Two Worlds Collide



Two Worlds Collide


O loiro entrou no Salão magnificamente decorado. Via as luzes, a festa, as pessoas em suas melhores roupas de gala e quase não reconheceu os alunos de Hogwarts vestidos naqueles trajes. Levou seu par até uma das mesinhas e se sentaram.


Seu olhar caiu sobre ela no momento em que a viu entrar no Salão. Tinha que admitir que estava estonteante com aquele vestido vermelho e o sorriso iluminando o rosto. Algo novo se acendeu dentro dele naquele momento. Seu par era, com certeza, um garoto de sorte. Ele a viu devolver o olhar com aqueles olhos amendoados, divididos entre curiosidade e superioridade e seguir seu caminho para uma das mesinhas redondas.


Não conseguira parar de lançar-lhe olhares em intervalos irregulares. Contentou-se em ficar na sua cadeira só a observando de longe, não achava que outra coisa fosse lhe agradar aquela noite. Vez ou outra viu a garota lhe observar também, então quando via que ele continuava a encará-la, desviava o olhar, desconcertada.


- Vamos, Draco! Vamos dançar! – chamava seu par naquele Baile de Inverno, Pansy Parkinson. Achou que não estava lhe dando atenção o suficiente, mas Pansy podia se virar sem ele.


- Não estou com vontade. Já dançamos a valsa, foi o bastante. – respondeu, mal olhando para ela. A garota se afastou bufando e dizendo alguma coisa parecida com “tem quem queira”. Não ligava que ela se afastasse dele. Na verdade, até que ficava feliz.


            Voltou a observar a garota, mais atentamente agora. Sabia que se chamava Rosalie Raimmond, mas as pessoas geralmente a chamavam de Rose. Não tinha uma estatura muito alta, os cabelos longos até o meio das costas, no momento, presos em um penteado, eram de um castanho claro e liso, do tipo que dava inveja às outras garotas, os olhos igualmente castanhos e brilhantes estavam sempre atentos e o sorriso angelical era maravilhoso, estavam no mesmo ano, pertencia á Grifinória.


E era nascida trouxa.


            O fato atravessou Draco como um raio. Como podia, como era possível uma nascida trouxa roubar sua atenção daquele jeito? Se lhe pedissem para descrevê-la vinte e quatro horas atrás, ele a chamaria de sangue-ruim deplorável. Parecia um Tabu dizer isso dela agora, errado. Mas não podia se sentir assim com relação a ela, era proibido para ele se sentir atraído por alguém nascido trouxa. Fazia parte do seu destino ficar com alguém de sangue puro.


            Viu o par de Rosalie voltar para a mesa com duas cervejas amanteigadas. Viu os dois trocarem risinhos e palavras sussurradas ao ouvido. Viu os dois saírem de mãos dadas e trocarem olhares cúmplices. Viu ainda a garota olhar por cima do ombro diretamente para ele.


            Os dias se passaram e a cada momento que se descuidava, lá estava ela de novo em seus pensamentos, exatamente como na noite do Baile. Ele andava visivelmente mais distraído e quando perguntavam, alegava que pensava no Torneio Tribruxo. Sempre parava quando via ela virar o corredor e andar no sentido oposto ao dele para ir para a aula. Os olhares continuavam de tempos em tempos, mas nunca passando disso. Os dois perceberam que alguma coisa havia mudado na noite do Baile, mas não sabiam muito bem o quê.


            Então o ano letivo chegou ao fim, o Santo Potter venceu o Torneio, Cedrico Diggory foi morto por Você-Sabe-Quem (que embora ninguém acreditasse, Draco sabia que ele realmente voltara), todos foram para suas casas e um último olhar de despedida aconteceu na estação de King’s Cross.


            O verão passou lentamente para ele, enquanto o pai fazia planos com o Lorde das Trevas. Draco não se interessava mais por seus planos, suas maldades. Não queria se tornar um deles. Estava começando a repensar seu modo de ver as coisas, mesmo que não percebesse. Rose estava alcançando um lugar dentro dele que ele não sabia existir.


            O dia primeiro de setembro pareceu demorar uma eternidade para chegar, mas finalmente veio. Ele a avistou assim que atravessou o portal. Estava com os pais a uma pequena distância dali, os cabelos caindo pelas costas. Ao vê-lo, um pequeno sorriso brincou em seus lábios e fez um aceno com a cabeça, antes que Lúcio ou Narcisa pudessem atravessar a plataforma ¾. O gesto o deixou ligeiramente intrigado. Respondeu com um aceno discreto.


            Ao entrar no trem, foi diretamente se juntar aos seus amigos que tinham reservado um lugar para ele em uma das melhores cabines, o novo distintivo de monitor da Sonserina brilhando no peito. Depois de um tempo, foi para o vagão dos monitores, receber as devidas orientações.


            Ao sair do vagão dos monitores esbarrou em alguém, e ao levantar a cabeça, viu que era ela. Rose ainda não tinha percebido com quem trombara quando começou a se desculpar.


- Desculpa, eu não vi você – disse Rosalie levantando os olhos para ver com quem trombara.


- Olha por onde anda, Raimmond! Apesar de que não se pode exigir muito de sangues-ruins. – disse ele em um tom mais rude e com palavras mais cruéis do que realmente pretendia, talvez por força do hábito. A garota ficou evidentemente magoada, os olhos ficaram marejados e brilhando de raiva e respondeu no mesmo tom.


- Ah, é você. Se soubesse, teria feito de propósito. – respondeu com a voz entrecortada e saiu andando, enxugando os olhos discretamente com as pontas dos dedos.


