Capítulo 1 – As Férias



Querido diário,

Hoje está uma noite muito bonita, o céu está estrelado e, pra variar, eu estou pensando em Rony Weasley. Sentada em minha janela, estou lembrando daquela cena que me deixou muito chocada...

Quando estávamos no trem voltando de pra Hogwarts, eu reparei que Rony tinha esquecido o livro de Poções em cima do assento e fui até a cabine que ele estava pra entregar pra ele. Nunca pensei que ia me deparar com aquela cena. Rony estava beijando Lilá Brown. Saí correndo da cabine e Rony nem percebeu que eu estivera ali. E pra completar, esbarrei no nojento do Malfoy, que me chamou de xexelenta, fedorenta e Sangue-Ruim.

Ainda chorando, fui procurar a Gina pra poder desabafar, aquela cena ainda passava nitidamente na frente dos meus olhos.

Eu e Gina somos amigas desde o primeiro ano dela em Hogwarts. Nossa amizade se fortaleceu desde que eu vou passar as férias n’A Toca.

Encontrei Gina na última cabine do trem:

– Oi, Mione! Ué, porque você tá chorando?

– Por-q-que o ogro do s-seu irmão t-tav-va beijando a Li-lá quand-do eu ent-entrei na cabine! – solucei descontrolada.

– Ué, quando o “ogro” do meu irmão pediu pra ficar com você, você disse não e ele teve que sair catando os caquinhos da cara dele. Aliás, porque você disse não?

– Porque eu tenho vergonha dele! – respondi, me controlando pra não soluçar.

– Mas você conhece ele há seis anos!

Mas quando eu fui replicar que era só como amiga, Rony apareceu com cara de quem acabara de ver a Julia Roberts.

– Do que vocês tão falando? – ele perguntou.

– Nada! – gritei com voz estridente.

Não consegui controlar o impulso que me tomou de repente e quando Rony foi falar, eu dei um murro na cara dele.

– Pirou, ô ex-dentuça? – ele gritou, segurando o nariz que pingava sangue.

– VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE FAZER ISSO COMIGO, SEU INSENSÍVEL! – eu disse, correndo pra cima dele e distribuindo tapas pelo peito e pelos braços dele, histérica. Ele se encolheu, tentando escapar. Eu parei na frente dele e apontei o dedo pra ele – NÃO TINHA, NÃO TINHA E NÃO TINHA! VOCÊ É DESPREZÍVEL – o queixo dele caiu um pouco –, VOCÊ É NOJENTO – o queixo dele caiu de vez – E... E... VOCÊ É PIOR QUE O MALFOY!

– EPA! POPARÁ! – Rony gritou – Eu não sei do que você tá falando, mas pior que o Malfoy, não!

– Oh! – exclamei saindo da cabine pisando forte.

– O que deu nela? – Rony perguntou abobado à Gina.

– Oh! Bem... Tipo, cara, você que sabe! – ela disse também saindo.

Como você pode ver, amado diário, essa foi uma cena que deixou o meu cabelo mais em pé do que já é normalmente...


Em uma manhã de sol quente, Gina olhava para o jardim pela janela de seu quarto pensando em como seu irmão era estúpido. Como ele podia sair beijando outras meninas sabendo que Hermione gostava dele? E Gina desconfiava que ele gostava dela também, mas ele sempre negava.

Suspirando, Gina se levantou e foi até a mesa. Começou a escrever cartas para Hermione e Harry, chamando-os para passar as duas últimas semanas de férias n’A Toca.


Harry estava deitado em sua cama lendo o livro “O Padrão de Feitiços – 6ª Série” quando ouviu alguma coisa bater na sua janela:

– Errol! – Harry exclamou indo recolher a coruja do parapeito da janela – Carácoles, que sorte! Espero que seja o Rony me chamando pra passar o resto das férias n’A Toca! Não agüento mais as reclamações do tio Válter...

Harry pegou a coruja e levou-a para a gaiola de Edwiges, tirando a carta da perna dela. Para seu espanto, não era de Rony, e sim de Gina:

“Olá, Harry!

Bem... imagino que você deve estar achando estranho eu estar te mandando essa carta e não o Rony, mas... ah, é que ele anda tendo problemas com uma certa praga chamada Lilá que não larga do pé dele.”

– Caraca, Rony mudou pra caramba! Antes ele era desengonçado, agora virou o Zé Bonitinho!

“Bem, continuando. Essa carta é pra chamar você pra vir passar o resto das férias aqui. Vem, por favor, você precisa me ajudar a acabar com essa palhaçada do Rony!

Estamos te esperando

Gina Weasley.”

– Coitada da Mione... mas amanhã mesmo eu vou pr’A Toca. Já não agüento mais essa gentalha!

Ansioso, Harry fez as malas e foi se deitar. Como estaria Rony? Porque ele mudara tanto? Essas perguntas martelaram a cabeça de Harry até ele adormecer.


Faltando apenas duas semanas para o regresso a Hogwarts, Hermione recebeu uma carta de Gina entregue por Pichitinho:

“E aí, Mione?

Como você tá? Ainda muito chateada com o Rony? Espero que não, porque eu queria muito que você viesse pra cá... POR FAVOR!!! É um pedido desesperado de sua amiga que se sente extremamente sozinha com três cavalos... digo, irmãos, atazanando sua vida! Rony, Fred e Jorge não me deixam em paz! E Harry vem pra cá também!

Estou esperando ansiosamente por você!

Gina.”

