Made you hurt until you couldn

Made you hurt until you couldn



Capítulo 6: Made you hurt until you couldn’t see.


Pânico. Foi o sentimento que tive ao abrir os olhos. Puta que pariu. Foram as primeiras palavras que vieram a minha mente. Roupas. Foi o que eu busquei sentir. O que aconteceu? É o que eu também estou me perguntando.


                Estou olhando para Draco Malfoy dormindo já faz alguns minutos, e mesmo ele tendo uma expressão tão calma, que está me lembrando de uma criança enquanto dorme, não fez meu pânico diminuir, na verdade, o fez aumentar.


                Ele está sem camisa, e eu, pelo pequeno movimento que fiz para ver se eu estava mesmo vestida, usava ainda o vestido e, principalmente, a calcinha. Então, não havia entrado para a (longa) lista do loiro com rosto de bebê que dorme ao meu lado, mas isso não respondia o motivo de eu estar ali.


                A noite passada vem para mim em borrões. Após termos entrado naquela boate, lembro-me de ter dançado, de ter lutado contra todos meus instintos para agarrar Draco Malfoy quando olhei naqueles olhos cinzentos a centímetros de mim, e que para me recuperar, tive que buscar espaço, com a desculpa de uma bebida, que eu não bebo. Isso mesmo; NÃO BEBO BEBIDAS ALCOOLICAS. Então, quando Draco pediu para mim uma tequila, não tive como protestar, porque, além de ter usado a bebida como uma desculpa para me afastar, estava confusa, e ainda teve o nivelamento de testosterona que ele mostrou com Cormáco. Certo, ele era uma babaca, descobri depois, mas mesmo assim.


                Virei à bebida, imitando-o. Desceu, você sabe né? Com a suavidade da tequila, como se tivesse rasgando meu corpo. Precisava me mexer ou a sensação de queimação parecia que não ia sumir, Draco me seguiu. Sua mão nas minhas costas, pele com pele, ele tinha feito aquilo quase a noite toda, mas a reação era a mesma. Arrepio. Nós fomos para o meio da pista e começamos a dançar. Ele se movimentava junto comigo, estava ótimo.


                Quando ele sussurrou que eu era linda, a bebida deve ter dado a coragem. Eu ia beijá-lo. Ah, agora lembro, aquela vaca. O sentimento de ódio me subiu. Precisava botá-lo para baixo. Fui ao bar e pedi a bebida mais forte que tinha. Absinto. Bebi tudo. GRANDE ARREPENDIMENTO. Se eu achava que a tequila queimava, absinto parecia que eu tinha tomado fogo. O que de fato, não deixava de ser verdade.


                As imagens começam a ficar meio bagunçadas por aqui. Draco apareceu, eu falei algumas coisas que estavam entaladas desde o jantar. A outra dose do absinto chegou, tinha pedido logo duas, para ter certeza que o ciúme não iria aparecer. Bebi novamente. E daí lembro algumas coisas vagamente... CACETE!


                Seu rosto era pontudo e pálido, os cabelos loiros caiam de uma forma natural sobre o travesseiro, o nariz era afilado e perfeito, os lábios não muito cheios, e os olhos... Ah, os olhos de Draco Malfoy poderiam lembrar, de longe, grafite, mas dessa distância, estão me lembrando do céu nublado, mesmo que para alguns eles deem medo, para mim, me acalma.


                MERDA.


Levantei-me tão rápido que fiquei tonta. Draco havia acordado enquanto eu encarava seu lindo rosto e o vi-a dormir, como uma louca. Minha cabeça está doendo, meu estômago quer sair pela boca... É isso que chamam de ressaca, ou é vergonha mesmo?


_Bom dia.- escuto a voz dele, um pouco mais rouca, seguido de um barulhinho de como se ele estivesse se espreguiçando.


_Bom dia.- respondo, aproximando meus joelhos, massageando minha temporã, e colocando uma mão discretamente nos lábios.


_Sentindo a ressaca?- ele perguntou sentando ao meu lado, mostrando o peitoral, que está de parabéns, e a barriga completamente definida.


_Um pouco.- menti.


_Porque essa mão na boca? Não consigo te ouvir muito bem.- ele perguntou, bagunçando um pouco os cabelos. Meu Deus devia ser proibido alguém acordar tão bem.


_Eu acordo com mau hálito.- estou me sentindo uma imbecil, mas não tinha como eu mentir sobre isso.


                Senti seus dedos passarem pelo meu queixo e me puxar de encontro a sua boca... ELE ESTÁ ME BEIJANDO. Na verdade, nossos lábios se encontraram. E os dele são tão macios, e ele não tem mau hálito. COMO ASSIM? Eu estou sentindo me derreter toda. E a língua dele também. Nossa, que beijo é esse? Eu me lembro de tê-lo beijado, mas não lembrava que era assim.


