Capítulo 4




 Rihanna - Umbrella. - Rihanna - Umbrella.


CAPÍTULO QUATRO – REMUS LUPIN, ENTREVISTA DE EMPREGO E O VAMPIRO MISTERIOSO.

Narrado por:
Dorcas Meadowes.
14:00 h.


Eu sempre fui tão ágil e reflexiva com as coisas que eu fazia, quase nunca caía, sempre consegui me esquivar de ataques e acertar quem eu quisesse, e, agora, com Lupin, isso havia mudado. Eu estava parecendo uma boneca de porcelana perto dele, pronta para quebrar a qualquer momento.

Isso me frustrava.

Eu não gostava de ser assim perto dele; eu queria mostrar que poderia ser forte se eu quisesse, que eu não era só uma adolescente frágil, que eu sabia me defender.

E, por Buda (?), por que eu queria tanto mostrar isso a ele? Não era uma obrigação, afinal. Foi só eu encontrá-lo naquela bendita floresta para que tudo mudasse. Para que eu me estressasse constantemente; para que eu mostrasse meu lado... fraco.

Fraco. Isso não combinava comigo, não mesmo.

Abri a porta de casa lentamente e Remus ficou esperando do lado de fora, enquanto eu bebia uma água e ia pro lado de fora. Por que diabos eu estava querendo ficar ali com ele se eu já declarei que o odiava?

DROGA! DROGA! DROGA!

E isso me soava cada vez mais estranho...

Fui pro lado de fora e guiei Remus até os fundos da minha casa, onde nos sentamos na rede e ficamos encarando a floresta à nossa frente. Era bom ter a floresta tão perto...

- Quem é você? – eu perguntei, do nada.

- O quê?! – ele me pareceu realmente confuso.

- Quem é você, Remus? – eu virei meu rosto e encarei aqueles olhos mel-amarelados.

- Olha... Você realmente não vai querer saber e... – ele tentou disfarçar.

- Mas eu quero saber. – eu sussurrei, sincera. Ele pareceu entender que eu estava falando sério.

Ele suspirou, e desviou meu olhar, voltando-se para encarar a floresta.

- Não, você não quer.

- Quem você acha que é pra dizer o que eu quero ou não?

- Dorcas...

- Eu cansei, sabe? Eu não posso realmente confiar em uma pessoa que simplesmente... esconde quem é!

- Mas você sabe quem eu sou: Remus Lupin. Por que acha que eu não diria meu nome verdadeiro?

- Não é disto que eu estou falando, seu idiota. – eu sibilei, tentando esconder minha indignação.

Ele soltou outro longo suspiro.

- O que eu estou querendo dizer é... – Eu relaxei e tentei manter um tom suave, e, por instinto, segurei seu queixo e puxei-o na minha direção, para que ele enfim me encarasse. – O que, exatamente, você é?

Ele ficou me encarando, provavelmente pensando na resposta que daria. Eu o soltei, envergonhada, e desta vez eu quem desviei o olhar para a floresta.

- Olha, você não precisa dizer isso aqui se não quiser. Eu... eu... entendo se você preferir não contar e...

- Eu vou. – ele falou, decidido, e se levantou da rede, olhando pra mim.

- Quê?! – Boiei.

- Vamos pra floresta.

- O.k. – eu me levantei, ficando de frente para ele. Aqueles olhos mel-amarelados estavam me deixando hipnotizada.

- Suba. – ele se virou de costas para mim e se curvou um pouco. Eu entendi o que ele quis dizer com aquilo.

Subi em suas costas cautelosamente e ele começou sua corrida. Eu fechei meus olhos instintivamente para evitar um futuro enjôo.

Chegamos em uns três minutos num lugar muito legal da floresta, onde ficava a cachoeira que eu adorava, e onde foi que eu o ataquei da primeira vez que nos encontramos.

- Foi engraçado, sabe? – ele comentou, sorrindo, enquanto me tirava de suas costas e sentávamos na beira da cachoeira.

- Sim. – Eu ri timidamente.

Ficamos em um silêncio constrangedor por um tempo, e nos sentamos ao lado da cachoeira. O único som era o de nossas respirações e o rebuliço que as águas da cachoeira causavam.

- Dorcas? – ele me chamou, por fim.

- Sim?

- Você tem certeza de que quer ouvir a minha história?