            Draco sentiu-se péssimo e estranhou aquele sentimento, não era de ficar assim quando desdenhava alguém, principalmente alguém nascido trouxa. Depois do episódio do trem, os olhares nunca mais aconteceram, parecia que algo tinha se quebrado entre eles, algo mais forte do que eles imaginavam.


            O pouco que eles tinham se aproximado com a troca de olhares durante o ano passado pareceu se esvair durante as semanas que se seguiram. Sempre que se encontravam pelos corredores entre uma aula e outra, ele a via passando fingindo que não havia notado a presença do loiro, fazendo com que ele lançasse um olhar discreto por cima do ombro para vê-la se afastar.


            Apesar de não querer admitir, Rose estava mesmo mexendo com ele. Seu sono andava perdido e a fome tinha sumido. Durante uma noite que não conseguia dormir, Draco se viu levantando da cama de madrugada com o estômago protestando e pedindo por comida. Ele não era muito de ir á cozinha, aliás, nunca tinha ido á do castelo. Para ele era um lugar para empregados, como os elfos domésticos. Mas a fome estava realmente aumentando, então, contra sua vontade, desceu para a cozinha.


            Assim que entrou, sentiu um cheiro que, com certeza, não pertencia a aquele lugar. Olhou ao redor e só viu mesas, armários e muita comida, mas ao olhar melhor, viu uma cabeleira castanha sentada em uma das grandes mesas com uma maçã mordida nas mãos. Pareceu nascer borboletas em seu estômago quando ela virou a cabeça para ver quem havia entrado. Os olhos de Rosalie estavam inexpressivos.


- Pensei que não freqüentasse a cozinha, Malfoy – disse ela, um tanto maldosa.


- Nunca pensei que fosse entrar aqui algum dia. – respondeu ele com um leve desprezo na voz.


            Deu mais alguns passos e vários elfos vieram lhe servir comida. Pegou um empadão de carne e foi se sentar junto dela, percebendo que o cheiro que sentira ao entrar na cozinha emanava dela. Era doce e suave. Rose o olhou surpresa.


- O que está acontecendo com você? Primeiro, vem até a cozinha, depois se senta ao lado de uma Grifinória nascida trouxa.


- Talvez eu esteja mesmo ficando maluco – disse Draco num murmúrio mais para si mesmo do que para a garota. – Perdi o sono.


- E pelo jeito, a fome também – ela apontou para o empadão no prato do garoto. – Bom, já que você está sendo uma pessoa estranhamente educada agora, vou tentar manter uma conversa civilizada. Mas só porque eu também estou sem sono e isso deve estar me afetando.


            Ele concordou com a cabeça, sentindo-se feliz por ter uma oportunidade de tentar se aproximar dela, mas ao mesmo tempo, sentia-se culpado. Não deveria manter conversa ou contado com nascidos trouxas, ia contra as leis de seu pai e de sua família.


- Certo – disse ele. – Então, porque está sem sono? – perguntou. Rose ruborizou e ele a achou linda daquele jeito.


- Por que você está sem sono? – ela se esquivou com a mesma pergunta.


- Tem alguém que não me deixa dormir. – confessou ele, sem saber o porquê de estar dizendo isso para ela, fazendo com que o olhar dela ficasse curioso e embaraçado.


- Opa, vai com calma, Malfoy. Eu disse que queria manter uma conversa decente, mas não precisamos fazer confissões. – disse Rose.


- A falta de sono deve estar me fazendo mal – ele deu um sorriso torto, o que fez Rosalie vacilar e soltar um suspiro quase inaudível. Quase. Ele a olhou e ela corou forte, rapidamente desviando os olhos para a maçã nas mãos. Draco gostou da sensação de fazê-la corar e ficar sem graça, devia ser um bom sinal. – Não vai comer? – perguntou apontando para a fruta.


- Além de perder o sono, parece que perdi a fome. – ela pareceu aliviada que o loiro tivesse desviado a atenção para outra coisa.


- Mas você não me disse por quê perdeu o sono. Eu já disse o meu motivo, agora diz o seu.


- Ah, sabe como é, preocupações com os N.O.M.s. É isso. – Draco teve a sensação de que ela não estava lhe dizendo a verdade, mas deixou passar.


- Preocupada com os N.O.M.s? Mas ainda falta tanto tempo!


- Preciso estudar! E não falta tanto tempo assim. – ela se defendeu.


- Está até parecendo a Granger! – disse ele se referindo á colega de Casa de Rosalie.


- Hermione está certa. Ela só estuda mais, por isso vai bem em todos os exames. – ao dizer isso, o garoto de olhos cinzas bufou e resmungou. Rose riu.


            O riso dela ecoou na cozinha e paralisou o garoto. Pareciam sinos e era bom ouvi-lo. Eles se olharam, um sorriso ainda brincando nos lábios da Grifinória. Foi o que bastou para o loiro, ele sabia que não havia mais como voltar atrás no que estava se permitindo sentir em relação a ela. Então, por um impulso que nem ele sabia de onde tinha vindo, colocou sua mão na dela sobre a mesa. Tudo parou e a temperatura aumentou de repente. Na mesma rapidez com que juntou suas mãos, ele as separou. A expressão de surpresa e embaraço estava estampada no rosto de ambos ao desviarem os olhos para a mesa. Um silêncio desconfortável pesou no local.


- Eu acho que vou subindo então – disse Rose por fim, ainda sem encará-lo.


