For All Time



For All Time


 


Draco chegou á mansão dos Malfoy no dia seguinte. Estava exausto, mal conseguindo manter os olhos abertos. Tinha passado a noite anterior voando com Rose e tinham ficado deitados no telhado da escola até o sol nascer, quando decidiram que era melhor voltarem e se despedir por uns dias.


            Entrou na casa fria e subiu direto para seu quarto, no segundo andar. Jogou-se na cama do jeito que estava, sem se importar em se cobrir. O sono veio mais rápido do que imaginava. Não tinha mais pesadelos envolvendo Rose, mas ela quase sempre aparecia em seus sonhos bons.


            Ao acordar na manhã seguinte, teve a sensação de ter dormido por dias. Sentia frio e ainda estava meio desnorteado. Tomou um banho e colocou roupas quentes, acendeu a lareira do próprio quarto e ficou aquecendo-se por um momento antes de descer. O pai tinha conseguido um novo elfo doméstico depois que o Santo Potter fez Lúcio libertar Dobby.


            Era véspera de Natal e a casa estava elegantemente enfeitada. Tinha guirlandas penduradas aqui e ali dentro da sala de estar e mais outros enfeites que Draco não fez questão de reparar. O imenso jardim estava sendo preparado para a grande festa de Natal que teriam à noite. Várias mesinhas foram postas do lado de fora, assim como duas grandes mesas onde, o loiro supôs, ficaria a comida. A fonte estava congelada e havia uma gigante árvore de Natal enfeitada ali.


- Bom dia, querido. – ele ouviu uma voz a suas costas. Ao virar-se viu a mãe se aproximando. – Estava com saudades! Quando fui ao seu quarto, você já estava dormindo. Venha, vamos tomar café. – disse ela. Eles não tinham se visto no dia anterior. Entraram na suntuosa sala de jantar da mansão, onde vários pratos os esperavam com um cheiro delicioso.


            Era estranho tomar café da manhã com a mãe agora. Ele sempre havia contado muita coisa para ela, e agora tinha um segredo. Sentira falta daquela mulher de longos cabelos loiros. Ela sempre o fizera se sentir amado, mesmo estando em um ambiente onde a Arte das Trevas não era considerada uma coisa ruim.


            Draco passara o dia todo meio entediado, sem muita coisa para fazer. No final da tarde, o cheiro vindo da cozinha era tentador. O banquete dos Malfoy sempre fora dos melhores, com os pratos mais deliciosos que se pode imaginar. Ao ouvir o pai gritando lá de baixo para ele se arrumar para a festa, Draco se trocou e vestiu a blusa azul escura que tinha ganhado de Rose. Colocou o porta-retrato com a foto dos dois na cabeceira da cama, sabendo que não poderia ficar lá por muito tempo. Pegou o cartão de Rose e o abriu. Seu cheiro adocicado tinha impregnado o papel.


 


“Draco,


Esse amor é difícil, mas é real, não tenha medo, nós fugiremos dessa confusão. Essa é uma história de amor e tudo vai dar certo.


Feliz Natal, Rose.”


 


            As palavras dela estavam certas. Era real, eles realmente tinham aquilo dentro deles e ninguém ia conseguir tirar. Estavam vivendo num mundo louco, tentando entender o que é ou não é verdade. Era o amor deles e eles se amavam a sua maneira. Pegou um pergaminho e uma pena dentro de uma das gavetas. Ela não poderia lhe mandar nada, mas não significava que Draco não pudesse lhe mandar um bilhete.


 


“Rose,


Me sinto perdido. Quero estar onde você está, ficar perto de você e ter você perto de mim. Quando eu te encontrar, sei tudo estará bem. Pode até parecer fraqueza,pois que seja fraqueza então.


Feliz Natal, Draco.”


 


            Espiou pela janela antes de mandar a coruja entregar o bilhete a Rose. Ficou observando a ave indo para longe até ficar pequenininha e teve vontade de ir junto. A campainha tocava a intervalos lá embaixo e foi só quando ouviu os passos de Narcisa se aproximando, foi que se apressou em sair do quarto antes que ela entrasse.


- Vamos, já chegaram pelo menos metade dos convidados. – disse ela. Usava belas vestes de festa roxas. Não notou que a blusa do filho era nova.


            Ao chegar no jardim, a maioria das mesinhas estavam ocupadas, as comidas estavam no lugar, elfos domésticos andavam para lá e para cá com as bebidas e a árvore de Natal agora tinha fadinhas a iluminando. Draco reconheceu muitos dos convidados, a maioria Comensais da Morte fingindo não ter nada com as Artes das Trevas, não queria, mas sabia que um dia seria um deles, fazendo a mesma coisa que estavam fazendo naquele instante, fingindo. Pessoas do Ministério também estavam presentes. O loiro os cumprimentou, parando para conversar com um ou outro.


