Concurso



Quinto Capítulo  - Concurso


 


Ruas asfaltadas, pessoas apressadas, olhe para direita ou para esquerda escrito em cada calçada. Normal, humano, palpável, real. Assim era a cidade de Londres. E era exatamente de Londres que Hermione saía. Ela dirigia para fora da cidade, na direção do set onde seriam filmadas as primeiras cenas.


                - Você está atrasada. – Draco Malfoy foi a primeira pessoa que ela encontrou ao chegar. De fato, ela estava dez minutos atrasada.


                - Desculpe. Vou me apressar. – Atualmente Hermione dormia muito mal. Como toda vez que ela se deitava acabava indo para Mascherina, suas noites de sono calmo foram detonadas. Ela costumava cochilar no metrô ou em taxis, o que geralmente estressava as pessoas ao redor - principalmente se ela resolvesse adotar o ombro de alguém como travesseiro. Era preciso algum carinho com o rosto todo dia de manhã, para esconder as olheiras com alguma maquiagem.  


                O diretor a olhou de modo desaprovador enquanto ela se afastava.


 


****


 


                - Acabei.  - Informou Lílian Potter, levantando orgulhosamente uma máscara marrom a altura dos olhos.  Hermione suspirou aliviada, e limpou o suor que escorria de sua testa. Estava de fato muito quente naquele sótão. Estendeu as mãos para pegar a máscara, e o movimento quase a fez cair do banquinho em que estava sentada. Como faltava uma das quatro pernas, seu equilíbrio era precário.


                - É linda. – E, de fato, a máscara era linda. Marrom com flores douradas, bordadas, que pareciam dançar no tecido. – Você não trabalhava numa agência de moda à toa.


                - Eu nunca fiz nada à toa. – Lílian respondeu com um pouco de arrogância, e Hermione ficou na dúvida se ela estava brincando ou não. – Vamos tomar chá? Preciso me movimentar – A mulher se levantou e suas pernas estalaram.


                Muito rapidamente as duas mulheres tornaram-se amigas. Talvez a amizade viesse da curiosidade mútua de saber sobre o lugar onde a outra morava. Lílian inicialmente queria descobrir tudo sobre Londres, a saudade impelindo todo o tipo de perguntas, sem se preocupar com qualquer formalidade.  Porém após dois dias ela parou de fazer qualquer tipo de questionamento, e Hermione pensava se a falta que a mulher sentia seria difícil demais para lidar. De qualquer forma, ela não se opunha a responder qualquer pergunta feita pela atriz, pelo que esta estava muito grata.


**


 


                - Linda máscara. – Elogiou Remus, ao encontrar as mulheres na cozinha. – Lílian, você costura muito bem.


- É, eu costumava desenhar roupas e acessórios. Era muito divertido, você não imagina a quantidade de tecidos e modelos que a gente podia-


                Ela interrompeu o que estava falando, pois Sirius e James chegaram no cômodo, discutindo.


                - Impossível.


                - Não é impossível, James. Pense no que poderíamos fazer com o dinheiro.


                - Seria muito arriscado, você sabe disso.


                - É preciso arriscar, James. Pense nas crianças do teatro! Você não acha que elas precisam de alguém? – Com este argumento, James parou para pensar. Hermione não entendia o que eles estavam falando. Remus, por outro lado, sabia perfeitamente:


                - Ainda discutindo sobre a competição?


                - É claro. James é idiota e não concorda comigo.


                - Não é seguro participar, somente isso. – James sentou-se em uma cadeira livre, assim como Sirius.


                - Eu acho uma ótima idéia, James. Seria divertido! - Intrometeu-se Lílian, revelando que Hermione era a única que desconhecia o assunto. James olhou irritado para sua mulher.


               - Pensem! Nenhum de nós pode desfilar! - Ele exclamou, usando seu argumento final, que fez todos se calarem por alguns segundos. Só até Remus murmurar:


               - Ela pode. - Apontando significativamente para Hermione, que, sem razão aparente, sentiu um frio descer sua espinha.