Eu pensei bem antes de responder.

- Sim.

Remus suspirou e então me encarou; pude ver medo nos olhos dele.

- O.k... Bem, você acredita que... hm... vampiros existam?

- Eu... É, acho que sim.

- Pois bem. O que você sabe sobre eles?

Eu pensei por um momento, e logo me veio a imagem de pessoas mordendo pescoço de outras, com dentes afiados e bocas jorrando sangue. Remus me olhou, repreendendo-me.

- Desculpa.

- Não tem problema. – ele passou sua mão pelo meu rosto levemente, e eu me arrepiei todinha. - Na verdade, é bem isso. – ele riu, sem graça. - Mas... Digamos que há vampiros... vegetarianos.

- Como assim?

- Há uma história de um vampiro, que quando todos os seus parentes foram mortos queimados por matarem pessoas, decidiu tentar mudar. Ele tinha os olhos muito vermelhos, sedentos por sangue humano. Não importava quantas pessoas ele matava por dia, ele sempre queria mais e mais... e seus familiares também eram assim. Porém, quando tudo se quer, nada se tem. – Eu me arrepiei novamente, mas desta vez só por causa do olhar profundo que Remus lançava sobre mim.

- E...? – eu encorajei, e ele prosseguiu.

- Ele... Decidiu que não seria mais o mesmo, afinal, como tinha a eternidade, no sentido literal da palavra, ele poderia tomar um rumo diferente pra sempre... – Ele respirou profundamente - O jovem vampiro começou a matar somente animais grandes, como ursos, e por aí vai. Ele passou isso para vários... vampiros... e, desde então, alguns deles, não a maioria, seguiram essa doutrina. Há algumas famílias vampiras que hospedam vampiros... hm... recém-nascidos, por assim dizer, e os ensinam vários métodos fáceis em como se controlar perto das pessoas sem que as machuquem, e os ensina a se alimentarem somente de animais. Você pode estar com um vampiro agora mesmo e não saber, por ele ser “vegetariano”.

- Eu sabia.

- Quê?! – Ele ficou perplexo.

Eu me levantei, toda empolgada.

- Eu sabia o tempo todo que você era um, Remus, só não sabia como confirmar! É por isso que seus olhos são amarelados e não vermelhos?

Ele ficou desconcertado.

- Eu... er... sim.

Eu estava empolgada demais pra falar, então somente sorri.

- Você não tem medo? – ele perguntou, sério, e se levantando, ficando de frente pra mim.

- Do quê?

- De mim. – Ele baixou a voz.

- Claro que não, seu bobo! Por que teria?

- Você não me acha... perigoso?

- Não!

- Sério?

- Aham!

- Bem, eu...

- Não precisa dizer nada! – eu não sei o que me fez fazer aquilo, mas eu fui até Remus e o abracei. - Acho que você acabou de ganhar uma fã, Remus.

Ele riu – uma risada frustrada e sem graça, ao mesmo tempo.

De repente, um estalo surgiu em minha mente, e eu me afastei levemente dele, mas ainda estávamos próximos o suficiente.

- Que foi? – ele perguntou.

- Remus... Quantos anos você tem?

- Uou. – ele passou suas mãos pelos cabelos, desconcertado. - Bem, eu sabia que chegaríamos a esse ponto...

- Quantos anos você tem, Remus? – eu perguntei, um pouco autoritária demais. Eu cheguei a mencionar que eu estava com minhas mãos entrelaçadas no pescoço de Remus e este estava segurando minhas costas com suas mãos, lindas, fortes, geladas e... esquece. (?)

Ele engoliu em seco.

- Dezessete.



- Quantos anos realmente você tem? Fala logo!

- O.k... hm... uns cem anos, mais ou menos.

Uau; gelei, agora. Sério.

- Dorcas, você está pálida... – ele comentou, seus olhos me analisando.

Eu fiquei calada, tamanho o meu espanto repentino.

- Você está com medo. – ele afirmou, e se afastou de mim delicadamente, virando-se de costas e chutando uma pedra para longe.

- N... nã-não, não estou. – eu tentei manter minha voz firme, mas vacilei. Shit.

- Não minta pra mim, Dorcas, eu sei o que você está pensando, não se esqueça.

- Eu não esqueci. – eu comentei, um pouco irônica. - Por que você... mora aqui?

