e disse que já tinham... que já tinham... – rosnou Ted alto perdendo o controle


  Meu coração falhou duas batidas, minha respiração ficou ofegante e senti minhas bochechas arderem. Ted ia dizer mesmo o que eu pensei que ia dizer? Eu o olhei, seu rosto deformado ainda tenso, mas quando nossos olhos se encontraram, a atmosfera pareceu ficar mais leve, pelo menos para mim e para ele, foi como se entrássemos em nosso universo particular, como se uma redoma nos envolvesse, excluindo todo o resto do mundo e ali, em nossa bolha, eu reconheci, por trás daquela máscara, o meu Teddy.  As palavras não ditas foram expressas pela força de seu olhar sobre mim e eu senti meu coração falhar mais duas batidas. O mundo era perfeito em nosso universo particular, mas a voz empapada de Matthew nos despertou.


- Aah, claro, ela é muito difícil. – falou Matt sarcástico – Ela só ficou com Hogwarts inteira!


 Eu me enfureci e já ia dar uma resposta petulante, mas Ted foi mais rápido e pulou em cima de Matt. Minha tia e a Sra. Klein gritaram, a professora Minerva meu tio e o Sr. Klein tentavam separar a briga eu me afastei de novo, desesperada, de repente o grito da Sra. Tonks mobilizou a todos, inclusive Ted:


- TED REMO LUPIN! – Ted virou a cabeça para encará-la, o punho fechado no alto, pronto para dar outro soco na cara de Matt – Pare de agir como um animal e saia de cima dele, imediatamente! – frisou a ultima parte.


 Tio Harry, puxou Teddy de cima de Matt, entre furioso e assustado com a atitude anormal do afilhado. O Sr. e a Sra. Klein levaram o filho para longe de Ted, a fim de protegê-lo caso Ted se exaltasse de novo. A diretora gritou:


- Não vou admitir outra atitude como essa! Espero que eu tenha sido clara! Estou muito decepcionada com o senhor, Lupin! O que seu pai e sua mãe falariam se o visse nesse momento?


 Eu olhei para Ted, e o vi se encolher por trás de minha tia com a menção de seus pais. Eu queria abraçá-lo, mas não podia, não agora. A diretora respirou fundo e disse:


- Espero que isso não se repita! Os dois pegarão detenção até o feriado do Natal, de segunda à sexta, das 17h às 19h. Lupin ficará encarregado de ir à Floresta Negra com Hagrid e Klein ficará encarregado de fazer as tarefas para com Filch. – ela se sentou – Estão dispensados.


 - Minerva. – meu tio chamou – Posso dar uma palavrinha com meu afilhado, em particular? – pediu.


- Claro, Harry. Gostaria também, Sr. Klein, de falar com seu filho? – o gorducho negou com a cabeça. – Então ótimo.


 Muito tio, minha tia e a Sra. Tonks saíram na frente, eu e Ted os seguimos. Descemos à escada calados, eu o olhei quando chegamos ao corredor iluminado pelas chamas, a fera ainda estava em seu rosto, mas a preocupação do que viria a seguir estava estampado em seus olhos.


 Seguimos pelo corredor silenciosamente atrás de meus tios e da Sra. Tonks. Minha mão suava, e em minha mente, o rosnado rouco de Teddy ainda ecoava em minha cabeça. “A garota que eu am..” “A garota que eu am...”. Aquilo não saia da minha mente. Olhei de esguelha para Ted, seu rosto estava rígido, temeroso, os olhos voltados para um ponto a sua frente, eu segui com o olhar para o ponto que ele olhava e vi meu tio parado segurando a porta de uma sala de aula.


- Te vejo amanhã, Vickie. – eu escutei seu rosnar antes dele entrar na sala, eu concordei com a cabeça.


