She made it easy, made it free

She made it easy, made it free



Capítulo 5: She made it easy, made it free.


DRACO MALFOY.


Certo, quem vai narrar esse encontro sou eu, Draco Malfoy. Isso mesmo. Por quê? Bem, Hermione está dormindo tão tranquilamente em minha cama, que estou com pena de acordá-la, e tenho certeza que você não quer esperar para saber o que aconteceu, mais tarde, talvez, ela conte a você uma versão pudica dos fatos, e quando digo pudica, quero dizer chata e um tanto censurada, mas vamos volta de onde ela os deixou...


E ali ela estava, no alto da escada, vestindo um pedaço de pano preto, que ela talvez chamasse de vestido, mostrando as suas pernas (e que pernas!) torneadas e lisas. Ela estava linda, sempre a achei, mas sobre isso conto depois. Nicole, com certeza, havia a arrumado e a deixado uma tentação maior. Seus cabelos estavam mais brilhosos, os cachos mais definidos, alguns deles caiam majestosamente sobre o decote generoso que o pedaço de pano exibia.


Não quis demorar muito ali, já a estava querendo ter apenas para mim já fazia semanas, mais alguns minutos e não saberia se conseguiria manter a imparcialidade que tive que sustentar ao vê-la descendo, quase que em câmera lenta, pela escada. Se ela estava querendo fazer uma grande entrada, conseguiu. Mas quando ela se pós ao meu lado, percebi um pouco de frustração em seu rosto, quando ela colocou uma mecha atrás da orelha.


_Ah, finalmente.- Nicole tirou as palavras de meus pensamentos.- Certo, vão e não cheguem cedo.- Ela brincou.


_Certo, mãe.- brinquei também. V sim, ela era uma pessoa com quem eu poderia usar esse termo.


_Hmmm...- Ouvi Hermione abrir a boca, enquanto fechava a porta. Ela estava de costas para mim, então, pude ver o decote que também havia nas costas. Ela queria me matar? Como poderia levá-la a algum lugar com ela "vestida" desse jeito?- Você já pode...


Não fui sutil. Não quis ser sutil. Não a deixei terminar a frase espirituosa que com certeza estava por vir. Quando a beijei, não foi um beijo que dizia que eu gostava dela, ou que a queria naquele instante (ok, talvez um pouco), foi um beijo mais possessivo. Foi para mostrar que eu a tinha chamado para sair por um motivo, e que não a deixaria voltar sozinha, ou pior, com outro, para casa. Naquela noite, com aquele pedaço de pano, ela era minha.


Não aprofundei o beijo, não houve língua, apenas nossas bocas estavam coladas, enquanto com uma mão, segurava sua cabeça, e a outra, apertava sua cintura. Pude sentir que ela estava tão chocada, que não teve reação. Apenas alguns segundos depois, ela fechou os olhos, e quando senti suas mãos em minhas costas, tive que soltá-la. Mais um pouco do seu toque e não conseguiríamos sair daquela varanda.


_Vamos lá.- falei. Ela parecia meio tonta.- Você está bem?


_Si-Sim!- Ela quase gritou enquanto se situava. Tive que rir.- P-Para onde estamos indo?


_Meu carro.- respondi.


_Sua ideia de "sair" é muito limitada, então.- ai estava. As respostas espirituosas que ela sempre buscava, sorri mais uma vez ao pensar na resposta, de que era impressionante o que se podia fazer com essa "limitação" em um Vanquish, e abri a porta do carro para ela.- Para onde o seu carro irá nos levar? Foi o que quiser perguntar.- ela falou, parada em frente ao carro, o olhando com um nítido tédio, esperando minha resposta impacientemente.


_Surpresa.- respondi.


_Então não deve ser surpresa que eu não vou entrar ai.- esperei.- Não antes de saber se posso ser sequestrada ou coisa do tipo, vamos, me diga, para onde?- achei que ela estava brincando, mas ela realmente acreditava naquilo, ri de novo.


_Eu não vou sequestrá-la, mesmo que eu a diga para onde pretendo levá-la, você não saberia, não deve ter ido a cidade.- ela olhou rapidamente para as próprias roupas... AH! Claro, ela tinha ido a cidade, por mim.- Além disso, muitas testemunhas.- apontei com a cabeça para a casa dela, que a chamou atenção brevemente, e pudemos flagrar Nicole, Luna Lovegood, e a Weasley nos espiando pela janela.


