31 de Julho



Cap. 04 – 31 de Julho


 


O ápice do verão londrino havia chegado, e o dia visto pelas janelas do Ministério da Magia era ensolarado e claro, assim como ele poderia ser visto pelas ruas de Londres. Hermione estava sentada em seu escritório no início da tarde daquela quarta-feira, concentrada nos memorandos que haviam chegado para ela durante a hora do almoço: algumas famílias bruxas estavam solicitando reuniões com a Suprema Corte dos Bruxos para erradicarem a medida provisória que regulamentava as folgas semanais dos elfos domésticos.


Muitas dessas famílias bruxas eram tradicionais famílias de puro sangue, com riqueza e poder suficiente para interferir no Ministério. Afinal, boa parte delas ainda eram grandes patrocinadoras de eventos e campanhas políticas. A mulher de cabelos castanhos suspirou, cansada da idas e vindas de seus projetos referentes aos elfos domésticos, e não percebeu que a chegada de alguém na porta de sua sala.


- Problemas? – a voz preocupada fez Hermione levantar os olhos de súbito, encontrando Rony escorado em seu batente, parecendo ao mesmo tempo descontraído e preocupado, se isso era possível. Se recuperando do susto que levara com a súbita aparição do ruivo, Hermione respondeu.


- Ossos do ofício. – ela disse com uma voz cansada e, vendo a expressão de desentendimento do ruivo, sorriu. – Expressão trouxa. Só alguns problemas no trabalho.


- Ouvi dizer que sua medida provisória para um dia de folga para o elfos foi deferida não é? – Rony começou, entrando lentamente no escritório, passando os olhos pelas estantes abarrotadas de livros, sem olhar realmente para Hermione. – Aposto como alguns bruxos não gostaram nada disso... – completou, rindo silenciosamente da própria piada, sem notar a expressão de surpresa que havia se formado no rosto da mulher a sua frente.


“Desde quando Ronald Weasley lê os memorandos circulares sobre as medidas provisórias implantadas pelo Ministério? E desde quando ele sabe o que significa deferido?” Foi tudo o que Hermione conseguiu pensar. O ruivo era realmente surpreendente, às vezes. Eles mal se falavam até poucos dias atrás e, mesmo assim, ele parecia estar por dentro da luta travada entre Hermione e as antigas (e completamente errôneas) tradições bruxas. Ele não parecia se interessar por isso nem mesmo quando os dois namoraram! Voltando à realidade, Hermione percebeu que agora Rony a encarava, com uma expressão dividida entre curiosa e divertida, como se soubesse o que ela acabara de pensar.


- Gina, Harry e eu vamos a um pub depois do expediente para comemorar. – Rony começou a dizer, se aproximando da escrivaninha de Hermione. Ela ainda o encarava com surpresa. – Você sabe, o aniversário do quatro olhos. – ele riu novamente da própria piada, agora parecendo constrangido.


- Aquele pub aqui na esquina da entrada de visitantes? – Hermione perguntou, tentando disfarçar que havia esquecido-se momentaneamente do aniversário de seu melhor amigo. Aquela Corte a estava tirando do sério! Em resposta, viu Rony concordando com a cabeça.


- Nos encontramos no Saguão Principal às seis? – o ruivo perguntou com um sorriso de lado. Hermione sentiu um solavanco no estômago pelo duplo sentido da frase dita por Rony e ele, parecendo perceber o deslize, pigarreou. – Harry vai buscar Gina no CT¹ do Harpias e vamos nos encontrar no pub.


- Claro, às seis. – Hermione respondeu, tentando suprimir a sensação incômoda que havia se formado na boca de seu estômago. Sua relação atual com Rony era uma montanha russa de emoções contraditórias, onde eles podiam conversar como dois grandes amigos (que já foram um dia) confortavelmente, passar de repente para momentos de completo constrangimento, onde nenhum conseguia sequer olhar nos olhos do outro e, finalmente, acabar gritando a plenos pulmões um com o outro, por todos e nenhum motivo ao mesmo tempo.