Sorrindo, Hermione colocou a carta de volta no envelope. Queria ir para ver Rony e Harry e para fazer companhia à Gina. Mas a lembrança de Rony e Lilá a fazia desistir no mesmo momento.

Por fim, resolveu deixar de ser infantil e mandou uma carta para Gina dizendo que ia para lá na manhã seguinte.


Quando Harry desceu para a cozinha na manhã seguinte à carta de Gina, Duda via TV comendo uma enorme bomba de chocolate, ocupando dois assentos do sofá; tia Petúnia fritava ovos e tio Válter estava escondido atrás de um jornal. Ele sentou-se à mesa, tomou coragem e falou:

– Posso ir pr’A Toca hoje à tarde?

Tio Válter abaixou vagarosamente o jornal:

– Você vai passar o resto das férias com aqueles imundos?

Harry se controlou, pois sabia que tio Válter queria provoca-lo:

– É, eu vou passar o resto das férias com os “imundos”.

– E só vai voltar quando seu ano letivo naquela escola maldita acabar?

Harry respirou fundo:

– É, eu vou passar o ano todo naquela “escola maldita”.

– Então vá para o diabo que o carregue e nos deixe em paz – disse, voltando ao jornal.

Harry deu de ombros, pegou uma torrada e subiu para buscar as malas.
Porém, quando chegou ao quarto, Harry percebeu que não tinha como ir pr’A Toca. Não tinha Pó de Flu, não sabia aparatar... Resolveu mandar uma carta para Gina dizendo que não tinha como ir.


Quando Gina recebeu a carta em sua casa, ficou desesperada pois ela queria que ele fosse para A Toca. Então teve uma idéia: chamou Fred e Jorge e falou para eles aparatarem na Rua dos Alfeneiros e levarem Harry através de uma chave de portal.


Harry recebeu a resposta de Gina e sorriu. Ele queria muito ir pr’A Toca e, graças a Deus, gina puxara aos gêmeos e não a Rony. Desceu com as malas, passou pelos Dursley sem falar nada e foi para a porta esperar os gêmeos. Harry acabara de arrumar as malas no portal quando ouviu um forte estalo seguido de um grito agudo.

– O que é isso? O QUE ESTÁ ACONTECENDO?! – Harry ouviu a voz do tio Válter.

– MÃÃE! – a voz de Duda soou chorona e tia Petúnia soltou um gritinho.

Harry escancarou a porta e viu as pessoas que menos esperava ver lá dentro.

Fred e Jorge.

– E aí, Harry, beleza? – perguntou Fred ignorando os Dursley.

Harry arregalou os olhos e pensou: “Agora eu tenho a certeza absoluta de que estarei morto em um minuto.”

– Não fiquem com medo, nós já vamos – disse Jorge para os Dursley que estavam canto da sala tremendo de medo.

– Anda, Harry, tô morrendo de fome. A Gina não me deixou nem comer! – Fred falou puxando Harry para fora e deixando os Dursley estáticos na sala – Seus parentes são estranhos, Harry – comentou Fred assim que chegaram lá fora, puxando do bolso da calça uma caneca de lata com o escudo do Chudley Cannons e batendo nela com a varinha. A caneca emitiu uma luz azulada e estremeceu – No três... um ... dois... três!

Eles tocaram a caneca e Harry sentiu a familiar sensação de seus pés deixarem o chão.


Hermione se aprontava para passar mais uma temporada n’A Toca. Ela desceu do quarto com as malas, despediu-se dos pais, pegou um pouco de Pó de Flu e jogou na lareira. Gritou “A Toca” assim que entrou na lareira e se sentiu girar, girar e girar. Não estava preparada para a queda e caiu de quatro na lareira dos Weasley exclamando “ui!”.


Rony estava sentado no sofá de sua casa lendo tranqüilamente os quadrinhos do Profeta Diário quando ouviu um sonoro “ui!” vindo de sua lareira. Assustado, virou-se para olhar e se deparou com uma garota de quatro e com os cabelos nas alturas.

– AAAHH! – gritou Rony jogando o jornal longe e pondo-se de pé num salto,

– AAAHH! – gritou Hermione levantando-se e tentando arrumar o cabelo.

– Hermione? Mas... como... o que você tá fazendo aqui?

– Eu... bem... ah... foi... foi a Gina que me chamou – gaguejou Hermione sem graça.

Nesse momento, Gina apareceu na sala.

– Mas que barulho é... Hermione! Eu pensei que você viesse mais tarde!

– Mas o que... o que ela tá fazendo aqui? Eu não tô entendendo nada!

– Ih, relaxa, Rony! Eu chamei a Mione pra passar o resto das férias aqui! Vem, Mione, tenho que te mostrar meu novo creme de ova de rã...

– Eu não acred... aah! Harry, cara, que bom que você tá aqui! – disse Rony levantando-se para abraçar o recém-chegado Harry.

– Caraca, Rony, como você cresceu! – disse Harry assustado com o desenvolvimento do amigo.

– OK, vamos parar com o sentimentalismo, vocês dois. Harry, a mamãe vai querer ver você – disse Fred.

– OK, daqui a pouco eu vou. Rony, a Hemione chegou?

– O que, aquela garota de cabelo de nega-maluca-rolando-o-morro?

– Ela mesma, mas pare de chamar ela assim! Chegou ou não?

– Chegou.

– Vou lá ver ela. Ela tá com a Gina?

– Tá.

– Então vou lá.

– Olha o que você vai fazer no quarto da minha irmã, hein! – disse Jorge rindo.

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