_Certo, confiarei dessa vez, Malfoy.- sorri a menção do meu sobrenome. Ela entrou no carro, e enquanto dava a volta neste, acenei para as três da janela, escorregando para o banco do motorista.


_Horário de retorno?- perguntei, ela era uma garota de família, notava-se.


_Meus pais não estão em casa.- ela respondeu, colocando o cinto, mas percebi que se arrependeu de ter dito aquilo menos de meio segundo após ter terminado a frase.- Quer dizer, eles não estão agora, foram ao cinema, mas devem demorar... Ehr... Retorno antes das 1h.


_Ok.- Acelerei. Ela não reclamou. Diferente das outras, como sempre. Observei-a perifericamente, parecia admirada com a velocidade que o carro tomava, arriscaria até animada.- Gosta de carros?- perguntei. Garotas normalmente não gostam de falar sobre carros.


_Me processe.- sorri um pouco. Mais uma vez, estava surpreso.- Você tá sempre sorrindo?- me confundi com a pergunta.


_Só quando acho graça em alguma coisa.


_Devo ser uma palhaça e não sabia, então.


_Como é?- perguntei, rindo um pouco mais abertamente.


_Você tá sempre sorrindo quando estamos conversando.- ela pareceu frustrada.


_Talvez você seja divertida.- e ela é.


_Ou...- ela esperou que eu terminasse a resposta, mas queria ver qual a opinião dela sobre ela mesma.- uma completa idiota.- sorri novamente.- viu! Você fica rindo de mim...


_Não é de você, são de suas ações.- eu estava sendo honesto. Hermione causava isso em mim.


_Certo, vou engolir essa de "não é de você, é com você", apesar de ser eu a frustrada e você quem rir.


_Quer ouvir música?- Não faltava muito para chegarmos, mas não queria para de ouvir a voz dela, só indiquei o som porque era a primeira coisa que as garotas queriam ao entrar.


_Não muito, prefiro conversar. Nós não tivemos muitas oportunidades.- ela olhava pela janela, mas gostei da honestidade. De fato, não tivemos muitas oportunidades de conversar.- Porque me beijou?- ela não me olhou, mas olhava fixamente para frente, deixa sua face rubra de perfil, para eu contemplar.


_Você se viu no espelho?- perguntei na intenção de apontar o óbvio, mas só a fez parecer confusa.- Você está gostosa, Hermione.- respondi, ela me olhou, agora zangada.


_Que tipo de resposta é essa?


_Uma honesta.- eu me orgulhava disso quando estava perto dela.- Você preferiria que eu tivesse falado outro adjetivo? Exuberante? Magnífica? Linda?- ela voltara pro confusa.- Você está gostosa, essa é a intenção do trapo que está usando para cobrir menos da metade do seu corpo, e que finge ser um vestido.- ela abriu a boca para me responder, mas parei o carro. Havíamos chegado ao nosso destino.


O "Três Vassouras" era um restaurante conhecido, muito bom para conversar e até conhecer pessoas, além de ficar na mesma Rua do Caldeirão Furado, a boate mais conhecida entre os jovens... Tinha certeza que ela ia gostar, após um jantar calmo e despreocupado, dançar para despejar o estresse da semana e de qualquer preocupação, e ai, quem sabe, ela não mudava de ideia sobre a hora do retorno...


O manobrista abriu a porta para Hermione, mas percebi onde sua atenção estava quando sai do carro. Ele estava a despindo com os olhos... MAS É MUITA CARA DE PAU, MESMO! Os olhos dele iam dos decotes as pernas... Ah certo, como se ela fosse material para ele, até parece. Dei a volta no carro, e joguei as chaves para eles. Coloquei uma mão nas costas de Hermione, que senti se arrepiar, e a conduzi para o restaurante, sem antes mandar um olhar assassino ao manobrista, que ainda babava.