 Acenei para meu tio antes dele fechar a porta da sala com um som surdo. Eu suspirei para a porta de carvalho fechada depois dei as costas a ela. Andei pelo longo corredor com a cabeça martelando coisas: Eu teria que esperar até amanhã para conversar com Teddy? Por Mérlim, eu não vou agüentar! Ele praticamente disse que me ama na sala da diretora! NA FRENTE DE TODOS! Meu Mérlim! Meu Mérlim! Meu Mérlim eu to parecendo uma garotinha de doze anos quando o menininho mais velho olha pra você pela primeira vez! Mas eu tenho o direito de me sentir assim agora, o Ted quase disse o que eu pensei que ele fosse dizer!


 Cheguei à escada que dava para o andar de baixo que daria para o corredor da entrada da Grifinória, mas por algum motivo, eu não queria ir pra lá, eu queria mesmo era falar com Ted.  Desci alguns degraus e sentei no 6° esperando por ele. Sabia que ele passaria por ali, era o caminho mais rápido para chegar a Casa.


 Eu não tinha a mínima noção da hora, mas muito provavelmente era tarde. A confusão na biblioteca foi após o jantar. A hora pra mim, agora, era o de menos, tudo que eu queria e desejava era falar com Ted. O que eu sinceramente não sei. Não sabia se estava preparada para ouvir as três palavrinhas mágicas de sete letras, não sei se conseguiria responder adequadamente, mas mesmo assim eu precisava vê-lo. Acho que ele também não teve a intenção de falar aquilo, não acho que ele esteja preparado pra isso, é cedo demais. Pra mim, ele não precisava falar nada, provar nada, por que já estava mais do que explícito o sentimento que nutríamos um para o outro. Eu sabia, ele sabia, nós sabíamos! E isso bastava. Não são três palavras de sete letras que vai mudar isso. Acho que peguei no sono enquanto esperava por Ted, por que não lembrava de tê-lo visto chegar.


 Abri os olhos preguiçosamente, sentindo alguém mexer delicadamente em meus cabelos, deparei com um par de íris cor de mel perfeitas me encarando. Dei um sorriso sonolento e disse com a voz fraca:


- Acho que peguei no sono enquanto te esperava.


- Notei. – ele disse. Sua voz já não era mais um rosnado, constatei aliviada – Estava quase roncando, Filhote de Lobo.


- Pára de me chamar assim, seu mala. – falei brincando dando um tapinha em seu braço.


 - Não consigo perder a oportunidade de implicar com você, Vickie. – ele disse rindo baixinho.


- Que horas são? – perguntei sentando de uma forma mais confortável.


- Tarde, já passa das onze. – ele falou se ajeitando ao meu lado.


 Eu olhei para seu rosto pela primeira vez, as feições monstruosas já haviam deixado seu rosto perfeito, finalmente eu tinha o meu Teddy de volta. Seus cabelos não pareciam mais pêlos cor de palha, e sim tinha o seu castanho natural, seus olhos não eram mais um negro ameaçador e sim meu mel preferido, seu rosto não era mais de uma fera, e sim seu rosto com suas expressões delicadas e gentis. Aquele rosto era único, e ele me pertencia.


 - Meu padrinho está ficando desconfiado, Vickie, e a tia Gina já tem praticamente certeza sobre nós dois. – ele disse ficando sério subitamente. – Minha avó disse que isso seria um absurdo e blá blá blá.


 Eu o encarei diretamente nos olhos, acariciei seu rosto.


- Deixe que desconfiem, deixem que falem que é absurdo. Nós não temos que falar nada pra eles agora. – eu falei.


- Eu sei, mas é que eu não quero mais esconder, eu não consigo mais! – ele falou se exaltando um pouco – Olha o que eu fiz com o Klein hoje! Eu quase matei o cara!


- Eu também não quero mais esconder, não quero mais escutar as meninas falando de você no banheiro feminino ou você acha que só você escuta gracinhas? Eu também escuto e muitas, admito que as vezes é muito difícil de me controlar, mas o que a gente vai fazer? – eu desabafei – Não podemos simplesmente assumir isso pra todo mundo assim, desse jeito, nós temos que prepará-los. – suspirei – Você imagina como vai ser a reação do meu pai, Teddy?


