Voltando aos Eixos
Após o dia 31, logo veio o dia 1° no qual Harry e todos os Weasley´s (exceto Fred e Jorge, que iriam para a loja deles) presentes à Ordem teriam que embarcar no Expresso da Plataforma 9 ¾ cujo destino seria inevitavelmente um: Hogwarts. Todos acordaram cedo, mas devido a festa na noite anterior, não se sentiam muito dispostos e tamanha falta de ânimo acabou fazendo com que se atrasassem mais do que o esperado pela Sra. Weasley, que junto de alguns outros membros da Ordem, levaria os estudantes para a estação. A paranóia de muitos naquele momento sobre o que o ano estaria reservando era lentamente observada por Harry, que entre risinhos pouco abafados e um leve sorriso no rosto, tentava escutar e ao mesmo tempo absorver todas as novidades que todos lhe contavam ao mesmo tempo. Neville contava que naquelas férias sua avô havia levado ele para sair muitas vezes durante as férias, e que no período vago se desdobrava diante a um espelho do seu quarto treinando alguns feitiços que aprendera no ano anterior na AD, e de que inclusive durante as férias ele havia recebido uma carta de Hogwarts o informando de que havia sido eleito monitor-chefe, o que deixou sua vô ainda mais orgulhosa do neto. Rony dizia que nessas férias havia treinado quadribol muito mais do que nos anos passados já que desde o quinto ano havia se tornado o goleiro do time da Grifinória, e que não por menos, estava em melhor forma para defender o time de sua casa no ano letivo que estava prestes a começar. Gina também entrou na conversa, falando que durante as férias continuava namorando Dino Thomas, para desespero de seu irmão Rony, mas que tudo indicava que o namoro prosseguia firmemente. Hermione parecia ser a única a se empolgar tanto em dizer novidades, aparentemente porque não havia nenhuma, não alguma que ela estivesse querendo contar naquele momento, apenas de que no ínicio das férias quando já havia voltado de uma rápida viagem à Paris com os pais e já estando na sede da Ordem havia recebido uma carta de Hogwarts dizendo que este ano ela se tornaria monitora-chefe visto que o seu desempenho como monitora no ano passado fora excelente e com isso ela tinha sido aprovada para o cargo. Rony ao ouvir Hermione dizer esta novidade logo emendeou um pequeno sorriso no rosto, dizendo para Harry que ele não fora aprovado como monitor, o que para ele seria ótimo pois poderia treinar e ter mais tempo para o quadribol, sua nova atividade favorita em Hogwarts depois de imaginar maneiras de matar Draco Malfoy.
Todos já estavam prontos para descer ao salão principal da mansão, cada qual com seu malão, e partirem diretamente para a estação King´s Cross. Rony e sua irmã foram os primeiros a descer e junto com Hermione foram até o carro do Sr. Weasley, mas Harry logo ao descer não pode deixar de olhar ao redor, cada centímetro daquele casarão como em busca de mais uma lembrança sobre Sirius. Seu olhar varreu o ambiente em uma tristeza conformada, como se nada restasse a não ser que ele olhasse para aquilo tudo por uma última vez, e tão breve como ele havia parado para olhar ele logo se voltou de frente a porta e seguindo rumo. Luna havia sido levada a estação por Tonk´s algum tempo antes do Sr. e Sra. Weasley levarem seus acompanhantes, e Neville também havia tratado de ser levado a estação por Lupin. Harry e Hermione se acomodaram cada um nas laterais dos bancos de trás, enquanto ao meio ia Gina e Rony. Como sempre, a vista de fora do Ford Anglia do Sr. Weasley não era lá a de um carro exatamente espaçoso ou confortável, mas quem estava dentro dele não tinha muito do que reclamar afinal de contas era um ótimo carro bruxo e que à vista de trouxas pareceria tão despercebido quanto o fosse permitido. Ao que todos estivessem devidamente posicionados dentro do carro, o patriarca dos Weasley´s já engatava o carro voador em direção ao centro de Londres. Harry podia avistar as paisagens, vendo os trouxas se distanciarem dele e de todo um mundo bruxo como se nada pudesse atingi-los e como se nenhum caos estivesse por se estabelecer abalando toda uma divisão de sociedades, e de algum modo Harry se sentiu com um pouco de inveja deles. O que sempre pareceu para ele um mundo bom, não totalmente maravilhoso, mas tão melhor que aquele mundo em que ele foi duramente criado, e logo via que aquele modesto paraíso estava se tornando o inferno e Harry não tinha noção de quanto tempo isso iria durar para a sua maior infelicidade naquele momento.
