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Quando to saindo da sala, sinto uma mão segurando meu braço. Viro para ver quem estava me impedindo de seguir e me deparo com alguém.. bem, que eu queria evitar.

Que é, garoto? Que saco! Não agüento mais você no meu pé. Me larga! – Adivinha! Adivinha! É, exatamente quem você pensou..

Hermione, calma.. eu so quero conversar..

QUE CALMA O QUE?! VOCE ME TRAI E AGORA QUER CONVERSAR?

Hermione! Para de gritar e me escuta! – agora ele alterou um pouco a voz dele e eu, como uma menina obediente, calei a boca. – olha Hermione, eu queria falar com você. Apenas falar. Não vou tentar nada de mais, vou so falar. E eu so queria te pedir uma coisa... que me escuta-se. Não vou tomar muito do seu tempo. Por favor? – e depois de um longo suspiro.

Ta, tudo bem.. mas seja breve.

Ótimo. – disse e deu um meio sorriso de alivio. Fomos ate o pátio e sentamos em um banco debaixo de uma arvore. Um de frente para o outro.

Bem... é.. – percebi que ele não sabia por onde começar. Estava suando frio e a todo momento passava a mão na nuca. – ta, não adianta ficar enrolando. Olha, na primeira vez que eu te vi esse ano, aqui no colégio, lembra? Que você esbarrou em mim e tudo mais.. Eu achei você bonitinha, ate meio gostosa – comentário desnecessário – mas nada diferente do que eu pensaria de outra garota. So que a Lilá – ele deu uma tossidinha ao falar o nome dela. – pediu pra eu fazer aquilo tudo com você e em troca ela ia la pra casa pra.. bem, você sabe. So que depois de alguns encontros, eu tava começando a gostar de você, mas não tinha certeza dos meus sentimentos.. ai você me viu com a Lilá e tudo ficou claro pra mim. Quando eu te perdi percebi que eu realmente gostava de você e não houve nem se quer um dia em que eu não me arrependesse do que eu fiz. Eu ate me distanciei um pouco dela, da Lilá. Não agüentava mais ouvir sua voz! Ela começou a me dar nojo. Bem.. eu sei que você não vai querer voltar a sair comigo, mas.. sera que ao menos podemos ser amigos?

Eu estava ouvindo tudo aquilo calada, perplexa. Sera que ele estaria falando a verdade? Ai ai cabecinha! Mas ele realmente parecia sincero e o fato dele ter se distanciado da Lilá depois de tudo aquilo era verdade. Mas e se fosse por outro motivo? Eu estava tão confusa, tão sem saber o que fazer que permaneci calada por um tempo, apenas encarando-o.

E então? O que me diz? – a voz dele me trouxe de volta a realidade. Dei um longo suspiro.

Olha Krum..

Vitor, por favor. – disse num tom calmo e suave.

Tudo bem, Vitor. Olha, eu não sei se da pra sermos amigos. Eu tenho que pensar. Mas.. tudo bem, eu pelo menos não estou te odiando. Mas amigos, ainda é muito cedo. – um grande sorriso abriu-se em seus lábios. 

Pra mim esta ótimo! Muito melhor do que ser ignorado certo?

Bem.. acho que sim.. – dei um meio sorriso pra ele. MELDELS! O que ta acontecendo comigo? Não era pra eu ter perdoado ele! Mesmo que ele esteja dizendo a verdade, no inicio ele ficou comigo por interesse. Mas ele melhorou. Melhorou?

Então tudo bem.. vamos?

Vamos aonde? Eu vou pra casa. Você vai pra onde quiser.

Mas.. você se importa que eu te acompanhe ate sua casa? Sabe.. segurança..

Olha, eu disse que ta melhor do que antes mas também não é isso tudo. Ainda não somos amigos!

Bom.. então vou pro mesmo lado que você – disse com um sorrisinho – você não pode me impedir de andar na rua pode?

Bem.. não. Mas não vou estar andando com você. 

Ok.