            Viu o pai entrar com alguns Comensais para dentro da mansão e indo direto para o escritório. “Ah, por favor! É Natal!”, ele pensou revirando os olhos. Não fazia parte do espírito natalino ver seu pai discutir estratégias com outras pessoas do mesmo tipo. Ele só queria um Natal normal, pelo menos uma vez na vida. Agradeceu internamente que iria demorar bastante até o chamarem para se tornar um deles, e até lá, ele já estaria bem longe.


            Ele subiu até o quarto para pegar o presente que tinha comprado para os pais e o assunto dentro do escritório o chamou a atenção, fazendo-o parar.


- Como vamos entrar no Ministério? – perguntou uma voz grossa de homem.


- O problema não é entrar, é como atrair o Potter para lá. – disse Lúcio.


- O Lorde das Trevas tem os métodos dele, mesmo que não conte a você. – foi com surpresa que Draco reconheceu a voz da irmã de sua mãe, Belatriz Lestrange. Não sabia que ela estava na festa. Claro que não apareceria, tinha gente do Ministério por ali.


- Ele conta a você? – perguntou Lúcio, sarcasticamente. Belatriz não respondeu. – Vamos ter um plano até lá, mas vamos esperar o garoto no Departamento de Mistérios. O Lorde das Trevas o fará ir até nós.


            O estômago do loiro revirou desagradavelmente. Estavam tramando contra Potter, para variar. Pelo que sabia, o Lorde das Trevas não sossegaria até matá-lo. Não que fizesse muita diferença pra ele, mas mesmo assim, ouvir seu pai ajudando a planejar a morte de alguém não era uma coisa que ele queria ouvir. Aliás, só a idéia de matar alguém não o agradava. Além disso, o Departamento de Mistérios não era lá um lugar muito simpático dentro do Ministério, as histórias que o cercavam faziam jus ao nome do lugar. Não queria o pai num lugar daqueles.


            Continuou a andar, fazendo força para esquecer o que tinha acabado de ouvir. Quando chegou ao jardim, decidiu que não pensaria mais naquilo. Localizou sua mãe entre os convidados e foi em sua direção. As pessoas já estavam começando a trocar os presentes.


- Feliz Natal, mãe. – desejou ele, entregando um dos embrulhos a Narcisa, abraçando-a.


- Feliz Natal, Draco. – ela retribuiu o abraço e lhe entregou uma caixinha. Olhou para os lados procurando alguma coisa. – Vou chamar seu pai, tenho um presente para ele também.


- Feliz Natal, pai. – ele disse quando Lúcio chegou. Abraçou o pai e lhe entregou o outro presente. O pai retribuiu o abraço.


- Feliz Natal, filho. Acho que sua mãe já te deu nosso presente. – Ele sorriu para o filho.


            O resto da noite foi tranqüilo e estava exausto quando subiu para seu quarto. Rose e ele no porta retrato na cabeceira da cama sorriam alegremente e Draco não pôde deixar de sorrir para ele próprio e para a namorada. Ela era a melhor coisa que tinha lhe acontecido, era como se ela não se importasse com o que ele ou sua família faziam e ele podia ser ele mesmo quando estava com ela.


 


 


            Voltou para Hogwarts alguns dias depois. Não viu nem sinal de Rose na estação ou no Expresso. Ao entrar no Saguão de Entrada, viu Rose e seu coração se aqueceu e animou. Ela estava conversando com um grupo de pessoas da Grifinória, Lufa-Lufa e Corvinal. Ultimamente ela era vista com essas pessoas freqüentemente, e o loiro sabia que estava fazendo alguma coisa escondida da Umbridge, embora nunca tivesse perguntado o quê.


            Ela o viu parado ali e lhe deu um sorriso radiante, no que ele o devolveu. Segundos depois, Crabbe, Goyle, Pansy e mais alguns alunos da Sonserina vieram das masmorras em sua direção. Eles o cumprimentaram e Pansy se atirou nele sem cerimônias, o envolvendo num abraço apertado.


- Eu senti sua falta, Draquinho! – guinchou ela, alto. – Pensei em você o Natal inteiro! – ela não queria se soltar enquanto ele tentava se livrar do abraço sufocante. Durante suas tentativas, viu o olhar faiscante de Rose em direção aos dois e se deu conta de que, para quem olhava, parecia que Draco estava retribuindo o abraço. Pansy continuava a falar, não dando chance para Draco dizer alguma coisa.


- Me solta, Pansy! – exclamou ele, conseguindo, enfim, se soltar dela que ainda sorria debilmente. – E não me chame de Draquinho. – ele fez uma careta, acompanhando o tom de desprezo.