Fomos atendidos por uma recepcionista muito atenciosa, ao menos comigo, o que era normal pra mim. As mulheres sempre eram gentis e atenciosas, comigo. Menos Hermione, claro. Eu tive que proporcionar nossos "encontros" e conversas em Angels Fall, e ela sempre era a inquieta, louca para terminar e se livrar de mim, e isso me frustrava. Puxei a cadeira de Hermione, para sentarmos na que era dita a melhor mesa. Ah, as vantagens de ser um Malfoy.


_O seu garçom será Fernando, mas não hesite em me chamar, Sr. Malfoy, meu nome é Gabrielle.- Hermione torceu um pouco o nariz, talvez pela falta de atenção que a recepcionista tenha feito a ela.


_Obrigada, Gabrielle.- respondi simples. Gabrielle não era feia, mas era de uma beleza comum. Rasa como uma poça d'água, nem era preciso ler mentes para saber o que ela imaginava. Seus peitos me chamaram a atenção, mais nada.


_Apreciou a vista?- Hermione parecia entediada ao me perguntar aquilo, porque abriu o cardápio e o folheava sem nenhum compromisso.


_Como?- perguntei, sorrindo novamente, me fingindo de inocente, tomando um gole d'água.


_Ah, qual é, Draco. Até eu estava encarando os peitos dela.- cuspi parte da água que tomava.- Você está bem?


Tive que conter a gargalhada enquanto me enxugava. Ela tinha ido de ciumenta a preocupada em segundos, assim como de confusa para zangada, antes. Até agora, não tinha notado, que, de fato, eu sorria bastante na companhia dela. Hermione era tão alheia aos "costumes" das garotas... Será porque era britânica?


_Então, Granger... Fale-me sobre você.- Mudei de assunto, e fiquei a observando. Ela se incomodou com a mudança.


_Não há muito que falar, minha vida não é tão interessante.- eu duvidava muito.


_Vamos, diga-me, depois eu lhe digo se é ou não.- bebi mais um pouco de água.


_Hermione Jane Granger, 17 anos, virginiana, pais dentistas, criada na Inglaterra... Não há muito que se dizer.


_Como era sua vida na Inglaterra?


_No início foi difícil, devido ao fato de eu ter nascido nos EUA, mas consegui me misturar.- eu duvida disso também, ela era o tipo que se destacava.


_Muitos corações partidos?- juro que tentei não parecer óbvio, mas era esse meu interesse desde o início da conversa, sua vida amorosa. Patético, eu sei, mas eu estava realmente curioso.


_Nunca tive um coração partido.- ela respondeu observando o cardápio novamente.- Será que o peixe é bom?


_Ótimo.- a respondi meio impaciente.- Eu quero saber se você já partiu muitos corações, Senhorita Granger.- Ela mordeu uma parte dos lábios, hesitando, mas finalmente levantou os olhos para mim.


_Eu não sou namoradeira.- ela ficou um pouco vermelha, envergonhada, voltando para o cardápio.


_Isso também não responde minha pergunta.- sorri.


_Se você quer tanto saber, eu só sai com quatro caras.- ela perdeu a paciência, e fechou o cardápio com força.- o terceiro foi o Krum, você é o quarto. Satisfeito?- abri mais o sorriso com a visível vergonha e impaciência dela.- Me desculpe se meu conhecimento não é tão vasto quanto as outras...


_Outras?


_É, a metade de Angels Falls que são burras ou ingênuas o suficiente para cair na sua lábia.- ela estava mais impaciente.


_Você não é burra.- comentei.- O que faz de você, ingênua?


_Devo ser, ou ambos. Ainda não decidi, respondo quando a isso acabar.


_Porque apenas dois? Você é muito bonita para ter tido apenas dois namorados.- perguntei abrindo meu próprio cardápio.


_Eu já lhe disse, não namoro, Malfoy.- ela voltou a abrir o cardápio.- Vou querer o peixe.- aquilo me surpreendeu, não o peixe, me refiro ao namoro. Ela já tinha dito, mas achei que era apenas um blefe, Hermione parecia muito certinha para ser do tipo que não namorava. Chamei o garçom.


_Boa noite, senhor, senhorita.- cumprimentou o garçom.- O que devo lhes servir essa noite?


_O peixe para ela, e a carne para mim.- respondi, e lhe entreguei meu cardápio.- Vamos beber seu melhor vinho.