Levantamos e seguimos em direção ao portão. Ainda me pergunto se fiz a coisa certa. Deixa ele se reaproximar de mim desse jeito, depois do que eu vi, depois do que ele me fez passar? Mas.. e o Ron? AHH! E O RONY!? Acho que ele vai ficar muito puto comigo quando souber que eu falei com o Krum.. muito mais que eu desculpei ele.. ai ai ai meu santinho! Acho melhor deixar isso quieto agora. Depois eu conto pra ele. Vou por na minha lista de ‘coisas que é melhor eu não contar pro Rony agora, vou contar depois.’ Nela já tem o fato de no inicio das aulas eu ter começado aquele meu habito saudável de admira-lo malhando. Coisa que eu não faço a tempos.. quem sabe hoje a noite eu não volte a usar meu binóculo? Hm..

Acho que eu fiquei olhando pro vácuo e sorrindo imaginando a cena por um tempo, por que quando me dei conta Krum me observava com outro de seu sorrisinho (que, cá entre nos, não chega aos pés do de Ron). Virei-me para encara-lo. Não queria ficar sendo observada dessa manera.

Você fica tão linda sorrindo. – Corei. Droga.

Já ta abusando. – disse de cara fechada pra ele.

Ah.. desculpa.. – virou seu rosto para frente com estrema satisfação estampada. Parecia que gostava de me fazer corar.

Eu já estava começando a me arrepender de ter perdoado ele. O remorso me corroia por dentro. Estava pensando em Rony. Acho que ele vai realmente ficar chateado comigo pelo Krum. Ele que me amparou quando aconteceu aquilo ( e como amparou (66’ HUHSUHA’). E agora eu tava perdoando uma traição? Traição. Coisa que eu não suportava. Esse era o preço que eu pagava por ser tão boazinha. Sempre espero o melhor das pessoas, que elas possam mudar, se regenerar. Não sei, não sei.

Olha Krum, acho que me preci.. 

HERMIONE! – eu gelei quando ouvi sua voz. Rony estava parado no portão de sua casa com cara de poucos amigos. Vinha pisando duro em minha direção e na de Krum. Sem duvida ele tomou essa companhia de maneira equivocada. – o que você esta fazendo com.. – ele olhou para Krum com cara de nojo e ódio. – esse ai? Se é que isso tem explicação! 

Rony... – eu realmente não sabia como reagir. As provas do crime estavam do meu lado. A culpada era eu e a vitima... bem, também era eu. – calma.. olha, quando eu estava saindo, eu encontrei com ele e ele me explicou o que aconteceu. Mesmo assim eu sei que não devia ter perdoado ele..

Você perdôo esse idiota! – Rony já estava ficando vermelho de raiva.

Olha como me chama, ruivo! – Krum abriu a boca, e como de costume, saiu besteira.

NÃO SE METE PORRA! – uiuiui, sinto tensão no ar.. 

Não grita idiota! – Krum deu um passo decidido em direção ao Rony como se fosse partir pra cima dele. Ron também percebeu e fez o mesmo. 

A irritação e o ódio eram palpáveis no pequeno espaço que separavam os dois. Um pequeno espirro poderia causar uma explosão! Com os nervos a flor da pele, Rony respirou fundo e ainda com muita raiva pegou minha mão e saiu. Porem quando passou ao lado dele, Krum esbarrou com o ombro no braço de Ron, propositalmente. Parece que os segundos depois decorreram em câmera lenta. 

Quando vi, Vitor já estava se levantando do chão, com um filete de sangue escorrendo no canto da boca e indo em direção à um Rony enfurecido de punhos fechados e prontos para a briga. Ron havia dado um soco no maxilar de Krum. Apenas faltava espumar pela boca.

Krum, muito mais raivoso que antes, deu um soco na barriga de Rony, que com isso se desequilibrou e quase caiu. Quando ia recobrando seus plenos sentidos, Krum atinge-o novamente com um forte empurrão que derruba meu príncipe no chão. Então, os dois começam a se atracar no chão, um tentando acabar com o outro.