- Os ursos são melhores. – ele respondeu, se virando pra mim novamente.

- Você mora aqui há muito tempo?

- Seis anos.

- Oh... e como... como você sabe coisas da minha vida que eu nunca pensei perto de você?

- Você pensa nelas mesmo sem querer, sabia?

- A verdade, Remus.

- Tudo bem. Eu sempre te observei nas matas daqui...

- Como?!

- Eu te vi crescer aqui, Dorcas. E eu sei que isso é totalmente estranho, mas...

- Oh, meu Deus.

- Que foi?

- Você... você sempre esteve me observando?

- Sempre. – Ele ficou sem graça. Acho que se ele pudesse corar, estaria feito um tomate agora.

- Enquanto você sempre teve dezessete anos, me observou até chegar na mesma idade que a sua. – Não era uma pergunta.

- É. – ele afirmou.

- Você... alguma vez... quis falar comigo?

- Oh, sim, claro, mas nunca tive coragem. Achei que você ficaria assustada se me visse todos os dias enquanto você crescia, sendo que eu sempre permaneceria o mesmo...

- E era sua intenção me conhecer melhor agora?

- Sim, mas eu ainda não tinha nada planejado.

- Sério?

- É... e, quando você me seguiu naquele dia na mata, eu percebi que não poderia mais me esconder de você.

- E como eu nunca te vi aqui antes?

- Eu atacava de madrugada, ou pisava o mais cautelosamente possível...

- E foi assim durante todos esses anos?

- Foi. – Ele sorriu.

- Então acho que você me conhece o suficiente para saber o que eu quero neste momento. – Eu olhei para ele, meio que esperançosa.

O que estava acontecendo com o meu lado racional? Por que, do nada, eu pareci o desejar com tanto ardor? Era um sentimento novo pra mim, isso era verdade, mas me parecia estranho, de alguma forma; eu sempre soube que Remus Lupin não era só mais um adolescente normal. Desejá-lo estaria sendo um erro? Se este fosse o caso, seria o mais amargo, mas, ainda que doce, erro. Um erro que poderia virar certo. Se errar fosse isso, eu queria poder errar assim um milhão de vezes...

- Dorcas... você tem certeza? – Ele leu minha mente; isso não vale!

Eu me aproximei.

- Sim.

- Você não acha que eu poderia te machucar?

- Sim, mas eu não me importo. – Eu disse mesmo isso?! Não creio. Realmente não creio.

- Eu não acho isso uma boa idéia... – Eu, rapidamente, segurei suas mãos e frias e duras como mármore e olhei em seus olhos, meio que em súplica. Onde fora parar Dorcas Meadowes?

- E quem disse que eu ligo para o que você pensa, Lupin? – Eu me atrevi a chegar perto, bem mais perto...

- Bem, eu avisei. Não se mexa. – ele me alertou.

- Por quê?

- Pelo menos uma vez na vida, faça o que eu digo.

Eu suspirei.

- O.k. – Fechei meus olhos.

Eu pude sentir ele se aproximar até não sobrar quase nenhum espaço entre nossos corpos. Ele foi passando suas mãos pelo meu rosto, hesitante, e sem graça. Ele firmou suas mãos em minha nuca, e, quando eu estava sentindo que nada mais haveria entre nós, um celular tocou. Provavelmente era o dele.

Shit.

Eu me afastei, ofegante, virando as costas para Remus e me afastando lentamente, e pus minhas mãos no peito, esperando que meu coração desacelerasse a intensidade das batidas.

Remus ficou sem graça, enquanto atendia ao celular, com a mão esquerda charmosamente mexendo no cabelo.

- Oi, mãe. Sim, eu estou bem. – Ele olhou pro céu. - Oh, sim, eu perdi a hora. Estou com uma... – Ele engoliu em seco, e eu pude sentir seu olhar em minhas costas - amiga aqui, na floresta. O.k., vou tomar cuidado, pode deixar. Aham. Tchau. – E desligou o celular.

- Você tem que ir? – eu perguntei, me virando, minhas mãos se cruzando na frente do busto de uma forma relaxada.

Ele sorriu.

- Não. É só que eu esqueci de falar com a minha mãe que voltaria um pouco tarde pra casa, e ela ficou preocupada.

- Seus pais também são?

- O quê?