Arrumando as roupas que Pansy amassou, olhou para onde Rose estava. Ou pelo menos, estivera. A Grifinória tinha sumido e ele não sabia para onde teria ido. Suspirou de raiva da colega de Sala. Era verdade que tiveram um relacionamento no terceiro ano, mas Draco já tinha deixado bem claro para a morena que não queria mais nada. Ela insistiu em continuar com a amizade e ele concordara, mas não tinha paciência com essas demonstrações públicas de afeto dela. Passou pela sua cabeça, que se fosse com Rose, talvez não se incomodasse tanto.


Desceu para o Salão Comunal da Sonserina, irritado e não tornou a subir antes do jantar, onde viu Rose sentada em sua mesa conversando com algumas pessoas. Parecia normal, com os amigos, pelo menos. Não olhava para ele e nem para mesa da Sonserina, mal sinal. “Droga! Obrigada Pansy!”, pensou com amargura. Passado algum tempo, viu a garota se levantar e sair do Salão sem nem olhar para trás, o anel brilhando no dedo. Ele revirou os olhos, impaciente. Provavelmente não a veria esta noite.


E não viu. Só foi avistá-la no dia seguinte na última aula antes do almoço, quando tiveram a aula de Feitiços juntos. Draco dispensou seus amigos rapidamente quando a sineta tocou e o pequeno professor Flitwick saiu da sala em meio aos alunos em direção ao Salão Principal. O loiro ficou para trás e, com um aceno discreto e displicente de varinha, fez a mochila de Rose rasgar. Ao virar-se, o viu parado logo atrás dela e seus olhos se estreitaram quando Pansy passou por ela, deixando apenas os dois lá dentro. Ele fez outro aceno de varinha e a porta se fechou.


- Draco, eu não... – ela nunca chegou a completar a frase, pois no segundo seguinte, Draco colou seus lábios no dela, prensando-a na porta fechada.


            Rose tentou lutar e dava-lhe soquinhos em qualquer lugar que podia alcançar, mas ele era mais forte e segurou seus pulsos delicadamente, mas com firmeza, mantendo-os longe. E então ela cedeu. O Sonserino afrouxou as mãos que seguravam os punhos da namorada e as mãos dela voaram direto para sua nuca, enterrando-as em seus cabelos. Suas próprias passeavam pelas costas da Grifinória, apertando-a junto de si, num gesto desesperado de senti-la mais perto dele, como se fosse possível. Nenhum dos dois tinha mais controle sobre suas ações.


            As mãos dela começaram a passear por seus braços, sentindo-os e apertando-os levemente, e indo para seu peito e barriga definidos pelo Quadribol. Sentiu a pele de Rose arrepiar quando ele tocou suas costas por debaixo da blusa da garota. Draco a sentiu abrir os primeiros botões de sua camisa e a mão delicada dela passarem por seu peito, seus ombros e seu pescoço.


            Foi quando ele subiu a mão e encostou no fecho do sutiã de Rose, que ele e a garota pareceram recobrar o juízo e o controle e se separaram. Ambos tinham a respiração rápida e ofegante, os lábios vermelhos e inchados. Ela se recostou na porta, a respiração voltando ao normal e ele apoiou um dos braços na parede ao lado dela, tentando respirar.


            Ele a olhou e viu que Rose tinha a blusa meio levantada, a gravata estava torta e os cabelos bagunçados. Olhou para baixo, analisando a própria situação e viu que não estava muito diferente dela. Sua camiseta estava meio aberta e igualmente amassada, o nó da gravata estava frouxo e, apesar de não conseguir ver os cabelos, tinha certeza de que estavam despenteados.


            Seus olhares se encontraram e o momento de embaraço durou apenas poucos segundos, fazendo-os rir da situação do outro logo em seguida. Ajeitaram as roupas, ainda sorrindo e ele a abraçou.


- Senti sua falta. – ele sussurrou para ela.


- Sentiu? – ela respondeu, um leve tom de sarcasmo na voz. Ele revirou os olhos. Pensou que já estava tudo bem.


- Senti. – ele confirmou. E segurou o queixo dela. – Só sua. – ele a beijou levemente e viu que ela cedeu um pouco. – Só eu sei o quanto eu pensei em você esses dias. – ele a beijou de novo, ainda sussurrando, a voz suave. – Queria que estivéssemos juntos. – mais um beijo e Rose pareceu pensar.


- Então você não tem nada com a Parkinson? – ela perguntou.


- Não. – ele respondeu simplesmente e sentiu Rose relaxar. Agora estava tudo bem. Ouviu um barulho diferente e a garota riu. Ele entendeu que tinha sido o estômago dela roncando e riu também. – Vem, vamos descer. Eu também estou com fome.