_Sim, senhor. Com licença.


_Vinho? Não podemos beber.- viu? Certinha.


_É apenas vinho, Hermione.- a respondi meu ríspido.- Porque você não namora?


_O que é isso? Um interrogatório?- ela estava fugindo de novo.


_Um encontro.- respondi impaciente.- Uma garota certinha como você não é do tipo que um cara pode tirar proveito.


_Isso veio de um egocêntrico megalomaníaco.


_Com quem você aceitou ter um encontro, de uma forma um tanto não virtuosa, devo lembrar, mas mesmo assim, você não é a meretriz que está tentando passar a imagem.- MERETRIZ? De onde eu tirei essa palavra?


_Bem, não vou discordar de você, o especialista em perdidas aqui não sou eu.- ela era sempre espirituosa.


_Vamos, Hermione. Apenas me fale sobre a sua vida amorosa.


_Você vai me contar a sua, depois?- seus olhos brilharam de ansiedade. Minha "vida amorosa"... Eu tinha isso? Encontros e sexo sem compromisso poderiam ser explicados assim? Não sei, mas iria tentar.


_Claro.- ela endireitou a postura com a minha resposta, fingindo tirar alguma sujeira da mesa, e limpou a garganta.


_Pois bem. Nunca me apaixonei.- Ela olhou para mim.- Os dois encontros que tive, foram experiências, por assim dizer. Como ter um encontro, como beijar, me socializar com o sexo oposto. Quando eu tinha 14 anos, sofri um acidente e perdi a memória de três meses, se tive alguma experiência, não lembro, e é comum as garotas começarem a ter experiências nessa idade.- Ela deu de ombros.- Acho que não quis ficar mais ainda para trás.


Não entendia como ela não conseguia ver o quanto sua vida era interessante. Ela falava de momentos, considerados pelas garotas, tão importantes quanto à perda da virgindade, como o primeiro beijo, como se fosse algo científico. Além disso, tinham os três meses que ela não possuía memória. Ela os comentou como se fossem nada, como se para compensar o fato de não lembrar, ela havia tentado fazer memórias mais importantes.


_O que aconteceu para você perder esse tempo de memória?- perguntei, curioso.


_Ah, não, não, não... Sua vez. Sua vida amorosa, Malfoy.- ah, certo.


_Meu primeiro beijo foi aos 11 anos, perdi a virgindade aos 14, e eu nunca namorei por que não vejo necessidade.- respondi, observando suas reações.


_Que números são esses? 11, 14? Você não acha que é precoce, ou coisa assim?- ela perguntou envergonhada e chocada, bebendo um pouco de água.


_Não, eu sou homem.


_Claro, isso justifica muita coisa...- percebi a ironia, notória, que normalmente aparecia quando ela falava comigo.- Aos 14... Foi com a Pansy?- seus olhos procuraram os meus, e por alguns segundos ela sustentou o olhar. Respirei fundo, e ela desviou.


As garotas tinham ciúmes de Pansy. Ela, apesar de tudo, estava sempre ao meu lado, e poderia chamá-la de amiga, mesmo com a personalidade destorcida, Pansy me fazia bem. Sua honestidade me entretinha. Ela já havia deixado claro que queria mais que uma amizade, mas namoros não são necessários para mim, como já comentei. Uma namorada seria uma dor de cabeça, e apesar dela tentar fingir que entendia, quando eu conseguia o que queria de uma garota, enjoava, como se o jogo já tivesse acabado e eu estivesse atrás de um novo... Pode parecer errado, mas sou homem, para mim, é natural pensar assim. As garotas ainda estavam nos corredores do colégio, mas era como se não tivessem, elas esperavam algum convite meu para se aproximar, e apenas Pansy vinha até mim.


_Pansy se tornou uma grande amiga.- respondi, calmamente. Ela sorriu, com ironia, mas deu seu primeiro sorriso desde que saímos da casa dela.- Nós crescemos juntos. Nossas famílias são próximas.- Comecei a brincar com as bordas do prato, e ela, continuou em silêncio. Parei de brincar e a olhei nos olhos.- Sim, Pansy foi meu primeiro beijo e primeira transa.- a respondi.