- Vampiros, você sabe.

- São; na verdade, eu sou adotado. Tenho uma “irmã” vampira também.

- Ah...

- Er... o que... vamos... fazer, agora?

Eu fiquei sem graça e abaixei a cabeça.

- Não sei.

- Quer que eu te leve pra casa?

- Tem que ser agora?

- Você que sabe.

Eu pensei por um tempo, e então me decidi.

- Vamos pra casa.

Ele fez um gesto pra eu me aproximar, e logo estávamos correndo pela floresta até chegarmos aos fundos da minha casa.

Narrado por: Marlene McKinnon
15:39 h


Eu estava fazendo os nossos chás, mas de repente algo me veio na cabeça, e eu deixei as xícaras caírem da minha mão, fazendo um barulho estrondoso, e o Sirius apareceu rapidamente na porta da cozinha.

- Marlene? - ele perguntou olhando os pedaços de xícaras no chão. - Tá tudo bem?

- Tá... tá, sim. - eu respondi olhando para o nada.

Droga, como eu pude me esquecer?

- Você não parece estar muito bem. - o Sirius disse se aproximando de mim, e me guiou até a cadeira, e sentou-se do meu lado. - O que aconteceu?

- Nada, eu só... só lembrei de uma coisa. - respondi olhando para alguma direção. Mas eu estava totalmente sem foco.

- Lembrou do quê? - Sirius perguntou, segurando o meu queixo e me fazendo encará-lo.

- Er, nada demais. Eu, apenas... perdi a noção da hora. E das férias também; eu esqueci que eu tinha aula hoje... e apenas estava pensando na minha amiga, a Dorcas. - respondi sorrindo.

- Ah! Eu não acho que seja isso. - o Sirius disse, erguendo uma das sobrancelhas.

- Não? - perguntei desafiante. - Então eu vou te provar.

Eu me levantei da cadeira, e fui até a sala, pegar o telefone sem fio, e tentar ligar para a Dorcas, e saber de algumas fofocas do primeiro dia de aula.


- Alô? - falou a voz conhecida da Dorcas, e então eu rumei para a cozinha e sentei na mesma cadeira do lado do Sirius.

- Hey, Dorcas, é a Lene! - eu disse animada.

- Oi, Lene! Cara, onde tu 'tava hoje? Por que não foi pra escola? - a Dorcas quase gritou no telefone. OMG, que menina louca!

- Ih, foi mau. Eu me esqueci completamente. Mas e aí, quais são as novidades? - eu perguntei, me mordendo de curiosidade.

- Ah, um garoto novo, e uma garota nova. Remus Lupin e Lílian Evans. Já ouviu falar?

- Não. Mas e aí, o menino é gatinho? - eu perguntei, e senti o olhar do Sirus sobre mim. Então eu o encarei e ele parecia meio... com ciúme?

- Bom, er... que tal se você tirasse suas próprias conclusões? Você vai pra escola amanhã, não vai? - Ih, por que será que a Dorcas não quer me contar nada, hein? Sinto cheiro de algo estranho...

- Vou, sim! Mas eu vou chegar na terceira aula. Eu tenho uma entrevista de estágio amanhã. - Eu disse me lembrando da "entrevista". Oh, meu Deus. Que roupa eu vou usar? Eu não tenho nada social no meu guarda-roupas (!).

- Ah, que demais, Lene! Boa sorte, amiga. Olha, eu vou ter que desligar agora, vou tomar um banho e relaxar, hoje foi um dia muito cansativo. Te vejo amanhã, beijão.

- Hm, bom descanso. Beijos, amiga! - Eu desliguei o telefone e o Sirius estava olhando pra mim com uma cara de “?” - Que foi?

- Nada... quer dizer, boa sorte na sua entrevista amanhã. - Sirius se levantou. - Acho que já está na minha hora. Bom, te vejo... er... por aí. Tchau.

Como assim "Te vejo por aí"?

- Hey, Six. - Ele se virou cuidadosamente e me olhou de esguelha. - Você nem tomou o seu chá ainda.

- Fica pra outro dia. - ele disse caminhando, e chegando na sala.

Eu andei atrás dele, e o segurei pelo braço. Mas quando ele virou, nós ficamos totalmente colados. Tudo bem, essa não era a intenção, mas isso era tão bom. Sentir o corpo dele, colado no meu, o seu hálito no meu nariz, e o meu coração que batia aceleradamente.