            Recolheram os pertences de Rose espalhados pelo chão e ela concertou a mochila. Desceram lado a lado pelos corredores desertos até a escadaria de mármore e, então, esperou Rosalie entrar no Salão Principal.


- Onde é que você estava? – perguntou Goyle com a boca cheia quando ele se sentou.


- Biblioteca. – mentiu descaradamente. Todo mundo sabia que ele não chegava nem perto do lugar, mas seus amigos eram burros o suficiente para acreditar em qualquer coisa que dissesse. Passou o resto do dia sentindo-se feliz, como se tudo no universo estivesse colaborando com ele.


 


 


- Por que é que você olha tanto para aquela sangue-ruim da Raimmond? – perguntou Crabbe numa tarde enquanto saiam da aula de Trato das Criaturas Mágicas e Rose andava mais a frente com o resto dos colegas de Casa.


            Draco arregalou os olhos, surpreso. Se Crabbe tinha reparado que a estava encarando durante a aula inteira, é porque ele não estava sendo nada discreto. Seu cérebro trabalhou rápido para poder responder.


- Só estou procurando uma maneira de azará-la. – ele disse com desprezo. Sentiu-se mal por dizer aquilo da namorada.


- Então eu dou um jeito nisso pra você. – o outro respondeu e apontou a varinha para as costas da garota.


- Não! – Draco protestou alarmado, agarrando o pulso do amigo e o fazendo baixar a varinha. Não queria que Rose fosse azarada! Crabbe e Goyle o olharam desconfiados – Vem vindo um professor. – o loiro improvisou rapidamente quando a professora Sprout saiu pelas portas de carvalho. Os amigos pareceram aceitar a resposta.


            Eles já estavam em março e ele e Rose ainda viviam se encontrando ás escondidas umas quatro vezes por semana. A cena da sala de Feitiços se repetia sempre que eles perdiam o controle, sempre parando no mesmo lugar, mas estava ficando difícil para os dois manterem o controle sobre suas ações, e essas cenas vinham se repetindo com mais freqüência.


- Não posso hoje a noite, Draco. – respondeu Rose quando estavam combinando de se encontrar aos sussurros num canto afastado na biblioteca.


- Por que não? – ele quis saber. Mas onde ela se enfiava algumas noites?


- Porque não, já disse.


- Vai guardar segredo de mim? – ela revirou os olhos. – É alguma coisa escondida da Umbridge, tenho certeza que é!


- E se for? – ela desafiou, seus olhos faiscando. - Se você idolatra aquela mulher, eu não. – sua voz estava irritada.


- Não idolatro ninguém! Você sabe muito bem que tenho que fingir ser bonzinho e gostar dela! Ela é do Ministério e tenho que fazer meu pai acreditar que realmente sigo as ordens dela.


- Você segue as ordens dela. – a garota desdenhou. Ele fingiu não ouvir.


- Só não quero ver você se dar mal por causa disso, seja lá o que esteja fazendo.


- Eu vou ficar bem. – ela garantiu, azeda. – Hoje não. – ela colocou um ponto final na conversa e ele bufou. Não era a primeira vez que brigavam, mas Draco nunca gostava quando isso acontecia.


            Saíram da biblioteca brigados e ela seguiu para o Salão Principal para jantar. Ficou observando-a até que sumisse de vista, irritado, e antes que pudesse se virar, a própria Umbridge apareceu com alguns alunos da Sonserina e uma garota de cabelos crespos da Corvinal.


- Malfoy! – ela chamou e o loiro praguejou internamente.


- Sim?


- Quero que me ajude esta noite. Creio que Potter esteja aprontando alguma coisa, para variar, algum tipo de sociedade secreta. Você será encarregado de pegar os membros junto com os seus colegas.


- Certo, professora. – ele concordou. “Não tenho nada para fazer esta noite mesmo”, pensou com amargura.


- Então depois do jantar, suba a minha sala. – e saiu andando.


            Ele terminou seu empadão e subiu com o resto dos colegas. Pelo o que a professora dizia, iriam para uma sala chamada “Sala Precisa”, que só aparecia quando queriam ou algo assim, não estava prestando muita atenção.


            Quando chegaram a tal sala, havia alunos correndo para todos os lados e ele reconheceu uma cabeleira castanha descendo as escadas correndo. Então era lá que ela se metia, naquelas reuniões do Potter. Seu estômago afundou quando percebeu que prejudicaria Rose também.


- Anda, Draco! – alguém gritou e ele se mexeu.


