O Resgate



Harry descia as escadarias correndo, a sua cabeça fervendo, tentando pensar num plano para resgatar Hermione.


Rony ainda ficara na Sala do Diretor Dumbledore para conversar com o senhor Weasley, assim Harry tinha mais tempo para pensar.


Estava pensando em ir conversar com Hagrid na cabana, quando alguém segurou seu ombro. Harry virou-se surpreso para ver a cara pálida de Draco.


- O que você quer? – perguntou Harry, rispidamente – Veio tripudiar de mim? Foi uma vingança perfeita não é, Malfoy? A vingança por termos colocado seu pai na cadeia. A única diferença é que Mione é inocente e agora está nas mãos daquele... daquele...


- Calma, aí, Potter! – Draco se defendeu – você deve apurar os fatos antes de sair acusando os outros assim. E no mais, eu não tenho nada a ver com esta história.


- Ah, é? Foi por isso que a sua mãe insistiu tanto em colocar você no congresso, a mando de seu pai.


- Cala a boca, Potter! Não fala da minha mãe, não! Eu vim aqui para te ajudar, mas se você vai ficar aí me xingando eu...


- Ajudar como? – Harry perguntou curioso. Ele não confiava nem um pouco em Malfoy, mas talvez conseguisse obter alguma informação dele.


Malfoy olhou para ambos os lados antes de dizer:


- Eu me aproximei muito da Hermione no Congresso. Conversamos muito e vi que ela não é como eu imaginei. Ela pode ter os pais trouxas, mas...


- Malfoy...


- Ta, ta, espere! – Draco abaixou a voz de modo que somente Harry pudesse ouvir – Se você quiser entrar em contato com Voldemort, utilize a minha coruja. Dumbledore vai vigiar aquela sua coruja nojenta...


- Ela não é nojenta...


- E vai vigiar também aquela coisinha minúscula que o Weasley chama de coruja...


- Se você quer saber Pichi é...


- Mas ninguém nunca vai desconfiar da minha coruja. Eles não a interceptarão pois pensam que eu não tenho interesse em salvar Hermione.


- E porque você está tentando me ajudar assim voluntariosamente, Malfoy? – Harry perguntou, desconfiado. Sabia que Malfoy estava armando alguma, mas não poderia deixar de concordar com Draco a respeito das corujas.


- Só estou tentando salvar a Granger. – Draco respondeu, tentando parecer inocente. - Se quiser enviar uma carta a Voldemort, entregue a mim. E eu usarei a minha coruja.




Harry sabia que era uma armadilha para ele. Sabia que Hermione era apenas a isca, mas não havia o que fazer. Era sua culpa Hermione ter sido raptada, afinal, foi ele que a convenceu a ir no congresso enquanto ela abria seu coração e tentava lhe dizer que alguma coisa ruim iria acontecer. Harry não quis ouvi-la novamente e estava pagando da pior forma possível. E imaginava o que aconteceria se Hermione....


Não! Ela não morreria! Ele não deixaria que isto acontecesse! Angustiado e obstinado a salvar sua amiga, Harry escreveu a carta a Voldemort!




“Riddle,


Se quer a mim, a mim terá, mantenha a garota a salvo.

Potter”.

Harry entregou a Draco, sorrateiramente enquanto passava pela mesa da sonserina no almoço, um pouco mais tarde naquele dia. Na mesa da grifinória, todos estavam em silencio, pois já sabiam o que acontecera com Hermione. Gina estava com os olhos vermelhos. Neville soluçava e Rony estava sem apetite o que era um fato raro.


Harry não contou a Rony sobre o que estava acontecendo. Pensou que o amigo tentaria impedi-lo, e não poderia envolvê-lo, tinha medo de algo ruim acontecer com ele também.


Naquela noite, no jantar, Draco fez um sinal quase imperceptível para Harry. Assim quando ele saiu da mesa, Harry também se retirou. Os dois se encontraram num corredor.


- Chegou hoje. – Draco disse, entregando um pequeno bilhete a Harry. A letra era muito bonita, apesar de estar um pouco tremida. Harry reconheceu imediatamente ser de Hermione e teve um sobressalto.




“Harry,


Estou bem. A chave de portal está na sala de troféus. Se quiseres me ver, utilize o prêmio dado a Tom.


Mione. Não esqueça da promess”


- Eu não sei o que isto quer dizer, não entendi nada, espero que tenha entendido. – Draco falou.


Harry entendera muito bem. Entendera tudo, até mesmo a frase incompleta “Não esqueça da promess”. Aquilo era uma aviso de Hermione para não sair de Hogwarts. Ela provavelmente estava escrevendo “Não esqueça da promessa” quando Voldemort ou Belatriz a impediu. E quanto a chave de portal, Harry lembrava-se de, no segundo ano em Hogwarts, ter ido junto com Rony e Hermione ver o troféu que Tom Riddle(o nome que Voldemort tinha) ganhara por serviços prestados, quando ele atribuiu a abertura da Câmara Secreta a Hagrid. O troféu de Tom Riddle era o portal para onde Hermione estava.