_Não senti mau hálito algum.- ele falou, com a testa encostada na minha.


_Hmmm...- é o que eu consigo dizer. Ele tá me beijando de novo... Desse jeito eu não vou conseguir formular uma frase.


_Você quer tomar banho primeiro?- ele me pergunta, enquanto tento recuperar a capacidade de fala. Ele deu uma risadinha.- Hermione?


                Ah, dane-se. Dessa vez, fui eu quem começou o beijo. Já o fiz noite passada mesmo, e ele não se importa com o meu hálito (que é ruim). E nossa, devo estar louca por ele. Enfio minhas mãos nos seus cabelos e os puxo de leve. Sinto a mão dele na minha coxa me encorajando a colocar uma perna de cada lado do seu corpo...


Estou montada em Draco Malfoy, mas não me importo. Sua mão volta para meu rosto, e de leve o sinto me puxar para deitar por cima dele na cama. Consigo sentir melhor o corpo dele assim, é mais definido e duro do que pensei. As mãos dele estão nas minhas coxas agora, alisando e apertando-as de leve. Isso é bom... Pera, isso é o que eu acho que é? Parei o beijo, e ambos olhamos para baixo.


_Reflexo?- ele me pergunta. Não posso culpá-lo, porque dei total motivo para ele estar... Bem, do jeito que está.


_E-Eu vou tomar banho primeiro.- falei, saindo de cima dele, sem fôlego e sem jeito, me deitando ao seu lado.


_Há toalhas no banheiro, pode usar qualquer uma.- ele também me parece desconfortável, mas ainda não aprendi a ler completamente suas emoções.


                Peguei minha bolsa, que estava jogada no apartamento, e me dirigi ao banheiro. Então era assim que as garotas eram acordadas pro Draco Malfoy? Nossa, entendo o motivo delas suspirarem. Olhei-me no espelho, e não sei como, mas minha maquiagem não está completamente um desastre e meus cabelos não tão horríveis quanto imaginei. Obrigada, Nick.


                Tomei meu banho aproveitando cada minuto e tentando lembrar tudo o que tinha dito noite passada, mas não é necessário dizer que fracassei. Algumas cenas me vieram à cabeça, alguns diálogos, mas nada que fizesse sentido, ou ordem. Consegui tirar uma parte da maquiagem, e escovei os cabelos de uma forma que esperava que eles não me traíssem, e mais uma vez, agradeci Nicole que colocou uma escova de dente na bolsa. Uma olhada rápida no celular para saber o horário, sem ligações, porque meus pais não estavam em casa, e uma desculpa estava feita para eu dá o fora dali.


_Alô?- ouvi Draco falar, antes de abrir a porta.- Não, não precisa. Sim, tenho certeza... Eu disse não, Pansy.- Ela não larga o osso, né? Não são nem 10 horas da manhã! Foi quando ouvi alguém tocar a campanhia.- O que você está fazendo aqui?


_Café da manhã, para fazer as pazes.- ELA ESTÁ AQUI! PANSY PARKINSON ESTÁ AQUI! Como eu vou sair do banheiro sem que segunda-feira eu tenha ficar olhando para meus pés pelos corredores de Angels Falls?- Oh, você já estava cozinhando? Não precisava...


_Não é para você. Pansy, eu não quero falar com você agora.- Isso mesmo, vá embora.


_Foi pelo que eu fiz ontem? Você não gostou?


_Não é nada disso, só quero que você saia.


_Então você gostou?- meus ouvidos ficaram apurados.


_Não foi o ponto alto da minha noite, agora, se me dá licença...- eu sorri.


_Ela está aqui?- o tom dela era acusatório.


_Do que você está falando?


_Estou vendo os sapatos dela... Aquela falsa puritana, quase me enganou a vadiazinha...


_Isso não é da sua conta, e eu já lhe pedi mais de uma vez, o que você não está merecendo, sabendo como eu sou, então, tenha um bom final de semana, Pansy.- pah! Ouvi a porta bater. Bem, segunda-feira eu teria que lidar com os olhares acusatórios.


_Me desculpe por isso.- falei abrindo a porta do banheiro.


_Ela vem fazer um escândalo, e você que se desculpa?- ele sorriu de lado, e veio em minha direção.


_Eu não estou me desculpando por ela ser uma vaca, estou me desculpando por ter sido o motivo do escândalo.


_Ei, não vamos falar disso, certo.- ele falou me olhando nos olhos, sorri um pouco e ele abriu o sorriso dele. Ele me abraçou forte, e beijou meu pescoço.- Está mais cheirosa.- e me beijou nos lábios.- e com gostinho de menta.- eu ri.