Azarou o primeiro que viu pela frente e, ao chegar mais perto, percebeu que era o garoto-cicatriz. O entregou para a professora e desceu o mais rápido que pôde para o dormitório da Sonserina.


- Rose. – chamara ele, quando encontrou namorada no corredor vazio, no meio do caminho. Ela se virou, uma expressão nada amigável no rosto.


- O que é?


- Me desculpa! – ele conseguiu dizer.


- Então é assim? Eu não posso me encontrar com você que você vai e acaba prejudicando a mim e a todo o resto? Dumbledore vai ter sérios problemas e aquela mulher horrível vai levar vatagem! – sua voz estava entrecortada e aparentemente ela lutava contra as lágrimas, raivosa.


- Nunca quis prejudicar você! – ele protestou, desesperado. – Umbridge me obrigou a fazer aquilo! Eu não podia dizer “não”. Eu queria, mas não podia! Por favor, não fica assim.


            Ela respirou fundo, acalmando-se e parecendo considerar o que o loiro dizia. Draco tinha que admitir que ela era bem paciente e tolerável com ele.


- Está certo. – suspirou. – Só não sei por mais quanto tempo eu consigo agüentar isso. Sei que você não é assim, mas... – ela deixou a frase morrer. Os olhos se enchendo de lágrimas novamente.


            Então Draco entendeu o que ela estava querendo dizer e um desespero maior ainda tomou conta dele, seus olhos cinzas estavam agoniados e começaram a marejar.


- Rose, não. – ele pediu com a voz fraca.


- Eu preciso pensar, Draco. Vai ser melhor não nos encontrarmos mais por um tempo. – e antes que ele pudesse dizer alguma coisa, ela virou as costas e saiu andando.


            Uma dor quase física se apoderou dele, o coração parecia estar sendo esmagado por uma mão invisível e as lágrimas vieram antes que pudesse conter. Desceu para o dormitório e quando seus companheiros chegaram, fingiu estar dormindo e desejou que nada daquilo tivesse sido real.


            A semana se passou com a lentidão de uma tartaruga. Draco não sentia mais fome, sono ou qualquer outra coisa que não fosse desânimo. Percebia que Rose também não estava feliz com a situação e notou que ela ainda usava o anel.


Mais alguns dias se foram até Rose voltar a falar com ele. Estavam numa sala de aula fora de uso.


- Precisamos conversar. – disse ela séria. Seu coração pulou e ele se apressou em concordar.


- Seria ótimo. Rose, eu...


- Não agüento mais. – ela o interrompeu, os olhos baixos. – Não consigo ficar sem você. Não imagina a falta que me faz. E eu estou disposta a passar por tudo para ter você comigo de novo, se você quiser.


- Claro que quero! – o mundo tinha se tornado mais claro, agora. O sorriso tomava conta do rosto de ambos e ele a abraçou forte. – Eu amo você.


            O amor estava fazendo ele se sentir nas nuvens, nunca pensou que poderia ser tão bom. Draco ainda se sentia feliz e em paz quando estava com ela, fazendo valer a pena as brigas e o pequeno término, pois agora tinha certeza de que seriam mais fortes do que antes.


- Eu também te amo, meu amor. – e se beijaram como se fosse a primeira vez.


            Agora que a AD não funcionava mais, o casal achou uma nova utilidade para a Sala Precisa. Passaram a se encontrar lá e, geralmente, a sala tinha uma lareira que eles não acendiam, um sofá, um tapete grande e fofo entre os dois, almofadas espalhadas pelo chão e uma pequena varanda de onde se via o jardim e o lago. Draco chegou e a porta se materializou, mas ele não a abriu. Rose surgiu poucos minutos depois, andando apressada e em silêncio. Seu cabelo estava meio preso com uma presilha e vestia jeans e blusinha em vez de vestes.


- Vamos? – ela sorriu. Ele girou a maçaneta.


            A sala era exatamente a mesma de todas as vezes. Estava um dia quente e a porta da varanda estava aberta, a brisa morna da noite entrava por ela, iluminando a sala com a luz da lua cheia. Mal deu tempo de a garota fechar a porta quando o loiro juntou seus lábios no dela e foi correspondido.


            Passaram um tempo se beijando, sentindo a temperatura subir e tiveram certeza que não tinha nada a ver com o calor da noite. O controle e a sanidade foram abandonando o casal aos poucos e ele soltou os cabelos de Rose, fazendo-os cair sobre o rosto da garota. As mãos ágeis de Draco passeavam pelo corpo da namorada sem impedimento enquanto ela fazia o mesmo.


            Os beijos dele abandonaram momentaneamente a boca de Rose, descendo até o pescoço e a clavícula da Grifinória e voltando a boca. As mãos passeavam livremente pela pele quente das costas e barriga dela, que tinha a blusa parcialmente levantada, e por vezes desciam até as coxas.