A viagem, ao contrário do que fora no passado, parecia mais longa e sem aquela agitação e alegria com que se festejava uma volta a Hogwarts e todos os seus territórios cheios de mistérios incompletos. Quando chegaram a estação King´s Cross a despedida foi marcada pelos tradicionais beijos, abraços e mensagens carinhosas, mas além de todo o natural ritual que ali se via acontecer, houve uma clara demonstração de uma preocupação acima do normal presente não só entre os Weasleys mas entre todos os pais e acompanhantes que estavam na estação e viam seus filhos partirem sem saberem se iriam voltar. Era uma nuvem negra repleta de nebulosidade que pairava sob os céus e refletia em igualdade a apreensão com que se vivia aquele momento. A angústia de não se saber o futuro que viria daquele momento em diante, o que restaria dos presságios não ditos.
O tormento cedeu para a inevitável ida para o desconhecido, e não mais foi preciso naquele momento que os estudantes se pronunciassem. Eles apenas entraram nos vagões do expresso que já os aguardava, escolheram seus lugares e sentindo pesar tomaram a coragem de querer prosseguir sem quererem olhar para trás. O expresso os conduziam suavemente como se não houvesse nada o que temer, a pressão de um novo ano letivo já era grande o suficiente para ocupar a mente dos jovens estudantes. Eles não queriam ser mais do que podiam ser, eles só desejavam serem os mesmos que brindavam, badernavam e sentiam o furor da idade fazer valer a pena.
Harry e Rony estavam juntos de Neville, Gina e Luna na última cabine dentro de um dos últimos vagões quando Hermione apareceu apenas para dar um breve sinal de vida e checar todos os passageiros nas cabines, já que logo teria de voltar novamente para o vagão dos monitores e coordenar os outros mais jovens para suas funções. Harry estava com a cabeça apoiada na janela sentindo pingos grossos de chuva baterem no vidro enquanto Rony se divertia jogando xadrez bruxo com Neville, Luna lia a nova edição de “O Pasquim” e falava com Gina ao mesmo tempo contando as últimas fofocas e novidades do mundo bruxo. A ida para Hogwarts estava longa, arrastada, empurrada por uma sensação de desconfortável perda de tempo. O céu parecia saber que os ânimos não estavam nada exaltados para expressar tão bem aquele momento frio e áspero. Não raro as conversas que se ouviam nos vagões eram de gritarias e barulhos estrondosos antigamente, mas naqueles momentos as conversas eram apenas em tons normais, sem quaisquer alteração, podia-se distinguir as vozes abafadas nos corredores e nas cabines.
O tempo permanecia nublado embora não chovesse mais quando o expresso ia diminuindo sua velocidade vagarosamente na estação de Hogsmead e muitos estudantes calmamente levantavam de seus lugares, e já vestidos com suas vestes bruxas, se dirigiam para fora das cabines e vagões. Harry descera do vagão ao lado de Rony, Gina, Hermione, Luna e Neville que iam se ajustando dentro das vestes e levando suas bagagens. Harry olhava para os lados esperando ver Hagrid por perto, encaminhando os alunos dos primeiro ano, mas por onde quer que ele olhasse na estação ou até mesmo na estrada que levava a Hogwarts, ele não conseguia avistar o guardião da escola. Fora a segunda vez em que Harry não avistava o meio-gigante entre os alunos, e embora no início isso o preocupara, logo foi avisado por Hermione que na verdade nem mesmo os alunos do primeiro ano estavam presentes no expresso e nem na estação porque ficara sabendo por outros monitores do sétimo ano que neste início de ano letivo os primeiranistas iriam pegar o expresso de Hogwarts mais cedo que os demais e portanto iriam para Hogwarts em companhia de Hagrid mais cedo também.
Dentro de não muito tempo após as últimas observações de Harry e companhia, todos puderam ouvir se aproximar uma longa manada de granianos arrastando, cada qual, uma carruagem visivelmente deslumbrante. Ao contrário do que fora no quinto ano, todos conseguiam ver os cavalos alados granianos pois eles eram de uma pele cinzenta e muito fortes. Ao que todos fossem ocupando as carruagens logo que estas chegavam em mais e mais quantidades naquela estrada fria e cheia de neblina, Gina e Luna não hesitaram em já irem separando uma das carruagens e guardando lugares para Rony, Hermione e Harry que se acotovelavam pela multidão de alunos. As carruagens saiam da estação vagarosamente, mas ao pleno começo da estrada eis que os granianos galopavam velozmente, atingindo uma rapidez altamente incrível. Rony precisou segurar a gaiola de Píchi fortemente já que a pequena corujinha insistia em aproveitar a velocidade para se ver livre dela, Bichano tomou um leve susto no colo de Mione a princípio mas não breve voltou a cochilar por alguns minutos, e quase que Trevo dispara do bolso de Neville em busca da natural liberdade.