- É, eu também vou voltar para o meu dormitório – disse Draco, levantando-se com a garota que olhava para o chão ao se encaminhar para a porta da cozinha. – Boa noite, Raimmond.


- Boa noite, Malfoy.


            Então aquela foi a noite em que tudo voltou com mais intensidade. Os olhos de Rose, quentes e doces como o verão, brilhavam mais em sua mente. Agora que sabia seu cheiro, Draco notava sua presença de longe, mas ás vezes pensava tanto nela, que chegava a sentir seu perfume mesmo ela não estando perto.


            Apesar de ninguém ter dito que era segredo que tinham se encontrado acidentalmente na cozinha, nenhum dos dois comentou nada com ninguém. Era um segredo que os tornava cúmplices de um modo agradável. Quando se encontravam pelos corredores, faziam um aceno discreto com a cabeça, mas quando o corredor estava quase vazio, cumprimentavam-se e, por vezes, até conversavam. Draco gostava quando isso acontecia. Era bom conversar com ela.


 


 


            Com o tempo, foram se tornando mais próximos, passando mais tempo juntos, ganhando a confiança um do outro, as diferenças sendo deixadas de lado. Ficar perto de Rose o deixava desnorteado, seu cheiro o entorpecia. Queria que ela fosse dele, que fossem mais que amigos. A proximidade entre eles estava começando a mexer com Draco, era impossível ficar perto dela sem desejá-la, era um esforço quase sobre-humano.


            Quando ela chegava perto, as borboletas em seu estômago começavam a voar em alta velocidade, passava as mãos pelos cabelos em sinal de um nervosismo disfarçado. Por vezes não sabia o que dizer para ela. Merlim! Ele era Draco Malfoy! Sempre tinha uma resposta na ponta da língua! O problema era que suas respostas eram, na maioria das vezes, ofensas e palavras de desprezo. Não se encaixava com Rosalie, por isso não as dizia para a garota.


            Pegou-se imaginando se seria isso o amor. Nunca na vida tinha amado ninguém, então não podia dizer com certeza. As garotas sempre diziam que queriam alguém que as amasse, mas Draco não sabia como era amar alguém e duvidava que um dia alguém fosse gostar dele pelo seu caráter. Geralmente, as garotas da Sonserina só estavam interessadas pelo seu dinheiro e sua classe no mundo bruxo, o que o fazia desprezá-las.


Mas Rose pareceu penetrar em sua alma e ver o que ele realmente era, e não o que fingia ser para agradar seu pai e o resto da família, para manter a tradição dos Malfoy. De algum jeito imperceptível, ela o descobrira. E parecia gostar do que via, ou caso contrário, Draco tinha certeza, ela não continuaria conversando com ele. E ele gostava do que via na garota também, sua sensibilidade, seu humor, até seus ideais tão diferentes dos que ele tinha o agradava. Não conseguia enxergar nenhuma outra que não fosse ela e estava disposto a passar por cima de qualquer preconceito para ficar com ela.


Suspirou. Pelo que se percebia, estava mesmo apaixonado. De repente, sentiu-se ridículo e levemente irritado por estar assim tão vulnerável á garota, pois apesar de a sensação ser boa, ele não estava acostumado. Sua irritação aumentou, junto com o desespero, quando se deu conta que ela não era dele ainda. Rose estava livre para outros garotos, não havia garantia de que ficariam juntos. Talvez ela não quisesse ficar com ele, talvez ele estivesse entendendo tudo errado e ela só estava tentando ser amiga.


A dúvida pairou em sua cabeça durante dias. Quanto mais ele procurava motivos para que o que ela sentisse fosse apenas amizade, mais encontrava motivos para que fosse algo além disso. Foi com esses pensamentos positivos que se encaminhou para as aulas do dia. Na hora do almoço, quando viu Rose saindo do Salão Principal sozinha, largou o prato pela metade e foi atrás dela. A seguiu por um momento e quando estavam sozinhos em um corredor, Draco pegou seu pulso e a puxou para ele suavemente, sentiu a mão esquentar ao tocar nela, como sempre acontecia.


Apesar de o movimento não ter sido brusco, Rose girou nos calcanhares surpresa e se desequilibrou. Draco agiu num reflexo, puxando o pulso para perto e segurando-a pela cintura com a outra mão, trazendo-a para perto para evitar que a garota caísse. O gesto deixou os dois bem próximos, praticamente abraçados. Olharam-se por um momento, perdidos nos olhos um do outro, analisando cada detalhe do rosto do outro. Rose, Draco percebeu, tinha os lábios carnudos e lindos. Foi tomado pela súbita vontade de beijá-la, e enquanto brigava internamente se deveria fazer isso ou não, ela quebrou o silêncio, sem sair da posição em que estavam.


- Algum problema, Malfoy? – ela perguntou num tom suave entre o murmúrio e o sussurro.


- Não, problema nenhum – ele respondeu no mesmo tom. Incrível como o mundo parecia estar se movendo em câmera lenta naquele instante. Tinha vontade de ficar ali para sempre.


- Então o que foi? – ele era capaz de sentir o coração de Rosalie bater junto ao seu, acelerado. As palavras vieram antes que pudesse se conter.


- Queria saber se quer se encontrar comigo hoje á noite. Na torre de astronomia. Sei que você adora ficar lá para olhar as estrelas. – sentiu o coração de Rose falhar uma batida.


- Cl-claro – ela gaguejou com a voz fraca e surpresa.


