Cap único
Inevitável II
Cheguei a pensar que estivesse ficando maluco, o que meu pai disse dias mais tardes depois de eu ter simplesmente desistido da razão.
Eu não tenho culpa se a razão nunca foi o meu forte. Eu sempre agi por impulso. Ok, nem sempre, mas ela me faz agir por impulso. Eu praticamente esqueço tudo, os problemas, os meus deveres e sigo o que sinto que devo fazer. É. Isso pode ser muito clichê, o que eu vou falar, mas ela simplesmente me guia como uma luz, uma luz que me cega e me faz desistir de seguir o certo.
Nem sempre foi assim claro! No começo, como um ótimo sonserino, você luta contra todos os seus instintos. Eu aprendi isso desde criança, praticamente, na Sonserina. Você não faz o que quer, você sente medo do que as pessoas vão falar, mas no caso de pessoas como eu, sentimos medo de voltarmos para o bem. Essa história de bem e mal já é bem piegas, mas existe até hoje. Sonserinos ainda são considerados seres sem coração, frios. E lutamos para mantermos essa imagem.
Não que sejamos más pessoas, mas gostamos do respeito e do medo que causamos.
Eu sempre achei isso tudo meio ridículo, mas eu não queria desapontar meu pai, o homem que me criou e ensinou tudo que eu sei. Todos os meus valores e toda a minha educação eu devo aquele homem que é considerado ruim, malvado, um tremendo horror para a comunidade bruxa, mas ele não é assim. Quem o conheceu de verdade sabe o homem bom que existe dentro dele, o homem que me amava e a minha mãe mais do que qualquer coisa no mundo.
O mesmo homem que quando eu precisei me confessar, confessar o meu amor inexplicável pela Weasley, me ouviu. Não relutou nem um segundo em me deixar falar, deixou o orgulho de lado e foi capaz de ouvir as necessidades do filho. Minha felicidade era prioridade para ele, mesmo que isso acarretasse uma briga das feias na família.
E é a ele que eu agradeço até hoje, é a ele que está sendo feita uma homenagem nesse instante, ao homem maravilhoso que ele era.
E minha mulher está aqui, continua linda ao meu lado, com os olhos marejados de lágrimas enquanto segura nossa filha menor no colo, e dá a mão ao nosso filho de oito anos. Ele é a cara do meu pai, tudo do meu pai, gênio, físico, personalidade. Talvez porque o meu pai tenha se apegado tanto ao neto que passou a outra parte de sua vida mimando o garoto.
Depois disso, a família Weasley ficou tão impressionada com o velho Malfoy que fez questão de ficarem amigos, e é graças a isso que estão todos da família aqui, chorando pelo Draco Malfoy, que se fora deixando um grande pedaço vazio em muita gente.
Minha mãe está sendo consolada por Hermione e pela Gina. Sei o quanto ela deve estar sofrendo.
Deve ser a mesma dor que eu vou sentir se um dia perder a Rose.
Não consigo imaginar a minha vida sem a ruiva, a minha ruiva.
Como Astoria não conseguia imaginar a vida dela sem o loiro, o seu loiro.
Faz exatamente nove anos hoje desde o nosso casamento e fui premiado com a morte do meu pai um dia antes dessa data. Não sei se é castigo ou se é para igualar o grau de felicidade com o de tristeza.
Sinto Rose pegar na minha mão. O toque quente da minha mulher consegue me acalmar e fazer com que as lágrimas se contenham. É sempre assim. Ainda lembro-me do toque macio de suas mãos no casamento. Ela suava frio devido ao nervosismo, mas estava esplendida. Tão esplendida que eu ficara bobo só de olhar para ela. Do lado dela vinha o pai, com lágrimas nos olhos e tentando contê-las. Sentados, estavam meu pai e minha mãe, como se aquele fosse o melhor momento de suas vidas, e Hermione Granger não ficava para trás. Aquela, eu posso afirmar, não tem medo de esconder nada, pois demonstrava com toda a sinceridade a felicidade pela filha. A felicidade por a filha ter conseguido achar alguém que a amasse tanto que não imaginasse sua vida sem ela. Eu daria minha vida por ela.
Passei os anos mais felizes da minha vida ao seu lado, brincando, brigando, discutindo, fazendo às pazes, voltando a brigar...
E me arrependo. Arrependo-me por não ter dito antes o quanto eu a amava, desde pequeno em Hogwarts, aquela garota mexia comigo. E era tolo o suficiente, orgulhoso o suficiente. Até que não agüentei mais e disse à frase que não saia da minha cabeça fazia um bom tempo:
- Eu te amo.
Ela era o meu inevitável, e agora eu sabia disso. Eu só não sabia como eu tinha demorado tanto para descobrir aquilo? Na realidade, eu sempre soubera, só era uma questão de tempo até conseguir assimilar.
Eu sabia o quanto a Rose estava mal, porque eu estava mal. E sabia o quanto ela iria sofrer enquanto eu sofresse, o que eu nunca irei querer. E era por isso que eu estava agüentando o sofrimento.
E era por isso que eu iria agüentar o sofrimento e engolir a minha tristeza, deixá-la só dentro de mim, para não vê-la mais com os olhos cheios de lágrimas, e sim sorrindo. Porque era aquele sorriso que me reconfortava e era dele que eu estaria precisando naquele momento.
Foi por esse motivo que eu virei o rosto na sua direção e vi que ela me observava atenta. Dei-lhe um sorriso, com todas as forças que reuni, um sorriso com lágrimas, e sei que ela não caiu nessa, porque eu nunca conseguiria esconder nada dela. Mas ela fez exatamente o que eu queria. Sorriu para mim e depositou um beijo nos meus lábios. E naquele momento eu sabia que não importava o quanto eu viria a sofrer, ela estava em primeiro lugar, e que eu continuaria lutando na vida, vivendo dignamente custe o que custasse, porque ela precisava de mim e eu não queria que ela sofresse um dia o tanto quanto eu estava sofrendo.
Porque Rose Weasley era o meu inevitável...
E eu era o inevitável dela.
Aqui jaz Draco Malfoy, homem cujo coração era tão frio quanto fogo
N/A: Gente, eu realmente espero que vocês tenham gostado, eu gostei de fazer essa Fic e com toda certeza não me arrependi de ter feito uma continuação.
Comentem pra dize o que acharam.
Beijos,
Cecília Potter ;*****
N/B: Inevitavelmente apaixonante. *-* (Agora cadê minha caixinha de lenços?)
Comentários (1)
Linda!
2014-02-07