- Muito bem, Draco. Obrigado!


Harry subiu para a torre da Grifinória, deixando um Draco curioso. Seria mais esperto tentar resgatar Hermione durante a madrugada onde talvez tivesse alguma chance. Assim, Harry deitou-se muito cedo, esperando as horas passarem. Rony foi o ultimo do seu dormitório a ir se deitar. Estava muito abatido. Harry tinha muita vontade de contar para o amigo o que pretendia fazer, mas para a própria segurança de Rony não o fizera. Esperou que todos estivessem dormindo para apanhar o mapa do maroto e a capa da invisibilidade.


Utilizando ambos os instrumentos para que ninguém o enxergasse e para evitar encontrar com Pirraça ou Filch nos corredores, Harry desceu rapidamente a torre da Grifinória até a sala dos troféus. A porta estava trancada, mas ele destrancou-a rapidamente com um “alohomora”.


Um a um, Harry passava pelos vidros que continham os troféus, até parar naquele com a pequena inscrição “Tom Marvollo Riddle”. Desejando toda a sorte do mundo a si mesmo, Harry tocou o objeto.


No mesmo instante ele foi tragado pelo vácuo. Levou alguns instantes para que Harry soubesse onde estava, estava tudo muito escuro e ele não podia enxergar nada.


- Lumus. – a ponta de sua varinha se acendeu e Harry começou a olhar para os lados. Era uma sala, completamente inabitada e desprovida de móveis. As paredes estavam mofadas, os papeis de parede rasgados e havia um cheio fétido no ar. Procurando desesperadamente por vestígios, Harry encontrou uma porta e a abriu. Dava para um corredor muito extenso, mal iluminado por tochas tremeluzentes. Harry desejou muito que o troféu fosse pequeno para que ele pudesse levar consigo, mas como era quase do seu tamanho e igualmente pesado, ele não teve outra alternativa do que deixar o imenso prêmio na sala escura.


Harry saiu para o corredor e começou a testar porta por porta que encontrava. A maioria estava fechada, mas uma, quase a última, abriu-se. Ele entrou silenciosamente, iluminando o conteúdo com a ponta da varinha. O seu coração deu um enorme pulo ao ver uma figura pequena deitada sobre o chão, os pulsos presos por algemas pesadas.


- Hermione! Hermione – Harry correu para a amiga e ajoelhou-se ao seu lado. Por um instante imaginou que estava morta, mas ela ainda respirava. Harry libertou-a das algemas (Alohomora) e sacudiu-a para que ela acordasse. – Acorda, Hermione. Acorda pelo amor de Deus. – ele dizia sussurrando para que ninguém o escutasse.


Hermione gemeu baixinho. Ela tentava acordar, os olhos pesados e fundos e o corpo coberto de escoriações. Ela havia mesmo sido torturada.


Harry agarrou a amiga e levantou-a em seu colo, precisava chegar rápido até a sala escura para que pudesse levá-la junto consigo a Hogwarts onde ficariam a salvo. Mas quando Harry abriu a porta, ele escutou algumas vozes. A maçaneta da porta que terminava o corredor à direita estava remexendo. Harry voltou a sala e encostou a porta rapidamente antes que alguém os visse e ficou em silêncio, rezando para que ninguém entrasse naquela sala. Lá fora, ele reconheceu a voz irritante de Lestrange.


- Atentos, Comensais. O mestre avisou que Potter pode chegar a qualquer momento. Vigiem o corredor. E não tentem nenhuma besteira, apenas estuporem-no. O mestre o quer vivo.


Harry escutou os passos de Belatriz se afastarem, mas tinha certeza que duas pessoas, provavelmente, dois comensais estava no corredor aquela hora.


Harry sentou-se e repousou Hermione no chão. Ele não teria outra alternativa do que enfrentar os dois comensais. Se fosse rápido, talvez tivesse uma chance.


- Harry? – Harry levou um susto quando escutou a voz fraca de Hermione e viu os seus olhos abertos.


- Hermione? – ele sussurrou para que ninguém os ouvisse. – Você está bem, Mione? Eu fiquei tão preocupado.


- Eu estou bem, Harry, mas não devia estar aqui. – disse ela com a voz chorosa, os olhos marejados. – Você prometeu! Você prometeu, Harry!


- Sim, eu prometi, mas não podia deixar você aqui sozinha.


- Eu não sou importante, Harry. Você é. Você não pode morrer ou todos nós estaremos perdidos. Você não podia ter vindo aqui me salvar Harry. Se você morrer, ninguém mais poderá deter Voldemort.


