A missão




1. A missão

Virginia Weasley estava na sala de reunião da editora da revista. A conferência havia acabado alguns minutos atrás, mas Geoffrey Disley, seu editor, pediu a ela e a Emily de Bourgh para ficarem, pois tinha um pedido especial para fazer.
Gina sempre respeitou muito Geoff, sempre o achou muito inteligente e sensato, mas, agora, talvez ele tivesse um parafuso solto.
― Eu não posso fazer isso, essa não é a minha área, Geoffrey! Eu cubro a seção de esportes, e não de fofocas.
― Eu sei, Gina, mas foi a sua entrevista exclusiva com os campeões da Copa de Quadribol que me fez escolher você para essa matéria.
― Por quê?
― Você foi a única entre muitos que conseguiu isso! Disfarçou-se, enganou os seguranças, entrou no camarim, e, com muita simpatia, convenceu os jogadores a falarem. Então, eu pensei, por que não usar esse talento em outra matéria? Afinal, entrevistar um herdeiro e empresário por quem metade da comunidade bruxa suspira nas últimas semanas não pode ser tão ruim.
― Não posso entrevistar Draco Malfoy! Primeiro, porque ele nem vai querer me ver e, segundo, porque você mesmo disse que ele não fala com ninguém.
― A equipe campeã também não falava.
― Geoff, posso fazer uma pergunta? O que isso tem haver comigo? Não sou repórter, sou só a editora da seção política — Emily disse apoiando a cabeça nas mãos e sorrido da cara pasma de Gina
― Mas você o conhece, não? Sei que suas famílias tem relação há anos. Você poderá achá-lo mais rápido.
—Talvez não, Geoffrey. Todos os parentes dos Malfoys simplesmente desapareceram depois que Harry venceu Lorde Voldemort. Não garanto que poderei achá-lo— Emi respondeu e começou a recolher os papéis que mandaria para a edição final.
― Mas eu não posso fazer isso! ― Gina continuou falando, mas Geoffrey não prestou atenção aos seus protestos e dispensou as duas. A ruiva não via Malfoy há muito tempo, desde a derrota de Lorde Voldemort. Lembrava que sentia muita raiva dele naquela época, agora era indiferente. Ou assim esperava, pois não tinha explicação para aquela súbita reviravolta no estômago e o medo de vê-lo.
― Que isso, Ginny, deixe de ser medrosa. O Draco não morde. Eu estou até lhe estranhando. Não foi você que lutou com tudo na Guerra? Na verdade, a última vez que tive de convencê-la a fazer algo foi para ir àquele baile na Sonserina— a morena comentou enquanto saiam da sala de reuniões.
― Por que será, Emily? Eu não queria ir, mas fui e, no final, dei um show na festa ― a lembrança surgiu em sua mente, o salão mobiliado com sofás e poltronas em verde e prata, a musica alta e lenta, muita conversa, os risinhos irritantes das sonserinas, a briga, os braços de Draco em sua cintura e seus lábios nos dela.
― Ginny? Ginny! ― ela saiu do devaneio percebendo que tinha parado no meio do corredor. Emily estava um pouco mais a frente e a olhava, estranhando a atitude. ― Você está bem?
― Sim, estou, Emi. Agora vamos logo marcar essa entrevista para acabar com isso. Não deve ser tão difícil você o achar. ― disse passando por Emily e entrando na sua sala.