 


****


 


              Hermione já sabia, claro, como o filme acabaria. Os grupos rebeldes acabariam com a Terceira Duquesa durante o festival que ela realizava no  final de cada ano de reinado. Seu "irmão", um líder rebelde, detonaria uma bomba durante a apresentação da protegida da rainha, sem saber que esta era sua irmã. A explosão criaria um pânico generalizado, o que daria tempo para o resto do grupo invadir o palácio e matar a tirana.


               Mesmo que a sua personagem, Dorcas Meadows, não morresse durante a cena, a atriz ainda assim acharia perigoso inscrever-se naquele festival na vida real.  Lhe surpreendia o fato daquelas pessoas, que sabiam da desgraça que seria o festival, quererem se inscrever na competição, ponto alto da festa. Mas Lílian lhe explicou:


               - Estamos aqui a quatro anos já, esperando o dia deste festival iniciar uma nova Revolução. Cada ano tem passado mais calmo que o outro, e não temos como saber se as forças rebeldes secretas estão se organizando - elas fazem juz ao nome.


              - Ah... Vocês não sabem onde elas se encontram.


              - É, por aí. Elas mudaram de lugar há mais de três anos, devido ao nosso Sirius aqui. - Informou James, sem deixar de sorrir. Como Hermione estivesse com um olhar interrogativo, ele explicou - ele fazia parte do grupo, mas sem querer passou informações para o lado negro da força.


             - Eu não tinha com saber que minha namorada era uma espiã. - Resmungou, mais do que falou, o Black. - mas foi bom enquanto durou. Ela era linda. E tão boa de-


             - Poupe-nos os detalhes sórdidos. Enfim, desde então nosso grupo não é muito bem vindo no antro.


             - Entendo.


             E na verdade entendia pouquíssimo.


 


**


 


           Desde aquele dia, em que se atrasara, Hermione fazia de tudo para chegar na hora ao set de filmagens. Ela começava acordar mais cedo, saindo abruptamente de Mascherina, mas o que importava? Assim ela poderia usar alguns minutos extras, e muitas vezes também os que ela gastaria comendo, para dormir um pouco. Aliás, ela começava a descobrir como funcionava o mistério do roteiro datilografado:


           A cada vez que ela dormia tendo o maço de papéis a seu lado, ia parar em Mascherina. Agora, se o papel não estivesse perto, ao alcance do seu braço, ela continuava dormindo calmamente. Aparentemente, haver um obstáculo físico entre ela e o objeto, como a madeira de sua mesinha de cabeceira, não era um problema.


                De qualquer forma, isso não interessava agora. Ela estava descansando em uma cadeira, no meio de um lindo jardim, observando outros atores filmarem uma cena. Eles teriam que ser rápidos, daqui a pouco o sol mudaria de posição e eles teriam que esperar mais um dia para terminar as cenas daquela locação. Distraída, a mulher começou a olhar ao redor.


                Seus olhos passearam pelos cinegrafistas, por duas criancinhas que faziam personagens secundários e pelo grupo de curiosos que se juntara para observar as filmagens – o jardim era público, afinal. Quase inconscientemente, seus olhos pararam em Draco Malfoy.


                Ele se tornara um homem muito bonito, mas ela já sabia que isso aconteceria desde que tinha dezessete anos: ele fora um adolescente lindo. E era estava muito compenetrado em seu trabalho, e, de fato, ele tinha cara de um sério diretor cinematográfico.


                Era praticamente engraçado que, depois pouco mais de quatro anos, eles voltassem a se encontrar. O diretor era um ano mais velho, e enquanto ela ainda saía do colégio, com todas suas certezas transformadas em névoa agora que o futuro estava ali, na frente dela, ele começava a universidade, com a certeza férrea de que, um dia, seria um diretor famoso.


                “- Inscreva-se para o papel, porque não? Assim poderemos trabalhar juntos no futuro, você atuando no filme que eu irei dirigir. Será magnífico.”


                O desgraçado previra que aquilo ia acontecer.  Era um pouco patético que ele, na época, tivesse mais confiança na garota do que ela mesma – afinal, ele não tinha certeza que ela ganharia o papel? – mas, agora, ela só podia esperar que a segunda previsão também estivesse certa: a parte do filme ser magnífico.