_Então você sentiu meu hálito.- acusei me afastando.


_Não, mas senti o gosto de menta agora.


_O que é isso?- perguntei apontando para a mesa posta.


_Ah, café da manhã.- ele me respondeu apontando o óbvio. Olhei para ele ironicamente.


_E como ele surgiu?


_Eu fiz.


_Você cozinha?- estava chocada.


_Não, mágica.- foi a vez dele ser irônico.- Não há nada mais sexy que um homem que cozinha, certo?- É, como se você precisasse disso. Mas não falei em voz alta, o ego dele já cobre muito espaço.


                Nossa conversa foi natural, suave, durante o café da manhã. Draco realmente sabia cozinhar. Seu sorriso parecia diferente, mais honesto. Ele não comentou nenhuma vez sobre noite passada. Foi quase como um segundo encontro, ou como devia ter sido o primeiro, conversamos sobre o colégio, nossas pretensões futuras, e coisas que fazíamos por hobbie.


_Então, você gostou?- ele perguntou observando os pratos vazios na mesa.


_Você devia fazer profissionalmente.- comentei, limpando os lábios com o guardanapo. Sorrimos um para o outro, como uma piada particular, e ele me beijou novamente. Eu podia me acostumar com isso.- Preciso ir.


_O que? Não, não precisa.


_Eu dormi aqui, meus pais devem estar preocupados.- falei, me levantando. Não queria mentir, mas não me confiava com Draco Malfoy entre quatro paredes, sóbria, com uma cama. Estava surpresa que não tinha acontecido nada comigo bêbada.


_Hermione, o que você vai fazer hoje à noite?- fiquei surpresa, mas escondi minhas expressões em uma procura por meus sapatos.


_Não sei, porque?- perguntei, colocando os sapatos.


_Vamos ao cinema?- ele perguntou segurando meu rosto, e me beijando suavemente.


_Você é do tipo que vai ao cinema?- suspirei.


_Não, mas estou procurando uma desculpa para ter você o final de semana inteiro.


_Porque?- perguntei séria. Eu realmente queria saber o motivo de Draco fodão Malfoy querer ficar comigo, uma nerd, completamente sem graça, o final de semana inteiro. Uma aposta? Do que não teve ontem, terá nas próximas horas?


_Você é interessante. E se para ter você do meu lado eu preciso estar em um relacionamento... Vou ao menos tentar.


_Relacionamento?- perguntei me retirando dos braços dele e andando pelo loft, como se procurasse algo, mas acho que não vou encontrar calma assim tão fácil.- Achei que tínhamos deixado claro, não namoramos.


_Você não se lembra.- ele ria.


_Do que?- ele me olhava divertido... Que bom que meu visível pânico o entretinha.- Você pode...- a memória me atingiu como um tapa na cara.


“Eu sou ciumenta, Malfoy. Esse é outro motivo pelo qual eu não namoro. Não tolero algo que não controlo e não me dá certeza, mas um relacionamento é isso. E se eu for desse jeito, não quero nem começar.”


                Vergonha? Pânico? Ressaca? Tudo me atingiu de uma vez. Tive que realizar uma disputa interna com meu corpo para não vomitar ali mesmo. Palavras tentavam sair da minha boca, mas não conseguiam ser formuladas. Eu tinha assinado meu atestado de louca, que garoto ia querer aquilo? Ele estava brincando comigo... Só podia.


_Eu quero... Eu preciso ir.- me levantei em direção a porta, quando finalmente consegui juntar forças para falar e andar.


_Ãh? Porque?- ele correu até a porta para me impedir.


_E-Eu não sou assim, Malfoy, você já sabe.


_Eu não me importo.- me virei, e o encarei desconfiada e desconfortável.


_Eu também não pretendo transar com você, se isso é uma aposta...


_Hermione, meus amigos desistiram de apostar contra mim, principalmente se o assunto é mulher.


_Então porque você quer ficar comigo? Eu não me considero uma maluca completa,- mentira.- mas eu também não sou um exemplo de sanidade.


_Você me diverte.- cruzei os braços e o olhei feio.- Olha, não vou te obrigar, mas estou te convidando a ir o cinema comigo. Um local público, sem bebida alcoólica. Completamente inocente.


_Inocência e você não me parecem andar de mãos dadas.- Ele sorriu.


_E não andamos, mas prometo não fazer nada que você não queira.- ele sussurrou e me beijou. O que eu achei um puta golpe baixo, não tive como rebater. Procurei a maçaneta, e quando ele me deu um pouco de espaço, abri a porta e sai, respirei fundo, e abri novamente a porta.


_Seis horas, nos encontramos em frente ao cinema, não se atrase.- Ele parecia que ia falar algo, mas fui embora antes que ele protestasse.


 

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