A volta



N/a - Bom galerinha, primeiramente obrigada quem deu uma moral e vai ler a fic; espero que gostem e to cheia de idéias e sem tempo, então talvez eu demore pra atualizar mas, se a aceitação for boa vou me esforçar pra add novos capítulos.


obs: malz pelos erros de português e tal pq a preguiça foi mais forte do que eu rs 


-------,,--------


 


 


Um vulto passava rapidamente por entre as árvores. Sua presença seria quase imperceptível se o silêncio não fosse quebrado pelo som de seu corpo roçando nas folhas e cortando-as como navalha.


Sua velocidade foi diminuindo à medida que se aproximava de um vilarejo até parar definitivamente a poucos metros de uma estrada horizontal retilínea, segundo sua perspectiva.


 Seus olhos percorriam o território em tom de avaliação e pararam em uma pequena caminhonete cujos faróis revelaram seu olho acinzentado e seu focinho com um corte profundo.


Quando esta já sumia ao longe, o animal, com uma ultima olhada em volta, saiu da mata, se revelando ao poste de luz que piscava em intervalos. Seu pêlo gelo estava coberto de fuligem, suas orelhas estavam rigidamente eretas ao menor sinal de perigo, seu caminhar era pesado, como se fosse cair a qualquer instante e mesmo para um lobo, linhas se formavam nas extremidades de seus olhos, demonstrando cansaço.


Seu caminho continuou reto por entre as casas, até chegar em uma esquina próxima a um cruzamento.


Soltou um pequeno gemido de terror ao visualizar uma placa de madeira gasta indicando uma rua oposta. Sua face vidrou na ruela de tijolinhos com a expressão fora de foco; A pata dianteira esquerda pareceu falhar ao dar um passo à frente, retrocedendo dois. Um outro gemido, só que de dor, indicava que seu ferimento começava a incomodá-lo; Com passos mais apressados,o lobo prosseguiu seu caminho.


A névoa gelada que comprimia a vidraça das casas e se condensava à luz dos lampiões amarelados, davam ao lugar um aspecto sombrio.


A umidade que ocupava a calçada de concreto era capaz de marcar, durante alguns segundos, o formato das pegadas do animal. Sua respiração fantasmagórica podia ser vista na sede da clareira.


Por fim, o lobo, precipitou-se em uma casa feita de pedras, coberta por sempre vivas cerradas e escuras; o telhado colonial estava desgastado pelo tempo e havia uma fileira de arbustos nas laterais da casa, separando-a das outras residências; o quintal era coberto de grama, com uma árvore de alto porte perto dos arbustos.


A luz fraca filtrada pelas cortinas denunciava que havia atividade lá dentro.


Ele se aproximou da entrada, soltando ruidosas baforadas de ar. Deslizou suas patas pela porta, arrastando junto,  alguns pedaços do verniz envelhecido. Quando não houve resposta, o animal arrastou-as mais bruscamente.


Após alguns poucos segundos, ouviu um movimento do lado de dentro e um minúsculo olho apareceu dentro da pequena bola transparente para observar o seu visitante.


     -    Quem é Nana?  - Perguntou uma voz feminina distante


Não houve resposta.


     -    Nana? Nana? - continuou a voz, cada vez mais próxima.


     -    É...e-ela...é...ela..a...a...a  - Dizia uma segunda voz feminina completamente embasbacada.


     -    Do que você está falando? -Perguntou a primeira voz feminina, para depois acrescentar- Você está bem querida? Está trêmula.


     -    Oh ! Senhora, olhe! Olhe! - Dizia a segunda voz histericamente


Novamente, um olho apareceu na pequena bola de vidro transparente.


     -   Por Merlin ! - Exclamou a primeira voz, um pouco mais alto que da primeira vez.


A porta se entreabriu com um ruído rouco.


     Dois pares de olhos observavam à espreita a pequena figura lupina que observava o degrau da porta, mas com as orelhas sempre em alerta.


Abrindo um pouco mais a porta, a luz que incidia permitiu que se tivesse uma visão mais clara sobre as duas figuras da casa.