_Como alguém assim pode se tornar apenas uma grande amiga?


_Não disse "apenas". Uma amizade, pra mim, vale mais do que um namoro. Compromissos amorosos podem se tornar um fardo, as amizades, perduram.- lembrei dos meus pais, um casamento sem sentimento algum, apenas convencional.


_Você está me dizendo que nunca vai se casar?- um sorriso divertido pairou em seus lábios.


_Hermione, nós temos 17 anos, não penso sobre casamento.- foi minha vez de rir. Ela revirou os olhos.


_Nem eu. A pergunta foi mais pra, você então não pretende assumir um compromisso nunca?


_Nunca é um termo muito forte. Por enquanto, estou satisfeito.


_Sr Malfoy, com licença. Aqui está sua carne, aqui está o peixe da senhorita, e aqui está o vinho. Deseja mais alguma coisa?- o garçom perguntou, servindo o vinho. Olhei para Hermione, esperando que ela respondesse se precisasse de algo.


_Não, obrigada, Fernando.- o garçom se surpreendeu com a delicadeza de Hermione ao lembrar seu nome. Eu, particularmente, já tinha esquecido. Fernando fez uma reverência à castanha, e saiu.


_Acho que os garçons vão se estapear para servir nossa mesa, sempre que viermos aqui.- bebi um pouco do vinho.- Ninguém nunca lembra o nome deles.


_É questão de educação, Malfoy.- ela começou a analisar o peixe, mas decidiu experimentar o vinho.- e "sempre que viermos aqui"?


_É... Quem sabe?


O restante do jantar não teve nenhum assunto em particular. Hermione não ficava quieta, o que eu achei engraçado, de novo, mas tentei não rir. Ela falava sobre o restaurante, o que estava achando de Angels Falls, da cidade, das pessoas, e sobre seu futuro. Ela era muito ligada às notas, não era uma nerd convencional, obviamente, mas a paixão pelos livros que ela possuía, encantou-me. Após vários assuntos, foi nesse que ela mais sorriu.


O sorriso de Hermione me fascinou. Ela cobria a boca, quando sorria demais. Não gargalhava, mas também não apenas levantava os lábios. Era um sorriso tímido, mas que iluminava seus olhos. Pareço um apaixonado imbecil, mas não estou. Apenas estou lhes contando o que observei, enquanto ela falava de livros.


Sinceramente, nunca me esforcei muito em estudar, ou apreciei um livro... Sou inteligente, não preciso passar horas estudando para entender algo. E eu sabia que Hermione também era. Inteligente, esperta e fascinante. Talvez eu não me cansasse dela hoje.


_Aqui está a conta, senhor.- o garçom disse. Apenas lhe entreguei o cartão, mas Hermione pegou a pequena pasta que ele havia trazido, e colocou seu próprio cartão, devolvendo-o ao garçom.


_Obrigada, Fernando.- ela sorriu, mas o garçom estava muito confuso para respondê-la, ele a olhava, depois para a pasta, e para mim. Tentei ao máximo não demonstrar o quanto estava furioso, apenas olhei para o garçom, que pegou meu cartão, e deixou o de Hermione na mesa, seguindo seu caminho até o caixa.- O que foi isso?


_O que foi isso pergunto eu.- tentava controlar a voz, mas estava irritando, foi difícil.- Eu lhe chamei para sair, escolhi o restaurante, eu pago.


_Não sou o tipo de garota que deixa alguém pagar minhas contas.- ela respondeu determinada, ri de raiva, até assim ela me faz rir.


_Mas eu sou o tipo de cara que paga o jantar, quando convida alguém.- o garçom retornou, peguei o cartão, e nos levantamos.


_Me deixe pagar ao menos a gasolina.- fingi que não ouvi. Olhei no relógio, passava das 22h.


_Nós vamos agora ao melhor da noite.- a conduzi para a porta.


_É essa a parte que você me mata porque quis pagar a conta?- ela não ia esquecer essa.


_Confie em mim.- foi a vez dela de rir.- Nós vamos a esquina.


_Você vai me prostituir para pagar a conta?- ela me olhou chocada, e eu rir, mais alto do que deveria, o que fez alguns olharam em nossa direção.