            Por sua vez, Rose tocava cada parte do corpo de Draco que conseguia e não encontrou dificuldades em desabotoar a camisa do namorado, que no momento seguinte, jazia no chão. Os beijos desceram até o peito definido e ela arranhava delicadamente suas costas nuas.


            Draco sentia que desta vez estavam indo mais longe do que qualquer outra noite, e que não conseguiriam parar e voltar ao normal agora. Jogou a cabeça para trás quando os beijos dela subiram pelo pescoço, sentindo que traçavam um caminho de fogo por onde passavam. Rose levantou os braços e o loiro jogou a blusa dela no chão, junto com sua própria camisa. Ele a olhou por um segundo antes de voltar a beijá-la e percebeu o quanto ela era linda daquele jeito.


            Sentiu o sinto de sua calça ser puxado e o ouviu cair. Minutos depois, ele e Rosalie tinham apenas as roupas íntimas no corpo. Subiu sua mão pelas costas da garota e encontrou o fecho de seu sutiã, que ele abriu delicadamente e foi parar no chão com o resto de suas roupas. Ainda com os lábios colados, ele começou a guiá-la e deitou a namorada no tapete, entre as almofadas, ficando por cima dela.


            Parou um momento para observá-la. Seu corpo estava arrepiado e tinha adquirido um tom pálido pela luz do luar, dando-lhe um ar angelical. Seu peito subia e descia rapidamente pela respiração ofegante. Seus olhares se encontraram e a luz dançava ali, deixando-os brilhantes. Ela lhe sorriu confiante, sinal de que estava pronta para ir mais além e ele lhe sorriu de volta. Tinha certeza que nunca esqueceria aquela imagem dela, nunca se esqueceria daquele momento. Ele levantou uma mão e tirou uma mexa de cabelo dos olhos de Rose.


- Eu te amo. – ele sussurrou para ela, a voz doce e confortante.


- Eu também amo você.


            E no momento seguinte, eles eram um só.


 


~*~


 


            O par de olhos cinzas foi o primeiro a se abrir, ainda sonolentos, quando os raios de sol começaram a incomodar. Ainda meio perdido por causa do sono, Draco olhou para os lados e viu que Rose ainda dormia abraçada a ele, os cabelos, espalhados pela almofada, reluziam á luz do sol, a respiração estava calma e o rosto tinha uma expressão serena, e o lençol que tinha surgido na sala cobria apenas a parte de baixo de seu corpo.


O loiro sorriu lembrando da noite anterior e se sentiu radiante. Apertou o abraço suavemente para não acordá-la e depositou um beijinho em sua testa, pensando na sua sorte de estar com ela. Merlin, como a amava! Sentia vontade de pular e gritar de felicidade, mas não seria capaz de mover um músculo ao mesmo tempo. Estava desnorteado com o tamanho do sentimento que tinha por ela, com a proximidade que tinham estado durante a noite, com a união de dois corpos e duas almas. Sentia que compartilhavam o mesmo coração agora.


E quando Rose se aconchegou mais em seus braços, ele não pôde impedir de sussurrar “você é linda!”, mesmo que ela não estivesse ouvindo. Agradecia a Merlin por aquele momento, por aquela noite. Tinha orgulho de ser dela e ele sabia, que mesmo que vivesse mil anos, jamais poderia explicar o jeito que perdeu seu coração para ela na noite do baile. Se ele tivesse escolhido seguir a tradição de sua família e seguido um caminho contrário, ele nunca conheceria a melhor história contada, a história de um Sonserino e uma Grifinória.


O jeito que se tocavam, os carinhos eram o que levava o loiro sempre a esses pensamentos. Sentia o coração dela batendo calmamente junto ao seu e mesmo aos quinze anos, sabia que era com ela que queria passar o resto da vida. Rose sorriu levemente e Draco soube que morreria por aquele sorriso. Ela começou a abrir os olhos lentamente.


- Bom dia – disse ele.


- Bom dia, amor – ela respondeu, piscando os olhos para se acostumar com a luz. Ela também parecia tonta com as sensações múltiplas que sentia, mas seus olhos amendoados brilhavam com intensidade, apesar de não ter nenhuma palavra para descrever o que sentia.


            Ela rolou para o lado, enrolando-se completamente no lençol enquanto ele a observava curioso e então, a garota começou a gargalhar e rolar no tapete como uma criancinha cujo Natal tinha chegado mais cedo.


- O que foi? – ele perguntou achando graça.


- Nunca me senti tão leve e tão feliz em toda a minha vida! – ela respondeu, parando de rolar, ainda sorrindo alegremente.