A primeira tinha a pele melodiosamente corada, cabelos muito cheios que caiam graciosamente por seus ombros e costas, em fios levemente ondulados; Seus olhos em um castanho muito escuro deixavam cair pequenas lágrimas que hora se perdiam em seus cabelos ora em seu robe carmim de seda.


A segunda era alguns centímetros mais baixa que a outra, seus cabelos esbranquiçados estavam presos em um coque; Suas bochechas grandes estavam rosadas, seus olhos castanho claro estavam marejados; Seu corpo gorducho trajava um vestido azul claro com um avental branco que ia do pescoço até os joelhos.


   -   M-mas...será? - a mais baixinha perguntou


   -   Talvez...já faz dois anos..Provavelmente... - A outra respondeu mais para si mesma, encarando o animal.


Este por sua vez, levantou seus olhos numa mistura de indignação e culpa.


A mulher de cabelos cheios os admirou e numa fração de segundo pôs uma das mãos cobrindo os lábios e a outra empurrando o lugar do coração em seu peito.


    -   Oh !


    -  Senhora?  - A gorducha perguntou


A primeira não lhe deu atenção e num rápido movimento, se ajoelhou.


Suas mãos tremeluzindo enquanto tocava gentilmente a pelugem do lobo; Elas seguiram caminho suficiente para se transformarem em um abraço que por conseguinte, liberou camadas de poeira que cobria seu corpo.


A senhora gorducha ,que estava de pé, soltava sonoros soluços e procurava inutilmente secar as lágrimas. O último soluço saiu tão alto que despertou a segunda do abraço.


    -   Oh querida, venha, vamos entrar - a mulher de cabelos cheios disse.


O lobo oscilou em um passo e desabou completamente.


As duas mulheres trocaram olhares rápidos e significativos.


Rapidamente, a de cabelos cheios tomou uma postura profissional e o examinou, enquanto Nana perdia as mãos dentro de seu pêlo, ao segurá-lo gentilmente.


     -   Joon ?! Querida? Consegue se transformar de novo? - A primeira perguntou.


Joon - pensou o lobo-  Há quanto tempo não escutava esse nome tão familiar e ainda mais dito de uma forma tão... quente ... segura ... tão.. .minha mãe.


As duas não precisaram aguardar muito. A loba  ,deitada sobre a madeira envernizada, começou a se contorcer à medida que o barulho de ossos quebrando se intensificava. Seu Pêlo ia diminuindo, sua pele mudava de textura para adquirir uma forma humana; Ia ganhando altura e formas femininas; Seu focinho encolheu dando ao lugar um fino e arrebitado nariz; O ferimento que o ocupava se encontrava na lateral do mesmo um pouco abaixo dos olhos; Os pêlos que ocupavam sua cabeça começaram a crescer gradativamente e a mudarem de cor para um castanho avermelhado; Os olhos tomaram formatos humanos e os cílios, um pouco maiores que o normal; Adquiriu sobrancelhas curvilíneas, com a presença de algumas películas fora do lugar; A pele adquiriu um tom pálido feito cera; A sujeira que ocupava seu corpo era intensa.


     Nana recomeçara seu choro audível. Suas lágrimas de vez em quando caiam sobre o corpo nu de Joon e escorriam, levando consigo um pouco da sujeira.


A figura jovem que ocupava o chão abriu os olhos com uma certa dificuldade. Seus olhos acinzentados encararam a que chorava e com a ponta de um de seus dedos, acariciou inotóriamente a mão que segurava a sua. Tentou pronunciar algum som, mas seus esforços foram em vão.


     -   Está tudo bem - Nana, que segurava sua mão, respondeu


     -   Descanse agora - a outra recomendou carinhosa alisando seus cabelos - Você já está em casa, querida.


Um sorriso fraco surgiu no canto de sua boca.


Vozes tão conhecidas retornaram do fundo da mente, trazendo consigo as outras sensações que pensava ter esquecido. O aconchego que cada parte da casa lhe trazia, o cheiro afrodisíaco do café- da- manhã preparado por Nana, o calor familiar, a paz, o amor...


É, realmente estava em casa. - pensou quando finalmente se deixou vencer pelo cansaço e pela dor.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.