Sexta carta Sirius e Bellatrix



Meu amor,


 


ACABOU! Sim e nem imaginas como é bom poder ser eu a dar-te a notícia. A guerra acabou meu amor. Acabou mesmo. O Harry venceu e o Voldemort é apenas mais um corpo no meio de tantos. É irónico ver como alguém que foi tão “grande” em vida morreu como um simples e reles mortal. Durante esta guerra eu percebi meu amor, que no fim todos temos o mesmo destino. Na hora de os olhos se fecharem num eterno descanso e o calor abandonar o corpo todos somos iguais. Corpos flácidos que jazem no chão. Na morte todos somos iguais por isso eu hoje sei que a única forma de nos diferenciar-mos é na vida. Na forma como vivemos os nossos dias e como somos felizes.


Admito que foi uma batalha dura e muito dolorosa. Houve sangue, ouve morte, ouve dor… Mas hoje olhando para tudo á minha volta eu sei que valeu a pena. Porque por detrás das lágrimas que cobrem o rosto daqueles que hoje aqui estão há um sorriso ainda que leve. Um traço de esperança. Há pessoas que vivem meu amor, e há aquelas que sobrevivem. Nesta guerra nós apenas sobrevivíamos porque era impossível viver. Mas hoje tudo acabou. Hoje podemos finalmente chorar por aqueles que partiram sem ter medo de sermos atacados a qualquer momento. Hoje sabemos que a morte dos que morreram não foi em vão e que todos foram vingados. Foi como se hoje nascêssemos novamente. Oh meu amor foi um momento único. E talvez o aches mórbido mas sei que o som do corpo de Voldemort a bater no chão se vai tornar para sempre uma das minhas maiores melodias. Os próximos dias não serão fáceis. Há mortos para achar e enterrar. Pessoas para prender. Novas leis para erguer e um novo ministério a construir mas o tempo trará a prosperidade. Por enquanto não me engano. A raiva já não aqui está mas as lágrimas, a perda e saudade permanecem. Vão permanecer por dias, talvez meses mas depois virão os leves sorrisos, e depois os risos. E quando olharmos em volta o mundo é um lugar bom e poderemos voltar a viver. Eu ainda sinto em mim o cheiro a morte, eu ainda tenho pesadelos de noite e ainda oiço os choros e gritos das pessoas. Um a um eu consigo vê-los. A perfilarem-se na minha frente como num filme de terror… os meus amigos! Mas outros ficaram… outros ainda aqui estão. E dos que foram eu não esquecerei nenhum. Não esquecerei que morreram por honra. Que morreram por algo que defendiam. Que morreram por amor… E eu sei que eles estão a olhar por mim neste momento, que me estão a ver a redigir esta carta com as lágrimas a escorrerem-me pela face mas um sorriso no rosto. Eu gostava de lhes dizer que não foi em vão. Que eles não morreram por nada. Se eu ao menos pudesse dizer-lhe que valeu a pena… Que é graças a eles que hoje amores como o nosso podem crescer e dar frutos… Talvez eles me ouçam, eu espero que sim! Com esta guerra aprendi muita coisa e uma delas foi que na vida nunca dizemos tudo o que queremos. Havia ainda tanta coisa a dizer-lhes meu amor. Como eu gostava de ter dito e explicado a cada um deles como eles foram importantes para mim mas na vida achamos isso tão banal…! Temos a estúpida ideia que temos uma vida toda para dizer isso ás pessoas de quem gostamos só que depois olhamos para trás e já é tarde de mais. Estamos sozinhos e já não há mais tempo para dizer o que quer seja. Por isso eu quero dizer-te Bella antes que um dia me arrependa de nunca o ter feito… que tu és tudo para mim. Amo-te com todas as forças que possuo e tenho a certeza que te amarei para sempre. Precisava de te dizer antes de um dia olhar para trás e em ver sozinho. Mas eu sei que não estou sozinho… porque tu ainda estás aqui. E eu não me arrependo nem por um momento das discussões que tivemos para tu ficares em casa quando tu insistias que querias lutar. Insististes até saberes da