            Draco virou-se e se colocou em cima dela, as mãos apoiadas no chão e os cabelos lhe caindo sobre os olhos. Rose passou a mão ao redor de seu pescoço e tirou as costas do chão. O loiro a levantou do chão, o lençol enrolado nos dois, e a beijou, sentindo que seu mundo girava ao redor daquele amor.


 


 


            As semanas se passavam rapidamente agora que o fim do ano letivo estava chegando. Draco e Rose planejavam se encontrar durante as férias, de um jeito ou de outro e o loiro não poderia se sentir mais feliz. Mas sua felicidade não durou muito.


            Draco estava tomando café da manhã quando o correio chegou e ele viu sua coruja se aproximando. Ao abrir a carta, reconheceu instantaneamente a caligrafia da mãe, mas ela não trazia boas notícias. Dizia que seu pai estaria numa missão durante a noite, para o Lorde das Trevas, dentro do Ministério e dizia alguma coisa sobre uma profecia. Ele rapidamente se lembrou da noite de Natal, quando ouviu os planos de Lúcio e dos outros Comensais da Morte para entrarem no Departamento de Mistérios e pegarem Potter.


            Ele olhou para o garoto na mesa do outro lado do Salão, sentado a poucos lugares de distância de Rose, e seu estômago revirou com uma sensação desagradável. Quase chegou a sentir pena do Garoto-Cicatriz. Por mais que o odiasse, não pôde deixar de se sentir enjoado ao perceber que talvez o moreno não voltasse a se sentar ali na manhã seguinte, sem saber que talvez morreria esta noite.


            Seu olhar passou rapidamente por Rose, que lhe sorriu. Pela primeira vez, Draco tentou forçar um sorriso de volta para ela, mas sentiu que fez apenas uma careta. Largou o prato pela metade e foi para sua aula de Poções. Passou o resto do dia evitando Rose, não queria nem imaginar o que ela pensaria se soubesse do que estava para acontecer. Mas iriam se encontrar á noite.


            Ela já estava já quando ele chegou, estava sentada a uma mesinha que tinha feito surgir ali, lendo um livro trouxa qualquer. O loiro mal teve coragem de a olhar nos olhos, sentia-se mal, preocupado e nervoso. E quando ela veio lhe beijar, desviou-se.


- O que foi? – ela perguntou confusa.


- Nada. – ele respondeu, o mais calmamente possível. – Me desculpe. – e a beijou, embora sua cabeça estivesse bem longe dali. Enroscaram-se no sofá e uniram seus corpos com certa urgência, como se não pudessem mais esperar pelo outro.


            Rose vestia a camisa de Draco e ainda estava deitada em cima do namorado, que a abraçava carinhosamente. Ela tinha o queixo apoiado no peito dele e o observava atentamente. Draco encarava o teto, absorto em pensamentos e seus movimentos eram vagos, mecânicos.


- Você está preocupado. – não era uma pergunta. Ele a olhou.


- Não. – mentiu ele, a voz suave e tranqüilizadora. Sorriu levemente para ela, que continuou desconfiada. – Mas meu pensamento está longe. - Draco não soube dizer se ela acreditara ou não, mas a namorada não disse mais nada sobre o assunto e acabou adormecendo.


            Ele não conseguia descansar e ficou observando Rose dormir. Distraiu-se com a respiração lenta e regulada dela, o acalmava um pouco. Teve vontade de estar longe e sonhando como ela. Queria poder passar o resto da vida naquele momento, Rosalie lhe trazia paz. Com um aperto no coração, sentiu que o fim estava próximo, que não poderia passar mais muito tempo com ela, por uma razão ou outra.


            Sentiu os olhos arderem e as lágrimas começarem a rolar. Não queria perder mais nenhum momento com a namorada, não queria dormir, porque mesmo que sonhasse com ela, o sonho mais doce nunca seria o suficiente. Olhava Rose imaginando o que estava sonhando, se ele fazia parte de seu sonho. Não queria perder um sorriso ou um beijo que fosse, queria abraçá-la forte e dizer que tudo ia ficar bem, para os dois. Só queria ficar com ela para sempre.


            Sentia-se cansado e dolorido quando os primeiros raios de sol começaram a surgir e Rose abriu os olhos. Ele a olhava, sério.


- Não dormiu? – ela perguntou ao ver a aparência de Draco.


- Não. Preferi ficar vendo você dormir. É mais interessante. Você é linda, Rose. – ela corou e se apoiou nos braços, fitando-o.


- O que está acontecendo com você? – ela perguntou, mas não obteve resposta. Levantou-se e começou a se vestir.