A chegada em Hogwarts fora o único momento até então que não apresentava lá grandes novidades, a passagem pelas escadarias, o salão..tudo continuava o mesmo. Ainda que os primeiranistas haviam sido os primeiros a chegar ao castelo, eles continuavam a seguir o ritual de anos ao esperarem a oportunidade exata dentro da cerimônia de boas-vindas para entrarem no Salão Principal e então finalmente serem escolhidos para uma das quatro casas de acordo com o que o chapéu seletor indicaria sobre eles. Todos os professore já estavam presentes na mesa, incluindo Hagrid que não havia sido visto antes pelo restante de alunos, mas que estava em uma animada conversa com Lupin, que sentara ao seu lado na mesa entre ele e McGonagall. Lupin...saber que Lupin estava de volta era como uma leve brisa que tocava e acalmava a alma de Harry, ele poderia se sentir feliz e seguro ainda que pouco porque naquele ano Lupin estaria de volta com todo o seu ser, e suas aulas interessantes. Dumbledore estava habitualmente sentado na cadeira do meio, pacientemente entretido em trocar algumas palavras com Snape já que todo o Salão estava um pouco agitado, com conversas espalhadas por todos os cantos.
Dumbledore se levantou majestosamente e de frente para seu cálice e diante de todas as mesas, se pôs a pronunciar:
- Bem vindos, bem vindos a mais um ano em Hogwarts! Como de costume, iniciaremos a seleção dos novos alunos antes do discurso de boas vindas! Por favor professora Minerva, permita que nossos novos alunos entrem. – e foi com esta ordem que, agilmente, a profª Minerva se pôs a abrir os portões do Salão Principal guiando a passos largos os pequenos bruxos que se surpreendiam com a grandeza do castelo.
A professora colocara no palco à frente de todos uma pequena cadeira tripé de madeira desgastada, na qual depositava acima o chapéu seletor. O velho chapéu pontudo parecia já ter conhecido dias melhores porque não apresentava vida, em seu sentido figurativo, tinha seu pano rasgado em algumas partes e o seu couro era coberto de pó por cima, mas no que se referia àquele momento, o chapéu ganhou vida, literalmente, quando um outro rasgo mais próximo a aba abriu e então disse o seu já conhecido discurso por Harry e todos aqueles que estivessem do segundo ano em diante, definindo brevemente todas as qualidades e capacidades procuradas por cada fundador das quatro casas de Hogwarts: Grifinória, Sonserina, Corvinal e Lufa-Lufa. E terminado seu discurso, foi a vez da professora Minerva entoar em alto e bom som os nomes dos alunos que estavam na lista que ela carregava a altura de seus olhos.
- Mark Evans...
- Andrew Webster
- Sylvia Thompson
Ao que o chapéu logo emendava, após uma análise rápida sobre cada jovem estudante, a casa a qual iria pertencer:
- Corvinal!
- Sonserina!
- Grifinória!
- Lufa-Lufa!
E a cada nome que se pronunciava e a cada casa que se selecionava, uma torcida freqüente ocorria entre cada uma das casas, em que se aplaudia e se ovacionava cada novo membro de uma forma igualmente receptiva e calorosa. As mesas se encontravam em risos e frenéticas conversas entre si, quando novamente Dumbledore interviu levantando-se e com um sinal com as mãos, pedia silêncio ao Salão.