nossa filha e então eu pude respirar em paz sabendo que tu estarias á minha espera quando eu voltasse, que haveria sempre um abraço, um calor quando chegasse a casa. E é só isso que eu preciso agora Bella. Voltar a casa, matar saudades e preencher este vazio tão grande no meu coração. O vazio que tu sempre soubeste preencher. Mas até lá ainda me resta 1 dia aqui… Um dia cheio de morte. E eu sei que vai custar olhar cada um dos corpos e levá-los ás famílias. Como se diz a uma pessoa que alguém que ela amava fechou os olhos e nunca mais vai acordar? Oh Bella mas pensar que quando voltar a casa tudo será diferente é tão bom. Estarei aí ao teu lado segurando-te na mão quando a Diana nascer… prometo! E pegá-la-ei ao colo com ternura observando cada traço seu e segurando a sua mãozinha. Duvido que o amor se possa manifestar de forma tão bela. A Diana será sempre uma prova. Uma prova do nosso amor, uma prova do triunfo do Bem sobre o Mal, uma prova da vitoria da Luz sobre as Trevas. E eu sei que as mortes de amigos não serão reparadas e que há cicatrizes em mim que nunca irão sarar mas ela trará uma nova luz para mim… uma nova luz para nós. Ela será o nosso recomeço Bella. E nós seremos felizes para sempre. A Hermione… aquela rapariga que tu ao principio tanto odiaras… bem ela é uma grande amiga do meu afilhado. Ela sempre pareceu tão forte… mas uma vez encontrei-a sentada do lado de fora da tenda a chorar. E sabes o que ela me disse… que tinha medo. Eu vi nela o medo de perder quem amava. O seu amor e o seu melhor amigo. Ela não os perdeu mas naquele dia aquela miúda fez-me perceber uma coisa… que até o mais forte dos humanos se pode quebrar. Ela falou-me em histórias muggles e que um dia ela acreditara no “ e viveram felizes para sempre” mas que não mais acreditava. Fiquei triste e senti o desanimo levar-me abaixo. Sabes porque? Porque ela era tão jovem Bella e já nem esperança ela tinha. Então eu pensei em nós… eu pensei em ti e na nossa filha e sabes o que lhe disse? Disse-lhe que eu acreditava. Que viver felizes para sempre não significa nunca cair mas sim cair e voltar-nos a reerguer. E quando ela sorriu… oh Bella ela lembrou-me tu. Quando éramos jovens e tu tinhas aqueles receios por causa dos nossos ideais e depois eu te reconfortava. Hoje eu vejo a Hermione, o Harry e o Ron. Eles passaram por muito nesta guerra Bella. Por mais do que qualquer um de nós e eles tem idade para ser nossos filhos se preciso. E eu vejo neles feridas tão profundas, não por fora mas por dentro. Mas eu também vi os abraços deles, vi as lágrimas caírem-lhes dos olhos quando tudo acabou. Eles sofreram mas agora sorriem. Eles são a prova que depois da guerra há a felicidade. Eles choram como os outros por aqueles que perderam mas sorriem no fundo e sabes porque? Porque eles se têm uns aos outros. E eu? Eu tenho-te a ti, e á nossa filha, tenho ao Harry e aos amigos que durante esta guerra se tornaram como filhos, tenho os poucos amigos que sobreviveram… e tenho as memórias. Eu não as quero apagar, quero apenas aprender a relembrar as felizes e a saber conviver com as outras. E eu sei que ao teu lado eu conseguirei. A Andromeda vai para aí hoje meu amor para te ajudar com tudo. E a Narcissa também. Ela ajudou o Harry amor. Sim ela mentiu ao Senhor das Trevas. O Lucius foi preso mas perdoaram-lhe a ela e ao Draco. Espero que não te importes que eles passem um tempo connosco. Eu achei que tu gostarias. Eles estão do nosso lado. Eu estarei aí em dois para ver a minha filha nascer por isso não me despeço, digo apenas um até já meu amor


Até já meu bem,


Beijos daquele que te quererá para sempre,


Sirius Black


 


P.S.: Diz á minha filha que o pai vem em breve. E manda-lhe um beijo por mim.


 

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