Saindo de seus pensamentos, Hermione percebeu que o ruivo ainda continuava ali, a olhando com uma expressão de quem estava prestes a falar alguma coisa. A mulher de cabelos castanhos esperou, com as sobrancelhas erguidas, as palavras que Rony estava tendo dificuldades de falar, mas o ruivo simplesmente colocou as mãos dentro dos bolsos, e deu de ombros. Sentindo-se irritada pela hesitação de Rony, Hermione estava pronta para exigir que ele desembuchasse logo de uma vez, mas o ruivo logo se despediu e já rumava para fora de seu escritório. Vendo as costas do ruivo desaparecerem pelos corredores de seu setor, ela suspirou cansada e voltou sua atenção para os memorandos.


***


Seu relógio de pulso mostrava que já se passava dez minutos das seis horas, mas Hermione Granger não parecia se importar. Decidida a não perder o pouco progresso que fizera com a aprovação da lei que criara um dia de folga por semana para os elfos domésticos, a mulher de cabelos castanhos passou o resto da tarde nos arquivos do Ministério, procurando artigos e casos antigos que pudessem lhe favorecer na próxima sessão com a Suprema Corte. Foi quando um grosso e velho documento lhe chamou a atenção: “Grandes Tabus e Crenças nas Sociedades Trouxas e suas Repercussões na História da Magia Anciã".


Desde a hora que havia começado a ler as palavras antigas gravadas naquele artigo, Hermione percebeu que ali poderia estar a solução de seus problemas atuais com a Suprema Corte dos Bruxos. Ela sabia, mais do que ninguém por ali, que as mudanças, na maioria das vezes, não eram muito bem vindas no Ministério da Magia e que, os bruxos em geral estavam tão acomodados com a situação em que se encontravam que não se preocupavam em contestar os problemas que existiam. Pelas barbas de Merlin, foi preciso duas grandes guerras contra os nascidos trouxas e mestiços para que o Ministério tomasse alguma atitude! E a atitude deles era contratar uma nascida trouxa com vontade de modificar aquilo tudo.


Apenas poucos bruxos, como o próprio Ministro da Magia, Quim Shakebolt, tinham vontade e mostravam algum empenho em modificar tradições bruxas ultrapassadas. Foi assim que ela fora promovida para o cargo de chefe de sua sessão. Com a promessa de que teria o caminho aberto para acabar com o que deveria ser acabado. O progresso pelo progresso, era como ela gostava de pensar. Uma homenagem à antiga e passageira diretora de Hogwarts, Dolores Umbridge, em seu quinto ano. Mas a verdade era que muitos bruxos ainda resistiam às mudanças. Os “velhos caducos” da Suprema Corte eram a maioria deles.


- Hermione?! – a mulher de cabelos castanhos deu um pulo de susto em sua cadeira com a interrupção inesperada. Olhando para onde vinha a voz do “intruso”, ela se deparou com Rony Weasley parado em seu batente, com uma expressão também surpresa no rosto. Então, como quem leva um choque, Hermione olha para seu relógio de pulso: seis e quinze. Soltando uma imprecação em voz baixa – Rony a implicaria toda a noite se a ouvisse soltando imprecações – Hermione se levantou apressada, sentido suas faces corando pela vergonha de estar tão atrasada. – ‘Tá tudo bem? – ela olhou novamente para o ruivo, enquanto juntava suas coisas, e ele tinha um sorriso debochado no rosto.


- Cale a boca Ronald. – fui tudo o que ela disse, enquanto passava por ele e seguia pelos corredores apressada. Depois de alguns metros, o ruivo com suas pernas longas e passos grandes já tinha a alcançado.


- Grandes Tabus e Crenças nas Sociedades Trouxas e suas Repercussões na História da Magia Anciã? – Ron perguntou com o mesmo tom debochado. Hermione, parando em frente às portas do elevador, percebeu que o ruivo havia tirado o artigo de suas mãos, e bufou mal humorada. Após uma risada curta, o ruivo continuou. – Agora eu vejo porque você se esqueceu do aniversário do Harry, isso parece tão interessante!


- E é realmente interessante! – Hermione retrucou, tomando o artigo de volta das mãos do ruivo de forma grosseira. Em resposta, Rony apenas começou a rir. O barulho do elevador chegando soou nos ouvidos de Hermione, e ela passou pelas portas evitando olhar para o ruivo, sentindo suas faces mais coradas ainda.