- Me desculpa. - eu disse me afastando.

- Tudo bem. - O Sirius pegou a capa preta dele, e se dirigiu à porta, e eu o segui.

- Tem certeza que não quer ficar? - Eu perguntei tocando o ombro dele. Sirius apenas tocou a minha mão de leve, em cima do ombro dele, e depois a retirou de lá com delicadeza.

- Obrigado, Marlene. Mas eu realmente tenho que ir. - ele disse beijando a minha mão e fazendo uma reverência. Logo ele estava do lado de fora da minha casa, e o pior de tudo: estava chovendo. Uma chuva realmente forte.

Ainda era cedo, quatro horas da tarde, mas o céu já estava escurecendo, pelo fato de ser inverno e estar chovendo. Era impossível de distinguir a parte nublada e a parte fria do céu.

- O.k. Tenha cuidado. - eu gritei, para o Sirius poder ouvir. Ele se virou e acenou com a cabeça, saindo todo encharcado da frente de casa, e rumando para... bom, a sua casa.

Eu fechei a porta, e me encostei na mesma. Meu coração parecia bater cinco vezes mais rápido. Eu coloquei as duas mãos no meu peito, esperei abaixar um pouquinho e fui para a cozinha, limpar os cacos de xícara.

Tudo que eu queria agora, era tomar um banho, cair na cama, e acordar só amanhã... e foi isso mesmo que eu fiz.

No outro dia...


- Marlene, Marlene! Acorda. - Eu acordei com uma voz conhecida me chamando. E era o meu pai. - Marlene, você vai se atrasar. Já são 8:15 da manhã.

Quando o meu pai disse a hora, eu simplesmente pulei da cama, e fui correndo para o banheiro. Tomei um banho de quinze minutos, e saí toda encharcada, molhando o carpete do meu quarto.

Droga, que roupa eu vou vestir? Eu não tenho roupa social, nem algo parecido.

Eu abri o guarda-roupas, e as únicas calças que eu achei eram jeans. O que eu poderia fazer? Eu peguei uma das minhas calças jeans (a menos velha e rasgada), e então fui procurar alguma blusa.

Olhei pela janela, e estava chovendo. Droga, isso não me parecia um bom começo de inverno. Peguei uma blusa preta, sem estampas, e coloquei um sapato de salto alto preto, social. Me olhei no espelho, e até que não estava tão mal assim.

Olhei no relógio e era 8:37 da manhã. Droga, a minha entrevista era às 9:15, e se eu me atrasasse, aí, sim, eu nunca iria conseguir esse emprego.

Peguei meu lápis de olho, rímel, o meu pó e um gloss labial. Enfiei tudo na minha bolsa e saí do meu quarto.

- PAI, TÔ PRONTA! - eu gritei enquanto descia as escadas.

- Ótimo. Vamos, já estamos atrasados. - o meu pai disse abrindo a porta de casa e pegando um guarda-chuva extragrande.

Logo ele abriu a porta da garagem, tirou o carro e eu saí correndo com o guarda-chuva extragrande para dentro do carro.

Eu abaixei o espelho do passageiro, tirei minhas maquiagens de dentro da bolsa, e comecei a passar o pó, logo o lápis, o rímel, e então o gloss. Pronto, perfei... Opa. Eu não penteei o cabelo, mas que droga! Será que tudo vai dar errado hoje?

Eu revirei a minha bolsa, na última esperança de achar uma escova de cabelos, e lá estava ela. Ufa! Penteei a minha juba, e estava pronta.

E só agora eu percebi que o meu pai também estava bem vestido: ele tinha um terno risca de giz e sapato social. Claro, como eu pude me esquecer? Ele trabalha na mesma empresa que eu estou indo fazer a entrevista.

- Chegamos! - meu pai avisou, quando entramos no estacionamento de funcionários. E, uau... que big empresa!

A empresa era de fazer peças para aviões, navios, e grandes máquinas. Mas claro que eu não iria trabalhar nessa parte, no máximo eu ficaria no escritório, fazendo conta das despesas etc.

- Vamos, nós estamos atrasados. - eu disse saindo do carro, e indo correndo para dentro. A chuva já havia parado, mas ainda chuviscava um pouco.