            O loiro ficou onde estava, observando ela se arrumar, imaginando como seria acordar com ela todos os dias e quando ela perguntou, respondeu que não iria para a aula hoje. Antes que ela saísse pela porta, o loiro a beijou e a abraçou apertado.


- Eu amo você, Rose. – ele sussurrou no ouvido dela, fazendo-a se arrepiar.


            Não tinha idéia do que estava acontecendo lá fora, se Potter tinha mesmo sido morto ou qualquer coisa. A resposta sobre o desempenho do pai na missão veio algumas horas depois, quando ele estava sozinho no Salão Comunal da Sonserina. A letra de sua mãe estava tremida e manchas no pergaminho indicavam que ela havia chorado.


 


            “Seu pai fracassou, tudo saiu errado. O Lorde das Trevas foi descoberto e seu pai está em Azkaban. Não sei como será daqui para frente.


Eu amo você”


 


Draco não sabia o que pensar, seu cérebro encontrava dificuldades em absorver as informações. Então, tudo veio como um turbilhão. Seu pai falhara e estava jogado em Azkaban. Sua mãe estava sozinha em casa, provavelmente com medo. Potter ainda estava vivo. E o Lorde das Trevas fora descoberto por um erro de Lúcio, o que significava que ele iria se vingar, e provavelmente envolveria sua a mãe ou ele no processo.


E aí veio Rose. Se ele estaria pagando um preço pelo erro do pai, não poderia estar com ela. Não era seguro, não era humano. Ele não sabia o que aconteceria agora, mas ela não podia estar envolvida com ele. E não tinha tanta certeza que a namorada ainda queria alguma coisa com ele, pois Potter com certeza contara a Merlin e o mundo sobre tudo, além de que ninguém falaria em outra coisa a não ser Lúcio Malfoy em Azkaban.


Saiu do Salão Comunal sentindo-se perdido e sem saber muito bem para onde ia. Ao dobrar um corredor vazio, viu Rose vindo em sua direção. Ambos pararam ao se verem, o que o fez pensar que ela já sabia de tudo. Ele caminhou até ela lentamente e parou em frente á Grifinória.


- Ouvi dizer que seu pai estava no Ministério ontem, em uma missão para Você-Sabe-Quem. – ela disse, hesitante.


- É, ele estava. – o loiro confirmou com amargura. – E sim, ele está em Azkaban agora. – ele respondeu a pergunta que sabia que seria feita a seguir.


- Eu sinto muito. – ela disse, baixinho. Draco sentiu as lágrimas começarem a cair novamente. Rose as enxugou com a ponta dos dedos e o abraçou. Deixou que ele chorasse e se acalmasse o suficiente para voltar a falar.


- Rose – chamou ele com a voz fraca e ela o soltou. O namorado pegou seu rosto delicado com as mãos. – Eu não sei o que vai ser agora, ele não vai deixar meu pai impune. Vai usar a mim ou a minha mãe para fazê-lo pagar pelo seu erro. – os olhos dela marejavam. – Quero que você saiba que eu te amo, que eu te amo demais. Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Me perdoe, eu não quero fazer você sofrer, meu anjo, mas não podemos continuar com isso, vai ser perigoso para você. Só Merlin sabe que eu queria que nada disso estivesse acontecendo.


            As lágrimas rolavam pelo rosto da Grifinória e a tristeza estampada ali fazia Draco sofrer ainda mais. Ele sabia que ela o entendia, que entendia a situação.


- Só não esqueça que eu amo você. – ela disse com a voz pastosa. Ela o abraçou e o beijou pela última vez. Foi difícil se separarem aquele dia.


            Não se falaram pelos poucos dias que se seguiram, mas Draco podia ver que os olhos de Rose estavam sempre ligeiramente inchados e vermelhos. Pegaram o Expresso de volta a Londres, ela usava óculos escuros para esconder os olhos. Quando chegou na plataforma 9 ¾, olhou para ela uma última vez e saiu pela passagem, tendo como única certeza que estava deixando toda a felicidade e alegria de seu coração para trás.


 


 


 


 


 


 


N/A: devo dizer que eu amei escrever essa short/song tendo o Draco como personagem principal. Sempre achei que ele não era o cara mau que todo mundo acha que ele é, que ele tinha alguém especial na vida dele, por mais que não pudessem ficar juntos.


            Usei várias músicas pra me ajudar a escrever. Ah, a idéia do coração na manga da blusa que a Rose dá de presente pro Draco foi tirada de Gossip Girl, onde a Blair dá uma blusa para o Nate com um pingente de coração costurado na manga. O nome vem de uma música da Demi Lovato chamada Two Worlds Colide.


            Eu espero que vocês tenham gostado. Quero as opiniões :) porque estou pensando em fazer uma continuação.


 


Beeijo, Nathália Black

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