- É realmente chato. – Rony debochou novamente, recebendo em resposta apenas um olhar assassino da mulher ao seu lado, enquanto o elevador começava a se mover. O ruivo riu silenciosamente até que as portas se abriram revelando O Átrio, e Hermione saiu a passos duros a sua frente. Sem olhar para trás, ela já chegava à cabine telefônica que era a entrada de visitantes, e não percebeu o sorriso satisfeito que Rony mostrava à suas costas.


Quando a porta da pequena cabine telefônica se abriu e Hermione entrou, sem ao menos olhar para o ruivo, foi que um pensamento perturbador passou pela cabeça dela. Aquela cabine era realmente pequena. Um bruxo adulto e uma criança podem entrar ali com facilidade, mas dois bruxos adultos e, no caso, um bruxo ruivo e alto demais e uma bruxa que não gostaria de muita aproximação física com o primeiro bruxo não se sairiam tão bem assim.


Hermione já se preparava para mandar Rony esperar do lado de fora e subir depois quando o ruivo, que não parecia estar incomodado com a situação, entrou com dificuldade na cabine, espremendo as costas de Hermione no telefone público (na verdade, ela estava espremendo suas costas no telefone público para manter-se o mais afastada possível de Rony), escorando no vidro oposto a ela e dando um de seus famosos sorrisos de lado. O estômago da mulher de cabelos castanhos deu uma volta dolorosa e tudo o que ela conseguiu pensar, enquanto a cabine telefônica subia lentamente, foi que ela não ia agüentar esse tipo de situação entra ela e Ron outra vez!


***


A manhã de sábado estava quente e ensolarada demais para um típico dia de outono, mas Hermione agradecia internamente por isso. A morena e Gina comiam silenciosamente seus cafés da manhã, cada uma perdida em seus próprios pensamentos. No Salão Principal ecoavam as vozes animadas de todos os outros alunos, excitados pela primeira visita do ano à Hogsmeade, principalmente dos alunos que estavam no terceiro ano, visitando o povoado pela primeira vez. Hermione terminou a refeição rapidamente e acenou para Gina, saindo em direção às portas principais, com seu distintivo de monitora chefe brilhando em suas vestes.


Após muitas inspeções pelo Sr. Flinch, que checava duas e, às vezes, três vezes o nome na lista de cada aluno autorizado a sair, Hermione liderou um grupo de terceiranistas, explicando em seu tom sabe-tudo sobre as regras e horários que os alunos deveriam respeitar durante essa, e todas as outras visitas ao povoado. Uma menininha que pertencia à Lufa-Lufa levantou a mão e perguntou, com uma voz temerosa, que tipo de monstro habitava a Casa dos Gritos. Em meio às risadas de muitos de seus colegas, a maioria pequenos arrogantes da Sonserina ou pequenos corajosos da Grifinória, Hermione sorriu simpática a ela e disse que isso era algo que ela deveria descobrir sozinha.


Depois de apresentar as principais lojas do povoado, os pequenos alunos se dispersaram, a maioria dos garotos entrando na loja de logros Zonko’s e as garotas entrando na Dedosdemel. Hermione observou o movimento dos pequenos alunos por algum tempo e, sentindo que seu dever acabava ali, começou a caminhar lentamente para o Três Vassouras, onde ela e Gina haviam combinado de se encontrar no dia anterior. O estômago de Hermione deu uma volta desconfortável, já devia estar chegando a hora do almoço.


A monitora chefe entrou no estabelecimento da Madame Rosmerta, buscando com os olhos a mesa onde encontraria seus amigos. O ambiente, lotado de alunos conversando e bebendo suas cervejas amanteigadas, estava quente e abafado, e fez o estômago de Hermione dar mais uma de suas voltas nervosas e ela se arrepender de ter entrado ali tão cedo. Afinal, onde, pelas barbas de Merlin estava Gina?!