- Vem, por aqui. - o meu pai disse me guiando por um grande corredor, e então chegamos em uma sala, com mais duas garotas sentadas, esperando. - Sente e espere aqui. A sua entrevista começa às 8:15, são 8:07 agora. Quando terminar você me liga e eu te levo pra casa, o.k.?

- O.k.! - eu disse respirando fundo. Afinal, eu estava ansiosa e nervosa.

- Boa sorte. - meu pai disse me dando um beijo na testa e saindo de lá.

Eu me sentei em uma das cadeiras de espera, junto com as outras duas garotas. Elas pareciam ter a mesma idade que eu, e vai ver que é por isso que estavam lá. Eu tentei sorrir simpaticamente para a loura, mas a única coisa que ela fez foi me ignorar e continuar lixando a sua unha. Então eu tentei sorrir para uma outra morena, mas de cabelos curtos, e ela também me ignorou e voltou a ler a sua revista de fofoca.

Eu bufei, e me afundei na cadeira. Mas que droga, isso iria ser péssimo.

Logo, antes de dar uns cinco minutos, um homem não muito velho, mas bem charmoso, abriu a porta que se encontrava na frente das nossas cadeiras. A loira e a morena pararam rapidamente de fazer o que estavam fazendo e olhavam encantadas para o homem, enquanto eu continuava afundada na cadeira.

- Marlene McKinnon? - o homem me perguntou.

- Sim. - respondi tímida, e me sentando formalmente.

- Entre, por favor... - o homem disse, enquanto passava em frente à mesa de sua sala, e sentava-se em uma cadeira que parecia bastante confortável. - Sente-se. - o homem disse e eu o fiz, depois de fechar a porta da sala.

- Uau, você é muito bonita. Quantos anos? Vinte e cinto? - o homem perguntou tudo em um fôlego só, enquanto se arrumava na sua cadeira para poder me encarar melhor.

- Er, na verdade, dezessete. - eu disse meio sem graça.

O homem pareceu levar um susto, mas ele se arrumou na cadeira, e apoiou os cotovelos na mesa.

- Muito bem. Prazer, meu nome é Tomas Joseph, sou o responsável pelo setor de marketing, contratando pessoas etc. Como você sabe e está aqui por isso, foi aberta apenas uma vaga para estágio, pelo fato da empresa conter trabalhadores suficientes. - eu apenas acenava com a cabeça, enquanto tentava obter todas as informações no meu cérebro. - O salário será £350, por semana, com direito a refeição e transporte. O seu trabalho ou de quem for escolhida ou escolhido, será trabalhar no escritório, com as contas e gastos da empresa.

Ah-há, eu não disse? Mas, cara, peraí, 350 bucks por semana é muito! Eu tenho que conseguir esse emprego.

- O.k. - eu disse. Você queria que eu dissesse o quê?

- Vamos começar, então. - o tal do Tomas disse me dando um papel. - Preencha sem pressa e se tiver alguma dúvida pode perguntar.

- O.k. - eu falei novamente, pegando um papel onde continha aquelas perguntas como “Você tem alguma doença grave?” ou “Licença para dirigir” etc.

Enquanto eu preenchia o tal do papel, eu reparei que o homem não parava de me olhar. Eu o encarei meio incomodada e perguntei:

- Algum problema?

Tomas pareceu acordar de um sonho, chacoalhou a cabeça e respondeu meio que gaguejando:

- N-não, nenhum problema! Eu voltei a preencher o papel, e em uns quinze minutos eu havia terminado.

- Pronto. - respondi entregando-lhe o papel.

- Obrigado, Senhorita McKinnon.

- Ah, me chame só de Marlene, por favor. - respondi sem graça.

- O.k., Marlene. Vejamos um pouco mais sobre você. - Tomas disse pegando o meu papel, e então releu tudo o que eu tinha acabado de escrever.

Ele fazia caras e bocas enquanto lia. Quando ele terminou de ler as três folhas, a boca dele abriu-se automaticamente, e ele estendeu a sua mão para eu chacoalhar (?), e eu apenas o fiz.

- Seja bem-vinda, nova estagiária da empresa DANA.

- Tomas disse.

Eu apenas sorri; isso era inacreditável, eu fui a primeira a ser entrevistada e eu já estava contratada (!). E o melhor: eu estava ganhando 350 bucks por semana!