- Então a gente se vê depois do jantar. – ele inclinou-se para frente, mas desviou-se da boca de Rose, dando-lhe um beijo na bochecha, para provocá-la. Todo o ar do mundo pareceu sumir quando encostou na pele macia dela. Sorriu quando viu seu olhar desapontado. Então, com um esforço enorme, se distanciou dela e foi para sua própria aula, deixando-a paralisada no meio do corredor deserto.


            O tempo parecia se arrastar lentamente durante a tarde. Foi difícil para o Sonserino prestar atenção a uma aula sequer. A ansiedade que tomava conta de seu corpo se intensificou quando foram para a aula de Adivinhação, junto com os alunos da Grifinória. Viu Rose entrar na sala e olhar diretamente para ele, sorrindo. Ele lhe devolveu o sorriso, querendo que a noite chegasse mais rápido. Durante a aula, viu Rose fazendo caretas quando o cheiro dos incensos da professora a deixava enjoada. Achou graça naquilo. A aula foi interrompida por Umbridge, a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas que o Ministério tinha implantado em Hogwarts, que estava fazendo perguntas a Trelawney, avaliando-a.


            As aulas do dia finalmente terminaram. Com uma ansiedade maior ainda, Draco desceu para o Salão Principal para jantar, mas mal tocou na comida. Seu olhar voltava-se toda hora pra Rose, que estava sentada na mesa do outro lado do Salão. Ela também não parecia estar comendo muito. O loiro olhou seu relógio e decidiu subir para a torre e esperar por ela lá em cima. Dizendo para os amigos que iria dar uma volta, saiu.


            Não precisou esperar muito. Mal havia se passado cinco minutos quando a porta abriu e passos suaves foram chegando mais perto. Não precisou se virar para ver que era ela, sentia seu cheiro se aproximando. Ela parou atrás dele, olhando para o céu estrelado. Ele virou e a encarou e ela lhe sorriu. Podia sentir que aquilo era apenas o começo. E então, sem dizer nada, a enlaçou pela cintura. Rose fechou os olhos e Draco a beijou.


            O toque de sua boca na dela fizeram Draco estremecer. Claro que já tinha beijado outras meninas antes, mas era diferente. Era seu primeiro beijo com ela e era perfeito. Rose entreabriu os lábios macios e carnudos, permitindo que ele a beijasse, sentiu sua língua quente encontrar a dela. Ele a abraçava pela cintura enquanto ela o enlaçava pelo pescoço, com as mãos um tanto quanto trêmulas. Draco não queria parar, não queria que acabasse nunca mais, só queria ficar ali com ela. Naquele momento, sentiu que o mundo poderia desabar que ele não iria nem ligar, a sensação em seu corpo e em sua alma era maravilhosa!


O ar estava acabando e ele percebeu que ela fazia um esforço enorme para continuar, para que o ar fosse apenas um detalhe que podia viver sem. Ele próprio estava fazendo esse esforço quando, contra vontade, Rose começou a se separar dele. Draco entreabriu os olhos com a respiração acelerada e viu que a garota ainda tinha os olhos fechados, provavelmente querendo que o momento ainda durasse em sua mente, estava ofegante e com os lábios vermelhos.


Ele ainda estava a abraçando pela cintura e ela mantinha seus braços em volta de seu pescoço. Lentamente, Rose começou a abrir os olhos, encarando os olhos cinzas de Draco, o rosto maravilhado. O loiro nunca os tinha visto tão brilhantes! Não conseguiu segurar um sorriso e ela lhe sorriu de volta. O sorriso mais lindo que alguém podia dar. Meu Deus, como ela mexia com ele a cada simples gesto!


Ficaram apenas se encarando por alguns minutos, e Draco podia ver que os pensamentos passavam pela cabeça dela, assim como na sua. Seus mundos eram diferentes, suas famílias eram diferentes. Draco sabia que nem seu pai e nem sua mãe aprovariam que ficassem juntos, não fazia parte da tradição. Mas Rose estava lhe mostrando como podia ser bom quando dois mundos diferentes colidiam. O fim do medo era o começo para a história deles.


- Rose – começou ele com a voz rouca, mas ela o interrompeu.


- Sei o que está pensando, Draco. Que não podemos ficar juntos, mas eu discordo. Nós podemos.


- Sabe que vai ser difícil, não sabe?


- Ninguém está dizendo que vai ser fácil, mas se nós queremos, qual é o problema? Não estamos fazendo nada errado.


- É errado para a minha família. Eles não vão gostar disso.


- Então não vamos contar a ninguém. Vai ser o nosso segredo. – ela disse. – E, além disso, escondido é mais divertido. – continuou com um sorriso maroto, o que fez Draco dar um sorriso torto, a fazendo suspirar.


- Me dá mais um beijo? – ele pediu, sem conseguir se conter.


- Um, dois, dez, quantos você quiser – ela respondeu encostando seus lábios nos dele.


            Então ele percebeu que um dia, teriam que enfrentar momentos difíceis que tentariam separá-los, mas não agora, não hoje. Aquela noite era a noite deles e enquanto ninguém soubesse que estavam juntos, como queria, nada poderia ficar no meio do caminho e atrapalhar. Foi com esses pensamentos que mandou o medo, a tradição e a família para o inferno e se entregou completamente para a Grifinória, depositando todo o seu amor em Rosalie.


            Ele a abraçou forte quando a sessão de beijos terminou, como se tivesse medo que fosse apenas um sonho bom ou que ela pudesse ir embora a qualquer segundo. Não era preciso dizer nada, ficaram apenas escutando a respiração um do outro. Draco afastou-se um pouco para observá-la melhor.