Harry assustou-se com as palavras de Hermione e imaginou como ela chegara a esta conclusão.


- Como você sabe disto, Hermione?


- Eu deduzi, Harry. É isto o que a profecia diz, não é?


- Sim. Mas... – Harry estava atônito – Não consigo pensar como você...


- Eu sabia desde de o início que você era importante, Harry. Você sobreviveu quando criança por conta disto. É você quem terá que por um fim a Voldemort. Deixe-me aqui, Harry e salve a sua vida.


Harry tomou Hermione novamente nos braços, apoiando a cabeça da garota em seu ombro.


- Você é importante, Hermione. É importante para mim. – e a abraçou carinhosamente. – Você é a melhor amiga que eu poderia ter, Hermione. Você é a minha razão e a minha consciência. Você me manteve honesto em meus principios e me resgatou diversas vezes quando eu não podia mais continuar. Agora é minha vez de resgatar você.


Hermione começou a chorar, aconchegando-se nos ombros de Harry. Com esforço ela levantou os braços para envolver o pescoço dele. Os lábios de ambos ficaram muito próximos. Harry tinha muita vontade de beijá-la, mas seria desonesto tentar beijá-la agora, no momento em que ela estava mais frágil. Hermione sempre fora muito forte e vê-la tão desprotegida fez seu coração se encher de emoção. Não se perdoaria nunca se a perdesse.
Depois de alguns segundos, o braço de Hermione escorregou e caiu inerte do lado do seu corpo: ela desmaiara novamente.


Harry não esperou mais: repousou Hermione no chão e abriu a porta. Num rápido reflexo Harry estuporou ambos os comensais num enorme estrondo. Tentando agir rápido, Harry apanhou Hermione no colo e correu para a sala escura. Antes que pudesse tocar o troféu, Harry escutou uma voz dizer:


- Enfim, Harry Potter!




A sala se iluminou magicamente. Harry olhou em volta. Bem do lado do troféu estavam Belatriz Lestrange e Voldemort e a um canto, Malfoy!


- Seu traidor! – Harry resmungou para Draco. O ódio tomando conta de seu ser.


- Achou que seria fácil, Harry Potter – Voldemort dizia naquela voz sibilante. – Chegou o dia da sua destruição.


Voldemort ergueu a varinha lentamente apontando diretamente para Harry, com Hermione em seu colo.


- Não esqueça da garota – Malfoy começou a dizer, notadamente nervoso – o senhor não vai machucar a garota, não é?


- Não tenha piedade dos sangues-ruins, Malfoy. Se quiser ser como eu, não deve ter pena da escória.


- Mestre, o senhor prometeu que não a feriria... – Malfoy suplicou, tremendo dos pés a cabeça.


Voldemort gargalhou. Belatriz juntou-se ao mestre, uivando loucamente.


Era o fim, Harry concluiu, tentando pensar rapidamente em como chegar ao troféu. Se pudesse ser rápido o suficiente, mas Voldemort jamais deixaria.


- Deixe a garota, Voldemort. É a mim que quer! – Harry desafiou. Mas era tarde demais.


Um jato brilhante púrpura saiu da ponta da varinha de Voldemort. Harry fechou os olhos e se virou, tentando proteger Hermione com suas costas.


Um grande barulho se fez ouvir. Harry abriu os olhos, imaginando que estaria ferido, mas nada acontecera com ele ou com Hermione que repousava tranqüila em seus braços. Harry se virou admirado. O feitiço revertera a Voldemort e Belatriz que jaziam estuporados no chão.


- O que aconteceu? – Harry perguntou a Draco que via a cena, tão admirado quanto Harry.


- O feitiço voltou. Não sei porque. – Draco respondeu, timidamente. – É melhor fugir agora, Potter. Não vai ter outra oportunidade.


- E você? Voldemort não vai ficar contente quando ver que você me deixou fugir. – Harry disse, preocupado. Draco era um fuinha traidor, mas sabia que morreria nas mãos de Voldemort se ficasse ali.


- Não posso fugir! Se eu fugir, minha mãe vai morrer. A idéia de seqüestrar Hermione foi dela. Fui eu quem disse a Voldemort onde estávamos exatamente quando ele nos atacou.


- Seu... – Harry começou a xingar, tomado pela fúria.


- Eu sei que está zangado, Potter. Mas tive motivos para fazer isto. Eu tive que escolher entre você ou minha mãe. Mas não queria que Hermione ficasse machucada. Eu... eu a amo, mais do que a minha própria vida.


Harry ficou admirado com a revelação de Malfoy. Logo Draco que sempre chamou Hermione de sangue-ruim.


- Vá! – Draco ordenou, apontando ao troféu.


Harry não hesitou e tocou no troféu. Em segundos se viu na sala dos troféus. Estava em Hogwarts. Estavam salvos!

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