Prólogo



Prólogo


 


 


Parecia apenas mais uma noite, porém não o era. As estrelas brilhavam no céu e fazia tempos que eu não apreciava a beleza simples e os efeitos que elas me proporcionam. Há muito tempo atrás essas mesmas estrelas, ou talvez outras, ou mesmo o brilho final de suas vidas presenciava outros tempos, tempos horríveis, de morte, guerra, destruição e sofrimento.


 


O ser humano é muito peculiar, tem uma tendência autodestrutiva, e por mais que queiramos viver em paz e harmonia, há sempre aqueles que destoam dessa linha tênue entre a felicidade e a tristeza, a loucura de amar e a obsessão, e isso, acredito eu, é um mal incurável em nós.


 


Sinto falta daquele tempo, não das coisas ruins, mas de grandes amigos que fiz e ainda possuo. Alguns já se foram, outros se afastaram, poucos seguiram caminhos que nos deixaram distantes, mas, como o curso natural de nossas vidas, há pessoas que nos impregnaram tanto com sua essência, que nos tornamos extensões um dos outros, um mecanismo vivo e imutável, que só pode viver enquanto todas as partes funcionarem conjuntamente.


 


Amanhã será um dia de festa, alegria e descontração. Verei e reverei amigos, ex-inimigos, conhecidos, desconhecidos, amores de infância, amigos íntimos e pessoas que significam não só a razão de eu estar aqui, mas me dão alento e forças para continuar a viver cada dia como se fosse o último, como se fosse especial, e com uma juventude talvez melhorada de meus vinte anos.


 


- Ah, sim, caros leitores, vocês devem estar se perguntando sobre o que eu estou falando, e eu lhes devo uma resposta.


 


Amanhã faz 60 anos em que eu estou casada com o único homem da minha vida. Tive lá minhas poucas aventuras, mas se eu não teimasse em duvidar do destino, eu diria que estava destinada a ser dele, a ficarmos juntos até que a morte nos chame. No mundo trouxa diriam que estamos comemorando Bodas de Diamante, gosto do termo, li um pouco sobre ele, e me sinto honrada de comemorar um amor sem limites, que me queima por dentro desde a primeira vez que o vi, com 10 anos de idade na plataforma 9 e três quartos, até os dias de hoje.


 


Aquele frio na barriga, um pequeno suor nas mãos, uma lágrima que às vezes insiste em marejar meus olhos. A visão talvez tenha mudado, a aparência tenha mudado, mas eu o vejo sempre, e eternamente como aquele lindo garoto de olhos verdes, cicatriz na testa e óculos redondos a adornar o seu belo rosto.


 


Talvez seja uma conversa para velhos, - e vocês, jovens e garotos na flor da idade, devem estar de saco cheio dessa conversa enfadonha. Talvez a idade nos aproxime de uma forma única de comportamento, talvez seja peculiar ou talvez não seja nada. Essas palavras não são minhas, e sim de um famoso diretor de Hogwarts, chamado Alvo Dumbledore. Sinto falta dele, muita, mas um dia hei de agradecê-lo por tudo que me e nos proporcionou em sua brilhante e magnífica vida.


 


Tenho, hoje, 78 anos de idade, vi e vivi muitas coisas, e compartilharei com vocês, aos poucos, afinal, prometi a Natalie Lovegood uma série de entrevistas e estudos para uma biografia, minha e de Harry Potter.


 


Sejam muito bem vindos ao meu mundo, e espero que os agrade essa viagem à cabeça de uma senhora idosa e muito feliz.

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