- Você é linda – disse ele fazendo-a corar.


- Você também é – disse ela. – Por dentro e por fora. – completou, e ele a olhou surpreso. – Sei que você não é nenhum pouco parecido com o que aparenta ser para os seus amigos e para as outras pessoas. Não sei o real motivo de você fazer isso, e não me importa qual seja. Eu sei quem você realmente é, e é por isso que eu gosto tanto de você.


            Draco ficou encantado. Ninguém nunca havia dito nada parecido para ele antes, talvez porque ninguém o tivesse conhecido como ela conhecia, mas mesmo assim, ele se sentiu bem ao ouvi-la falando aquilo.


- Obrigado. Ninguém me disse isso antes.


- Acho que ninguém nunca te conheceu de verdade pra dizer. – disse ela recostando-se no peito dele, abraçando-o.


- Parece tão certo estar aqui, agora, com você.


- E é, Draco. – ela respondeu, olhando as estrelas – É o começo de algo novo. Para nós dois.


            Ele sorriu, o queixo levemente apoiado no ombro da garota. Rose tinha razão. Quanta coisa boa podia acontecer quando você dá chance! Nunca que ia imaginar estar onde estava e com quem estava. Aliás, quem ia imaginar que Draco Malfoy e Rosalie Raimmond estavam juntos aquela noite? Estavam se libertando.

- Sabe, eu tenho te observado desde o Baile de Inverno do ano passado. – ele confessou – Você estava maravilhosa.


- Obrigada. – ela disse feliz – Você também estava incrível. Confesso que também tenho pensado muito em você desde aquele dia.


            Então, lembrou-se que magoara a garota quando estavam voltando para Hogwarts.


- Rose, me desculpa. – disse ele. Ela o olhou confusa, soltando-se do abraço. – Sobre aquele dia no trem. Você sabe, por te chamar de... – ele hesitou, passando a mão nos cabelos.


- Sangue-ruim. – ela completou a frase para ele. – Tá tudo bem, eu geralmente não ligo mais quando as pessoas me chamam assim.


- Mas você ficou chateada. – ele observou. Apesar de terem se tornado próximos, ele nunca tinha dito nada a respeito. Ela apenas o encarou. – Não acho que você seja uma. Mesmo.


- Que bom. – ela sorriu para ele.


            Rose consultou o relógio e soltou uma exclamação surpresa.


- Devíamos estar dormindo há muito tempo! – ela exclamou, desesperada.


- Calma. – disse Draco. – Vamos voltar, sem fazer barulho, certo?


            Ela concordou e o loiro pegou sua mão. Foram caminhando de mãos dadas até o ponto em que teriam que se separar. Despediu-se dela com um beijo leve e seguiu seu caminho até as masmorras. A cada passo que dava, Draco sentia-se mais leve e a cada respiração, sentia-se uma nova pessoa. Era mesmo o começo de algo novo.


- Onde você estava até essa hora? – perguntou Crabbe assim que ele entrou no dormitório escuro. Goyle o olhava curioso.


- Isso não é da sua conta. Vocês não deveriam estar dormindo? – Draco respondeu secamente e se encaminhou para o banheiro.


Apoiou as mãos na pia e encarou seu reflexo no espelho, o cabelo loiro-platinado caindo sobre os olhos cinzas, sorrindo. Suspirou sentindo-se feliz como nunca na vida, seu coração estava leve e despreocupado. Inconscientemente, levou os dedos aos lábios, fechando os olhos e lembrando de Rose, ainda sentia o gosto de seu beijo. Desatou a rir de felicidade. Nunca pensou que fosse capaz de sentir tal sensação um dia, e lá estava ele agora, rindo sozinho e sem nenhum motivo, maravilhado.


Mas era segredo. Ninguém poderia desconfiar que ele e Rose estavam juntos, em parte, porque ninguém entenderia o modo como se sentiam. As pessoas geralmente não conseguem entender o que não podem explicar, e como explicar um Sonserino puro sangue com uma Grifinória nascida trouxa? Por outro lado, tremia só de pensar no que aconteceria se alguém de sua família ou de sua Casa descobrisse. Não estavam prontos para revelar o quanto se gostavam, sabia que ela também teria problemas com seus colegas de Casa, afinal, a reputação de Draco e de todos os Malfoy não era lá muito boa.


Ele não se importava se fossem manter em segredo, desde que estivessem juntos. Isso era o que importava, ela sabia de seus sentimentos e isso bastava. Entrou debaixo do chuveiro e deixou que a água quente escorresse pelo seu corpo, relaxando. Sentiu que tudo estava bem no mundo naquele instante, essa sensação era extraordinária! Depois de tomar seu banho, foi para a cama e fechou o cortinado.


Ficou imaginando como Rosalie seria dormindo. “Como um anjo, com certeza”, pensou. Será que estaria pensando nele como ele estava pensando nela, deitada em sua cama no dormitório feminino da Grifinória, a andares de distância? Ficou pensando em quando iria se encontrar com ela novamente. A veria durante as refeições, nas aulas e nos corredores, mas não poderia conversar com ela. Agora que deixara o amor acontecer, não conseguia mais parar, não tinha forças para refrear pensamentos, sorrisos e sensações. Na verdade, não tinha certeza se queria pará-los. Adormeceu com esses pensamentos.


