Cap 5 - O Acordo



Dangerous 6


Ela nunca tinha apreciado tanto uma cama dura, desconfortável e fedorenta como naquela noite. Os lençóis de tecido grosso e áspero parecia seda ao toque, afinal qualquer leito por mais pobre e nojento que fosse era melhor do que dormir em cima de um monte de feno com um cobertor fino e furado que em nada ajudava a combater o frio cortante das masmorras do castelo, por isso, após comer com a graça de um mendigo a comida providenciada pelo estaleiro, mesmo que ela parecesse ser velha e estivesse salgada demais e limpar sua garganta com o whisky mais forte que tinha no bar da taberna ela praticamente voou de volta para o quarto, se jogando na cama assim que se certificou que a porta estava bem trancada.


Ali, jogada de qualquer jeito no colchão, com a barriga cheia, meio bêbada, e novamente usando duas calças de couro – ela nunca mais iria usar saia de novo, NUNCA MAIS – ela finalmente voltava a se sentir ela mesma, por isso se permitiu pensar em tudo que tinha acontecido nas ultimas 24 horas.


A primeira coisa que fez foi pegar o pequeno e manchado espelho no lado da cama e observar sua aparência. Ela estava horrível! Ela parecia mais pálida, ressaltando as sutis sardas perto do nariz, seus olhos estavam fundos, mesmo após uma noite reparadora de sono, o corte no supercílio estava inchado e roxo assim como o canto do lábio inferior, que ela nem se lembrava de ter machucado.


Sua integridade física com certeza estava comprometida, mas nada comparada a sua integridade emocional. Sua mente estava uma bagunça! Como não estaria depois do trato que tinha acabado de fazer? De alguma forma ela sentia que tinha vendido a alma ao diabo.


Um diabo de lindos olhos verdes.


Flashback


- Então Valkyria, o que acha de fazer um trato?


- Um trato alteza? Uma pena, mas eu não quero, não estou disposta a abrir a boca apenas para ter uma morte mais gloriosa, se é isso que você que pensou em me oferecer.


- Oh, mas Valkyria, eu não quero te matar! – o príncipe falou, com aquele sorriso irônico que o fazia parecer realmente perigoso.


- É claro que não quer – ela revirou os olhos, ele realmente não esperava lhe enganar com aquele papinho certo?


- Você não acredita em mim – ele falou o obvio, soando falsamente magoado, enquanto se apoiava na parede oposta a sua cela, confortavelmente – eu também não acreditaria em mim se estivesse no seu lugar, mas eu estou falando a verdade, se você concordar com meus termos eu não só não vou te matar como também te deixarei ir.


- O que? Enlouqueceu? – ela perguntou sem acreditar na fala do príncipe – você deve ter algum traço suicida porque sabe que se eu sair daqui vou voltar para te matar não é?


- Oh, mas isso é exatamente o que eu espero! – o sorriso que tomou o rosto dele sem duvida não era a expressão que ela estava esperando ver.


- Suicida! Definitivamente – ela disse, se recostando de novo na parede que nem sentira que tinha se afastado.


- Não minha querida, eu não quero morrer, não sou um suicida, apenas estou pensando logicamente. Você sabe, eu não posso simplesmente te deixar ir embora, mas te matar alertaria seu empregador e a pessoa que contratou os serviços dele, a pessoa que realmente me quer morto, sobre o seu erro, que se esconderia e ai eu perderia qualquer chance de pegar o traidor. Eu preciso de você viva, mas te manter aqui dentro sem nenhuma possibilidade de manter contato com seja lá que te pague acabaria gerando o mesmo efeito de sua morte e isso eu não posso permitir, mas se eu te deixar continuar por ai, tentando me matar...


- Você terá tempo de recolher as informações que precisa – ela completou, entendendo onde ele queria chegar e se surpreendendo com a genialidade do plano, mesmo que ela ainda achasse meio precipitado, ele estava arriscando o próprio pescoço para conseguir seus intentos afinal.


- Exatamente – ele exclamou, parecendo feliz por ela ter acompanhado sua linha de raciocínio.


- É um bom plano, exceto por uma pequena grande falha!


- Ah é? Qual? – ele perguntou, erguendo uma sobrancelha, como se não conseguisse pensar numa falha para o que tinha acabado de proferir.


- Eu vou te matar da próxima vez! – o sorriso de canto de boca que surgiu no rosto do príncipe mostrou que ele já esperava por aquela resposta e fez com que ela o odiasse ainda mais.


- Que bom que você tocou no assunto, porque é exatamente ai que entra sua parte no nosso trato!


- O que você quer de mim? – ela perguntou entre dentes, se inclinando perigosamente na direção dele. Ela realmente não acreditava que o príncipe ia sobreviver depois de uma segunda tentativa, mas o excesso de confiança que ele transbordava a fez perguntar de qualquer jeito.


- Oh, que bom que você perguntou! É bem simples na verdade, eu te deixo livre para tentar me matar sempre que você quiser ou achar uma boa oportunidade, não vou denunciar você nem os guardas que estão aqui vão, mas a cada vez que você falhar, e você vai falhar! vai ter que realizar um pequeno desejo meu.


- COMO É? – Ela gritou, finalmente perdendo o controle, levantando num pulo do monte de feno que estava sentada e avançando contra as grades, agarrando com força uma delas enquanto desejava fazer o mesmo com o pescoço real do homem a sua frente.


- Não se preocupe, não vou fazer com que você fale sobre sua...- ele parou, lhe olhando por um segundo inteiro antes de continuar, com um sorriso irônico – profissão. Não vou pedir que voce durma comigo também, mas não sou um canalha sabe, na verdade eu sou um bom moço.


- Se você não vai querer informações, nem fazer de mim sua prostituta particular, então o que você ganha com isso? – ele perguntou, verdadeiramente confusa, curiosa. Afinal, pelo seu ponto de vista, ela não vi nenhum beneficio para o príncipe.


- Isso minha querida, é um segredo!


Tinha alguma coisa ali, alguma coisa que ela não estava vendo, escondida atrás do sorriso fácil e postura relaxada do moreno, mas depois de passar minutos numa briga de olhares com o homem e não conseguir pensar em nada ela piscou e fez a única coisa a seu alcanse.


Ela concordou.


Oh sim! Ela tinha vendido a alma ao diabo.


Mas aquela era a única opção dela, o maldito tinha pensado em tudo, ela nem mesmo podia voltar para a organização, fazer isso seria admitir que tinha falhado na missão após se deixar ser vista e que não demoraria muito para ter cartazes com seu rosto e uma gorda recompensa espalhados por todo o reino, o que a tornaria inútil para a Black Rose que não poderia mais lhe mandar em nenhuma missão e ela bem sabia o que acontecia aos inúteis.


Não, ela preferia a execução publica por tentar matar o príncipe. Seria muito menos doloroso!


Para voltar ela precisaria matar o maldito príncipe , o que significava que de uma forma ou de outra ela iria cair no joguinho sujo do homem, o problema era que ela sentia que a largada já tinha sido dada a muito tempo e ela estava ficando para trás.




Depois de quase um ano k estou eu, morrendo de vergonha!


Não me matem ok amores? Eu juro q tento!


Vocês já sabem qual é o acordo! Agora, como será que vai funcionar isso ai? Harry vai conseguir escapar mais uma vez e se sim, o que ele vai pedir? MUAHAHAHHA

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