Escaneando o lugar com os olhos, Hermione acabou encontrando os cabelos ruivos de Gina em uma mesa mais ao fundo, de costas para onde a morena entrava. Caminhando lentamente entre as mesas cheias de alunos, respondendo aos cumprimentos da maioria deles da forma mais educada possível, Hermione sentia um enjôo crescente. Ser conclamada uma heroína da guerra, parte do “Trio de Ouro” e ainda monitora-chefe em seu último ano de escola a tornaram subitamente popular. Andar com a capitã do time de quadribol da Grifinória também não ajudava muito. Hermione não gostava muito da sua nova “posição” no castelo, mas tentava lidar com a fama como aprendera com seu melhor amigo: seja simpático e ignore a atenção extra que lhe dedicarem.


Chegando a mesa quase escondida no fundo do bar, Hermione avistou Gina e Harry conversando em tons baixos e risonhos, de frente para ela, mas parecendo não notar sua chegada. Antes que Hermione pudesse pensar a quem pertencia então os cabelos ruivos que ela havia avistado de costas para ela, o ruivo olhou para trás com uma expressão contrariada e exclamou em surpresa, finalmente chamando a atenção do casal a sua chegada. Rony se levantou e os dois se encararam por um momento em silêncio, até que Hermione achou palavras para se expressar.


- O que você está fazendo aqui? – sua voz saiu mais acusadora e aguda do que ela realmente queria, mas ela não conseguiu pensar em mais nada que pudesse corrigir seu deslize. Escutou risos contidos de Harry e Gina e sentiu suas faces corando.


- Bom... é... – Rony coçou a nuca nervosamente enquanto as pontas de suas orelhas se fundiam com seus cabelos. – Jorge me liberou da loja hoje, já que a maioria dos pirralhos acaba comprando na Zonko’s nos dias de visitas. Então eu vim ver você... e Gina. – ele completou com um tom envergonhado, quase sussurrando a última parte. Hermione sentiu algo derretendo dentro de si e sorriu para o ruivo, sentindo-se mais feliz do que realmente deveria.


- Pelo menos você não vai ficar de vela sozinha, não é? – completou Harry em um tom muito bem humorado, enquanto Hermione se sentava ao lado de Rony. Gina riu do comentário, mas Rony tinha uma expressão de dúvida no rosto que fez Hermione rir.


- É uma expressão trouxa Ron. – ela completou, ainda em um tom risonho. – Nós falamos “ficar de vela” ou “segurar vela” quando uma ou mais pessoas estão acompanhando um casal. – Hermione explicou em seu tom sabe-tudo, mas Ron olhava para ela com uma expressão que não havia escutado nada de sua explicação. Ela bufou mal humorada.


- Você quer uma cerveja amanteigada? – Ron perguntou de súbito, apontando que todos os três já tinham seus copos. Hermione assentiu, sem entender, quando o ruivo levantou-se com rapidez. – Deixa que eu pego pra você. – e saiu apressado, deixando uma Hermione surpresa e um casal rindo a plenos pulmões para trás. A morena lançou um olhar assassino para os dois amigos, que pararam de rir.


- Desculpa Mione, mas é muito engraçado ver vocês dois assim, de novo. É quase como o ano passado outra vez, sem o cara de cobra, claro. – Harry falou em um tom nada arrependido enquanto se recuperava da sessão de risos.


- Eu não vejo graça nenhuma. – Hermione respondeu, tentando manter uma expressão mal humorada no rosto.


- Então você é a única. – Gina respondeu, ainda com as bochechas vermelhas do riso. – Jorge só liberou Ron hoje porque ele apostou que vocês dois estariam namorando antes do Natal.


- Vocês estão apostando?! – Hermione perguntou, fingindo estar chocada. Ela já esperava algo assim de sua segunda família.


- Eu perdi um galeão apostando que vocês estariam juntos assim que você desembarcasse da Austrália. – Harry completou parecendo contrariado. Hermione ia revidar, dizendo que não era culpa dela se Rony era mais lento que um trasgo manco, quando Gina apontou que ele estava chegando e os três logo mudaram de assunto.


- Rony, acalme-se! – Hermione exclamou mal humorada, enquanto ela e o ruivo caminhavam pelas ruas de Hogsmeade, muito mais tarde naquele dia. Harry e Gina haviam dado uma desculpa qualquer e desaparecido, deixando um Rony nervoso para trás. – Eles não se vêem há dois meses, você não esperava que ficassem conosco o tempo todo, não é?!