Estavam no jardim da mansão dos Malfoy. Ela chorava e gritava, desesperada, a varinha de Lúcio apontada diretamente para o coração. Seu pai gritava, dizendo que o traíra, o que ele fizera era motivo de vergonha para a família, com que cara iria aparecer no Ministério agora? Sua mãe dizia que estava desapontada, que não esperava que ele se rebaixasse tanto. Draco gritava de volta, falando que gostava dela e nunca tinha estado tão feliz em toda a vida, mas eles não ouviram.


Rose parara de gritar agora e olhava para ele, as lágrimas ainda rolando pelo rosto, paralisada de medo, movendo os lábios silenciosamente e dizendo que tudo ia ficar bem. Draco gritou em desespero quando Lúcio gritou a maldição com um brilho alucinado de ódio nos olhos. Um clarão verde tomou conta do jardim e a garota caiu como uma boneca de trapos.


Draco acordou com o coração aos saltos, molhado de suor e tremendo. Olhou ao redor e percebeu, com alívio, que ainda estava no dormitório da Sonserina, foi apenas um pesadelo terrível. Não, sua família não podia saber. O Lúcio Malfoy do sonho ainda tinha sido muito bonzinho se comparado ao Lúcio real.


Percebeu que estava amanhecendo quando abriu o cortinado. Foi lavar o rosto e notou que seus olhos estavam ligeiramente vermelhos e inchados, sinal de que chorara durante o sonho. Encarou seu reflexo surpreso. Há quanto tempo não chorava? Desde que tinha uns dez anos, pelo que se lembrava. Costumava achar que o choro é para os fracos, mas, com certeza, se sentiria fraco se a tirassem dele como no sonho. Seu medo teria sido tão real assim? Será que gritara alguma coisa durante o sono, deixando que escapar que estava se envolvendo com Rosalie?


Colocou a cabeça para fora do banheiro e observou os colegas de dormitório. Todos ainda dormiam profundamente, chegando a roncar. Não havia sinal de que tinha se expressado mais do que deveria. Voltou para onde estava e lavou o rosto, livrando-se de qualquer marca.


Vestiu-se e desceu para o Salão Comunal, que estava vazio. Não havia consultado o relógio e não viu necessidade de fazer isso, embora agora soubesse que era realmente cedo. Olhou pela janela, o céu de um cinza perolado. A geada da noite anterior tinha deixado uma camada de gelo por todo o terreno. Passou um tempo apenas observando e apreciando uma beleza que ele nunca havia notado. Resolveu descer para o Salão Principal assim que algumas pessoas começaram a aparecer e esperar seus amigos.


Parou na porta do Salão Principal espiando para dentro, a mesa da Sonserina ainda estava vazia. Tinha apenas algumas pessoas espalhadas pelas outras três mesas que poderiam ser contadas nas mãos e Rose não estava ali. Claro que não estaria, só ele acordara extremamente cedo depois de um pesadelo. Ia recomeçar a andar quando sentiu o toque suave em seu ombro.


Virou-se para a garota que lhe sorria, os olhos um pouco inchados de sono, mas mesmo assim, linda. Vê-la de pé ali depois do que sonhara era reconfortante. Ela animava seu coração só com sua presença.


- Bom dia – disse Rosalie, encostando-se em um pilar, evitando olhares de quem estava dentro do Salão.


- Bom dia – ele respondeu, abraçando-a. Ouviu ela soltar um leve riso de prazer e em seguida o beijar levemente.


- Ainda temos um tempo até as pessoas realmente começarem a descer. É muito cedo. – ela disse ao consultar o relógio. – Por que acordou tão cedo assim?


- Não sei. Eu só... acordei. – Draco respondeu, decidindo não contar para ela sobre o pesadelo. – E você?


- Não consegui dormir muito. Eu ficava lembrando de ontem à noite. – ela respondeu, olhando-o significativamente. Ele sorriu para ela.


- Vai acontecer de novo. Não precisa perder o sono por isso. – brincou.


            Eles ficaram por ali conversando, brincando e trocando carinhos até que ouviram passos no corredor. McGonagall, que vinha andando para entrar no Salão Principal, parou subitamente quando viu Draco e Rose de mãos dadas, visivelmente chocada. Eles soltaram as mãos rapidamente. Draco viu que a garota tinha corado e sentia o próprio rosto arder. McGonagall se recompôs e continuou seu caminho como se não tivesse visto nada.


- Acho melhor entrarmos. – disse Draco.


- Certo. – concordou ela – Ah, boa sorte hoje, apesar de que vocês vão jogar contra a Grifinória. Acho que isso é confraternizar com o adversário. – disse ela sorrindo e dando-lhe um beijo.


- Quê? – ele perguntou confuso, então se lembrou: era o primeiro jogo de Quadribol. – Ah, aposto que vai ser mais difícil, agora que vocês têm o Wesley como goleiro. – disse ele sarcástico.


- Rony não é tão ruim, ele só fica meio nervoso. – ela defendeu.


- Certo, só não me culpe se ele não conseguir. As provocações vão acontecer, você sabe. – ela revirou os olhos.


- Só não tente fazer nada de mais. – ela pediu.


- Não sei se consigo. Fui ensinado a desdenhá-lo, fui criado assim. Não posso fazer isso da noite para o dia, Rose. – ele respondeu suavemente e ela balançou a cabeça em sinal de compreensão. – Vou tentar.


Ele lhe deu mais um beijo e entrou para o Salão Principal e ela o seguiu, indo para sua própria mesa. Viu a professora olhar com uma leve curiosidade e ele podia jurar que a viu dar um leve sorriso. Sentou-se ligeiramente confuso. Minutos depois, Montague, o capitão do time, veio lhe cumprimentar.