                A mulher balançou a cabeça, distraída, e voltou os olhos novamente para seu roteiro, relendo suas falas para a próxima cena.


 


**


 


                - Lembre-me, porque vocês querem participar deste festival? – Hermione estava de volta aquele sótão desgraçadamente quente, e Lílian tirava suas medidas.


                - Por causa do prêmio. E do reconhecimento.  Mas basicamente por causa do dinheiro.


                - E porque vocês precisam do dinheiro? – Após esta pergunta, Lílian olhou Hermione como se ela fosse louca. Mas explicou, enquanto anotava a medida do busto em um papel.


                - Na verdade, nenhum de nós trabalha. Sirius, por exemplo, é um fugitivo da justiça. A Camera delle Notti Bianche¹  é um palácio abandonado que nós invadimos. Não pagamos, mas a casa também não tem aquecimento, entre outras coisas.


                - Hum. Então vocês roubam para se alimentar?


                - Não. Nós roubamos para alimentar as crianças do teatro. – E explicou.


                Ela falou, por exemplo, que assim como eles haviam invadido aquela casa, um grupo de sete crianças havia invadido um teatro. Todas tiveram os pais mortos pela polícia da Rainha, e nenhuma tinha lugar para ir. Em Mascherina amizades são difíceis, ninguém está disposto a cuidar de uma criança cujos pais estão mortos, principalmente se foi a polícia que os matou. Ninguém confiava cegamente nos defensores da lei, mas e se daquela vez eles estivessem certos? O que fazer com uma criança criminosa em potencial? Ninguém se arriscaria a cuidar dela.


                Eles resolveram tentar, mesmo que o cuidar do grupo consistisse em comida ano todo e calor no inverno. Infelizmente eles não podiam fornecer mais.


                A não ser que ganhassem o prêmio do concurso.


 


****


 


                Do outro lado da cidade das máscaras, um grupo de revoltosos reunia-se em uma sala mantida na semi-escuridão. Eles olhavam-se diretamente nos olhos, sem máscaras – supostamente para passar segurança.


                O momento era solene: o ataque fora marcado.


 
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N/A: 


Olá :).. Aqui estou eu novamente, resta saber se ainda tem alguém aí. Então, obrigada pelo apoio ^^.. Eu resolvi voltar a escrever a história, mesmo que ninguém comente (hum, mesmo assim eu continuo amando comentários). Acho que achei minha motivação :D . (não vou ficar falando sobre o assunto para não encher o saco). Por favor, sinta-se a vontade para fazer críticas e sugestões, para que eu melhore cada vez mais. Espero que o capítulo agrade (sinto que a fic ficou meio ofendida comigo por tê-la deixado de lado...)


Ahh, a linda capa nova foi um presente da Gaby Black!


 


Comentários -


 


Betina Black – Estou meio atrasada, mas continuei. :)


Kitten – Oi linda! Como sempre, obrigada pelo apoio e ficar me cobrando a história no email e sempre. Jura que você acertou? Bem, sinto-me um pouco decepcionada com minha capacidade de fazer coisas imprevisíveis...


Ane e Lyra B. Malfoy – Bom, depois de um tempão, o capítulo finalmente veio. Se o Draco tem ou não acesso a Mascherina, será respondido no próximo capítulo. Não vou mais desistir, não se preocupe :D


Guilherme Santana Rocha Cardoso – Ei, obrigada pelo comentário longo e a sinceridade. É uma pena que você também se sinta desmotivado. Se quiser me mostrar algum texto seu, vou ficar muito feliz em ler e dar minha opinião, sério mesmo :) Vou começar a tentar seguir suas sugestões. Abraços, e obrigada pela espera!


Taise Okubara – Muito obrigada pelos elogios! Voltei a escrever, e não pararei mais, desculpa pela demora!


Gaby Black – Hum, obrigada pela capa novamente! Foi um grande apoio! Espero que goste dos próximos capítulos também.


Vigínia Cullen – Postei!



:)

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