- Muito, MUITO obrigada. - eu disse sorrindo, e saindo da sala do tal Tomas.

Narrado por: Lily Evans.
16:02 h.


Quando recuperei os sentidos, senti uma súbita dor de cabeça. Percebi que estou sendo segurada por uma pessoa (?) com força. Sem me mexer tentei identificar sobre o que ele estava me apoiando. Mas pelo visto esqueceu as cordas em casa.

Ainda sem me mexer, pra não denunciar minha vitalidade (?) percebi que era a barriga do sujeito. Sorri pelo canto dos lábios, um sorriso malicioso, e me preparei pra dar uma cotovelada naquela barriguinha estofada.

Subitamente o individuo se desviou do meu cotovelo. Tentei do outro lado, mas ele se desviou velozmente de novo. Usei até os dois cotovelos. Ou pelo menos tentei. Ele é rápido demais...

CARALEO! EU ACHO QUE ELE É UM VAMPIRO.

Agora que sei o que ele é, só me resta descobrir o que ele quer comigo.

Meu Deus, essa galera não se cansa não?

Comecei a me debater.

- Fique quieta, Lily. – falou a criatura. A voz era grave, mas baixa. Sibilante, mas suave.

- Como sabe meu nome? – perguntei rispidamente, me debatendo mais uma vez.

- Não interessa a você, garota. – respondeu ele mais ríspido do que eu.

Debati-me mais forte. Ele me segurou aumentando o aperto em meus braços. Sabia que ele era capaz de me segurar, mas não custa nada tentar de novo.

Puxei meu braço com força, mas ele não se mexeu quase nada. Era como se uma pedra viva estivesse me segurando. E também tem o fato de que a pele dele é fria que nem mármore.

Merda.

- Pára de se debater, Lílian. – falou ele mais alto.

- Não. – respondi friamente.

Continuei me debatendo. Cada vez mais forte até que senti a força dele fraquejar. Aparentemente não de me segurar, mas da incrivelmente tediante tarefa de me segurar.

Acho que não é ele o chefão do bando. Bom, pelo menos isso, né? O chefão a essa altura já teria me dado uma mordida bem dada.

- Já tô de saco cheio disso – reclamou o cara.

- Quem é você, afinal de contas? – perguntei ríspida.

- Não interessa a você. – Eu é que já estou de saco cheio disso.

Movi-me rapidamente e consegui dar um chute em sua perna esquerda. Não deve ter adiantado. Ele mal se mexeu.

Lembre-me de pedir pro Remus me ‘transformar’ em uma vampira, obrigada. Ter um vampiro forte que nem um caminhão de tijolos contra você, uma simples elemental do fogo é totalmente frustrante.

E eu tenho a terrível impressão que ele sabe do meu fogo.

Senão não estaria segurando meus braços. MAS QUE GRANDE DROGA! Por que diabos eu só consigo abrir a porra do isqueiro com as mãos?

Eu bem que podia dominar com a mente. Seria bem útil. Eu o queimava vivo, fugia desse lugar idiota, e se me seguissem, iam sentir a fumaça do mesmo jeito. É, sem saída. Belo plano, carinha da voz do mal. Belo plano.

É isso aí, vou chamá-lo de carinha da voz do mal até ele resolver me dizer quem diabos ele é. Porque se tem uma coisa que eu odeio, é quem não diz a verdade, especialmente sobre sua identidade real. É totalmente frustrante.

Debati-me mais uma vez já me desanimando.

Só que pressenti uma coisa. Tinha mais alguém nos observando. Meu estômago gelou. Posso até não estar com medo de verdade, mas é um instinto natural do perigo. O corpo de todo mundo fica alerta para esse tipo de coisa, mas nunca tive medo de vampiros e não é agora, nesse momento crítico, que vou ter.

Agora, que a vela da casa de alguém que esteja tomando uma xícara de chocolate quente me ajude a dar um bom chute nos países de quem tentar jantar meu sangue. Eu tenho muito sangue: sou alta e meio gordinha. Não de gordura, mas de corpulência, obrigada. Não quero morrer aos 17 anos.

E eu tenho que parar de devanear.

- MAS O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO? – gritei.