- Ei, Malfoy. Use isso. – e lhe entregou um distintivo com as palavras “Wesley é o nosso rei!”. Colocou-o pensando em como Rose veria esse fato.


            Notou que todos os Sonserinos que entravam no Salão usavam o mesmo distintivo. Viu Crabbe e Goyle vindo se juntar a ele já com o uniforme de Quadribol. Esquecera-se de que eles também estavam no time agora. Com o café da manhã tomado, encaminhou-se com o resto do time para os vestiários para se trocar. Ainda usava o distintivo.


            A Grifinória ganhou o jogo. Draco não conseguiu se conter, e a provocação começou. Não era da natureza dele saber perder. Então, em um segundo ele estava desdenhando e no outro, estava dobrado no chão sendo atingido aos socos por Harry Potter e Jorge Wesley. Sentiu o gosto de sangue quando seu nariz estralou e escorreu até a boca. Com a mesma rapidez com que começou, a pancadaria terminou. Viu Madame Hooch gritando com o Potter e com o Wesley.


            Foi carregado para o castelo e não viu Rose na multidão. Sentiu-se péssimo por não ter conseguido se controlar. Ficou preocupado se ela ficaria brava com ele. Não a viu o resto do dia. Ouviu dizer que Potter e os gêmeos Wesley tinham sido expulsos do time da Grifinória.


- Oi. – ele a ouviu cumprimentá-lo no outro dia durante a troca de aula. Ela não sorria.


- Olha, sobre o jogo de ontem... – ele começou a dizer, mas ela balançou a cabeça.


- Não precisa dizer nada. Você já disse que não sabia se ia conseguir. Ta tudo bem. – mas a expressão dela não confirmava isso.


- Não tá tudo bem pra você, Rose.


- É só que ficou um clima ruim na Grifinória. Eles eram os melhores jogadores. Não precisa se preocupar com isso, certo? – ela se apressou a dizer quando ele abriu a boca. – Angelina vai encontrar substitutos bons também. – ela forçou um sorriso.


- Vou tentar me controlar. – ele disse. Rose o abraçou e ele retribuiu o abraço.


- Sei que vai, mas se não conseguir, só... pega mais leve.


- Vamos nos encontrar hoje de novo? – perguntou Draco, mudando de assunto. Ela lhe deu um sorriso feliz e ele respirou aliviado.


- Claro! Nos jardins, desta vez, pode ser? No mesmo horário.


- Onde você quiser. – ele sorriu e a beijou, despedindo-se.


            Draco seguiu para sua aula de feitiços. Rose o estava fazendo mudar. Antes de a conhecer realmente, ele vivia preso em preconceitos e idéias erradas sobre os direitos dos bruxos nascidos trouxas. Ela mexia com ele de um jeito que não sabia explicar. Estava começando a mudar, mas não tinha certeza de que abandonaria sua imagem tão cedo. Se iriam manter segredo, tinham que agir normalmente.


            Mudaria por dentro, enquanto por fora, manteria sua imagem até segunda ordem. Enquanto Rose soubesse quem ele realmente era, não se importava com os outros. Podia se mostrar como era depois, quando tivesse coragem. Era verdade que não se sentia pronto para isso ainda, para o quê as pessoas pensariam.


            Rosalie o estava fazendo enxergar que ele era muito mais do que as pessoas imaginavam. Ele não se resumia a ódio e maldades. Estava se descobrindo.


 


 


            Com o tempo, se aperfeiçoaram a dar escapadas á noite para se verem. Os lugares variavam entre a Torre de Astronomia, salas de aula destrancadas e os jardins. Sempre em silêncio, pois sabiam que estariam mortos se alguém da escola os vissem fora da cama naqueles horários. Era o momento em que Draco relaxava, fechando os olhos e fugindo de tudo ao seu redor e só eles existiam no mundo.


            Já estavam há alguns dias do feriado de Natal e no dia seguinte voltariam ás suas casas para as Festas. Encontraram-se no jardim, Rose já estava lá quando ele saiu e parou na escadaria para observá-la se distraindo com alguma coisa, vestindo grossas blusas de lã vermelha e dourada. Olhou para suas próprias roupas verde e prata. Não que ligassem que o outro pertencia á Casa rival, achavam graça até. Certo dia ela lhe disse que eram como Romeu e Julieta, uma história trouxa que ela contou a ele, e Draco teve certeza de que não seria bem a família dela que não aceitaria esse romance, apesar de não ter dito nada disso a ela.


            Parou de devanear e foi até ela, os pés afundando na neve recém caída. Levava junto a vassoura de Quadribol em uma das mãos e um sorriso no rosto. Ela se virou quando ele ainda estava a alguns metros de distância, sorriu controlando-se para não gritar de prazer ao vê-lo e correu o mais rápido que pôde até ele, jogando seus braços em volta de seu pescoço e o beijou entusiasmadamente. Ele deixou cair a vassoura, que ela aparentou não notar.


- Tenho um presente de Natal antecipado pra você, meu amor – ela disse quando o soltou e entregou um embrulho a Draco. – Feliz Natal. – ela completou, feliz.


            Draco abriu seu presente, animado. Era uma blusa de lã azul escura, do jeito que ele gostava. Tinha junto um porta retrato com a primeira foto que tinham tirado juntos há algumas semanas e um cartão.