_Tenha uma boa noite, Sr. Malfoy.- a recepcionista disse, mas a ignorei, abrindo a porta.


_Nós vamos a uma boate, localizada na esquina.- ela continuava me olhando desconfiada, mas me deixou conduzi-la com uma das mãos em suas costas. Pele com pele. Era macia.


"A Toca" era uma boate de propriedade dos Weasley. Não era muito grande, não era muito pequena, era normal. Eu já havia visitado maiores, mas ela era a melhor da cidade, sempre bem frequentada, com boas bebidas e as melhores músicas, então não me deixava muitas opções. Não entendia o motivo da família não ostentar todo o dinheiro que devia ganhar.


_Você tem uma identidade falsa?- perguntei próximo ao ouvido de Hermione, ela se assustou. Era uma pergunta que me diria um pouco mais a respeito dela, eu tinha uma identidade falsa sobrando para ela, mas foi divertido ver sua reação, como sempre.


_Eu não quebro regras.- ela me respondeu indignada.


_Claro que não.- sorri, satisfeito. Ao menos essa eu tinha acertado.


Fui diretamente ao responsável pela fila que me conhecia, olhou para Hermione, e nos permitiu a entrada, apesar da gigante fila que já se formava do lado de fora. O número de pessoas era considerável, e a música alta, como de costume, tocava um ritmo dançante, talvez fosse coreana, não entendia, mas ninguém estava escutando de qualquer forma.


_Quer tomar algo ou quer dançar?- perguntei próximo ao ouvido dela novamente, mas ela estava muito animada para ter qualquer reação. Não gostei.


_Vamos dançar.- ela me puxou pelo braço em direção a pista. Ela sorria, animada. Disso, eu gostei.


Observei-a dançar, enquanto me mexia, mas aquele vestido não me deixava relaxar como ela parecia estar. Não havia terminado nem a primeira música, e já havia visto quatro caras olharem para ela. Eu não era ciumento, ou talvez eu sempre tivesse certeza de que algo era meu, então estranhei quando minha reação foi segurar Hermione pela cintura, o mais próximo que conseguia. Enquanto nos mexíamos, sentia seu perfume. Ela estava de costas, então virei seu rosto para mim, e ficamos a centímetros de distância, nos encarando.


_Agora, eu preciso de uma bebida.- ela quebrou o momento, se direcionando ao bar. Passei a mão pelos cabelos, frustrado. Olhei em direção ao bar, e ela já não estava sozinha, claro.


_Sério? Obrigada.- ela estava... FLERTANDO? Mexendo nos cabelos? O QUE ERA ISSO?


_Conseguiu a bebida?- me meti entre ela e o babaca.


_Hmmm...- não consegui ver a reação dela por causa das luzes.- Draco, este é o Cormáco.- olhei de relance para o cara.


Claro que eu sabia quem era, Cormáco McLaggen, também devia ter entrado com uma identidade falsa, porque ele estudava em Angels Falls, último ano, e estava bebendo. Ele não tinha uma reputação muito boa entre as garotas, bonito, mas um troglodita, era o que eu escutara algumas vezes.


_Então, conseguiu a bebida?- ignorei o cara.


_Ah, não, mas...


_Ei cara, duas tequilas.- o garçom me atendeu rapidamente.


_Draco, com licença.- ela me afastou um pouco, olhei feio para ela, mas acho que ela não viu, ou ignorou. Mesmo assim, fui para o lado dela, e a segurei na cintura de leve.- Então Cormáco, você está visitando a cidade?- olhei para aquele imbecil pela primeira vez, e rir de deboche. Ele pareceu ficar nervoso.


_Não, erh... Você, ehr... Está com ele?- o imbecil ao menos teve cuidado de não pronunciar meu nome. Hermione olhou para mim, confusa.


_Sim, ela está comigo.- respondi a olhando nos olhos. O garçom colocou as tequilas no balcão, peguei um copo para mim, e entreguei o outro a Hermione. Será que ela aguentava tequila?- Saúde.- virei, assim como ela.


_Vou voltar para a pista.- ela disse se levantando no banco em que estava sentada.