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Era estranho estar naquela casa novamente, principalmente por ter ficado cinco anos longe. Pela janela, a luz entrava mostrando os móveis cobertos por lençóis brancos. Sua mãe não teria gostado de ver a preciosa mobília antiga naquele estado. Saiu da sala e continuou a olhar os outros cômodos. Percebeu que nem todos estavam em perfeitas condições, resultado da revista “delicada” que o Ministério havia feito. Chegou ao seu quarto. Ali, como nos outros lugares, os móveis estavam cobertos. As cortinas estavam rasgadas, uma poltrona ao lado da lareira estava no chão e seus armários abertos. Talvez não tivesse sido uma boa idéia voltar para a mansão, voltar para a Inglaterra.
Era ótimo não ser mais um foragido, poder finalizar os negócios ele mesmo e não se esconder atrás do nome de Logan, seu sócio, mas não era preciso ter voltado para Londres. Poderia ter ficado em Roma, na sede da empresa, ou em qualquer outra filial.
Já saia quando seu celular tocou. Era uma das ironias da sua vida, antes desprezava tudo o que era trouxa, agora tentava introduzir o meio de comunicação deles no mundo bruxo, claro que com algumas melhorias, como nunca ficar sem sinal. Esse meio era muito mais prático do que corujas, aviões ou patronos, mas menos do que os espelhos de duas faces, mas estes eram raros e só se podia falar com quem tivesse o outro par.
― Fale logo, Logan.
― Bom dia para você também. Acordou sem nenhuma mulher na sua cama?
― Deixe disso, Logan, e fale logo. Ou melhor, onde você está?
― Onde mais? No escritório, na sede, em Roma na Itália, ou você se esqueceu? Cara, às vezes, acho que você é muito louro, Draco ― normalmente, o tom de brincadeira de Logan o deixaria mais animado, mas naquela manhã era extremamente irritante.
― Deixe de brincadeiras, Logan. Já vou aparatar aí ― desligou o telefone e respirou fundo, a sensação de aparatar era desagradável, preferia a lareira, mas não tinha pó de flu e o escritório não estava ligado à rede. Respirou mais uma vez e aparatou.
― Bongiorno, Draco!― Disse um homem a sua frente depois que o louro apareceu no cômodo amplo do prédio em Roma. Este era decorado com um estilo moderno, mas com classe. Nada de formatos estranhos, era tudo em linhas retas, em preto e branco. Logan Firezza estava apoiado em sua mesa com um sorriso sarcástico nos lábios e os braços cruzados. ― Vejo que a morena que levou ontem do bar não o deixou tão feliz ― o olhar assassino que Malfoy lhe lançou fez o italiano recuar. ― Ok, eu paro com as brincadeiras. Mas, mudando de assunto, como foi em Londres? Viu sua casa?
― Sim, eu vi. Estava saindo de lá quando você me ligou. Está abandonada, mas mesmo assim em bom estado. Só não tenho certeza do que fazer com ela ― disse se jogando em uma poltrona em frente à mesa de Logan, que agora estava sentado atrás desta.
Olhou seu amigo e sócio. Logan Firezza realmente era um bruxo diferente. Estudou na escola de bruxaria italiana Iliran, mas seu pai trouxa apenas concordou com essa educação se depois o filho fizesse uma faculdade. Ele acabou escolhendo administração empresarial, o que foi bom, pois com isso evitaram muitos negócios arriscados. Quatro anos mais velho, deveria ser mais sério que Malfoy, mas era o contrário, agia como um playboy sem preocupação.
― Você não quer morar lá?
― Não sei. Por que eu moraria lá se os negócios estão aqui? E aquela casa está cheia de recordações dolorosas ― sim, dias horríveis, foi ali que se arrependeu de ter seguido os passos de seu pai e se tornado um comensal. Era tão fraco e medroso naquela época, queria tanto que o pai o reconhecesse como o melhor.
Se tivesse sido esperto, tinha visto logo que lado era o certo. Se tivesse a força de vontade que tinha agora, poderia ter enfrentado o pai e poupado a sua mãe de todo o transtorno de fugir durante tanto tempo. Agora era tarde para se arrepender, pois Narcisa já não estava mais ali.
Logan olhou seu sócio preocupado, Draco era sério demais por causa do que havia acontecido cinco anos atrás. Sabia tudo sobre ele, sobre sua participação na guerra e sua fuga. Draco não quis esconder nada quando fizeram a sociedade, e sempre o via remoer o passado, mas sabia que isso não era saudável. Então lembrou-se de uma coisa que poderia animá-lo.
― Hei, lembrei agora por que eu te liguei. Uma mulher conseguiu meu número pessoal e...
― Nossa, que notícia! Uma mulher ligando para o playboy de Roma ― Malfoy deu seu sorriso cínico para o sócio.
― Apesar do que pode achar, não era para mim, e sim para você. Não pode imaginar a minha decepção ― Logan fez sua melhor cara de cachorro abandonado que conhecia e Draco começou a rir do amigo. ― Pode rir, eu deixo. Pelo menos, uma mulher não está interessada em mim, afinal, alguém tem que sobrar para você.
― Está bem, Logan, pode descer do arranha-céu que você chama de ego. Agora me diz quem era.
― Era Ema, Emilia. Onde eu deixei o papel?— Logan remexia nos montes de papéis em cima da mesa — Ahá! Achei, aqui está o número e o nome dela.
― O que Emily de Bourgh quer comigo? Nunca fomos muito amigos.
― Draco, você nunca foi muito amigo de ninguém ― Malfoy fez uma careta, Logan adorava esses comentários sem graça.
― Obrigado por lembrar.
― Desculpe-me. Mas vai ligar para ela?
― Claro, eu quero saber por que ligou.

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Emily estava sentada de frente para Gina num pub trouxa perto da editora da revista. Mesmo não sendo mágico, era um lugar agradável para ter um almoço rápido de queijo quente e suco natural.
As duas estavam impacientes à espera da ligação de Draco. Demoraram dois dias para conseguir um número de telefone em que poderiam falar com ele e, no fim, era o celular do sócio dele. Então, naquela manhã, quando Emily desligou e contou isso para Gina, esta se sentiu um pouco melhor. Queria adiar o máximo possível essa entrevista. Mas Emily tinha certeza que Draco Malfoy retornaria a ligação.
― Se ele fizer isso! ― repetia Gina pela milésima vez. Já era meio dia e ele não havia dado sinal de vida, quase dava por encerrado esse assunto quando o celular de Emily tocou.
― Alô! Draco, que bom que me ligou ― Gina gemeu e abaixou a cabeça apoiando na mesa. Malditos celulares, se ele respondesse em carta, poderia adiar um pouco mais. ― Claro que não, Draco. Como eu podia falar com você se não sabia onde estava, se estava vivo ou morto?
― Eu preferiria que estivesse morto ― Emily olhou para a Gina, segurou a risada e fez sinal de silêncio.
― Desculpe-me, eu sei que nunca fomos muito amigos, mas eu gostaria de saber como você está. Que tal sairmos para reatar a amizade? ― mais uma pausa. ― Certo? Leve seu sócio também. Eu levarei uma amiga, assim formamos dois casais. Não, você não conhece. Então até sexta-feira ― desligou o celular e olhou para Gina que estava boquiaberta. ― O que foi?
― O que foi? Você marcou um encontro, não uma entrevista! E ele me conhece, sim, nunca vai me dar a chance de entrevistá-lo.
― Deixa disso, Ginny. Se ele não fala com repórteres, temos que fazer isso de outra forma e é sendo amigas. Vamos andando que temos muita coisa para fazer ― Emily levantou-se e puxou Gina para fora do pub.

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(N/A) : Gente fim do 1º capitulo. demorei um pouquinho mas é que nao conseguia escrever.

Quero agradecer aos coments, que me deixaram mutio feliz. Bjus para todos.

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