- Não abra o cartão agora. – alertou Rose quando Draco fez menção de abri-lo. – Só abra no Natal. Estou te entregando agora porque sei que não vou poder te mandar nada durante as Festas. – ela deu um sorriso triste, mas conformado. – Mas olhe dentro da manga esquerda. – ela continuou, animada. O loiro olhou dentro da manga como ela pedira e viu um pingentinho de coração costurado dentro.


- Agora você tem meu coração na manga. Assim, você pode sempre se lembrar de mim, mesmo quando não estamos juntos. Eu mesma costurei. – completou ela, orgulhosa.


            Ele a encarou abobado e voltou a olhar a blusa que tinha acabado de ganhar. Era a coisa mais linda que já tinha ganhado. Não era cara, ou coisa parecida, mas agora tinha um valor especial para ele.


- Rose. – ele chamou e olhou fundo nos olhos dela, pegando suas mãos. – Eu te amo. – Draco disse seriamente. Os olhos dela se arregalaram de surpresa. Apesar de se gostarem muito, nunca tinham dito para o outro que o amava, com todas as letras. Draco sentiu que não teria melhor momento para dizer.


- Eu... eu... – ela gaguejou. – Ah, Draco. – e se atirou nos braços dele. – Eu também te amo. – ele sentiu sua energia ser renovada quando a ouviu dizendo isso. E então lembrou-se.


- Eu também tenho um presente pra você, Rose. – eles se separaram e Draco tirou uma caixinha de veludo preta do bolso e a entregou para Rosalie. – Feliz Natal, meu anjo.


            Os olhos dela brilharam quando viu um fino e delicado anel dourado com uma pedrinha rosa em formato de coração. Draco percebeu que ela também tinha perdido as palavras, assim como ele, quando ganhou o presente.


- Não vai colocar? – perguntou sorrindo, no que ela o colocou no dedo. Draco achou que tinha ficado perfeito na mão pequena e delicada de Rose. – Agora você tem meu coração na sua mão. – ele a abraçou pela cintura.


- É lindo! – Rose conseguiu dizer, ainda surpresa. O loiro não pôde mais resistir e a beijou.


            Após se recuperar do breve momento desnorteado que ainda tinha quando a beijava, lembrou-se de outra coisa. Pegou a vassoura no chão e Rose a olhou, percebendo pela primeira vez que o objeto estava ali. Seus olhos desconfiados encontraram os de Draco, maliciosos.


- Nós vamos voar hoje à noite. – ele informou a ela.


- Voar? – ela repetiu, aturdida.


- Voar. – ele confirmou. Ele pegou sua mão e começou a levá-la em direção ao campo de Quadribol, ainda incrédula.


- E você não acha que nenhum professor vai nos ver?


- Claro que não, Rose. Estaremos no céu. – ele sorriu, mas ela não relaxou. Ele tentou de novo, não queria voar se ela ainda estivesse no chão. – Vem comigo. – Draco disse já montando na vassoura. A Grifinória não se mexeu. – Confia em mim?


- Claro que confio! – ela protestou.


- Então vem. Nós podemos iluminar o céu hoje à noite, se você ficar comigo. E o mundo será nosso. – ele sussurrou. Ela esticou sua mão e Draco a ajudou a subir. Rose passou seus braços em torno de seu tórax, apertando sua blusa. – Está pronta, minha estrela? – ele perguntou galanteador para ela, fazendo graça. Ela riu.


- Estou. – Rose disse e ele percebeu que estava mesmo. Draco pegou impulso e no minuto seguinte estavam no ar.


- Não podemos ir muito longe, mas graças a Merlim que o terreno de Hogwarts é bem grande. – ele gritou para ela, o vento levando sua voz.


            Viravam a cabeça para olhar o que estavam deixando para baixo. De vez em quando, gritavam um para o outro, através do vento, apontando isso ou aquilo. Passaram por cima do Salgueiro Lutador, pela cabana de Hagrid, o Guarda-Caças, e viram a fumaça saindo pela chaminé. Sobrevoaram a Floresta Proibida até as árvores ficarem tão fechadas que não se podia ver mais nada. Viram luzes se acenderem no Castelo, aqui e ali, a intervalos irregulares.


            Não sabiam dizer quanto tempo tinha se passado desde que começaram a voar. Nenhum dos dois estava preocupado em saber. Certo momento, Draco parou com a vassoura no ar muito acima da escola, ele e Rose olhando para a lua cheia no céu. Ela o abraçou forte e pousou o queixo em seu ombro.


- É linda – sussurrou ela.


- É mesmo. – disse Draco olhando diretamente para a garota.


- Estou falando da Lua. – disse ela, corada.


- E eu estou falando de você. – ele virou-se na vassoura, passando as duas pernas para um lado só e a encarando. – Rose, quer namorar comigo?


- Quero – respondeu, um sorriso se espalhando pelo rosto. Tomou cuidado ao se inclinar para frente e depositar um beijo leve nos lábios finos do loiro.


            Draco queria abraçá-la, mas tinha certeza que se fizesse isso, os dois cairiam da vassoura. Voltou a sua posição normal e deu meia volta no ar, indo em direção ao castelo. Pousou em uma parte plana do telhado, onde ele e Rose se deitaram de mãos dadas. Era sexta-feira e estavam debaixo das estrelas. Não era preciso dizer nada, pois tudo o que precisavam estava logo ao lado.



N/A: Heey! Decidi dividir a fic em dois capítulos... achei que tinha ficado muito grande pra ser um só. Bom... espero que gostem... quero saber, porque to pensando em fazer uma continuação do sexto e sétimo ano.

Beeijo, Nathália Black

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