_Vamos.- coloquei minha mão em suas costas, sentindo o arrepio da sua pele com o toque.- A gente se vê na segunda, McLaggen.- dando um sorriso de sarcasmo, conduzi Hermione a pista novamente.


_Segunda?- ela perguntou.


_Ele é um imbecil, estuda em Angels Falls também.


Ela pareceu indignada, mas a distraí, girando e a posicionando na minha frente, na mesma posição que estávamos. Coloquei seus braços em meu pescoço, e percorri o caminho até sua cintura com as mãos. Ela apertou minha nuca de leve, e começamos a dançar.


_Você é linda.- sussurrei em seu ouvido. Ela sorriu mordendo os lábios, e se distanciou de mim. Segurei-a pela mão, e nos encaramos, ambos com sorrisos perigosos nos lábios.


_DRACO! EU SABIA QUE VOCÊ IA VIR ATRÁS DE MIM, ALGUM DIA.- Uma garota se meteu no espaço que havia entre eu e Hermione, a identifiquei um segundo depois, era Pansy, e no segundo seguinte ela estava me beijando. Senti Hermione largar minha mão, me permitindo afastar a outra.


_Hermi...- a castanha sumiu na multidão, me olhando feio, eu ia segui-la, mas Pansy segurou meu braço.


_Draquinho... Estou tão feliz que você está aqui.


_Me larga.- curto e grosso.


_Mas Draco...


_Pansy, larga.- ela obedeceu, e eu me meti no meio da multidão atrás da castanha. Ela voltara para o bar, tomava outra dose. Tequila? Não importava, fui a sua direção.- Hermione...


_Sabe, Draco. Eu sabia que ia ser complicado sair com você.- ela me olhou virando um pouco a cabeça.- Tem quase uma placa escrito: AFASTE-SE, PERIGO. Escrito na sua testa.


_Aqui está.- o garçom a serviu novamente. Absinto. Ótimo, só que não, porque ela entornou o copo novamente, e fez uma cara feia.


_Mas em vez de me afastar, porque eu fui educada a não me meter em confusão, eu praticamente corri em sua direção.- Ela estava bêbada, e ela não correu na minha direção. Tive que mexer uns pauzinhos para que nossos encontros ocorressem.- Eu devo ser alguma masoquista, ou ter um enorme desejo de me ferrar, e nem é no bom sentido.- Ok, era hora de parar.


_Hermione...


_Mas ai você estava sendo todo legal, mais encantador e esti, insti... Como é a palavra?


_Instigante?


_ISSO! Instigante que o normal. Ai, aquela vaca te beija.- ela olhou feio para frente, se referindo a Pansy.- Eu sou ciumenta, Malfoy. Esse é outro motivo pelo qual eu não namoro. Não tolero algo que não controlo e não me dá certeza, mas um relacionamento é isso.- ela me puxou pela camisa. Achei sexy.- E se eu for desse jeito, não quero nem começar.


Eu estava excitado. Ela sóbria já me transmitia confusão, falando tudo aquilo, sendo completamente honesta e diferente das outras, como sempre, me fazia a querer. Queria descobrir tudo sobre essa nerd que estava me segurando pela camisa, bêbada, e que usava um vestido provocador, mas que era muito certinha para beber vinho ou ter uma identidade falsa.


Estávamos a centímetros de distância novamente. E eu estava sóbrio, sabia o peso das palavras dela. Começar um relacionamento. E de repente, era isso que eu queria com ela, desde o início. Olhei para sua boca, e a puxei para mais perto. Suas mãos foram para meus cabelos, um puxão dela, e a enorme distância que nossas bocas possuíam, desapareceu.


Meus lábios queimaram quando tocaram os dela. Forcei a passagem da minha língua, e não encontrei resistência. Ela se entregou completamente ao beijo, não sei se era a bebida, ou ela beijava tão bem assim naturalmente. Suas mãos bagunçavam meus cabelos, enquanto uma das minhas mãos passeava em suas costas, e a outra puxava levemente seus cabelos. Não sei quanto tempo durou, nem percebi, só nos afastamos quando nossas bocas começaram a doer, e de fato, estavam levemente inchadas, mas parecíamos ter nos importado, valeu a pena.


_Isso foi bom.- ela disse, ainda tomando fôlego.