- Eles podem muito bem “conversar” na nossa frente Mione! – exclamou o ruivo irritado, dando ênfase à palavra que Harry havia usado como desculpa para ficar a sós com a namorada.


- Você sabe muito bem que eles não vão só conversar! – Hermione praticamente gritou, deixando Rony com uma expressão surpresa, mas, finalmente, calado. – Por Merlin Ron, eles são namorados e não se vêem há dois meses, o que você esperava?! – ela completou em um tom mais calmo.


- Eu também não te vejo há dois meses. – Rony respondeu em um tom mais rouco, fazendo o estômago de Hermione revirar, imaginando as implicações do que ele havia dito. Mas, para sua decepção, Ron logo completou. – Ou Gina. E Harry não te vê há dois meses. Eles podiam muito bem ficar por perto, conversando. Como nos velhos tempos.


- Nós ficamos juntos durante horas. – Hermione respondeu em um tom desanimado. “Nós não nos vemos há dois meses” ela pensava. “Mas não nos beijamos há mais de seis”. Os dois haviam parado de andar e estavam escorados na cerca da Casa dos Gritos. A lembrança da menininha Lufa-Lufa assustada fez com que Hermione sorrisse. Então ela percebeu que Ron a observava.


- E-eu... senti sua falta. – Ron disse com o mesmo tom rouco que havia usado há pouco tempo atrás e Hermione sentia seu coração batendo tão forte que logo sairia pela sua boca. O estômago da morena dava voltas e voltas pela expectativa do que poderia vir e da tensão de estarem tão próximos que ela podia sentir o calor vindo da pele de ruivo. Tão próximos, mas não próximos o suficiente.


- Ei, Granger! – uma voz masculina pareceu despertar a monitora-chefe e ela se virou e deu de cara com Terry Boot, o grifinório que também era monitor-chefe. Ele pareceu sem graça por um momento, mas logo continuou. – Está na hora de levarmos os terceiranistas de volta ao castelo. Quer que eu leve eles sozinho? – Terry terminou, lançando olhares nervosos para Rony ao seu lado.


- Não precisa Boot, já estou indo. – Hermione respondeu, tentando soar simpática. Voltou a encarar Ron e não conseguiu decifrar o que havia em seus olhos. – Tenho que ir Ron. Vê se me escreve. – Ela disse no tom mais amigável que conseguiu e, subindo na ponta dos pés, deu um beijo na bochecha do ruivo e saiu apressada, sem olhar para trás.


***


- No que está pensando? – a voz de Gina despertou Hermione de suas lembranças. Ela percebeu que encarava seu copo de Martini perdida na conversa que seguia entre os três amigos no pub lotado. Os quatro estavam sentados em uma mesinha perto do bar e Rony e Harry pareciam agora discutir alguma coisa do setor dos Aurores.


- Só lembrando de umas coisas. – Hermione respondeu em um tom vago. Não queria dizer que estava pensando em Ron. Não nele exatamente, mas na primeira vez que eles haviam ficado sozinhos depois que ela voltara da Austrália.


- Então, porque você não trouxe o Greg? – perguntou Gina em um tom bem humorado, percebendo que não deveria insistir no assunto. Hermione encarou a amiga, surpresa pela pergunta e percebeu que Harry também encarava a noiva com surpresa. Ron parecia que ia se fundir com os cabelos de vergonha. Então Hermione entendeu que Rony havia omitido a parte dela chamar o “namorado”.


- Ele ia ficar até tarde no trabalho hoje, por causa de uns pedidos extras de sessão com a Corte. – ela respondeu com a maior naturalidade possível, lançando um olhar de censura ao ruivo. Ele, em resposta, apenas deu de ombros.


- Com problemas por causa da sua nova lei? – perguntou Harry em um tom preocupado.


- Você acha mesmo que os velhos caducos iam deixar a Mione em paz?! – Gina respondeu pela amiga, em um tom mal humorado. Todos riram pela expressão velhos caducos”.


