La Valse Des Monstres

La Valse Des Monstres








Ainda era cedo quando Luna aparatou em uma praia na cidade de Calais. O sol aparecia pela metade no horizonte formando uma camada amarela no mar. Ela carregava uma mochila nas costas e um sorriso preguiçoso no rosto, bocejou alto e começou a andar. Em pouco tempo já estava no porto e esperava seu barco encostar-se ao cais. Estava voltando para casa. Ela não queria aparatar na Inglaterra como se nunca tivesse saído de lá. Ela precisava deste dia de viagem, era uma transição. O que era mais um dia depois de dois anos longe? Além disso, estava ansiosa pela paisagem que a aguardava. Nunca havia visto sua ilha do mar.


Um barco não tão grande, pintado de azul, com um deque chamativo na parte traseira, parou no cais onde Luna estava. Ela tinha seu bilhete na mão, e não via a hora de embarcar. Sua última aventura estava por vir. Um vento frio fez a moça estremecer, e lentamente ela retirou um casaco mais pesado da mochila. Um apito alto tocou e Luna deu um pulinho, misto de susto e alegria.


Estava há horas no barco, sentada numa dos cantos do deque, Luna olhava o oceano ao seu redor. O dia não poderia estar melhor, o vento era frio, mas o céu não tinha nuvens e Luna sentia o calor do sol em seu rosto, como se alguém estivesse fazendo-lhe carinho. Uma canção começou a tocar e os trouxas começaram a dançar no meio do deque. Luna olhava sorrindo, apaixonada pela situação. Casais riam baixo, e se movimentavam lentamente. Seus olhos continuavam a fita-los, mas sua mente estava em outro lugar. Há muito tempo não dançava, e mesmo não sendo boa naquilo, ela adorava. Lembrou-se da última festa que foi com seu pai, haviam dançado. Mas aqui era outra coisa, ela desejou pela primeira vez ter alguém, sem ser seu pai, para dançar.


Novamente um rapaz se aproximou de Luna, sentou-se ao seu lado e fitava-a. Luna ainda prestava atenção nos casais, até que ouviu uma respiração mais forte. "Olá." O rapaz cumprimentou quando Luna olhou para ele. Luna arqueou uma das sobrancelhas levemente, e sorriu. "Você novamente." O homem que no dia anterior havia lhe parado na rua estava ali sorrindo para ela. "Encontros e desencontros. Não pude deixar de reparar em você olhando para os casais, então resolvi chamá-la para dançar. Aceita?" Ele tinha se levantado e estendia a mão para ela, que aceitou sem mais perguntas.


Ele a conduziu ao meio da nova pista, uma das mãos em sua cintura e outra entrelaçada com as dela. Luna intuitivamente apoiou sua cabeça no peito do rapaz, fazendo-o rir, mesmo assim ela continuava na posição. O vento gélido batia em seus cabelos enquanto os dois giravam, Luna passeava entre lembranças felizes. Sentia a respiração do rapaz com seu ouvido. Passavam entre os outros casais e eles sorriam com os olhos, Luna retribuía. Ela se lembrou do dia anterior e sua festa com os animais, como era feliz quando dançava. Os seus pés quase flutuavam e sua longa saia rodava com o ar. Luna de vez em quando espiava o rapaz, mas logo abaixava sua cabeça, corava ao reparar ele olhando-a. Quem era aquele homem que em menos de cinco minutos a fez tão feliz, sem mesmo precisar falar mais que duas frases? Eles dançaram uma, duas, três, quatro músicas até serem os únicos ainda ali. Ela levantou sua cabeça um pouco e viu os olhos do rapaz fitando-a. Ela sorriu e ele também. Ele soltou-se dela delicadamente e a conduziu para a parte fechada do barco.


 Já anoitecia e o frio aumentava. Sentaram-se em uma mesa. Por algum tempo eles só se olharam. Luna estava enfeitiçada por aqueles cabelos negros caídos no rosto, embaraçados pelo vento. Ele tinha os olhos mais brilhantes que ela já tinha visto, e seu sorriso fazia seu coração sentir-se mais leve. Havia algo nele que Luna não podia entender. Ou era ela, que não entendia o que estava acontecendo.

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