O alarme de incêndio começou a disparar. OPA! DEVE TER SIDO EU! Comecei a me debater com mais força ainda e observei alguma coisa vir entrando pela janela do meu quarto, e, no fumacê todo acontecendo, só consegui distinguir uns óculos.

TINHA QUE SER O POTTER!

- POTTER, SEU ENERGÚMENO! O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?! – berrei finalmente conseguindo me soltar do carinha que me segurava.

Nem esperei por mais nada e me virei logo pro cara que me segurava ainda pouco. PONTE QUE CAIU! É O CARA DO INCÊNDIO!

Mini-Flashback

Tinha um cara, na verdade. Estava do meu lado num minuto, e do outro estava dentro do carro. Tinha o rosto muito pálido e olhos negros e cabelos igualmente negros e oleosos, de uma cortina e um corte ‘‘cabeça de cuia (?)’’. Olhando-me com aqueles olhos negros cheios de ódio, estava ele acelerando meu carro, mal me dando tempo de sair da frente.

Fim do Mini-Flashback.


- CORRE, JAMES! SALVE-SE! (?) – gritei pra ele, nem ligando pro quanto as minhas palavras soaram infantis e um tanto falsamente heróicas.

Meu único pensamento era tirá-lo dali vivo.

E se possível, comigo viva junto.

- NEM PENSAR, LILY! – se eu não estivesse com medo do que o vampiro que estava me segurando era capaz, ficaria com raiva por estar feliz com o fato de que ele me chamou de Lily pela primeira vez desde que a gente se conheceu, mas agora NÃO DÁ.

Saí correndo, peguei na mão dele e escancarei a porta. Desci correndo as escadas, fazendo um barulho enorme, mesmo sabendo que se o carinha quisesse já teria me alcançado faz é tempo. E foi o que aconteceu. Acho que ele pressentiu que eu ia pegar uma coisa que seria mau pra ele no armário e se meteu na minha frente.

- Já to ficando cansada de você, amigo. – falei sacudindo a cabeça.

Sacudi meus braços jogando fogo pra cima do cara, que segurou meus braços com muita força. Muita força mesmo. Gritei de dor, mas consegui mover as mãos pro rosto dele, obrigando-o a me soltar.

AH, NÃO! ELE É UM ELEMENTAL TAMBÉM?

Shit.

Ele simplesmente segurou o fogo e o jogou pra mim! Estendi os braços pra frente criando uma barreira, pra proteger o James, e observei a água da pia se elevar por trás cabeça do tal vampiro evil. Ele não sabia, acho. Então a água caiu nele, e apagou seu fogo. Estendi os braços e comecei a jogar línguas de fogo pra cima dele. Joguei, joguei e joguei. Só preciso tomar cuidado pra não queimar tudo.

Ele usou os antebraços pra se proteger do meu fogo, mas à medida que minha fúria crescia, meu fogo aumentava; James, pelo visto, é um elemental da água. Meu fogo e a água dele foram as únicas coisas que conseguiram expulsar aquele idiota da casa.

Mas quando ele saiu, as portas e janelas começaram a se fechar em torno da gente. James segurou a minha mão e a apertou com força. Só que eu ainda to morrendo de raiva, o que fez sair fogo da minha mão. Só que saiu água da dele (?), que apagou o meu fogo.

E ocorreu isso muitas vezes.

Tenho que me acalmar, senão ele não vai conseguir apagar meu fogo sem inundar esse lugar todo.

E de repente tudo ficou silencioso.

Suspirei aliviada e James me seguiu. Encarei nossas mãos entrelaçadas com um olhar acusador. Ele corou levemente, mas sorriu malicioso e não soltou minha mão. Dei de ombros e tentei andar, esperando que ele soltasse, mas me enganei.

Ele foi me puxando pra si, e minha pulsação começou a aumentar. Quando meu coração bateu tão forte, eu consegui fincar meus pés no chão, e ter um momento de lucidez antes de me esquecer como se respira quando James ficou tão perto que nossas bocas quase se tocavam.


*


Photobucket Nada a declarar. (6’
EHIOAHEOAHEAHEIAOEIAIOEAOEOHEIAHAEHAHEOA. /parei.
Kisses, galerë. (L

- peixa. (:

Photobucket Nada a declarar. (6’ [2]
AUHAUHAUHAUHAUHAUAHUA.
Adoro vocês, galerë. (L

- iguana. :x

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