Durante o resto da noite os quatro amigos beberam e conversaram sobre os tempos de escola, quase se esquecendo que ainda era uma noite do meio da semana. Hermione se sentia mais leve e descontraída do que no início da noite, talvez porque ela conseguia se sentir à vontade perto de Ron quando eles estavam com Harry e Gina, ou talvez fosse mesmo por causa dos copos de Martini que havia bebido. Quando o relógio de Harry apitou indicando que eram meia noite, eles decidiram encerrar o encontro. Harry e Gina saíram andando até um beco próximo para aparatarem, cada uma em sua casa, como insistia Ron em dizer, mas o ruivo decidiu acompanhar Hermione em sua caminhada até o seu apartamento, que não ficava muito longe dali.


Eles caminharam em silêncio até a entrada do prédio onde Hermione morava e a morena insistiu que Rony subisse para poder aparatar de lá até sua casa (ele morava atualmente no pequeno apartamento que havia sobre a Gemialidades Weasley no Beco Diagonal). Quando entraram no elevador e ele começou a subir foi que Ron finalmente quebrou o silêncio.


- Eu não gosto daquele cara, Greg. – ele disse em um tom de quem pede desculpas. Hermione riu em resposta.


- Eu não achei que gostaria. – ela respondeu em um tom descontraído. Ron nunca ia gostar de seus namorados, ou pretendentes a namorados, sendo eles amigos ou não. Isso era um fato. Ron riu sem graça com o comentário.


- Ele me parece um folgado, todo cheio de mãos pra cima de você e de Gina. – Ron explicou, com uma voz contrariada. – “A senhorita está deslumbrante, Gina”, “Você está maravilhosa, Herms”...


- Ele só é educado, Ron... – Hermione disse, sem se abalar com o que ouvia do ruivo. Todos tinham um defeito para ele não é? O elevador parou no andar onde Hermione morava e os dois saíram em direção à porta do apartamento dela.


- Harry também não gosta muito dele. – Ron disse, em um tom mais sério. Hermione assentiu, cansada. Ela já tinha percebido. – Achei que você devia saber.


- É, eu sei Ron. – ela respondeu em um tom chateado. Abriu a porta e os dois entraram em sua sala escura. Com um aceno de varinha, a sala se iluminou e Hermione percebeu que Rony olhava em volta, talvez percebendo as diferenças que haviam ali desde que eles namoravam.


- Bom, é melhor eu ir. – Ron disse depois de um tempo de silêncio, deixando Hermione surpresa pela súbita mudança de assunto. Ou melhor, pelo encerramento do assunto. Ela só percebeu que o ruivo havia se aproximado quando sentiu seus lábios em sua bochecha e, antes que ela percebesse, ele já havia desaparatado.


¹CT = Centro de Treinamento, como nos times de futebol. =)

N/A: E então...... o capítulo 4!!! Como vocês devem ter percebido, eu coloquei um "pequeno" trecho de falshback da época que a Hermione e a Gina estavam cursando o último ano de Hogwarts e a nossa querida Mione e o Ron ainda nem tinham começado a namorar. Estou pensando em colocar alguns desses flashbacks ao longo da história, para contar como que nosso casal favorito começou a namorar... e como acabaram terminando é claro!

Meu agradecimento especial à Andreia Granger, que me deu essa idéia genial quando me perguntou como os dois haviam terminado! E, respondendo ao seu comentário: eu gosto de escrever a fic no ponto de vista só da Hermione, porque aí fica aquele mistério "será o Ron ainda gosta dela?!" =D Além do mais, na vida real nós só temos o nosso próprio ponto de vista das coisas certo?! E inpressões das outras pessoas... e é muito mais instigante assim! Portanto... continue tentando descobrir!

Muito obrigada pelos comentários também: Rayane Tavares (valeu por continuar lendo e comentando!), lua tonks e Jessi, leitoras novas!

Ainda não comecei a escrever o capítulo 5, mas prometo que tento atualizar até domingo que vem!

CONTINUEM COMENTANDO!!!

Ass: Carol Pimenta

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Comentários (2)

  • juliavon

    own... adorei o cap :)

    2012-01-13
  • Lana Silva

    Acho que senti ciumes nesse capitulo..kkk *------* Ron com ciumes da Mione é o maximo mesmo que finja que não!

    2011-12-12
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