E eu... eu estava ali parada, apenas observando em estado de choque.

Grossas e pesadas lagrimas desciam pela minha bochecha. Eu estava apavorada. O calmo e sensato Ron que eu conhecia não estava mais ali. Ele foi substituído por um belo ogro de madeixas laranjas que só nisso me lembrava a ele. Estava possuído pelo raiva e pelo ódio insano. A cólera tomou-o de um jeito que eu nunca havia visto ao longo desses 9 anos de convivência. 

Eu tinha que interfirir. Não queria guardar essa imagem dele em mim. Imagem da fúria. Ainda mais se isso acaba-se no pior. E se houvessem ferimentos sérios? E se isso passar de uma discussão por ciúmes para um caso de policia? Sim. Eu comecei a me desesperar. 

Não conseguia achar um meio de separa-los. A não ser gritar.

PAARA RONY! POR FAVOR, PARA! – eu gritei com todas as minhas forças para que ele pudesse me ouvir. 

Ele não me ouvia. Estava absorto e alterado pela briga. Não tinha outro jeito. Eu tinha que me meter no meio para para-los, afinal, a culpa da briga era minha.

Já não estavam mais brigando no chão. Estavam em pé e em momentos caídos no chão. Quando Rony levantou-se após uma investida de Krum, corri para sua frente e o segurei pelo braço tentando detê-lo. 

Porem, algo que eu temia aconteceu. Seus lindos olhos verdes, que ultimamente tem sido protagonistas dos meus sonhos, estavam diferentes. Estavam desfocados, como se ele não enxergasse nada ao seu redor. Seu rosto tremia. Estava completamente tomado.

Num gesto de reflexo, eu creio, ele me empurrou para seguir em direção ao Krum, sem realmente ver o que acabara de fazer. Ele era forte, bem forte. Fui atirada e parei a ásperos três metros de distancia, com o braço direito ralado pelo contato forçado com o asfalto ameno de meio da tarde.

Por alguns segundos eu perdi o foco. Estava desorientada. Apoiei os dois braços no chão e me levantei, cambaleante. Logo após ter me empurrado, ele se deu conta do que havia feito e veio ate mim. Já não havia mais ódio em sua face; apenas uma lagrima.

Hermione! Me desculpe amor! O que eu fiz... – ele olhava para o meu braço espantado, como se ele tivesse feito a pior coisa do mundo. Ficou aterrorizado. Sua boca pendera e seus dedos hesitantes, tocaram minha mão suja de sangue. Ele então, me abraçou. Forte e tristemente. Como um longo e apertado pedido de desculpas. Porem... não foi retribuído. Eu ainda olhava atônita para o nada, meu braço latejando. 

Cadê meu lindo e calmo Ron? Eu o quero de volta! Não foi com esse, agressivo e ciumento que eu engrenei um lindo romance, puro amor. Foi com o meu melhor amigo, que ate então nunca demonstrara tais características. 

Percebendo que o abraço não era de ambas as partes envolvidas, ele me soltou e fitou meus olhos. Eu ainda não o olhava, apenas olhava pra frente, refletindo sobre tudo, tudo que ocorreu. Olhei pra baixo e vi Krum desacordado, estendido no chão, com um pouco de sangue escorrendo pela boca. Por incrível que pareça, eu senti o que não devia: pena. Quem tinha feito isso foi o Rony?

Hermione... 

Ron... eu, eu preciso pensar... o que foi isso Ron? Você não é esse cara agressivo. Olhe o Krum ali no chão, sangrando... você não é assim. Eu, eu preciso pensar. – falei de cabeça baixa. Não conseguia encara-lo.

... 

Ron... – ele estava calado. Olhava fixamente para o nada tentando encontrar algo que pra mim não existia. Ele não iria responder. Virei de costas e segui em frente, em direção à minha casa. Eu estava completamente atordoada. 

Chegando em casa, nem sequer cumprimentei meus pais, apenas subi para o meu quarto. Dormi era uma ótima alternativa agora.

 


 

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