_Excelente.- falei, a beijando novamente, mas rápido.


_GARÇOM! Mais tequila!- ela pediu.


_Hermione, já chega.


_Ei, é a última, ok?- o garçom entregou os copos.


_Vou dirigir.- falei. Ela deu de ombros.


_Mais pra mim.- e virou, AMBOS OS COPOS! Meu Deus! Onde está a Hermione certinha? Ela fez uma careta e sorriu.- Vem, vamos dançar.


Dizer que dançamos seria um eufemismo e tanto, nós nos agarramos, e quando tínhamos que parar para respirar, nós fingíamos que dançávamos um pouco. Hermione era muito gostosa para o próprio bem, e eu, era um garoto de dezessete anos, saudável. Entre beijos selvagens, que apareciam do nada, com iniciativa (a maioria das vezes) dela, e carícias nos lugares certos, eu já tinha certeza que não era para casa que eu iria levá-la, ao menos não a dela.


_Vamos sair daqui.- sussurrei entre seus lábios, e ela sorriu, me levando para a saída.


Chegamos ao meu apartamento com certa dificuldade, Hermione ria de todas as besteiras possíveis, devido ao alto, teor alcoólico que ela havia ingerido, e tentava se controlar, mas eu tinha que constantemente segurá-la para não colocar a cabeça para fora, mexer no painel, ou abrir a porta do carro. Consegui destrancar a porta, entre beijos que tiravam facilmente minha concentração.


_UIIIIIIIII...!- Hermione abriu a porta, e jogou a bolsa no chão.- Ei, essa não é a minha casa.


_Não, não é.- confirmei o óbvio, beijando seu pescoço.


_Seu danadinho...- ela se afastou de mim, rindo e apontando o dedo.- Essa é uma linda vista.- ela abriu os braços olhando pela janela.- Mas vamos descobrir algo sobre Draco Malfoy.- a observava, enquanto ela foi até as gavetas da escrivaninha.- Além dele ser egocêntrico, bonito, e beijar bem pra caralho.- eu ri.


_Hermione, vem cá.


_Não, eu quero saber algo que ninguém mais saiba.- ela continuou a abrir as gavetas, agora, do criado-mudo.- OOOOOOOOOOHHHHHHHHHHHHHHHHHH HHHH! Camisinhas...- ela sussurrou após ter gritado.- Tamanho G.- ela jogou o pacote na gaveta e começou a rir. Ela estava muito bêbada, e isso me divertia.


_Vou preparar um café para você.


_Me conte algo sobre você.- ela sentou na minha cama.


Deixe-me situá-lo em meu apartamento. Ele, tecnicamente falando, é um loft, logo, não há uma divisão muito clara entre os cômodos. A cozinha americana fica de frente para meu quarto (que tem uma janela do tamanho da parede, iluminando todo o apartamento) e de lado para a sala de estar, que fica de frente para o único banheiro, pode parecer pequeno, mas tem mais de 100m².


_O que você quer saber?- perguntei esquentando a água. Ela se levantou.


_O que você nunca contou a ninguém, um segredo.- ela começou a tirar as sandálias, de uma forma provocativa, devo dizer.


_Nada me vem a mente.- respondi, e ela jogou os sapatos.


_Vamos lá, Draco...- ela caminhou sedutoramente até a cozinha, rodeando o balcão, se encostando.- Prometo não me lembrar amanhã.- eu rir. Sentei-a no balcão, e ela cruzou as pernas na minha cintura.


_Eu poderia dizer que você é gostosa, mas isso é óbvio.- passei a mão por suas coxas.- Que seu cheiro é viciante...- beijei seu pescoço.- Mas escolho o fato de que a sua boca, é a mais macia que já beijei, e a sua língua, a mais deliciosa que provei.- A beijei. E era verdade, os beijos dela estavam me viciando.


_Você é bom.- ela falou puxando meus cabelos.- Mas não vou transar com você.


Ela me empurrou e desceu do balcão. Voltou a caminhar pelo apartamento, e parou novamente na minha cama. Ela combinava ali. Completamente a vontade, ela deitou e se espreguiçou em todo a área.


_Essa cama tem seu cheiro.- ela disse. E dormiu.

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