- Boa Noite, que sejam bem vindos os nossos mais novos alunos e que vocês possam ser bem recebidos também em suas mais novas casas, casas estas que durante este ano e por todo o período em que estiverem em Hogwarts serão seus lares, suas famílias dentro dos nossos territórios. Será nestes lares em que vocês farão seus primeiros amigos aqui, seus primeiros sucessos e fracassos dentro da magia, e não ouso em dizer até que será aqui que vocês encontrarão seus grandes amores e possivelmente levarão esses amores para além das fronteiras de Hogwarts formando um lar verdadeiro, uma família. – e nesta pausa, Harry pode sentir que Dumbledore olhara para ele, e uma fina lágrima escorreu por seu rosto – Em Hogwarts vocês terão todo o suporte de ensino necessário, sairão daqui aptos a fazer grandes feitiços e poderão ser grandes bruxos capazes dos maiores feitos. Hogwarts irá lhes ensinar o que há de mais precioso em nosso mundo: o conhecimento. Pois o conhecimento rompe fronteiras, o conhecimento abre portas e o conhecimento está neste lar aonde espero eu que vocês possam encontrar os seus próprios caminhos. Em meio a este discurso sinto ter que lhes informar algo, para que possamos enfim aproveitar de nosso banquete: este ano, mais do que nos anos anteriores, está terminantemente proibida qualquer aproximação da Floresta Proibida ou qualquer outro ponto de nossas dependências que não seja autorizado e acompanhado de professores durante aula!Do contrário, lamento avisar, os alunos que forem apanhados sofrerão de severa punição, podendo ocorrer até mesmo expulsão se assim for necessário. Prometi a mim mesmo que este ano eu diria apenas breves palavras mas vejo que acabei por não resistir. - neste ponto, todos dos salão soltaram risadas – Brincadeiras a parte, vamos ao banquete! Obrigado e bom apetite!- e com estes últimos desejos Dumbledore terminou seu discurso e ao se sentar pode aproveitar do banquete junto a todos os outros presentes no salão. Estudantes e professores viam suas mesas se encherem magicamente de muitas travessas cheias de diversas comidas, assim como diversas bebidas apareciam por diversos cantos das mesas também. Via-se a fartura ocorrer naturalmente naquela ocasião.
Harry não parecia acreditar que estava em Hogwarts por mais um ano, aproveitando de mais um banquete, junto a seus amigos, professores e podendo também voltar a estudar todas as suas matérias preferidas. E o quadribol... quantas saudades ainda se aprisionavam em seu peito pelo quadribol, pela simples vontade de querer voar com sua vassoura e só sentir o vento amigo inundar seu rosto e seus cabelos como uma onda refrescante. Mas Harry não sabia se voltaria ao quadribol, não ao menos tão cedo. Dolores Umbridge fez questão de o privar do que até então fora algo tão sagrado para Harry como o ar que ele respirava, no quinto ano. Sem dúvidas essa era uma das péssimas lembranças que Harry não conseguia esquecer. Nem em um momento tão agradável como o era aquele de estar de volta a Hogwarts, ao lugar onde ele sabia que de alguma forma ele iria tornar sempre pois ali fora onde ele tivera noção do que seria um lar de verdade. Na verdade, Hogwarts foi o mais perto de um lar que Harry poderia ter. Os Dursley´s certamente teriam muito a aprender se estivessem num ambiente como aquele.
Logo após o banquete, todos os monitores trataram de encaminhar as turmas de alunos novos para suas respectivas casas, e Hermione e Neville, como não poderiam deixar de ser, trataram de encaminhar todos também. Já que eram os monitores-chefe teriam de cumprir firmemente seus papéis. Rony, Gina e Harry caminhariam junto com os dois para os dormitórios da Grifinória, enquanto Luna ia até o dormitório da Corvinal junta de Cho Chang e Marietta Edgecombe, a mesma garota que havia dedurado a AD no ano que havia passado.
Quando todos da Grifinória já haviam chegado ao salão comunal, Hermione tratara de dizer a nova senha: “Focinho Mágico” e passar primeiro com todos aqueles que a seguiam até então enquanto Neville vinha atrás de todos para se certificar que não haveria mais nenhum novato da casa andando por Hogwarts durante a madrugada. Rony e Gina brincavam ainda, em uma mesinha próxima a uma janela do salão quando Harry olhava através da janela a noite que ali ia se apoderando. Automaticamente Harry não conseguira deixar de olhar também para a cabana de Hagrid, que por sinal estava com as luzes acesas naquele momento, e não pensar no que iria contar e esperar de novidades do seu velho amigo. Obviamente, Harry estranhara Hagrid não estar lá na estação quando ele chegou mas sabia que essa e muitas outras dúvidas poderiam ter um fim quando fosse falar com ele, mas não faria isso agora. Ele estava muito cansado e sabia que somente uma boa noite de sono, embalada por lembranças de um bom dia, iriam curar suas tristezas para que pudesse viver o dia seguinte, e sem muita demora Harry não vendo quase mais ninguém no já escuro salão, subiu a pequena escada e foi dormir pensando que o dia que se seguiria seria melhor. Muito melhor.
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