- Tio Gui vai pirar! – ele falou preocupado – Meu Deus, seus tios vão querer me matar! – ele deu uma risada.


- É, eu sei. – falei desanimada.


- Vickie, - ele segurou meu rosto – não me importo em enfrentar seus tios e seu pai. Eu enfrento o Ministro da Magia por você, se precisar, o mundo inteiro! – ele falou olhando diretamente em meus olhos – Eu não quero mais me esconder, não consigo mais esconder o que eu sinto!


- Vamos esperar um pouco mais, ainda ta tão cedo. – eu falei e a mão que segurava meu rosto caiu, mas eu a peguei entre as minhas – Eu também não quero mais esconder, Teddy, mas por enquanto é necessário. Você viu a reação da sua avó quando tio Harry apenas considerou a hipótese e eu consigo imaginar bem a reação de papai.


- No feriado do Natal então. – ele disse – Quando tivermos na Toca a gente conta.


 Eu concordei com a cabeça achando que ainda era muito cedo, mas alguma coisa em meu peito dizia que era perfeito. Eu também não queria mais esconder, eu não conseguia mais e o que ele quase disse na sala da diretora fez fazer isso ficar ainda mais impossível. Eu tinha certeza que Teddy era o homem da minha vida. Pode parecer muito estranho e extremamente clichê uma garota de 15 anos falar isso, mas eu sabia. Eu conseguia enxergar todo o meu futuro através dos olhos dele, eu conseguia idealizar perfeitamente minha vida ao lado dele, conseguia imaginar a nossa vida juntos.


- Por que você fez isso hoje? – eu perguntei sem pensar.


- Porque eu não vou admitir ninguém falando de você, Vickie. – ele disse simplesmente. – Eu faria coisa pior por você.


- Não faça o pior por mim, Teddy, – ele franziu o cenho quando eu disse isso – faça o melhor.


- Qualquer coisa por você, qualquer coisa para ficarmos juntos. – ele disse roçando seus lábios nos meus.


Então ele finalmente me beijou naquele dia. Por quanto tempo eu não sei, mas foi o suficiente para demonstrar o que palavras eram incapazes. Eu sei que estamos juntos há pouco tempo, mas não é a pouco tempo que sentimos isso um pelo outro. Eu chamo de “isso” porque ainda não sei denominar o que sentimos. Talvez seja companheirismo, cumplicidade, amizade, confiança, talvez seja amor ou tudo isso junto. Mas tudo isso parece ser tão pequeno perto do que eu sinto, acho que é impossível esse sentimento ser denominado. Quem sabe ainda é muito cedo para se pensar nisso. Quem sabe ainda é cedo demais para imaginar o futuro. Quem sabe não precisamos denominar o que sentimos, devemos apenas sentir. Sentir e de alguma forma demonstrar. Demonstrar a partir de um simples olhar ou demonstrar como um beijo maravilhosamente delicioso como esse.


 


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 E ai? Gostaram? Fala sério, jamais quero ver o Teddy zangado de novo, parece ser meio assustador! oieoaie. Mas bom, espero que tenham gostado
 Em breve, vou começar a escrever a 3° fic da série. Eu to simplesmente amando escrever sobre eles dois. So cute! *-*
 Bom, comentem. 
 Beiijos.
 Carol. :D

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Comentários (2)

  • adriana phelton

    Ainnn... Que ME.DO do Teddy, ai de quem mexer com a Vickie dele hehehehe!  O final foi perfeito! Sem palavras msm pra expressar o quão emocionante foi ler essa segunda parte da fic... Adorei ;***

    2011-07-17
  • barbara aguiar azevedo

    Caaarol, maravilhooosa essa fic, mtuu completaaa. AMEIII!!Teddy bravoo... medo, vai!? sahusahsuahasusaua!!Estou a espera dos proximos!!! =))

    2011-05-05
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